quarta-feira, novembro 30, 2005

Novo ambiente decisório

João Cravinho, hoje no DN: «(...) em plena ascensão da governança mediática os mecanismos e recursos da democracia representativa deixaram de ter a palavra decisiva na legitimação de grandes decisões políticas estruturantes do nosso futuro a médio e longo prazo. Goste-se ou não, teremos todos de aprender a viver nesse novo ambiente decisório.»
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Da minha parte, gosto e muito. Para a nossa democracia funcionar em pleno e acabarmos de vez com os back-offices obscurantistas que se escondem por detrás de algumas das decisões políticas ditas estruturantes, estas, devem passar sempre por um consenso alargado na sociedade portuguesa. E, se o governo não tem esse cuidado, o Presidente da República deve intervir directamente na procura desses consensos. Como já disse aqui, não tem nenhuma lógica, um qualquer governo, tomar decisões políticas "estruturantes" que trespassam, e muito, um período de legislatura, sem procurar consensos mais alargados e as fundamentar adequadamente.
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Surrealismos: Dali



























Dali - Crucificação (1954)
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Entrevista comigo próprio

Se me perguntarem qual é a minha religião respondo invariavelmente, "Sou católico!".

Então, acredita em Cristo e em Deus não é?
- Não, não é! Acredito mais nos padres, porque consigo comunicar com eles se assim o entender.

E diz-se católico?
- Digo!

Então, costuma ir à Missa?
- Não... só em baptizados, casamentos e funerais. E sempre que posso, escapo-me a meio da cerimónia e vou até à porta da Igreja fumar um cigarrinho... ou dois. Volto ao meu lugar, no fim, segundos antes da benzidela geral.

Então porque é que vai?
- Por respeito por aqueles que crêem e que convivem comigo no dia à dia, e pelo ritual em si mesmo, que faz parte da minha cultura e educação.

Reza?
- Não! Prefiro meditar e imaginar.

É baptizado?
- Sou!

E casado?
- Também!

E casou-se pela Igreja Católica?
- Casei!

Mas, se não acredita...
- Mas há quem acredite por mim, e tal como eu disse, o ritual católico do casamento é um dos tais que faz parte integrante da minha cultura e educação.

Considera-se Ateu?
- Não! Religião por religião, prefiro o catolicismo.

O que tem a dizer sobre a última polémica em torno de se retirar os crucifixos nas salas de aulas?
- É uma completa parvoíce. Deixem lá os crucifixos em paz. Quando tiverem de cair, caiem. Tenho é bastante pena das crianças cujos paizinhos têm vindo a apresentar as queixas no ministerio da educação.
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A culpa é deles

Ouço o Fórum TSF, sobre a Sida e as campanhas de sensibilização. A páginas tantas, uma simpática senhora desbobinou a cassete das culpas da Igreja. A Igreja, ao condenar o preservativo, é também responsável pelo aumentar da Sida. Tenho visto que esta ideia está bem cotada no mercado intelectual. Talvez por isso adquira foros de brilho progressista. E, no entanto... Sempre achei curiosas as oscilações da opinião pública sobre a Igreja (ou o Cristianismo em geral). Num dia, a Igreja está moribunda, é anacrónica, os seminários estão vazios, a morte está iminente. Noutro dia, quando questões como a Sida ou o aborto vêm à baila, a Igreja, que na véspera estava moribunda, adquire poderes tremendos, capazes de influenciar milhões e milhões e milhões de pessoas, ou decidir a sorte de referendos. Conviria certa reflexão. E, no caso concreto do espalhar da SIDA, sejamos sinceros: quantos dos homens que pagam mais às prostitutas para terem relações sem preservativo lêm as encíclicas do Vaticano? Quantas prostitutas e prostitutos que não usam preservativo lêm habitualmente as Epístolas de S.Paulo? Quantos dos adolescentes de hoje meditam profundamente nas homilias de Bento XVI? A realidade é uma coisa. Os conceitos ideologicamente pré-concebidos são outros.
P.S: Outro participante do fórum acaba de encontrar, por virtude de um raciocínio silogístico que faria inveja a Hegel, outro grande responsável pela epidemia da SIDA: os cientistas do Pentágono. Que a humanidade precise de bodes expiatórios será natural. Que os bodes expiatórios sejam sempre os mesmos, começa a ser preocupantemente tolo.
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Ficção do Interlúdio (2)

Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Universo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fachar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas? Sei lá o que é o mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
(...)

Alberto Caeiro, Poema V de O Guardador de Rebanhos
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Ficção do Interlúdio (1)

«The Times»
Sentou-se bêbado à mesa e escreveu um fundo
Do «Times», claro, inclassificável, lido...,
Supondo (coitado!) que ia ter influência no mundo...
Santo Deus!... E talvez a tenha tido!

Álvaro de Campos
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Desassossegos




















«A experiência directa é o subterfúgio, ou o esconderijo, daqueles que são desprovidos de imaginação. Lendo os riscos que correu o caçador de tigres tenho quanto de riscos valeu a pena ter, salvo o do mesmo risco, que tanto não valeu a pena ter, que passou.»

Bernardo Soares, O Livro do Desassossego

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terça-feira, novembro 29, 2005

Pessoa para maiores de 18

Hoje (amanhã), a RTP1 passa um especial sobre o maior poeta português do Século XX, que morreu a 30 de Novembro de 1935: Fernando Pessoa. Eu, cada vez mais, abomino o politicamente correcto. Mas, nestas coisas, sou mesmo muito politicamente correcto: o canal público de televisão, em vez de fazer o que devia, relega o maior poeta português contemporâneo para horários habituais da pornografia. O pior é que, depois, ainda se há-de auto-glorificar por tamanho feito.
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Leituras recomendadas (3)

- Concordar em discordar (o melhor post do Bicho Carpinteiro até hoje).

- Ando a ler a Odisseia de Virgílio (o melhor post do Pulo do Lobo até hoje).

- Todo o blogue Retórica e Persuação: indispensável a políticos, blogueiros, gente da publicidade, etc.
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Dinossauros no Dragão


«Os Rolling Stones vêm a Portugal, a 12 de Agosto de 2006, para um concerto no Estádio do Dragão, no Porto, foi hoje anunciado.», notícia de última hora, via Renascença.
Em 1995, pensei que aquela seria a minha última oportunidade de ver Jagger e cia em Portugal. Não fui. Em 2003, tinha a certeza de que aquela seria a minha última oportunidade de ver Richards e cia no nosso País. Não fui. Agora, esta é, sem dúvida, a minha última oportunidade de os ver,e, ainda por cima, é aqui no Norte. Logo veremos se as filas não me intimidam outra vez. Já agora, e porque não é só na política que há lugar para as provocações: os Stones são melhores que os Beatles. It´s only Rock and Roll (but i like it).
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Sobre as uniões das esquerdas (e das direitas)

Partindo da premissa de que o facto de eu me "sentir de esquerda" (como expliquei no início) não leva a que necessariamente eu vote em partidos ou candidaturas de esquerda, vou fazer o meu comentário ao mais recente fragmento do André sobre a união da esquerda.
Neste momento falar da "união da esquerda" ou da "união da direita"´é falar de acordos políticos em que todas as partes envolvidas podem (teoricamente) beneficiar.
Durante o Estado Novo era sobretudo o PCP que defendia a união da esquerda. Era uma forma de sentir que chefiava todos aqueles que lutavam contra o salazarismo. Houve alturas em que era efectivamente o PCP quem dava as cartas, mas noutras alturas despontavam movimentos independentes anti-fascistas, que o PCP tentava naturalmente condicionar e controlar. Para além das ambições de poder do PCP, a clamar pela união, havia necessidades de união que partiam destes movimentos, pois nessa altura efectivamente todos lutavam pela mesma causa.
Com o 25 de Abril o PCP tentou não perder esse poder (e o 25 de Novembro é bem prova disso). Com a chegada ao poder do PS e depois com a bipolarização PS-PSD, a esquerda passou-se a unir à volta de quem tem mais poder, ou seja de quem é Governo. Por isso o PS passou a ser o congregador de vontades. Essa vontade é só uma: vontade de poder. Na direita acontece a mesma coisa: veja-se a coligação PSD-CDS.
Nesta altura de presidenciais, por mais que os candidatos se digam independentes, todos precisam de votos. Por isso apela-se à união da esquerda (até agora não há notícias desses apelos terem levado a algo) e à união da direita (veja-se o apoio de quase todo CDS a Cavaco Silva).
Tenho de concordar com o André que as diferenças entre o PS e o PSD são na prática mínimas. Eles têm a mesma base ideológica e se ainda tinham algumas diferenças, elas foram esbatidas pela alternância de poder (a tal bipolarização de que falei atrás). Isso leva a uma questão que eu mesma não consegui resolver ainda: onde começa a esquerda e onde começa a direita?
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Finalmente!

Já tenho um blogue oficial de apoio a uma candidatura presidencial em que me reconheço. É este.
(Informação via Causa Nossa)
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União da Esquerda (reloaded)

A expressão «união da esquerda» vem sendo ao longo dos anos comummente utilizada pelo PCP, e mais recentemente também pelo BE. Na prática, esta “união” não significa mais do que uma renúncia consentida destes dois partidos aos seus ideais, em detrimento de uns presumidos ideais de “esquerda” do PS.

Esporadicamente, o PS também recorre a esta expressão, e quando o faz, além de ficarmos todos a saber que algo vai mal no reino “socialista”, na prática constatamos que o PS está a contar que, pelo menos um destes dois partidos de esquerda, renuncie às suas aspirações em prejuízo dos interesses do PS. Nunca, em caso algum, os “socialistas” utilizam esta expressão considerando renunciar às suas conveniências.

Sempre considerei enigmática esta vassalagem dos partidos de esquerda ao PS, pois, por muito que tenham tentado, ainda ninguém me conseguiu convencer que o PS é de esquerda e que o PSD é de direita. A única diferença que encontro entre os dois partidos – para além das personalidades que os dirigem – é que o PS se auto-denomina de centro-esquerda, e o PSD de centro-direita.

Esta diferença de mera assunção denominativa, aparentemente, é ainda o motivo bastante para obstar a qualquer entendimento político mais abrangente em assuntos de interesse nacional que nada têm a ver com as ideologias em causa.
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segunda-feira, novembro 28, 2005

O primeiro Blogue

Segundo Dan Gillmor, o Justin's Links from Underground (1993) pode ser considerado o primeiro blogue da Net, muito antes de ter aparecido o software especializado para a criação de blogues.
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Insinuações

No seu último sermão dominical, Marcelo Rebelo de Sousa, com o ar angelical que o catracteriza, questionou a quem podia interessar a discussão em torno da retirada dos crucifixos das esolas. Algum laico, por certo, mas...quem? - perguntava Marcelo, frente a uma Ana Sousa Dias, que, pelos vistos, já lhe aprendeu as manhas, e não pronunciou palavra. É óbvio o que Marcelo tentou insinuar: que Soares, ou alguém da sua campanha, terá, em conluio com o governo, trazido o tema para a praça pública, com vistos a ganhos eleitorais. Ora, eu penso que este País ainda é maioritariamente Católico, embora se possa discutir o grau de adesão ao Concílio Vaticano II da maioria dos católicos portugueses. E, como se viu, se escândalo houve com os crucifixos, não terá sido propriamente o governo a fazê-lo. Por isso, devolvo a pergunta ao Professor: A quem, na realidade, poderá interessar uma discussão tão anacrónica como esta?
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Ofender e ser ofendido

«É mais agradável ofender e pedir seguidamente perdão que ser ofendido e conceder perdão. Quem está no primeiro caso, dá um indício de poder e depois de bondade de carácter. O segundo, se não quer ser considerado desumano, é obrigado a perdoar; o prazer que a humilhação de outrem proporciona fica muito reduzido em virtude dessa obrigação.»
F. Nietzsche
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Vem isto a propósito deste post e de alguns comentários menos próprios (que já apaguei), em que me excedi um pouco. Embora tenha a noção da veracidade da ideia atrás referenciada por Nietzsche, mesmo assim, não posso deixar de me penitenciar por ter passado das marcas.
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«Por vezes, em conversa, o som da nossa própria voz incomoda-nos, e leva-nos a afirmações que de modo algum correspondem às opiniões que professamos
F.Nietzsche
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Vocações

Manuel Alegre:
« O António Guterres não é capaz de rupturas. Acho que a vocação dele é um bocado esta: começou aqui, nos bairros de lata de Lisboa, e agora está nos bairros de lata do mundo. Tem esse lado missionário. Acho que ele se sente bem nisso». (citado no DN de hoje)
Quanto a Alegre, rupturas é com ele. Como se tem visto.
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Surrealismos: Gil Bruvel






















Gil Bruvel - The Song
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Revista de Imprensa

- «Há quase dois meses um terramoto devastou uma zona de Caxemira (envolvendo a Índia e sobretudo o Paquistão) equivalente ao território da Holanda. Um desastre natural mais grave do que o furacão Katrina ou do que o "tsunami" asiático. Perto de 80 mil pessoas morreram logo. Mas as réplicas continuam até hoje, matando mais gente. (...) Ora o caso praticamente desapareceu dos "media" ocidentais. Esfumou-se, assim, uma fonte de pressão para salvar aqueles desgraçados. Em Caxemira não havia turistas europeus e americanos, como no "tsunami". Nem existia o picante de uma nação riquíssima defrontar problemas típicos de países subdesenvolvidos, como em Nova Orleães.»
Sarsfield Cabral (cada vez mais, a voz da sensatez no jornalismo nacional), DN de hoje.
- Vasco Pulido Valente, como só ele sabe:
«Tirando a megalomania, Santana não se engana num ponto essencial. A eleição de Cavaco, com a estúpida expectativa que suscitou, vai provavelmente dividir a direita e até, em princípio, o PSD. (...) Não se imagina a direita que vai votar no mito Cavaco a viver com a realidade de Cavaco»
Público (citado no DN de hoje).
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Blogo porque quero existir

O meu amigo João Neves chamou-me a atenção para o interessante artigo de José Carlos Abrantes, publicado hoje no DN, com o título, A CNN do século XXI?

«Blogo porque quero existir." Esta entrada de um blogue traduz o sentir de milhões de criadores de blogues. Outras motivações existirão, pois a diversidade humana também se reflecte, necessariamente, neste domínio. A explosão dos blogues tem levantado algumas interrogações sobre o seu papel. (...)»
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Falar muito e não dizer nada

Entrevista Rádio Renascença (RR) com Louçã aqui;

Entrevista RR com Jerónimo aqui;

Entrevista RR com Soares aqui;

Entrevista RR com Alegre aqui;

Entrevista RR com Cavaco aqui.

Como é evidente nestas entrevistas a todos os candidatos na RR, o único candidato que passou a entrevista a pronunciar-se acerca da forma como pretende exercer o seu mandato presidencial, caso seja eleito, foi Cavaco Silva. Todos os outros, passaram 99% do tempo a falar de Cavaco Silva ou a trocar “mimos” com os outros candidatos.

Eles falar, até que falam bastante, o problema, é que não dizem nada…
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Falar pouco e dizer muito

Quando Cavaco Silva apresentou a sua candidatura, os seus adversários políticos e a generalidade dos analistas e media, concluíram que o seu programa pecava por se assemelhar a um programa de governo, tal era a vastidão da matéria abarcada.

Uns dias mais tarde, Cavaco Silva foi claríssimo quando afirmou que na sua opinião o Presidente da República não se deve limitar a ouvir, numa resposta, inconfundivelmente, dirigida a Mário Soares.

Nas entrevistas que vem concedendo aos mais diversos media, vem sendo bastante explícito quanto à forma como, caso seja eleito, pretende exercer a sua magistratura, inclusivamente, salientou a forma original como pretende utilizar o veto presidencial.

Quanto a mim, os seus esclarecimentos têm sido mais que suficientes para entender a forma como pretende exercer o seu mandato. Lamentavelmente, o mesmo não posso dizer dos outros candidatos que, ou se limitam a reafirmar que Cavaco Silva não fala, ou a trocar “mimos” pouco dignificantes entre eles… e pouco mais. Por isto, não me espanta que se façam desentendidos quanto às ideias que Cavaco Silva vem defendendo publicamente. O que me espanta, é a evidente falta de argumentos políticos que Soares, Alegre, Jerónimo e Louçã vêm dando mostras diariamente.

Em comparação com os outros candidatos, talvez Cavaco Silva fale um pouco menos, mas vem dizendo muito, muito mais.
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Ao Pai Natal e derivados

Ando com ganas de viver. No lamaçal que é isto do portugalzinho, neste paul com a maior árvore de natal da Europa, a competir em tudo o que é mesquinho, risível e absurdo, mesmo à beira-mar do precipício, estou com aquela fome de bola. Já sei que há bombas no Iraque e idiotas na casa branca, há coisas que nunca mudam, mas tenho fé. Acredito na reabilitação dos cobardes e no joelho do Mantorras, acredito que este ano é que é, ou então no próximo, mais tardar antes de 2010. Acredito que a Ota vai trazer muitos benefícios. Estou cheio de ideias. Podíamos construir o maior aeroporto da Europa, ou então a maior torre de controlo do hemisfério setentrional. Se não for possível para já, antes de 2010. Acredito no Cavaco Silva, no Mário Soares, no Jerónimo de Sousa, no Francisco Louçã, no Manuel Alegre e no Bibi (o Bibi anda abatido, pá, nem parece o mesmo). Acredito que a decisão consciente dos portugueses e das portuguesas vai mudar muita coisa, principalmente em Marmelete, na Mexilhoeira – a grande! – e em Alguidares de Baixo (acredito até que mais de 60% dos aldeões desse Portugal fundo julga que o Salazar está muito doente no hospital). Sei que há coisas que mudam. O Mundo é composto de mudança e muita parvoíce. Progressistas, uni-vos! Acredito que a estupidez é uma característica e não uma doença. Acredito que a Prisa vai dar outra dimensão à TVI e acredito na manha do Paulo Querido (aquele penteado é que é inacreditável). Acredito que a Fátima Lopes não fez nenhuma operação para aumentar as mamas e diminuir o pénis e que o Jorge Gabriel não é nenhum extraterrestre a querer enxovalhar o ser humano. Estou inundado deste espírito do nosso santo pai natal, do nosso paizinho de barbas brancas que grita “oh, oh, oh” como uma rena. Acredito que o Sá Pinto é um gajo porreiro. Apetece-me construir um admirável mundo novo. Eu, se fosse eleito, não só despenalizava as drogas como as promovia. Imaginem, amigos e amigas, cocaína 100% natural, com multivitaminas e óleo de fígado de bacalhau. Acredito que fazer trinta por uma linha é explorar os amigos, pá! Para o ano quero um mundo melhor. Se me dessem uma oportunidade plantava malmequeres no parlamento e acabava com o cinzentismo. Distribuía chapadas por todos aqueles que fizessem questão de repetir comentários estúpidos e não pedia nada em troca. Nada, amigas e amigos, a não ser a felicidade de ver o camponês com um cravo na mão, o engenheiro com um cravo na mão, o médico com um cravo na mão, o bate-chapas com um cravo na mão, o polícia com um cravo na mão. Não sei o que é que poderiam fazer com os cravos mas era uma coisa que eu gostaria de ver. Acredito no cravo, no Cravinho e no Paulo Pedroso. O Paulo Pedroso não tem cara de pedófilo, tem cara de estúpido. Gostava de ver o Paulo Pedroso com um cravo na mão. Acredito no 25 de Abril e no 11 de Novembro e no 13 de Maio. Acredito que o Papa não está cá para enganar ninguém. Gosto deste país e acredito na Europa. Acredito que somos todos irmãos. Mas somos uns irmãos filhos da puta.
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Surrealismos: Jim Warren






















Jim Warren - Birds

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domingo, novembro 27, 2005

O falso silêncio

Começo a achar que essa história do silêncio de Cavaco é uma mentira dos adversários. Afinal o homem fala: falou ontem num festival vitivinícola (o homem que diz nem gostar de vinho) e até comentou as declarações de Santana Lopes ao Expresso e deu uma entrevista à revista Sábado enquanto se punha lindo para mais um dia de campanha.
Cavaco Silva é um génio do marketing político e da manipulação! Fala (e muito) quando lhe convém! E isso vai levá-lo, de certo, a uma vitória folgada na primeira volta. O ditado popular aplica-se-lhe como uma luva: "o calado vence tudo"... Ou, como dizem os seus defensores mais acérrimos... Que rica esfinge!
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Leituras recomendadas (2)

- A reforma islâmica virá da Europa: «Ayaan Hirsi Ali é a deputada holandesa-somali que trabalhou com Theo van Gogh num filme sobre as mulheres e o Islão. Faz um ano esta semana que van Gogh foi assassinado numa rua de Amesterdão por um terrorista islâmico que era contra o filme. »
- Todo o blogue O Eleito.
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Ainda o consumismo cultural

Confesso: nunca consegui ver no consumismo (de qualquer espécie) a bête noire dos tempos modernos. Nas mais de duas décadas que levo de vida, já passei por diferentes oscilações ideológicas, o que mais se deveu à ignorância do que às convicções. Mas nunca consegui, com segurança sincera, criticar o desnfreado consumismo. Bem podem os marxistas sérios ou os marxistas de vulgata argumentar com a crescente pauperização das massas, a crescente alienação dos "desprotegidos" (variante lírica actual da "classe trabalhadora"); bem podem os ecologistas argumentar com o arrasar de florestas, a poluição das águas ou uma catástrofe climatérica futura; bem pode a Igreja lamentar o desvio do homem para as coisas, do espírito para a matéria; bem podem as religiões Orientais apelar para a beleza das coisas espirituais e para a regeneração espiritual da humanidade (o que quer que isso seja); bem podem os vários psicólogos vocejar contra as múltiplas formas de controlo de comportamentos colectivos. Quando estou em baixo, poucas coisas me revigoram tanto como comprar coisas que me agradam (categoria que inclui aqueles lixos alimentares que nos sabem pela vida); à minha volta, vejo pessoas exuberantes com as compras, com os projectos de compras, até (por paradoxal que seja) com a frustração das compras; gosto das luzinhas das lojas e da criatividade de muitas campanhas publicitárias; gosto das cores e do barulho dos Shoppings, embora lhes prefira as boas velhas ruas comerciais; gosto do nervosismo de saber que tal ou tal livraria tem aquele livro, gosto da violência orgásmica da vontade de o comprar, mesmo quando não tenho dinheiro para tal, situação chata que acontece com uma frequência medonha. Aliás, esse é o meu problema. Eu, pecador, me confesso: o meu problema com o consumismo não são as florestas sul-americanas, a economia vietnamita ou a qualidade das águas do Wyoming. O meu problema é que um meu trisavô não tenha sido um grande senhor feudal da província, que o meu avô não seja rico, e que eu não tenha talento nehum para enriquecer. Ou seja, o meu problema com o consumismo é a falta de dinheiro. E suspeito que seja este o caso da maior parte das pessoas.
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sábado, novembro 26, 2005

Livre escolha?

Com Bolonha no horizonte, há quem defenda um sistema em que os alunos possam escolher de forma absolutamente livre os seus currículos escolares, argumentando que, ao estudar cadeiras e assuntos que lhes interessam, o aproveitamento aumentará, bem como a saudável concorrência entre cursos e instituições de ensino. Mas também há quem veja em tal liberalização o perigo de que certas matérias tidas como fundamentais sejam abandonadas, argumentando que os alunos escolhem, antes de mais, o que pensam ser mais fácil e menos trabalhoso, o que pode conduzir a uma menor exigência e a uma degradação do ensino. A questão coloca-se, por igual, ao nível dos conteúdos disciplinares. Deve a escola acolher todos os pontos de vista sobre determinado assunto? Devem matérias como a astrologia ou os cultos satânicos ser dadas a conhecer pela escola, caso os alunos assim o desjem? Estas questões e outras afins, neste artigo.
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... nem menos

Pedro Mexia no mesmo artigo do DN atrás citado pelo Filipe:

«Nestas presidenciais, a discussão sobre quem é ou não é culto tem sido estapafúrdia. Dos cinco candidatos presidenciais, o único homem de cultura é Manuel Alegre.»

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Parece-me que com estas afirmações, Pedro Mexia ainda contribuiu mais para a discussão estapafúrdia. É o que dá ler Dante Alighieri e [aparentemente] não conhecer Norbert Elias, Raymond Williams ou Terry Eagleton.

Gostava que Pedro Mexia explicasse como é que consegue excluir a economia e as finanças do campo da cultura.

«Quando a ideia de cultura começa a significar a apreendizagem das artes, actividades confinadas a uma minúscula proporção de homens e mulheres, é simultaneamente intensificada e empobrecida.»

Terry Eagleton
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sexta-feira, novembro 25, 2005

Ora, nem mais...

«Cavaco apenas acredita na economia e nas finanças. Cavaco não é um político com interesses culturais conhecidos. Com Cavaco a cultura simplesmente não é assunto. Mas o professor é tão criticável em tantos aspectos que a questão cultural me parece uma bizantinice. Eu gostava que Cavaco tivesse outro gosto pela política, outra abertura ao conflito, outro respeito pela democracia, outra descontracção, outra noção (mais comedida) dos poderes presidenciais. Que conheça ou não conheça A Divina Comédia é coisa de somenos.»
Pedro Mexia, DN de hoje
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25 de Novembro de 1845


Neste dia, nascia aquele que é, para mim, o maior escritor de sempre em Língua Portuguesa : Eça de Queirós (e seja-me permitido este tom conscientemente excessivo).
O Janeiro, na sua habitual página queirosiana, dedica-lhe largo espaço na edição de hoje (aqui).
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«Bof Génération»






















Desde 1994, data em que escreveu o seu já célebre editorial no Jornal Público, que vem sendo atribuída, erroneamente, a Vicente Jorge Silva a autoria da expressão «Geração Rasca». A verdade é que Vicente Jorge Silva limitou-se a plagiar esta ideia de um título (“Bof Génération”) que fez furor em França em 1978 como capa da Nouvel Observateur.

A única verdade neste mito jornalístico é que Vicente Jorge Silva teve a infeliz ideia de reutilizar este título, como forma de caracterizar o comportamento de alguns jovens, que em 1994 se manifestavam em frente à Assembleia da República, por discordarem de algumas medidas “amadrinhadas” pela Ministra da Educação de então, Manuela Ferreira Leite.

É verdade que na referida manifestação os jovens de então [menos jovens agora] socorreram-se de todo o tipo de insultos e de provocações, mas é preciso não esquecer que estava um dia bastante quente e o pessoal bebeu umas cervejolas a mais. Inclusivamente, até houve um jovem que estava com tanto calor que se viu obrigado a baixar as calças para ventilar o rabiosque. Sinceramente, já vi muito pior nos nossos estádios de futebol.
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Leituras recomendadas

- O Consumismo Cultural. Gostei porque me pôs em causa!

- Uma Cura para África. Poderá o capitalismo ser a cura?
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Memória Futura

« Cavaco é como um eucalipto: provoca aridez à sua volta»
Miguel Cadilhe

A frase-destaque de uma entrevista à Visão desta semana tão importante pelo que o homem diz como por aquilo que deixa subentendido. Pelo que percebi o homem foi convidado tanto pela comissão de honra de Cavaco Silva como de Mário Soares. E disse não a ambas.
Uma nota politico-irónica: O PS está a começar a gostar muito deste homem. Será que temos aqui um novo Freitas do Amaral?
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25 de Novembro, 1975























Faz hoje precisamente 30 anos que as forças democráticas impediram uma tentativa de golpe de estado em Portugal por parte das forças da extrema-esquerda, impondo a democracia como rumo para o país, e terminando com o PREC. O país esteve à beira de uma guerra civil.

Deste acontecimento, emerge a figura do General Ramalho Eanes.
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Notícias Breves da Blogosfera

O RAF saiu do «Blasfémias» e iniciou uma carreira a solo no «Blue Lounge», que já faz parte dos links do «Geração Rasca». Boa sorte RAF, e ainda não me esqueci do tal cafezinho. E o convite continua em aberto. :)

Esta semana a Blogosfera vai ficar mais pobre porque o Blogue de Esquerda vai encerrar as suas "portas". Troquei uns e-mail's com o José Mário Silva, que explicou um pouco os motivos do fim do «BdE», mas ainda vai anunciar esta semana o seu novo projecto, um blogue unipessoal, que também terá o seu lugar reservado na frame dos links da «GR». Ficamos à espera. O Zé Mário também já merecia umas férias, após 3 anos de dedicação diária ao «BdE». Fez um excelente trabalho e está de parabéns.
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Espírito colectivo

«Um bom escritor não tem apenas o seu próprio espírito. Tem também o espírito dos seus amigos.»

F.Nietzsche
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quinta-feira, novembro 24, 2005

A sedução pela escrita






















Paulo Querido lançou um novo livro sobre a Internet que pode ser adquirido, aqui. Confesso que ainda não o li, mas o homem que identifica desta forma alguns fenómenos da sociedade portuguesa merece, desde já, todo o meu crédito. ;)
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O Cheque do Freitas (post bem-humorado)

Hoje veio no Público uma prosa de Pacheco Pereira, aborrecido pelo Freitas ter batido de mais na presidência do Reino Unido. Eu concordo com Pacheco: não se deve bater tanto num companheiro de tantos anos de União Europeia. Mas também concordo com o Freitas: é tempo do Reino Unido deixar de exigir o seu chequezinho anual. A bem da verdade, também acho que já é tempo da mui nobre terra portuguesa deixar de exigir o seu dinheirinho (isto, para prejuízo dos meus mui nobres interesses). Afinal, nós também não podemos viver à custa dos outros eternamente.
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Mais Ficção Nacional

Ler o Filipe fez-me ter consciência do quanto ainda me falta ler e conhecer em termos de literatura portuguesa. A minha lista de melhores romances dos últimos trinta anos é esta:

- Memorial do Convento, de José Saramago
- Equador, de Miguel Sousa Tavares
- A Sibila, de Agustina Bessa-Luís
- De profundis, valsa lenta de José Cardoso Pires
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago
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Ficção Nacional

Tenho uma certa queda para épocas mais recuadas. Mas cá vai a minha (modesta) resposta a uma votação que anda por aí sobre os cinco grandes Romances portugueses do últimos 30 anos:
- Sinais de Fogo (Jorge de Sena)
- Balada da Praia dos Cães (José Cardoso Pires)
- Para Sempre (Vergílio Ferreira)
- O Ano da Morte de Ricardo Reis (José Saramago)
- A Costa dos Murmúrios (Lídia Jorge).
Lista eminentemente pessoal, e inevitavelmente discutível.
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Memórias de um Sargento de Milícias

Vai por aí certo rumor sobre a publicação das memórias de um ex-embaixador do Reino Unido em Washington. Parece que, entre outras coisas, o homem discorre sobre o tipo de cuecas usadas por Tony Blair. Mas, como é evidente, não é isso que se tem comentado. O que se tem comentado são as passagens que mostram a (suposta) vontade de sangue de Blair, Bush e Cia. Curiosamente:
«The lionisation of Meyer by some on the anti-war side is curious because if you read the book you will see that Meyer is pro-war: he supported some kind of invasion of Iraq, still defends aspects of the invasion now, and played a not insignificant role in making sure it happened.»
Mais aqui.
P.S: Pensava eu que, quase três anos depois e com a ONU no terreno, já não faz sentido discutir-se a invasão em termos de "pró" ou "contra". A menos, claro, que isso sirva como poeira para os olhos. Resta saber de quem.
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Ota e TGV (reloaded)

No passado mês de Agosto [há precisamente 3 meses], no dia 24, ainda andava eu por aqui [no «Geração Rasca»] aos caídos, sozinho e abandonado, escrevi dois post (primeira e segunda parte) onde expus a minha opinião sobre duas [já então] polémicas opções deste governo, os projectos Ota e TGV.

Como o que escrevi na altura [lamentavelmente] ainda não perdeu a sua actualidade, passo a transcrever os meus antigos posts, agora, numa versão reloaded:

«Desde que o actual governo socialista anunciou a sua determinação em avançar com os projectos Ota e TGV, começaram, imediatamente, a ser levantadas uma série de questões [bastante] pertinentes pelos mais diversos sectores socioprofissionais e político-económicos no que concerne à exequibilidade destes dois projectos multimilionários.

Apesar de tudo, é consensual na nossa sociedade que o investimento público é algo de necessário e até benéfico para o desenvolvimento do país. No nosso caso, esta necessidade/utilidade ganha acrescida importância, pois, o nosso sector privado, tirando raras mas honrosas excepções, é [infelizmente] iníquo.

Contudo, considerando o estado lastimável em que se encontram as nossas finanças públicas, e o esforço adicional a que já estão a ser sujeitos a generalidade dos contribuintes, este Executivo não se pode dar ao luxo de decidir avançar para investimentos desta monta por “obra e graça do espírito santo” sem qualquer esforço na procura de um consenso o mais alargado ao nível político-social, e sem se apoiar em estudos de viabilidade credíveis e num processo transparente para todos os intervenientes, com especial ênfase na elucidação dos contribuintes/eleitores que vão ter de andar a pagar esta factura durante largas dezenas de anos, período este, que excede amplamente a legislatura deste governo.

Convém não nos esquecermos que mesmo em [relativos] fiascos como o Euro 2004 e a Expo 98, os governos da época, procuraram sempre com sucesso um necessário consenso nacional alargado.

Nos casos da Ota e do TGV teremos, no entanto, de tentar aprender com os erros do passado recente e ter a coragem de não avançar (também é preciso ter a coragem para não se avançar) ou de arranjar outras alternativas, caso uma cuidada analise custo/benefício (não somente financeira mas também social/ambiental, etc.) não dê mostras de uma inequívoca satisfação do interesse nacional.

O mais estranho em todo este processo é, que mesmo em situações bastante mais favoráveis de disponibilidade financeira pública e privada, nunca nenhum outro governo democrático, no passado, avançou para projectos de dimensão semelhante sem procurar consensos político-sociais mais alargados. A julgar pela forma como vem gerindo estes dois projectos, parece-me evidente que para José Sócrates, a Democracia não passa de uma Ditadura da “Maioria”.

Caso o actual Executivo insista nesta misteriosa via, só me resta passar a engrossar as fileiras daqueles que publicamente afirmam que nos encontramos perante um “caso de polícia”, onde, alguns poderosos e obscuros interesses [individuais] económico-financeiros se estão a sobrepor, indevidamente, aos reais interesses [colectivos] da Nação.»
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Momento "Acontece"

Já houve quem o referisse, mas é, de facto, um acontecimento. A Europa-América editou, há pouco, a primeira tradução portuguesa do tratado De Amore, de André, o Capelão - um clássico da Idade Média e de sempre. Saúda-se a iniciativa, que só peca por tardia. Há quem acuse a Europa-América de excessivas cedências ao mercado. Por mim, sempre achei que esta editora tem um grande mérito: colocar no mercado clássicos a preços acessíveis. Claro que as suas edições não têm prefácios com citações, notas de pé de página e elevados silogismos conceptuais. Mas também não é isso que se espera de edições de divulgação. Por outro lado, não é raro ser ela a primeira a traduzir clássicos.
«(...) é vulgar que os jovens estejam mais ávidos de se unirem aos desejos de mulheres adultas do que aos das jovens da sua idade; e aqueles que são de idade mais avançada preferem receber as carícias e os beijos das jovens aos das adultas. A mulher, ao contrário, seja ela jovem ou adulta, tem mais apetite pelas carícias e meiguices dos jovens do que dos homens de idade»
André, le chapelain
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Humano, demasiado humano

Ontem, em entrevista à Renascença, o telemóvel de Cavaco Silva tocou. Os deuses também se distraem...
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As 22 voltas ao mundo em 3650 dias

Contaram-me hoje, uma estória tão engraçada, que tenho mesmo de a partilhar convosco.

A estória começa na década de 80 do século XX, mais precisamente, em 1986, e o principal personagem tem o nome de Mário Soares. Nesta estória, Mário Soares é um Presidente da República que durante os 10 anos dos seus dois mandatos, visitou 57 países, percorrendo 992.809 km, o equivalente a 22 voltas ao mundo. Gostou tanto de alguns países, que os voltou a visitar por mais do que uma vez: França 21 vezes e Espanha 24 vezes.

Como esta estória tem tanto de incrível quanto de longa, vejo-me forçado a abreviá-la:

1986
11 a 13 de Maio - Grã-Bretanha
06 a 09 de Julho - França
12 a 14 de Setembro - Espanha
17 a 25 de Outubro - Grã-Bretanha e França
28 de Outubro - Moçambique
05 a 08 de Dezembro - São Tomé e Príncipe
08 a 11 de Dezembro - Cabo Verde

1987
15 a 18 de Janeiro - Espanha
24 de Março a 05 de Abril - Brasil
16 a 26 de Maio - Estados Unidos
13 a 16 de Junho - França e Suíça
16 a 20 de Outubro - França
22 a 29 de Novembro - Rússia
14 a 19 de Dezembro - Espanha

1988
18 a 23 de Abril - Alemanha
16 a 18 de Maio - Luxemburgo
18 a 21 de Maio - Suíça
31 de Maio a 05 de Junho - Filipinas
05 a 08 de Junho - Estados Unidos
08 a 13 de Agosto - Equador
13 a 15 de Outubro - Alemanha
15 a 18 de Outubro - Itália
05 a 10 de Novembro - França
12 a 17 de Dezembro - Grécia

1989
19 a 21 de Janeiro - Alemanha
31 de Janeiro a 05 de Fevereiro - Venezuela
21 a 27 de Fevereiro - Japão
27 de fevereiro a 05 de Março - Hong-Kong e Macau
05 a 12 de Março - Itália
24 de Junho a 02 de Julho - Estados Unidos
12 a 16 de Julho - Estados Unidos
17 a 19 de Julho - Espanha
27 de Setembro a 02 de Outubro - Hungria
02 a 04 de Outubro - Holanda
16 a 24 de Outubro - França
20 a 24 de Novembro - Guiné-Bissau
24 a 26 de Novembro - Costa do Marfim
26 a 30 de Novembro - Zaire
27 a 30 de Dezembro - República Checa

1990
15 a 20 de Fevereiro - Itália
10 a 21 de Março - Chile e Brasil
26 a 29 de Abril - Itália
05 a 06 de Maio - Espanha
15 a 20 de Maio - Marrocos
09 a 11 de Outubro - Suécia
27 a 28 de Outubro - Espanha
11 a 12 de Novembro - Japão

1991
29 a 31 de Janeiro - Noruega
21 a 23 de Março - Cabo Verde
02 a 04 de Abril - São Tomé e Príncipe
05 a 09 de Abril - Itália
17 a 23 de Maio - Rússia
08 a 11 de Julho - Espanha
16 a 23 de Julho - México
27 de Agosto a 01 de Setembro - Espanha
14 a 19 de Setembro - França e Bélgica
08 a 10 de Outubro - Bélgica
22 a 24 de Novembro - França
08 a 12 de Dezembro - Bélgica e França

1992
10 a 14 de Janeiro - Estados Unidos
23 de Janeiro a 04 de Fevereiro - India
09 a 11 de Março - França
13 a 14 de Março - Espanha
25 a 29 de Abril - Espanha
04 a 06 de Maio - Suíça
06 a 09 de Maio - Dinamarca
26 a 28de Maio - Alemanha
30 a 31 de Maio - Espanha
01 a 07 de Junho - Brasil
11 a 13 de Junho - Espanha
13 a 15 de Junho - Alemanha
19 a 21 de Junho - Itália
14 a 16 de Outubro - França
16 a 19 de Outubro - Alemanha
19 a 21 de Outubro - Áustria
21 a 27 de Outubro - Turquia
01 a 03 de Novembro - Espanha
17 a 19 de Novembro - França
26 a 28 de Novembro - Espanha
13 a 16 de Dezembro - França

1993
17 a 21 de Fevereiro - França
14 a 16 de Março - Bélgica
06 a 07 de Abril - Espanha
18 a 20 de Abril - Alemanha
21 a 23 de Abril - Estados Unidos
27 de Abril a 02 de Maio - Grã-Bretanha e Escócia
14 a 16 de Maio - Espanha
17 a 19 de Maio - França
22 a 23 de Maio - Espanha
01 a 04 de Junho - Irlanda
04 a 06 de Junho - Islândia
05 a 06 de Julho - Espanha
09 a 14 de Julho - Chile
14 a 21 de Julho - Brasil
24 a 26 de Julho - Espanha
06 a 07 de Agosto - Bélgica
07 a 08 de Setembro - Espanha
14 a 17 de de Outubro - Coreia do Norte
18 a 27 de Outubro - Japão
28 a 31 de Outubro - Hong-Kong e Macau

1994
02 a 05 de Fevereiro - França
27 de Fevereiro a 03 de Março - Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de Março - Brasil
08 a 12 de Maio - África do Sul (Tomada de posse de Mandela)
22 a 27 de Maio - Itália
27 a 31 de Maio - África do Sul
06 a 07 de Junho - Espanha
12 a 20 de Junho - Colômbia
05 a 06 de Julho - França
10 a 13 de Setembro - Itália
13 a 16 de Setembro - Bulgária
16 a 18 de Setembro - - França
28 a 30 de Setembro - Guiné-Bissau
09 a 11 de Outubro - Malta
11 a 16 de Outubro - Egipto
17 a 18 de Outubro - Letónia
18 a 20 de Outubro - Polónia
09 a 10 de Novembro - Grã-Bretanha
15 a 17 de Novembro - República Checa
17 a 19 de Novembro - Suíça
27 a 28 de Novembro - Marrocos
07 a 12 de Dezembro - Moçambique
30 de Dezembro a 09 de Janeiro 1995 - Brasil

1995
31 de Janeiro a 02 de Fevereiro - França
12 a 13 de Fevereiro - Espanha
07 a 08 de Março - Tunísia
06 a 10 de Abril - Macau
10 a 17 de Abril - China
17 a 19 de Abril - Paquistão
07 a 09 de Maio - França
21 de Setembro - Espanha
23 a 28 de Setembro - Turquia
14 a 19 de Outubro - Argentina e Uruguai
20 a 23 de Outubro - Estados Unidos
27 de Outubro - Espanha
31 de Outubro a 04 de Novembro - Israel
04 e 05 de Novembro Faixa de Gaza e Cisjordânia
05 e 06 de Novembro - Cidade de Jerusalém
15 a 16 de Novembro - França
17 a 24 de Novembro - África do Sul
24 a 28 de Novembro - Ilhas Seychelles
04 a 05 de Dezembro - Costa do Marfim
06 a 10 de Dezembro - Macau
11 a 16 de Dezembro - Japão

1996
08 a 11 de Janeiro - Angola

THE END! Espero eu...
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quarta-feira, novembro 23, 2005

Coldplay - Speed Of Sound video

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Homossexuais não podem ser padres

Os homossexuais, bem como aqueles que tenham tendência para esta prática ou apoiem a cultura gay não vão poder ser padres. Esta recomendação está inscrita num relatório que será publicado pelo Vaticano. O entendimento do Vaticano é que as tendências homossexuais são “desordens” e que os actos homossexuais são “graves pecados”.
Esta norma não se aplica aos já ordenados, o que faz sentido, pois calculo que muitos seriam expulsos e a Igreja ficaria reduzida a metade…

Estou confusa. A minha dúvida é se esta recomendação se aplica aos homossexuais assumidos ou a todos os outros, que por falta de coragem, hipocrisia ou desconhecimento, ainda não o fizeram. O que é bem diferente!

A história da Igreja Católica assim como a História da Humanidade está repleta de relatos de homossexualidade. É um fenómeno tão antigo quanto o ser humano, e eu achava, na minha ignorância do século XXI que este assunto fosse encarado com mais audácia e menos dissimulação, de uma vez por todas.

Gostava muito que a Igreja Católica me explicasse em que difere a fé de um homem que ame outro homem, ao invés de amar uma mulher. Pensava eu que o amor, e a entrega que se deve colocar no sacerdócio, não contém sexo, nem libido. O amor deveria ser algo diferente e mais abrangente…pois se a memória não me falha, o sacerdócio obriga ao celibato…seja ele heterossexual ou homossexual.

Se a ideia do Vaticano, ao querer afastar os homossexuais do sacerdócio é evitar contaminar a igreja com actos pedófilos, que de vez em quando abalam os seus alicerces, com alguma dificuldade, até podia aceitar, porque também não concordo que os actos pedófilos sejam sempre praticados por homossexuais. Mas desconfio que as razões subjacentes a esta “instrução” são outras e estão apoiadas na pura maldade e ignorância.

Não tenho filhos. Mas tenho sobrinhos a quem explico muitas coisas do mundo. Uma delas é que as pessoas não devem ser discriminadas em função da sua orientação sexual, da sua tendência politica, da sua cor e do seu credo. Mas como posso explicar-lhes que alguém, no alto da sua santa sabedoria, considera que amar diferente é pecado? Pecado é não amar, e sim odiar.
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terça-feira, novembro 22, 2005

Life after Katrina

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Ficção & Realidade: falar de blogues na primeira pessoa - 2ª e última parte

Voltando um pouco atrás, enquanto ainda escrevia a segunda parte da minha versão do colóquio, dei por mim a omitir descontraidamente a última frase que tinha escrito no post, e que dizia:

«Embora [ela], pela fotografia, me parecesse mais jovem que ao vivo».

No último momento, optei por retirar este meu juízo, simultaneamente, valorativo e depreciativo. Eventualmente, poderia estar-me a referir a uma Blogueira e leitora habitual do «Geração Rasca» (GR) e seria de péssimo gosto, afirmar publicamente que ela me parecia mais nova na fotografia. E logo a uma leitora…

As relações virtuais, por muito ténues que sejam, têm destas coisas. Só depois de ler um comentário deixado no supracitado post pela referida leitora, onde a mesma dava a entender que não tinha estado presente no colóquio «Falar de blogues», é que editei novamente o post e voltei a colocar (copy/paste) a última frase. E lá se encontra até hoje.

Uma situação análoga ocorreu com José Carlos Abrantes (JCA). Claro que eu já sabia quem era JCA, mas como não tinha tido nenhum contacto com esta personagem, dei-me à liberdade de o tratar na minha estória por “tu cá”, “tu lá”. A partir do momento que recebo um seu e-mail, ainda por cima a elogiar a minha estória, fiquei um pouco constrangido, e até, confesso, envergonhado. Como era possível tratar uma pessoa com um curriculum como o de José Carlos Abrantes, por tu? Obviamente que no quarto capítulo, mesmo inconscientemente, alterei a forma como me referia a JCA. Mas tenho de reconhecer que se o e-mail que JCA me enviou fosse pouco abonatório em relação à minha estória, quiçá, a mesma teria ficado muito mais divertida, pois, transformava-o num piscar de olhos num “vilão”. :)

A verdade é que me diverti muito menos quando escrevi a quarta parte da minha saga, e isso é evidente quando se lê o post. Felizmente libertei-me destes constrangimentos no quinto e último capítulo.

Contudo, como uma boa estória tem de ter sempre bons "vilões", os meus já tinham sido escolhidos logo no primeiro casting: o jornalista do Público, António Granado e o jornalista do Expresso, Paulo Querido.

Ao contrário do que posso ter dado a entender na minha estória, o António Granado, apesar de [aparentemente] na realidade ser mesmo um personagem sorumbático, não foi de forma alguma [muito] aborrecido nas suas intervenções. Contudo, de forma a tentar dar um pouco de mais colorido ao meu filme, optei por enfatizar a sua postura, invariavelmente, macambúzia.

Algo de semelhante aconteceu com o personagem Paulo Querido. Apesar de me ter divertido imenso com os seus comentários e atitudes durante o colóquio, o seu perfil adequava-se na perfeição para ser o “anti-herói” do meu “filme”. E assim foi.

No último post, exagerei [um bocadinho] as reacções do Paulo Querido. Apesar de ser verídica a frase que lhe atribui sobre o seu pedido de umas luvas de boxe, tal como a minha resposta ao seu pedido também o foi, contudo, tudo aquilo não passou de uma brincadeira. Só que a minha estória ficava muito melhor assim. E Arte é Arte! :)

O pior aconteceu, quando, o outro personagem envolvido no episódio das luvas de boxe, o Rodrigo Adão Fonseca (RAF), na altura ainda membro do Blasfémias, apareceu no «GR» a comentar a última parte da minha estória e levando à letra tudo aquilo que eu tinha escrito. Achei imensa graça à situação que eu tinha criado sem querer mas não queria ser “acusado” de lançar ainda “mais achas para a fogueira” do já ligeiro quiproquó existente na vida real entre as duas personagens. Contudo, quando me preparava para responder ao RAF, eis que surge um comentário do Paulo Querido, no mesmo post, a dizer que também tinha achado bastante graça à estória e a tentar esclarecer que tudo aquilo que tinha dito, não tinha passado de uma pura brincadeira, mal interpretada por mim. Acabamos a trocar uns e-mails divertidos sobre este assunto, e onde, Paulo Querido, deu mostras de um enorme fair play.

Também, não é verdade que estivesse assim tanto calor quanto isso dentro da sala, só que eu tinha mesmo de encurtar à força o enredo - o orçamento não dava para mais. Cinco capítulos já eram mais que suficientes. Para isso, tive de tirar alguns “coelhos” da cartola. Assim, fui-me desculpando com a [real] tagarelice do Paulo Querido. Nesses momentos, desviei-me um pouco mais da realidade mas... a ficção oblige.

Com todas estas interessantes relações entre a ficção e a realidade que se foram sucedendo enquanto eu escrevia, em cinco partes, a minha versão dos acontecimentos na Almedina, tinha mesmo de escrever um [ou dois] post[s] sobre o assunto, até porque não quero, de forma alguma, dar azo a [ainda] mais especulações. :)
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Não há aeroportos grátis

Parece que afinal a construção do aeroporto internacional na OTA vai arrancar em 2008. Custará mais de três mil milhões de euros, na sua quase totalidade, obtidos através de fundos privados (comunitários e banca). Ainda assim, 10 por cento serão obtidos recorrendo a dinheiros públicos.

Obviamente que são cálculos, rigorosos, feitos por quem sabe. Mas também se sabe que este género de investimento tem uma perigosa tendência para derrapar financeiramente. E que a situação económica portuguesa não aconselha a riscos, havendo mesmo áreas mais necessitadas onde aplicar capital, público e privado.

Os optimistas afiançam que a OTA deverá criar cerca de 56 mil postos de trabalho (o que me anima) e terá uma capacidade para receber 40 milhões de passageiros por ano, não obstante os 40 quilómetros que o separam de Lisboa.

Sei que a capacidade do aeroporto da Portela há muito que não é digna para a circulação dos 14 milhões de pessoas que por lá passam, anualmente. Para não falar da sua localização. Tão central que arrepia, sempre que um avião se faz à pista ou levanta voo, mesmo por cima das cabeças dos lisboetas.

O que não sei, e só o tempo o dirá, é se a aposta na OTA será ganha. Sem que os seus prejuízos caiam, daqui a uns anos, em cima de todos os contribuintes…
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E mais...

Para além de tudo isto, há ainda outra questão, igualmente grave: a degradação da profissão docente. Ser professor devia ser uma nobre profissão, nobremente vista. Entretanto, não é isso que sucede. Exceptuando o que se passa em certos vales transmontanos ou beirões, os professores, hoje, não são respeitados por ninguém. A isto, tem-se por hábito apontar várias causas: os alunos perderam o respeito, os governos não investem, a sociedade não sei o quê. Sem dúvida que há escolas em muito más condições, e professores que se ultrapassam todos os dias. Mas tenhamos a coragem de dizer o evidente: a abertura indiscriminada de comportas gerou, ao lado destes verdadeiros heróis, uma casta de parasitas. A ideia que se tem é que qualquer pessoa pode ser professor. Em parte, porque, ao contrário da Medicina ou outras áreas, não houve controlo de entrada nas Faculdades, não houve controlo de acesso à profissão, não houve controlo na criação de novas Faculdades, públicas ou privadas. Realmente, em certo sentido, qualquer pessoa podia ser professor. Então, para quê assobiar para o lado. Há quem diga que tinha de ser, porque o ensino de massificou. Em parte, sem dúvida. Porém, depois do 25 de Abril, também o acesso a cuidados de Saúde se massificou, e, no entanto, a profissão médica, ao contrário da docente, não se aporcalhou. Porquê? Dê por onde der, por isto: faltou rigor. Faltou premiar quem mereça, e punir quem punido devesse ser. Não seria?
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Mais achas para a fogueira

Retomando o assunto, sucede que a "cunha" não é o único problema. Pelo menos no Estado, há um outro, igualmente grave: as carreiras. Isto de um indivíduo chegar a um lugar e, à medida que os anos passam, subir de posição, roça o ficcional. Detenhamo-nos um pouco no caso dos Professores, que é o que melhor conheço - embora agradeça que me corrijam qualquer eventual injustiça ou imprecisão minha. Durante anos a fio, digamos até hà cerca de dez anos, as comportas do ensino público abriram-se de forma pouco higiénica. Indivíduos com bacharelato, sujeitos com cursos tirados sabe-se lá onde, ou licenciados noutras áreas, tivessem médias de dez ou médias de vinte, tinham, em princípio, as portas abertas. E, uma vez chegados ao lugar, esperavam-nos quatro ou cinco anos a penar pelo País, findos os quais entravam para o quadro - palavra mágica. De há dez anos a esta parte (mais coisa, menos coisa), que sucede?: sucede que o ensino se especializou, criaram-se estágios profissionais, vedou-se o acesso a não-licenciados. Tudo muito bem: mais rigor, mais exigência. O problema é que aos outros, aos da carreira, ninguém fez nada, ninguém pediu contas. Donc, há 15 anos, um sujeito com média final de onze ou doze tinha lugar garantido, mais a Norte ou mais a Sul. Hoje, pelo menos em certas áreas, nem com médias de 15 ou mais se entra. Entretanto, que coisa tiveram de provar os do quadro? Quem lhes fez testes? Há professores que ensinam as mesmas coisas há anos - onde está a actualização científica? O que se faz é uma coisa que dá pelo nome de "acções de formação", de cuja boa parte, por pudor, convém não falar. De modo que o panorama é este: as gerações anteriores tinham as portas do ensino com um grau de abertura comparável a uma velha marafona, ao passo que as gerações actuais têm-nas cerradas. Como é evidente, não estou a dizer que antigamente só havia maus professores, e agora as Faculdades só formam génios. Nada disso. Ontem, como hoje, como sempre, há bons e maus professores. O desnível está nas oportunidades. O que a minha geração quer, não é tachos, não é lugares, não é carreiras. O que a minha geração quer é isto: oportunidades de mostrar o que vale para, no fim, prestar contas pelo trabalho feito. Eu julgava que isto é o que caracteriza um Pais avançado, mas parece que, para certos sectores, ser avançado é dizer: "toma este lugar, é teu! Sabes, daqui ninguém te tira! Somos um Pais avançado". Como acontecia na Idade Média aos filhos segundos, há, agora, uma geração (ou duas) que se sente espoliada. Só há uma consolação, uma coisa que nós temos: Tempo. Com maiúscula. Convém é não abusar. Muita gente tem dado este exemplo: em 1870, havia Democracia (nos vectores da época), liberdade e paz na generalidade da Europa Ocidental. 60 anos depois, sabemos o que aconteceu. A História não se repete. Mas pode assemelhar-se. E, depois, que não se assobie para o lado.
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Absurdo

Segundo o relatório sobre a fome no mundo, divulgado hoje pelas Nações Unidas, a fome mata, pelo menos, 6 milhões de crianças, anualmente. Por outro lado, as crianças dos países desenvolvidos estão cada vez mais gordas, perdão, obesas...
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segunda-feira, novembro 21, 2005

A congratulação de Paulo Pedroso

Estranhei um pouco (ou talvez nada), a reacção de congratulação (o alívio compreendo) que Paulo Pedroso expressou, através do seu advogado, pelo facto do Tribunal da Relação ter indeferido o recurso do Ministério Público sobre a decisão da juíza de instrução Ana Teixeira e Silva de não o levar a julgamento.

Sabendo o estado decrépito em que a nossa Justiça se encontra, nenhuma pessoa inocente, no seu perfeito juízo, se pode congratular por uma decisão deste tipo. Ainda para mais, e ao contrário do que alguns meios parecem querer fazer crer, Paulo Pedroso, nem sequer foi considerado inocente.

No estado em que está a nossa justiça, se eu fosse inocente, teria, obviamente, ficado aliviado, mas nunca me sentiria congratulado por isso. Mas isto, se fosse eu... claro está!
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Licenciaturas adequadas

O "nosso" Primeiro-ministro afirmou hoje, com aquele seu ar de nem-sei-bem-o-quê [até sei mas não digo], que não é possível o país crescer e ter sucesso apenas com 20% de licenciados na sua população activa. É claro que perante estas sabichonas palavras, não há jornalista, jornaleiro ou "opinador" de meia tigela que não abane a cabecinha pensadora afirmativamente. Pois...

Se eu, na minha santa ignorância, viesse para aqui colocar em causa esta afirmação, referindo o número de licenciados que estão no desemprego... caiam-me logo todos em cima. Diriam: "Então não sabe que o problema é que os licenciados que temos não têm as licenciaturas adequadas?" Pois...

Se eu, mais uma vez, na minha santíssima ignorância, expusesse os números de licenciados com licenciaturas adequadas que são obrigados a abandonar o país porque não encontram os trabalhos adequados... provavelmente já começavam a coçar as cabecinhas pensadoras com um adequado ar imbecil. Pois...

Os cursos não são adequados e, se continuarmos na mesma, nunca hão-de existir cursos adequados, pois, o que interessa realmente em Portugal é, a "bela da cunha".

O que sr. Primeiro-ministro e os seus amigalhaços têm de meter nas suas cabeças (se conseguirem) é que o país não pode crescer nem desenvolver-se enquanto os jobs não forem para aqueles que estão mais habilitados para os exercer. Obviamente que também me refiro a ele, embora, o sr. Primeiro-ministro - com o adequado curso de engenharia sanitária - tenha sempre a desculpa de ter sido eleito maioritariamente por uma população pouco alfabetizada.

Se com a "bela da cunha" qualquer lugarzito na administração da CGD está ao alcance, para que é preciso perder tempo a tirar uma licenciatura "adequada"?
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França, 2005

Confesso que exitei muito antes de escrever este fragmento (= post). Desde meados de Outubro, quando os motins começaram, que mudei várias vezes de opinião em relação ao que se passava.
Mas agora voltei à minha ideia inicial: O primeiro motim foi produto de um caso mal resolvido com a polícia. Mas, no essencial, não havia motivo algum para os motins se alastrarem. De uma resposta à polícia (resposta questionável, diga-se) passou-se a um conjunto de jovens, reunidos em várias cidades do país que se dedicaram a incendiar carros sem motivo lógico algum, só pelo prazer de ver chamas. A cobertura dos media, nomeadamente das televisões, também ajudou: o engodo de aparecer na televisão é comum a qualquer jovem. Esses grupos, eram maioritariamente constituído por magrebinos, mas não só. Desse ponto de vista, não fiquei surpresa quando o ministro francês do Interior chamou «escumalha» a esta gente.
Sob este pano de fundo incendiário, aproveitou-se para discutir o multiculturalismo e falou-se de entifada. Na minha opinião, os jovens magrebinos não estavam engajados nem política nem religiosamente. Isso não quer dizer que a médio prazo não se tornem os destinatários / mensageiros do fundamentalismo, pois são presas fáceis e a França que já não os integrava tem mais um motivo para o não fazer.

Para mim o multiculturalismo faz todo o sentido, mas essa vontade de integração tem de partir dos dois lados: de quem integra e de quem é integrado. Caso contrário entraremos num diálogo de surdos, também apelidado de Choque de Civilizações (ver também o livro de Francis Fukuyama). Compreendo as razões que levaram a França a proibir o véu às mulheres muçulmanas: novo país, nova vida - sem serem obrigadas a obedecer a práticas humilhantes, só porque são tradição no país de origem. As intenções foram as melhores, mas é impossível alguém deixar de ser quem é, só porque mudou de país.
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Dormindo com o inimigo

No primeiro semestre deste ano, mais de 7 mil as mulheres apresentaram queixa às autoridades competentes, por violência domestica, nome pomposo, que define os maus tratos, quer físicos quer psicológicos, a que algumas mulheres são sujeitas no decurso de uma relação amorosa!! Imagino que muitas queixas terão ficado na gaveta, ou sufocadas pela vergonha e medo...

Contas por alto, ao fim de um ano, serão, pelo menos, 14 mil queixosas. Mais uma fantástica estatística que foge a estereótipos demagógicos. Não são só as classes baixas (signifique isto o que significar) ou desfavorecidas, que usam este tratamento carinhoso para com as suas mulheres. Muitas vezes, a violência (e a psicológica embora não se note é tão letal quanto a física) é exercida por um homem com instrução académica, bom emprego e status q.b.

Já vivi de perto a uma situação destas. E recordo-me de ter questionado vezes sem conta as razões que impediram aquela mulher de partir, deixar a casa, levar os filhos e soltar-se de vez daquele homem sempre que ele esgrimia argumentos em forma de socos e pontapés! Muitas vezes tive que telefonar à policia local, porque a gritaria era descomunal, e os choros dos filhos feriam os ouvidos de toda a vizinhança. Para não falar das idas ao hospital…

Foi um processo doloroso e lento, para que, passado o mau tempo, com o divorcio litigioso a correr, aquela mulher voltasse a sorrir. Mas quantas puderam ou voltarão a fazer o mesmo?

PS. Desengane-se quem julga que só as mulheres é que são vitimas de violência domestica. Embora em menor escala, os homens também se queixam e sofrem. Sem esquecer as crianças, os mais velhos também… Afinal, para muitos humanos, continua a ser mais fácil bater que falar…
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Las meninas

























Cada vez que observo o «Las Meninas» de Velásquez, recordo-me de uma “menina” em particular: a Professora Teresa Maia e Carmo. Há professores que nos deixam saudades. Não é Tiago? :)

«O pintor olha, o rosto ligeiramente virado e a cabeça inclinada para o ombro. Fixa um ponto invisível, mas que nós, espectadores, podemos facilmente determinar, pois que esse ponto somos nós: o nosso corpo, o nosso rosto, os nossos olhos. O espectáculo que ele observa é, portanto, duas vezes invisível: uma vez que não é representado no espaço do quadro e uma vez que se situa precisamente nesse ponto cego, nesse esconderijo essencial onde nosso olhar se furta a nós mesmos no momento em que olhamos.»

[Michel Foucault - As palavras e as coisas]
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Marketing

Recebo um mail enviado de forma automática, com links e este aviso final: «(Convite automático - Não responder a esta mensagem. Se tiver menos de 18 anos deverá ignorá-la.)». Hoje em dia, é cada vez mais da lei indicar que um determinado produto é "eventualmente chocante". Supostamente, esse aviso afasta os menores. Na realidade, parece-me exactamente o contrário. Sem anúncios de "eventualmente chocante", ou sem bolinha vermelha, o adolescente até é capaz de ignorar o produto. Com anúncio e bolinha, vê-o com mais avidez. Estas leis são uma grande ajuda de marketing.
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domingo, novembro 20, 2005

Memória Futura

«Angola é muito rica - temos petróleo, diamantes. Mas vai tudo para aqueles que estão no governo»
Manuel André Muhongo
Encontrei esta frase no Corrier Internacional desta semana (nº 33, 18 a 24/11/2005), num artigo retirado do Finantial Times. Este artigo lembrou-me o último livro de Pepetela - Predadores - que ainda não tive oportunidade de ler mas que deve ser o relato disso mesmo: de um conjunto de homens e mulheres que vivem do trabalho do outro, de uma elite política que vive no luxo sem dar explicações a ninguém, manipulando e sendo manipulada por um conjunto de países que se interessam por essa riquesa. Ao lado vive uma população pobre. Essa elite - constituída por pessoas do MPLA, mas também da UNITA - tem sugado o país.
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Polémicas

Corre por aí mais uma polémica (de resto, já referida pela Sabine aqui). Como é hábito neste País, sobretudo em questões de moral e costumes, logo se constituiram duas falanges: a dos Inquisidores e a dos Iluminados. Entretanto, falando do caso que despoletou o tiroteio, parece-me que situações destas já ocorreram antes um pouco por todo o País. Por isso, pergunto: porquê todo este burburinho agora? E, caso fosse um par heterossexual o visado, como já aconteceu, seria o burburinho o mesmo?
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A Europa de Soares

Vasco Pulido Valente, no «Público» de hoje:

«Não há candidato que não queira "dar a sua contribuição" para salvar a Pátria. Mário Soares quer "dar a sua contribuição" para salvar a Pátria e a Europa. Isto que o faz mais "presidencial", também revela a sua maior fraqueza. A começar pelo próprio, toda a gente fala, oblíqua ou claramente, na idade de Soares. Mas não é a idade de Soares que interessa, o que interessa é o "tempo" de Soares, como quando se diz "no meu tempo". A "Europa do tempo de Soares" foi a "Europa" que o reconheceu e o ajudou no exílio, que lhe permitiu fundar o PS, que lhe garantia o fim da Ditadura e um futuro "desenvolvido" e democrático para Portugal. Foi a "Europa" de Wilson e de Callaghan, de Brandt e Helmut Schmidt, de Mitterrand e Delors. Uma "Europa" rica, confiante, expansiva, que parecia outra vez pesar no mundo e ser uma promessa sem fim. E era, ainda por cima, uma "Europa" de amigos, que o ouviam e o apoiavam. A "Europa" já não é a "Europa" desse tempo, do "tempo de Soares". Quando ele fala hoje na "influência" que tem "lá fora" e do que pode fazer, se o elegerem Presidente, para "resolver a crise", está enganado. Não há nada de comum, pelo contrário, entre ele e Chirac ou Blair ou Merkel ou Berlusconi. A Leste ninguém o conhece, nem ele com certeza percebe a Polónia, a Eslováquia ou a República Checa, que desconfiam da União e, no fundo, preferem a América. Se pegar no telefone, como ele imagina, e se o atenderem, o que talvez não suceda, será para uma conversa de surdos. O mito morreu e o único aliado que lhe resta é o patético Zapatero, que não conta. Como Portugal e o Presidente de Portugal não contam na "Europa" dos 25.»

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Para ajudar à festa, ontem, na Covilhã, Mário Soares confessou sentir «vergonha [que Portugal seja o] país mais desigual da Europa dos 15». Da Europa dos 15? Assim como não quer a coisa, em mais uma das suas já habituais e sistemáticas "pequenas" gaffes, Mário Soares, o "nosso" maior especialista em tudo e mais alguma coisa, apagou do mapa 10 países europeus.
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A Escolha

Dia 22 de Janeiro de 2006 vão haver eleições para a Presidência da República. Eu não sei ainda em quem votar. Apetece-me dizer, como as Juventudes Populares: «Nenhum dos candidatos presidenciais tem uma visão de futuro do país para que possamos empenharmo-nos nessa candidatura». De facto, a situação é a seguinte:

- Nunca gostei de Cavaco Silva, pois não tenho especial simpatia por pessoas que raramente se enganam e poucas dúvidas têm!

- Gostei da acção de Mário Soares enquanto Presidente. Mas ele agora mais parece um menino mimado e arrogante, que pensa que tem direito divino a um cargo!

- As candidaturas de Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã mais não são que as candidaturas do PCP e do BE!

- Manuel Alegre candidatou-se pelos piores motivos. Ainda assim ele parecia ser dos poucos com bom senso. Mas pelas últimas notícias, penso que ele está a começar a fazer uma má campanha.

Tenho de me decidir até dia 22! Eu sou uma pessoa que gosta de ir votar e nunca votou em branco.
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Solidariedade... Irmã Torta da Hipocrisia

Altruísmo... alguém conhece a palavra?
O que são campanhas de solidariedade? O que são donativos e quem os recebe? Existirá uma causa melhor que outra?
Não consigo deixar de pensar nestas questões, e a minha cabeça não se cansa de dizer que não existem causas menores, existem apenas muitas necessidades, existem circunstâncias que lhes concedem mais ou menos importância. Na solidariedade existem MODAS!! Aposto que as que não estão na moda agora devem passar mais dificuldades que já passavam. E sei que como tudo agora, uma associação terá de ter um Dptº de Marketing e imagem, " comerciais " e toda uma estrutura empresarial para poder fazer face aos tempos modernos da solidariedade. Uma boa maquia angariada, servirá em parte para pagar o anúncio televisivo que se fez com muita pinta e criatividade. Porque o tuga pensa ainda que se virar as costas ao homem da latinha do peditório, vai esquecer com um à vontade inacreditável. O Tuga, se for preciso, comenta desvios dos dinheiros como desculpa para não dar...
Se está interessado em dar, procure saber os canais que ele segue e aposto que o informam... se não o fizerem então temm razão. Mas se não questionar e apenas virar as costas então vá para o Diabo com a sua moral da treta. Tenha paciência!
Não tenho problema em dizer a quem me pede que não tenho porque preciso dele, e também não tenho vergonha em dar 15 ou 20 centímos por pensar que possam achar que sou forreta ou pobretanas.
Não penso que, se no bairro social da minha zona existem muitos marginais, que assaltam, vandalizam e trazem insegurança, não merecem ser ajudados. Nesse bairro existirá concerteza muita criançada abandonada, necessidade, miséria, muita merda mesmo que continuamos a achar que existe uma porta com cadeado que os tranca no meio duma zona restrita e electrificada. Não sejamos hipócritas, ao invés de pensar à frente, continuamos a guardar rancor e a não tomar medidas e a contibuir para que o tuga tenha na ponta da língua o discurso papagueado da culpa que é do Governo, dos políticos, da polícia, de Deus, do vizinho e do raio que o parta.
Então minha gente, França não está a ensinar nada a V.exas? Ou é preciso ter o carrinho queimado à sua porta, ter de estar em casa às 8 da noite e o puto não poder ir sozinho à escola?
O ser social, incluído nas relações socias positivas e negativas, faz parte de um todo que contribui sobretudo com a ATITUDE. Não importa a cor política, importa sim não ser inerte! Nem todos temos de ir para a sopa dos pobres servir,nem toda a gente tem de ser voluntário num bairro social... BASTA NÃO ANDAR POR AÍ A DIZER BABOSEIRAS E ANDAR A EDUCAR OS FILHOS A ANDAR PELA VIDA FORA COM PALAS NA CARA...

O ser humano chegou onde chegou, pela sua capacidade de adaptação ao ambiente e a incrivel capacidade, de em certos momentos, o conseguir alterar para vantagem sua e de todos.
Não por ficar sentado na gruta à espera que o mundo lá fora deixasse de ser violento.

Porque sempre o foi!
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sábado, novembro 19, 2005

O meu problema com Cavaco Silva...

...não é com Cavaco Silva. É com certos sectores da Direita que podem parasitar a sua eventual vitória.
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A Lei

Ultimamente, Jerónimo de Sousa tem dito, em vários estilos e tonalidades, que nenhum dos últimos Presidentes da República cumpriu a Constituição. O grau de afastamento do espírito da Constituição tem sido, para o PC, o critério político por excelência. Como outrora os Levitas, o PC arrogou-se o direito de velar pela pureza da Palavra Inspirada. Convinha que lhes dissessem que a Constituição não é, como a Lei do Senhor, eterna e imutável. Era só o que faltava se, em 1975, duas centenas de deputados se arrogassem o direito de decidir o Futuro deste País per omnia saecula saeculorum. A mim, por exemplo, nenhum constiuinte me representou, nem podia. E a Constituição, como qualquer lei humana, deve ser adaptada e alterada de acordo com novos desafios e problemas. Evangelho: o Homem não foi feito para a lei. A lei é que foi feita para o Homem.
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Surrealismos: Escher

Perante o génio de Escher, a expressão "ver para crer", ganha um novo significado.

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Moralidade(s)

De vez em quanto Portugal tem umas histórias com moral.
Mas a moral é sempre a mesma: o segredo é a alma do negócio! Assim sendo, existem homosexuais em Portugal, como em todos os países do mundo. A diferença é que eles têm de viver uma vida de mentira para satisfazerem a necessidade de moral.
Pessoalmente, sendo heterosexual, dispenso gay parades. Mas quero que seja permitido, no meu país, duas pessoas que se gostam, poderem mostrar esse afecto.
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Cartas da linha da frente

«5 de Dezembro de 1942.

Saudações, meus queridos filhos Valéri e Anatóli! Meus adorados filhinhos! Encontro-me agora no sector da Grande Batalha por Estalinegrado… pelo Rio Volga. Se, por acaso … o vosso pai tiver a honra de tombar nesta batalha, nunca se esqueçam disso, tenham orgulho disso. Saibam, o vosso pai foi soldado de um grande exército na Grande Guerra Patriótica, e que ele foi comandante e piloto. Cresçam, filhos meus, amem a Pátria, revelem amor pelo grande povo russo. Cresçam e pensem, tal como pensou vosso pai: “Ao serem homens, aspirem ser os primeiros!” »

Serguéi Smirnóv, vice-comandante de esquadrilha. Morreu em combate, nos céus de Estalinegrado (actual Valgogrado), a 8 de Dezembro de 1942, três dias depois de ter escrito esta carta aos seus filhos.

Será pura propaganda? Isto faz ainda algum sentido nos dias de hoje?

Como não rezo... simplesmente reflicto e imagino, deixo, aqui no «GR», esta minha incompleta reflexão, em homenagem à memória de um militar português, o primeiro sargento João Paulo Roma Pereira, casado e pai de uma filha.
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Uma Explicação

O meu nome real é Fátima Cordeiro. Mas pouco tempo depois de começar a escrever no meu blogue (Insustentavel Leveza), decidi optar pelo pseudónimo de SABINE.
Entre os meus livros favoritos há dois que se destacam: A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. É uma mistura ficção e reflexão acerca da vida e das pessoas de uma forma que para mim é quase mágica. E a Sabine é a personagem que mais me põe em causa enquanto pessoa. Daí o pseudónimo. O outro livro, que li este Verão e que me marcou tem o nome de Apontamentos e é de Paul Valéry.
Tenho 28 anos, sou trabalhadora-estudante. Estou a tirar o curso de Comunicação Social e Educação Multimédia na Escola Superior de Educação de Leiria. Gosto de ler, escrever, ouvir música (de quase todos os tipos) e ver filmes. Tenho interesse por jornalismo, viagens e blogues. Sou sonhadora e tenho poucos mas grandes amigos.
Desde muito pequena que oiço telejornais, por isso já me interessava por política quando muitos colegas de escola ainda pensavam noutras coisas. Mas nunca militei em nenhum partido porque creio que me sentiria limitada e coagida a concordar com frases e atitudes que me fariam sentir envergonhada. Sempre me senti de esquerda, embora não saiba a que esquerda pertenço. Pode ser que colaborar neste blogue me dê elementos para essa dúvida existencial…
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Surrealismos: Magritte Rene

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Comunicado Rasca

O «Geração Rasca» passa a contar a partir desta data com a colaboração da Blogueira Fátima Cordeiro, do blogue Insustentável Leveza. Desde já se percebe que é uma admiradora da obra de Milan Kundera, mas há mais...

Não convém é dizer tudo já, pois, aqueles que ainda não a conhecem, terão oportunidade de o ir fazendo, aos poucos, agora também no «GR», através da leitura dos seus posts.

Tenho a convicção que a Fátima, com a sua já considerável experiencia na Blogosfera nacional, será uma mais-valia para o «GR», além do mais, um blogue colectivo sem presenças no feminino, é um blog incompleto.

Bem-vinda à nossa tertúlia Fátima!
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sexta-feira, novembro 18, 2005

A voz da Consciência

Na sessão inaugural do IV Congresso Português de Literatura Brasileira, o Professor Arnaldo Saraiva, referindo-se à relativa inércia cultural da cidade do Porto, bem como a outras lacunas da Invicta, teve esta frase :"São estas coisas que acontecem a uma cidade de província que também não tem tido uma élite capaz de reivindicar o que lhe é necessário". Palavras justas, palavras duras. O Porto precisa de ouvi-las.
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Assuntos pendentes V 2.0

Porque faz todo o sentido, recupero o título de um post recente do Filipe Alves Moreira, na tentativa de tentar saldar algumas “dívidas” internas que tenho com a equipa do «Geração Rasca» (GR).

Na minha suspeita opinião, a generalidade dos posts que vêem sendo escritos no «GR» pelo Filipe, o Pedro, o Bruno e o Tiago são, simplesmente, geniais. De uma maneira ou de outra, acabam por me “tocar”: ou pela originalidade das suas visões pessoais de alguns fenómenos políticos, sociais ou culturais da vida quotidiana nacional e internacional; ou pela forma polémica como tratam certas questões, per si , já controversas; ou ainda, pela simples configuração expressiva de cariz individual com que enchem os seus textos.

Também eu me sinto como o Filipe Alves Moreia, quando nos confessou – recuperando uma expressão de Ângelo Correia – que se sente cada vez mais do extremo-centro. Esta ideia de extremo-centro tem muito que se lhe diga e com toda a certeza, passará também a ser mais vezes utilizada por mim.

Também eu, como o Filipe, venho apoiando os traços gerais da estratégia norte-americana para o médio oriente e noutros pontos do globo, contudo, apesar disso, não gosto de guerras, não gosto do Bush, e não gosto de muita coisa. O problema é que eu não gosto mesmo do anti-americanismo, do anti-semitismo, do anti-islamismo, do anti-cristianismo, ou do anti-cavaquismo. Nunca gostei de filosofias e políticas que se baseiam no ódio ou no preconceito. Contudo, se me choca os norte-americanos utilizarem fósforo branco no Iraque, não me choca - mesmo nada - um ministro francês chamar pelo verdadeiro nome, os bois.

Também eu, como o Filipe, consigo distinguir os homens da sua obra.

Quanto ao, muitíssimo politicamente incorrecto, post do Pedro Oliveira , «Post mortem», pouca coisa há dizer, pois até me faltou o ar quando li o que escreveu. Muita coisa poderia ser dita sobre o assunto, mas o Pedro atacou o problema de frente e com uma simplicidade atroz. Discordo porventura da extrapolação da expressão intifada, com que o Pedro Oliveira disse concordar parcialmente. Na minha visão dos acontecimentos, o conceito de intifada não se pode aplicar de forma alguma aos puros actos de hooliganismo perpetuados por grupos de marginais, que não mostram qualquer respeito pelo país que, mal ou bem, os acolheu. Se em terras gaulesas existe um povo invasor e outro ocupado, neste caso, e mais uma vez, a França foi ocupada, mas resiste.

Os posts do Bruno Ferreira transbordam de adrenalina. Desde que li os primeiros textos dele que fiquei fã. Achei, desde o início, que o Bruno encaixaria que nem uma luva no «GR», e não me enganei. E porque «Portugal repete-se» mas há coisas que merecem ser revistas, espero que alguns dos seus posts venham a ser republicados no «GR» lá mais para a frente.

Sou daquelas pessoas que gosto sempre de ir votar. Sem religiosidades, gosto de colocar sempre uma cruzinha direitinha num quadradinho. Umas vezes no quadradinho mais acima, outras vezes, no mais abaixo, mas escrevinhar sempre uma cruzinha num qualquer quadradinho do boletim de voto. Contudo, após ler este texto do Bruno, fiquei com uma vontade imensa de experimentar um novo tipo de voto. O tal de «irmão vândalo» do voto em branco. ;)

O meu amigo Tiago já o conheço, faz uns aninhos. É uma personagem especial. Tem um talento imenso, mas teima… teima!

O Tiago é um provocador, um poeta do bate e foge… nunca fugindo para muito longe. Sempre que o vejo, «nunca chego a dizer uma frase completa. Falo de mim para mim, não mais do que “olha o gajo” ou “lá vai ele”». O talento «é uma merda. Não acreditar também. Mas feio é fumar». Espero bem que chova no dia das eleições presidenciais. Mas se fizer sol, também é igual. :)
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Ficção & Realidade: falar de blogues na primeira pessoa – 1ª parte

Um fim-de-semana perfeito, para mim, é para descansar ao máximo, fazer o mínimo indispensável, e divertir-me o melhor que posso. Parecendo que não, tentar fazer estas três coisas em dois dias, além de dar bastante trabalho, requer um certo savoir-faire. Mas, como no último sábado, tive alguns problemas de “agenda”, depois de fazer o jantarinho fora, da praxe, com a minha mulher, em vez de irmos beber mais um copo a “qualquer lado”, voltámos para casa mais cedo que o costume.

Antes de me ir refastelar no sofá da sala a ver um filmezinho desconhecido que no regresso levantei no Blockbuster, abri uma garrafinha de vinho tinto, servi dois copos, e passei pelo PC, só para ver como “paravam as modas” no «Geração Rasca» (GR). Para minha surpresa, constatei que o número de visitas estava bastante mais elevado do que era habitual, para um sábado. A última vez que tal fenómeno tinha sucedido, foi quando o Filipe, do infelizmente já meio-morto «Blogue de Esquerda», fez um post sobre o «GR». Das duas uma, ou o significativo aumento de visitas durante a semana se estava finalmente a estender, também, ao fim-de-semana, ou então, algum blog conhecido, teria escrito um post com um link para o «GR».

Desta feita, por pura e incontrolável curiosidade, comecei a correr rapidamente todos os links da frame «Outros Blogues», que se encontram todos posicionados na parte direita do layout do «GR» logo por baixo da frame com os «Arquivos». Começando pelo primeiro, blog a blog, fui lendo todos os primeiros posts de cada um deles. Não encontrando nada daquilo que procurava, fechava a janela e clicava no próximo link, acedendo de imediato ao blog seguinte. Quando, finalmente, entrei no «Indústrias Culturais», reparei que o Professor Rogério Santos tinha colocado por lá um post, onde referia o «GR», com um link para uma estória que eu vinha escrevendo sobre o Colóquio, «Falar de Blogues». Estava, pelo menos, parcialmente justificado o aumento das visitas no «GR».

O pior, foi quando me lembrei que tinha escrito algumas coisas no post que não seria suposto o Professor ler. “Bem... está feito, está feito!”, pensei eu. Já não havia nada a fazer. Nem sequer valia a pena recortar algumas partes do texto, pois ainda seria “pior a emenda que o soneto”. De qualquer das formas, o Professor parecia ter achado alguma graça à minha estória, e isso é que merecia ser destacado.

Contudo, como estava a pensar escrever a quarta parte da estória no dia seguinte (domingo), e logo um capítulo em que o Professor Rogério iria ter um certo protagonismo, comecei-me a sentir bastante constrangido por saber que o Professor poderia vir a ler aquilo que eu iria escrever sobre ele. Embora já tivesse elaborado um esboço do resto da estória na minha cabeça, o mais provável, agora, era não me conseguir abstrair deste “pequeno“ [grande] pormenor.

Para piorar ainda mais a situação, enquanto ainda me encontrava sentado em frente ao computador, recebi um simpatiquíssimo e-mail de José Carlos Abrantes a dizer que se estava a divertir muitíssimo com a minha estória.

Isto só podia ser um complô organizado para me estragar a minha linda estórinha.

Mas, como para a minha mulher, “blog” é uma onomatopeia provocada por um súbito mal-estar, achei melhor, naquela noite, deixar-me de bloguiçes e ir ver o tal filmezinho.

(continua...)
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