sexta-feira, agosto 31, 2007

Em Outubro numa discoteca perto de si

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Por vezes a realidade é dura...


Hoje foi o meu dia de regresso à realidade.
Veio-me à memória, muito amiúde, o poema do Fernando Pessoa:

"Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca..."

Só substituiria o "estudar" por "trabalhar".

A grande maçada de acabarem as férias é termos de regressar ao trabalho e, ainda por cima, embelezarmo-nos de pro-actividade. Quem terá sido o genial inventor de tamanha importunação?

poema
ilustração

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andanças – impressões de uma estreante [V]

as portuguesas

Este ano o Andanças procurou, à partida, ter uma maior preocupação com a tradição portuguesa. E, se já vão conhecendo um bocadinho esta vossa correspondente, é evidente que também eu subscrevi essa preocupação. A presença portuguesa não era maioritária, pois para além dos grupos estrangeiros há também os portugueses que musicam as danças europeias sem especial preocupação na recolha e reinvenção das tradições nacionais. Este é um assunto fervorosamente abordado em alguns sítios, que reclamam do esquecimento da riqueza da nossa cultura tradicional. Não vou dizer que acho que esteja tudo muito bem – não está! – mas, sendo eu uma recém-chegada a estas andanças, o pouco que existe é, para mim, significativo, pois constitui quase todo o meu conhecimento. Portanto, em vez de me "queixar" do muito que há por fazer, vou valorizar o (pouco?) que já se faz – pois não chega fazer, é também importante aproveitar e apreciar o que se faz!

Assim, tenho a dizer que neste Andanças, aplaudi, saltei, cantei e dancei com Galandum Galundaina, Roncos do Diabo, No Mazurka Band e acompanhei como nunca Uxu Kalhus no palco alto – e peço, desde já, desculpa a quem, por força do contexto, merecia estar aqui mencionado e que eu não tenha visto ou me esteja agora a esquecer. Assisti, atentamente do início ao fim, à projecção do Arritmia: sim, «qual foi a primeira dança?...» e, sim, a importância das recolha é (devia ser!!!) indiscutível! Fiz três oficinas com os nossos ranchos de pontos diversos do país, uma de mirandesas e duas de portuguesas ("gerais") – até Godinho surgiu nos coros de uma música de Vitorino – os meus agradecimentos ao André [este André] :) Portanto, para além dos habituais círculos, bourrées, scottisches, valsas e mazurkas dancei o malhão, o vira, a chula, o regadinho, a erva cidreira, o corridinho, o verde gaio, o repasseado, a carolina, o pingacho, mais umas quantas rodas e algumas quadras que não sei o nome.

«A revolução está coxa»?... «Precisamos de universalisar a coisa»?... Sim, sem dúvida! E não vou negar a importância das vozes que o vêm denunciar, mas é bom que a par delas surjam também os relatos da "perna saudável" dessa revolução e da "regiãozinha" que com ela vai sobrevivendo. Mais do que de decretos e de cotas, é, talvez, da riqueza e do sucesso do avanço já conseguido que surge naturalmente a "necessidade" de avançar ainda mais...

[parte I: os espaços]
[parte II: o espírito]
[parte III: os bailes]
[parte IV: as oficinas]

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quinta-feira, agosto 30, 2007

curtas #1


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andanças – impressões de uma estreante [IV]

as oficinas

Três grandes painéis localizados em pontos estratégicos anunciam todo o programa dos palcos e algumas alterações de última hora tornam indispensável a consulta diária das grelhas. Há dança para todos os gostos: portuguesas, europeias, africanas, tango, valsas, sapateado, funky, street, jazz, havaianas, forró, capoeira, de índios... – e mais, mais e mais! E com tanta oferta ao mesmo tempo há que fazer escolhas, podendo, no entanto, dar-se sempre um saltinho para a tenda do lado. Portanto, mesmo que não seja aquilo que se havia pensado inicialmente, acaba-se sempre por encontrar um espaço à medida de cada um.

Professores e alunos empenhados, descontraídos, atentos e divertidos e fazem com que numa hora e meia se consiga uma coesão de grupo minimamente coordenada – uns mais do que outros... Todos se esforçam e, se não se percebeu bem o passo, o parceiro do lado dá certamente uma ajuda. E, em alguns casos, dá até para no baile da noite se fazer boa figura. Não se sai um especialista de dança, mas fica-se com umas noções sobre diferentes estilos, para além de uns momentos bem passados.

Ao fim da tarde, depois de um dia inteiro de actividades e para recuperar antes dos bailes da noite, o relaxamento e a focalização de energias também aparecem de diversas formas: há yogas, massagens e terapias de vários estilos. E que bem que sabe aquela horinha!... Tenho de dizer que ao abrir dos palcos também os yogas e afins constavam do programa, mas... as noites eram longas e 9h da manhã era muito cedo aqui para a vossa escriba!...

Resta-me relembrar que havia também oficinas de instrumentos e diversas oficinas paralelas a todo este mundo da dança, para além de inúmeras actividades especialmente dedicadas às crianças. Mas, como eu já referi, neste ano de estreia, a dança falou mais alto...

[parte I: os espaços]
[parte II: o espírito]
[parte III: os bailes]

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quarta-feira, agosto 29, 2007

Slows


1- Chegar ao Sul é agora mais rápido. A auto-estrada arrepia caminho ali para os lados de Santarém, poupam-se quilómetros e a passagem pela capital, o que é sempre agradável para uma provinciana convicta.

2 - O Sul está com a cara um pouco mais lavada. Mas permanece o convívio notável entre o caravanista selvagem e o porsche último modelo. Que belo carro! Agora já se vão vendo rapazinhos novos embelezando tanto cavalo.

3 - Os caravanistas selvagens assentaram arraiais, uma vez mais, na praia do Forte Novo. Uma refeição decente convive alegremente com o pó dos automóveis. Serão especiarias?

4 - Este ano o meu Algarve estava pejado de espanhóis e italianos, entre ingleses, alemães e alguns portugueses.

5 - O céu do meu Algarve conviveu com a melhor poesia publicitária. Apenas um pequeno problema e radical: as cores.

6 - A praça do peixe de Quarteira está cada vez mais elitista.

7 - O excremento de cãozinho associou-se à calçadinha portuguesa.

8 - Consegui alugar diariamente 4 a 5 m2 de areal, um luxo.

9 - As bolas de Berlim (sem creme), a bolacha americana e os mirones um brinde apetitoso.

10 - A praia das praias é uma ilha. O senhor que vende sonhos resolveu concessionar uma área e empobreceu o areal com chapéus de palhinha, um bar a lembrar um barco pós moderno e uns sofás enormes e brancos aos pés do mar. Meus caros aquela água é um céu. Localidade: Santa Luzia. Ilha. Vai-se de barco e comprometemo-nos com o sol. Um verdadeiro luxo nos tempos que vão correndo. Aproveitem enquanto a brigada dos costumes não resolver invadir as praias e tocar a trombeta anunciando aos incautos a hora do recolher obrigatório.

11 - O Bom, o mau e o vilão. Um Sergio Leone de eleição. Clint no seu melhor. O velho Oeste com as suas traições, malandragens e vinganças. A banda sonora andará por aí?

A foto é da Exma Senhora Dona (agora exige que eu a trate assim) Sony Cyber-shot. Este ano as variações de humor foram bastante mais constantes. Segredou-me: é da idade, já não temos pachorra para nos aturar... Acho que anda um pouco deprimida.

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segunda-feira, agosto 27, 2007

Statements of art

Quando Marcel Duchamp se lembrou de usar um urinol e transformá-lo em obra de arte, o mundo reagiu estarrecido e dividiu-se entre ofendidos e seguidores, ultrajados e admiradores, injuriados e idólatras e assim se foi prosseguindo por esse mundo fora. Joseph Beuys também era um rapaz dado a metamorfose dos objectos do quotidiano em obras de arte e Warhol é o exemplo acabado do que pode acontecer a um mera lata de sopa, que lá andava tranquila na sua vidinha. Nada contra. Mas o que me encanita, enfurece e revolta é a quantidade de artistas anónimos que povoam este Portugal de lés a lés e, porque não têm nomes nem amigos, estão votados ao abandono, esquecimento e anonimato, quiçá, morrerão numa valeta entre o betão e a brita. Aqui à porta, por exemplo, assisto a estas manifestações artísticas amiúde.
Tudo começou quando bem à porta de casa me foi plantada uma betoneira em adiantado estado de decomposição, pobrezita, uns buracos aqui e ali, as marcas do cimento e da massa, testemunho indelével das horas infindas de laboração. Nessa altura era fácil indicar aos amigos e visitantes a casa de onde vos teclo estes episódios da vida quotidiana, ao entrarem na rua, a casa é que tem à frente uma betoneira. Assim foi durante uns meses. Depois veio cá o engenheiro, como se sabe os engenheiros não são dados à arte, e ao olhar para o objecto vetusto estrategicamente colocado à porta de casa, viu uma betoneira a cair de velha. Sacou do telemóvel, contactou o autor e, sem qualquer sensibilidade, ordenou a retirada imediata do statement of art. Derramei uma lágrima por trás dos cortinados, enquanto a betoneira era arrastada e afastada para sempre. Tinha ganho afecto ao objecto que de intruso passara a ser decorativo e jamais voltaria a fazer tão boa figura perante os convidados familiarizados com estes meandros e princípios da criação artística.
A partir de então passei a ter de indicar a minha casa pelo número da porta, como o mais comum dos cidadãos, o que neste momento deixou de ter validade, porque agora tenho plantado no jardim um carrinho de mão caduco. Está encostado ao muro, é certo, mais discreto do que a betoneira, mas também tem o seu charme e sempre quebra a monotonia, mas essa, já havia sido quebrada com a cobertura do cerâmico do terraço quando lhe foi sobreposta uma camada espessa de uma gosma elástica, aplicada como o dripping de Pollock mas de uma cor só. E isto é que encanita: tanto artista neste país e porque são apenas Zés ou Maneis pagarão o resto da vida pela sua falta de berço, enquanto semeiam arte nos lares lusos. Não há justiça neste mundo.

imagem: minha
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Sol na moleirinha

E, antes que a silly season acabe, eu tenho de dizer isto, tenho de dizer que quando José Sócrates foi eleito a parte feminina desta vossa escriba regozijou. Pela primeira vez tínhamos um exemplar escorreito e elegante do sexo masculino a representar o país. Discreto, de bom gosto, o cabelo levemente grisalho, sem barriga, magro sem ser ressequido e cavaquento, bem aprumado sem ser excessivo, as gravatas sóbrias, regra geral, em tons de bordeaux, mas que com a passagem dos anos, coitado, surgiu-lhe um tom amarelecido e macilento no fácies, os pés de galinha fizeram-se anunciar em torno dos olhos cansados, e aquele tom de pele, não sei, mas até me parece coisa do fígado ou do estômago, órgãos peritos em provocarem as expressões de rosto mais icterícias, algo que lhe caiu mal certamente, e pronto, aproveito para dizer isto antes que a silly season termine e todos voltemos às vidinhas de sempre, porque, enquanto estamos na silly season, desculpar-me-ão este devaneio dos dias inconsequentes e subsistirá a dúvida se é da silly season ou se de mim mesmo.
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domingo, agosto 26, 2007

Sugestões de Leitura II

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Sugestões de Leitura

[Por motivos inadiáveis e de força maior, leia-se férias, nas próximas duas semanas andarei longe daqui. Até lá.]

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sábado, agosto 25, 2007

Agora não, que comi bife ao jantar

Desconhecia até há pouco a existência de veganossexuais, e, por pouco, entenda-se quinta-feira passada, quando me cruzei com o artigo na "Visão" desta semana. A expressão foi cunhada por Annie Potts, investigadora da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, enquanto entrevistava vegetarianos, e define os veganos – como odeio esta expressão em Português – que não têm sexo com carnívoros, baseando-se no consumo de carne como factor de repulsa e de incompatibilidade, não só de princípios éticos inerentes à crueldade e morte dos animais, mas porque, se somos o que comemos, o corpo é feito de cadáveres, logo, visceralmente repugnante e, ao que parece, sexualmente rejeitável.
Partindo do princípio que diferença não deve ser incompatibilidade, apenas diferença, a ideia de recusar a priori alguém com quem não partilho princípios, deixou-me a pensar. Tendo como certo que o convívio e o conhecimento do outro acarretam por si só o magnetismo necessário para que os indivíduos socializem e que o tempo ditará o aumento, diminuição ou extinção desse magnetismo e que o corpo e o que se faz com ele é um direito inalienável e evidente, rejeitar alguém só porque fuma, bebe, é de esquerda, é de direita, tem cabelo liso, encaracolado, é careca, gordo, magro, ou míope, come carne ou é vegetariano pode implicar a guetização de grupos distintos, pouco saudável numa sociedade plural e democrática. Mas isto sou eu a pensar alto num sábado de manhã.
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O Intelectual (1944-2007)


«Somos todos mortais, com uma duração justa. Nunca maior ou menor. Alguns morrem logo que morrem, outros vivem um pouco na memória dos que o viram e amaram; outros, ficam na memória da nação que os teve».

Bernardo Soares, Marcha fúnebre, in O Livro do Desassossego

Imagem: Instituto Camões

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quinta-feira, agosto 23, 2007

"Os Tugas" em "Tertúlia Literária"

Algures junto a uma praia, numa esplanada, a ler jornal, no presente mês:

Tuga 1 – Vem aqui um tipo intelectual a dizer que as boas bibliotecas se fazem por subtracção.
Tuga 2 – Essa está boa. Então a minha biblioteca é a melhor do mundo: não tenho livros. (riso de ambos)
Tuga 1 – Vou dizer isto à Maria com umas alterações.
Tuga 2 – Pra quê?
Tuga 1 – Vou contar-lhe que um estilista, um desses mariconços da moda, disse que um bom guarda-roupa se faz por subtracção. (riso alarve)
Tuga 2 – ´Tá bem apanhado, pá. Essa foi tão boa que esta rodada pago eu. Manda vir mais duas lourinhas e uns pratos de tremoços. Eh pá, eu quando começo a comer tremoços não consigo parar. É que é mais forte do que eu. Manda-me vir esses pratos bem cheios. Eu e os tremoços, não sei pá.

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quarta-feira, agosto 22, 2007

Eles vivem... e andam

E porque não há RDA sem Trabis
e porque os leitores atentos merecem todo o respeito,
ei-lo:
der Trabant!

Budapeste
foto: minha

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Ostel

E se for um comunista empedernido, um nostálgico das paradas militares no primeiro de Maio soviético, um saudosista dos tempos em que a RDA arrebanhava medalhas ao quilo nos Jogos Olímpicos, um viajante intrépido, um historiador dedicado, apenas um curioso da vida antes de 1989 além do Muro de Berlim ou somente um curioso, existe solução à vista.
Desde Maio deste ano, está aberto ao público o Ostel. Mais uma vez um cruzamento lexical feliz entre Ost e Hotel, tal como em Ostalgie, esse novíssimo sentimento alemão também resultante do casamento de Ost e Nostalgie. E o que faz deste Ostel um hotel diferente de todos os outros é a reconstituição do espaço entre quatro paredes do ambiente característico da RDA. A decoração é fiel, o próprio edifício, um Plattenbau – que me desculpem os puristas da língua mas a traduções fiéis são apenas para os eleitos-, é característico da RDA e, no interior, os quartos, sempre vigiados por Walter Ulbrich ou Erich Honecker, estão fielmente reconstruídos de acordo com os padrões estéticos da RDA e contam com o mobiliário original, o papel de parede, as alcatifas, os candeeiros. Uma verdadeira viagem ao passado. Os preços são confortáveis, os quartos dividem-se de acordo com as características próprias: campo de pioneiros ou casa de férias da RDA, Suite da Stasi, por exemplo. Segundo a crítica, o Ostel tem sido um verdadeiro sucesso e está prevista a abertura de um Ostel também em Leipzig.
Neste sucesso reside uma das grandes ironias da reunificação alemã: que a própria RDA se tenha transformado num objecto de consumo capitalista. A venda dos pedacinhos do muro de Berlim terá sido o primeiro sinal destes ventos de mudança, corroborado pela comercialização exuberante de toda a parafernália da RDA, o café MoccaFix, o Sandmännchen e Ampelmännchen, os sinais dos semáforos transformados em marca registada e vendidos em canecas, t-shirts, tapetes para o rato e postais, ajudados, entretanto, com a força do entretenimento da caixinha mágica através dos DDR-Shows.

Imagem: Ferienwohnung

E isto porque os posts são como as cerejas, um ramo pode trazer vários.
Depois deste, aqui fica mais um.

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A enxada

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terça-feira, agosto 21, 2007

Behaviorismos liberais

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Herança genética

-Tenho de matar o bicho!
-O bicho? Qual bicho?
-O bicho da madeira!
-Quem? O Alberto João Jardim?
-Não, filha, o caruncho que me está a dar cabo da estante do corredor.
A genética é poderosa, pensei inicialmente, é que a espaços o bicho da madeira também me vai aos nervos.
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no Porto na minha ausência...

Interrompo, por momentos, o meu silêncio, para me lamentar um bocadinho...

SEXTA E SÁBADO


Este ano com Clã (que vão ter CD novo nos próximos meses!!!) e David Fonseca como cabeças de um cartaz que se orgulha de se manter exclusivamente português! Podem ver a programação completa no site oficial. O bilhete único para os dois dias custa 15€.

Duas jornadas de festa, porque a música – portuguesa – merece estas Noites Ritual, as únicas que lhes são exclusivamente destinadas, desde há já 16 anos consecutivos. E são dois os palcos que se enchem, mais uma vez, com as apostas recentes, as entradas discográficas no mercado, os nomes mais que confirmados no panorama nacional.



DOMINGO


Sobre este... resta-me esperar que seja melhor do que na semana passada... o jogo... e - claro! - o resultado!!! :)


imagens adaptadas: noites ritual / fc porto / sporting

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segunda-feira, agosto 20, 2007

Your Love Alone

A 1 de Fevereiro de 1995, Richey James Edwards desapareceu do Embassy Hotel. Dias mais tarde, o seu carro foi encontrado abandonado junto a uma ponte, ganhando força a tese de suicídio, apoiada no passado de excesso de drogas e de problemas psiquiátricos que ele padecia. Nunca mais se soube do seu paradeiro. Era guitarrista, letrista e responsável pelo design dos Manic Street Preachers. A banda estava determinada a pôr um ponto final na sua breve carreira, mas a pedido da família de Richey continuou. E continuou muito bem: "Everything Must Go", o álbum que se seguiu, é uma homenagem a Edwards, ainda com cinco letras deste, e é talvez um dos melhores álbuns conceptuais do rock. Editou ainda o magnifico "This Is My Truth Tell Me Yours", "Know Your Enemy" e "Lifeblood". A sua vertente mais punk foi ficando para trás e começaram a construir uma excelente colectânea de canções pop-rock. Este ano lançaram "Send Away The Tigers" que tem no single de avanço um dueto com a vocalista dos Cardigans, Nina Persson, que fica aí em baixo para ouvir e apreciar o excelente vídeo/duelo. Uma última curiosidade: a banda continua a depositar um quarto dos direitos de autor na conta de Edwards, segundo eles, «para que um dia que Edwards volte…»


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sábado, agosto 18, 2007

So Long

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Não notícia

Notícia matinal dá conta que o caos está instalado no aeroporto da Portela em virtude da greve convocada para hoje e amanhã. Notícia, notícia seria que o aeroporto está a funcionar bem, sem atrasos e com as bagagens a partirem devidamente nos aviões. Das últimas vezes que saí em Agosto, mal de mim, os voos saíram com três horas de atraso, os passageiros foram ignorados, oferecidos refeições numa cadeia de fast-food imortalizada por Morgan Spurlock, e as companhias aéreas continuaram rapioqueiras e altivas como se tudo isto fosse o preço a pagar pelo topete de desejar sair daqui para fora em pleno mês de Agosto.
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sexta-feira, agosto 17, 2007

Breves

Dizia-se ontem num programa de um canal público que Pinto da Costa nasceu no dia dos Santos Inocentes. Graças a deus, alá e jah que não lhe foi reservado o dia em que Diabo anda à solta.
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quinta-feira, agosto 16, 2007

Agenda


De 13 de Setembro de 2007 a 8 de Abril de 2008 vai estar patente no Museu Britânico uma exposição temporária e única dos guerreiros de terracota, um dos maiores achados arqueológicos do século XX. A exposição compreende doze guerreiros bem como outros objectos encontrados no imenso mausoléu do Primeiro Imperador, Qin Shihuangdi, unificador da China. O exército de terracota foi descoberto em 1974 e conta com cerca de 8.000 peças, incluindo cavalos e armas. Todos os guerreiros são diferentes, têm tamanho real e expressões faciais únicas.
Se desaparecer por um tempo, já sabem onde me encontrar.

Imagem daqui
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quarta-feira, agosto 15, 2007

Forgive me for I have sinned

Eu sei que maldigo o governo Sócrates, que blasfemo na intimidade a actuação de Maria de Lurdes Rodrigues, que abomino a boçalidade de Alberto João Jardim, que acho indecente que a Ministra da Cultura não tenha estado presente nas comemorações do centenário de Miguel Torga, que considero o aeroporto da Portela terceiromundista na pior acepção do termo, que não gosto do equipamento rosa do Benfica, que o Pinto da Costa me vai aos nervos, que alguém já devia ter feito alguma coisa por aquele cabelinho do Paulo Bento, que Goodness Gracious me é uma das minhas séries preferidas, que acho uma certa piada ao Mick Jagger, que detesto esta silly season, mas não precisavam de mandar o pequeno Saúl, que a esta hora deve estar o marmanjo Saúl, se Cronos não adormeceu, cantar aqui à porta de casa nas festas da aldeia, pois não? É que nem as portadas verdes da minha casinha amarela conseguem insonorizar-me da cantoria infernal e temo até que daqui a uma hora as minhas bichanas soltem palavrões e disparates.
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terça-feira, agosto 14, 2007

O direito à memória

Se a arte imita a vida ou a vida imita a arte é tão discutível como nos perdermos em considerações sobre o ovo e a galinha. Tenho, não obstante, como certo que coexistem numa relação absoluta de interdependência e que os contextos sociais e políticos são muitas vezes impulsionadores de novas correntes literárias ou tendências.
Foi assim, quando em 9 Novembro de 1989, o Muro de Berlim foi metaforica e literalmente derrubado pela vontade dos homens e mulheres sedentos de mudança. O mundo geográfico alargou-se, fronteiras foram quebradas e com a abertura do Leste e a reunificação da Alemanha, uma nova ordem social surgiu. O encanto foi definhando com a passagem do tempo e as dificuldades de adaptação de ambos os lados intensificaram-se. Seriam afinal ein Volk – um povo só?
E o que tem a literatura a ver com tudo isto? Durante as décadas em que o mundo se dividiu, uma geração cresceu. Desconhecendo as diferenças entre o Leste e o Ocidente, assumiu como sua a realidade quotidiana dos países em que viviam. Sem nunca ter sofrido a separação violenta iniciada em 13 de Agosto de 1961, tinham histórias para contar, histórias além da História, histórias e aventuras de uma infância e adolescência mais ou menos feliz, mais ou menos colorida mas tão legítima como qualquer outra. Surgiu pois uma nova geração de escritores cuja temática central se debruça sobre a vivência anterior a 1989. Thomas Brussig e Jana Hensel são penas dois dos muitos autores que invadiriam o mercado editorial alemão. Brussig destaca-se pelo tom irónico e leve com que aborda a vida para lá do Muro e preenche com palavras o imaginário mitificado do Leste visto pelo Ocidente, enquanto Jana Hensel distingue-se pelo seu carácter autobiográfico, não-ficcional, portanto.
Na Alemanha, esta novíssima literatura não foi acolhida de braços abertos como haviam sido os cidadãos da RDA em Novembro de 1989. Frequentemente acusados de leviandade na abordagem de uma questão tão sensível como a história contemporânea alemã na segunda metade do século XX, e, em casos mais extremos, de desejar o regresso do passado e, com ele, o regime totalitário da RDA, os autores defendem-se, exigindo a legitimidade das memórias apolíticas que forjaram sua matriz.
E, porque acredito que existe memória sem cor política, não posso concordar mais: que faria com a memória da minha primeira ida ao teatro no defunto Monumental para ver o Pinóquio, titubeante e mínima, pela mão segura do meu querido pai? Deito-a fora, apenas porque aconteceu antes de Abril de 74? E o que faço à memória do homem da bolacha americana empurrando um carrinho verde pelo areal infinito e agreste da Figueira da Foz? Faço delete? Lembrar não é necessariamente homenagear ou militar, logo, lembrar a RDA não implica a observância do sistema político então vigente, tal como as memórias de antes de 1974 não atiram os seus donos para as secretárias da António Maria Cardoso, felizmente para mim. A memória é a matéria de que as vidas são feitas, sem ela não há passado e, sem passado, dificilmente chegaremos ao futuro.

Divagações a propósito deste texto.

Foto: Thomas Uhlemann

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segunda-feira, agosto 13, 2007

Não há duas sem três!

Depois de Simão e de Anderson, mais um que se recusa a vestir de cor-de-rosa. A continuar assim só falta mesmo saber quem é que foi o ideólogo dos equipamentos cor-de-rosa no Benfica. Mas seja quem for, com toda a certeza, é um forte candidato a acumular um Prémio Stromp com um Dragão de Ouro no corrente ano.

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Cidades que a cidade tem

Cruzo-me com o mais recente trabalho dos Orishas, corro ao encontro de Mi sueño de Ibrahim Ferrer, e acabo por aterrar em O nosso GG em Havana de Pedro Juan Gutiérrez, o livro do escritor que inicia uma nova fase, encerrado que está o ciclo de Centro Habana. E assim é: a Havana dos Orishas não é a de Ibrahim Ferrer, a de Pedro Juan Gutiérrez não é a de Leonardo Padura, a de Zoé Valdés não é a de Ana Menéndez. Cada uma mais áspera do que a outra, mais suave, mais devassa, suja ou nostálgica, mas todas são Havana. Se, para Zoé Valdés, Havana é hoje um museu de vítimas complacentes, de oportunistas; para negociantes e turistas ignorantes*, para Pedro Juan Gutiérrez o melhor do mundo é passear pelo Malécon sem rumo, debaixo de um ciclone furioso** e à magia de Havana não fica indiferente Leonardo Padura porque quem conhecer a cidade tem de admitir que possui uma luz própria, a um tempo densa e leve, e um colorido exultante que a distingue entre milhares de cidades do mundo***.
E, pese embora a idiossincrasia de Havana, assim são todas as cidades: únicas no olhar de quem por lá passa, tantas quantos os turistas, tão diversas como os viajantes, ímpares como os seus habitantes, tanto mais coloridas quanto os seus artistas e escritores. As cidades são apenas o centro do caleidoscópio colorido por sons e letras de quantos a sentem, vivem e visitam e que, a cada visita, deambulação ou périplo, se transformam num mosaico colorido em permanente mutação.

*Zoé Valdés, (2002), Os Mistérios de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
** Pedro Juan Gutiérrez, (2000), Trilogia Suja de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
*** Leonardo Padura, (2005), O Romance da minha vida, Lisboa, Dom Quixote.


foto: prata da casa

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domingo, agosto 12, 2007

Agosto

Há coisas que já são típicas do mês de Agosto português. Por mais que os governos mudem, que o tempo pregue partidas ou que a conjuntura seja adversa, o país será sempre invadido por turistas e emigrantes, os jornais publicarão os seus questionários e as fotos dos políticos a banhos em calção - o que era bem dispensável -, as cidades apresentam-se desertas e as praias cheias, as televisões transmitem os seus programas à beira-mar com artistas de gosto duvidoso, a blogosfera publica meio post por dia, os cronistas dizem mal da silly season porque esta não lhes dá temas fracturantes para opinar, há sempre uma banda de um país estranho que lança o hit de Verão e que nunca mais se ouve falar dela, as livrarias começam a preparar o regresso às aulas e, mais certo do que eu me chamar Carlos, em Agosto, o Sporting ganha a Supertaça. Há coisas que nunca mudam.
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Centenário

Sísifo

Recomeça....

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga

Ao que parece o governo esqueceu o centenário do poeta telúrico. Sem desculpa, senhores governantes.


Imagem daqui

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sábado, agosto 11, 2007

Grrr, grauu...

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compromissos vacancionais...

O diário Andanças e toda a restante programação da minha pena ficam, por agora, suspensos, devido a compromissos vacancionais...

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sexta-feira, agosto 10, 2007

“Árbitro” em vez de “hábito”

«Ganhar é como escovar os dentes. É um hábito»

Depois de saber que o árbitro que vai apitar amanhã a Supertaça é uma espécie de afilhado de Pinto de Costa, e apesar de estar ciente que o facto do Sporting ter limpo todas as [cinco] Supertaças em que participou também é um excelente hábito de higiene, não consegui ficar indiferente às declarações de Jesualdo Ferreira a propósito da final que vai ser disputada amanhã em Leiria. Não sei se foi do acento do norte que Jesualdo adquiriu subitamente ou do que é que foi, mas quase que posso jurar que ele disse “árbitro” em vez de “hábito”.

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andanças – impressões de uma estreante [III]

os bailes

Toda a gente dança! Ou melhor, toda a gente se mexe, toda a gente se embala ao som da música, toda a gente acompanha a batida... E o que é isso, se não dançar?... Portanto, toda a gente dança! É claro que há quem saiba o que fazer com os pés e com os braços, para onde se virar em que altura e em que momento trocar de par... E há quem não saiba... E há quem queira saber... E há quem não se importe...

Isto gera dois tipos de sentimentos: a liberdade de expressão sem qualquer tipo de julgamento, mas também algum desconforto por parte de quem procura alguma organização e coesão de grupo. Nem todos temos de dançar o mesmo, certo! No entanto, quando queremos dançar em grupo, convém observar, experimentar e tentar aprender antes de entrar na "confusão"... É claro que o Andanças é um local, por excelência, onde se aprende fazendo e também onde se faz aprendendo... Portanto, às vezes é chato, eu sei, mas deixemos, por agora, as lamúrias e passemos às danças...

As rodas são bastante participadas, e toda a gente acaba por entrar na onda das trocas de par... e, mais troca menos troca, mais confusão, menos confusão, saltitando de par em par, toda a gente acaba por ir conseguindo acompanhar. As filas também são animadas e, com os pares que se vão juntando, crescem rapidamente. Depois há as cadeias, umas mais lentas outras mais aceleradas, onde a constante repetição do passo convida qualquer um a entrar... E há ainda as danças a par, que, devido a um mal generalizado que parece afectar o mundo da dança – falta de homens! – não implicam obrigatoriamente um homem e uma mulher; basicamente, toda a gente dança com toda a gente! E, na pista, para além dos pares bem coordenados que parecem dançar aquilo desde sempre, há também por lá espalhados outros tantos em processo de aprendizagem de onde se ouve do elemento condutor os tradicionais 1-2-3, 1-2-3... ou ainda 1e2, 1e2, 1-2-3-4, 1e2, 1e2, 1-2-3-4... ou para os mais "aventureiros" 1-hop e 1-2-3, 1-hop e 1-2-3,... and soy on, and soy on...

E, no meio de tanto baile, no meio de tanto grupo, no meio de tanto som, toda a gente consegue aqui ou ali encontrar espaço para a sua dança: mais regrada ou mais caótica, mais básica ou mais improvisada, mais expansiva ou mais contida, mas intimista ou mais colectiva,... Há dança para todos!

[parte I: os espaços]
[parte II: o espírito]

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quinta-feira, agosto 09, 2007

andanças – impressões de uma estreante [II]

o espírito

A partilha acho que é a nota dominante. Quem não sabe aprende, quem sabe ensina, inventa-se, desfaz-se, refaz-se, acompanha-se, improvisa-se,... Mas a partilha é, de facto, uma constante: não se faz nada sozinho! A dança aproveita a música, a música acompanha a dança, onde toca uma concertina junta-se uma flauta, onde toca uma gaita junta-se um bombo, onde há uma batida junta-se-lhe logo outra e outra e outra... E nas oficinas de construção o trabalho é de todos e nos passeios as caminhadas são conjuntas e no voluntariado o trabalho é de equipa... E o ambiente, que também é de todos nós, não fica esquecido: a reciclagem, a poupança de água, a minimização do desperdício,... – era ver toda a gente de canequinha atrelada à cintura, pois a redução dos copos de plástico até poupava uns cêntimos na carteira.

Os jovens – seja lá o que isso for! – são, sem dúvida, a faixa dominante, mas há também muita crianças e muita gente... que já é jovem há muito tempo! O forasteiro domina - de Norte a Sul do país e também das terras vizinhas (muito espanhol, francês e italiano!), mas há também alguma envolvência da comunidade local. Uma mescla de idades e de culturas, que não procura ser coincidente mas sim convivente: cada um dá aquilo que tem e acolhe pacificamente aquilo que o rodeia; não é uma imposição, é uma integração! E a riqueza da partilha vem da constância de toda essa diferença...

Faz lembrar um bocado o Avante, mas... menos idealista... mais focado, quer na importância efectiva do presente, nas heranças concretas do passado e na preocupação activa com o futuro...

[parte I: os espaços]

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A saga dos pastorinhos

Já não bastava a SIC andar constantemente a revisitar a emocionada reportagem televisiva da vida da pastorinha adolescente perdida algures por detrás do sol-posto, – estória que recentemente até já teve direito a uma versão impressa em formato livro – para agora voltar à carga com uma reportagem ainda mais disparatada que a entrevista de véu e luvas pretas da Márcia Rodrigues ao embaixador do Irão em Lisboa. Refiro-me à estória do pastorinho que quer ser jogador de golfe.

Pelo andar da carruagem não me admira nada que um dia deste ainda surja por aí outro pastorinho com a ambição de ser Primeiro-ministro

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terça-feira, agosto 07, 2007

andanças – impressões de uma estreante [I]

os espaços

O recinto central está montado num campo de futebol de terra batida onde cabem cinco palcos/tendas e dois bares. As riscas verdes e brancas dos toldos protegem do sol um pequeno palco e um espaço amplo de madeira onde actuam os artistas dos bailes/concertos da noite, os músicos e professores das oficinas do dia e onde se dança quase todo o dia e toda a noite e se relaxa e medita ao abrir e ao fechar o dia de oficinas. Logo ao lado do espaço de jogo, mais duas tendas e o denominado palco alto (um palco de concertos convencional) e ainda um outro bar. Nas imediações do recinto central fica a fogueira de conversas e contos e o espaço criança sob tão desejada sombra das árvores. Mesmo antes da entrada, mais um sítio de comes e bebes e ainda o espaço dos feirantes, com saias, camisolas, sandálias, bolsas, pulseiras, tererés, hennas e massagens... Do outro lado da rua, a igreja e a escola também recebem concertos, oficinas de instrumentos, áudio e vídeo e conversas/debates; uma cantina e um restaurante completam os espaços de refeição e pequenos relvados acolhem todos os que anseiam por um pouquinho de sombra. Um bocado mais longe, no Pisão há diversas oficinas paralelas e, pelas redondezas, há percursos pela natureza e o projecto Andamentos (deslocações do Andanças pelas aldeias da serra).

Tenho de confessar que, no meio de tanta coisa, é quase inadmissível que me tenha quedado pelo recinto central... Mas vejam bem: sete tendas onde há diariamente e em cada uma delas, três oficinas de dança, duas de relaxamento/meditação e dois concertos/bailes, e ainda mais dois grupos por noite no palco alto... Tenho desculpa, não?... :) Ou seja, para a primeira vez, as danças falaram mais forte, no entanto, para o ano, hei-de passear-me mais um bocado.

foto: minha

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Sugestões de Leitura

Natalidade, de Francisco José Viegas, no "A Origem das Espécies";
Estalinismos, de Nuno Santos Silva, no "Arcadia";
Lealdade, Fidelidade e Mérito, de Miguel Poiares Maduro, no "Geração de 60";
É Agosto, é Agosto, de Pedro Correia, no "Corta-Fitas";
Este é o meu corpo - Lado B, de Joel Net, no "Joel Neto - Work in progress";
Confissões Sazonais, de Bruno Sena Martins, no "Avatares de um Desejo";
Boca no Trombone, de Eduardo Pitta, no "Da Literatura".
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sexta-feira, agosto 03, 2007

Abaixo de cão

(Podes correr comigo pela praia fora, aqui ninguém nos vê, somos só nós e o mar,
saltas a meu lado como se fosses um pedaço de areia e vento,
uma estátua movente,
cão de água, anda daí comigo por esta noite dentro)


Manuel Alegre, Cão Como Nós, Lisboa, Dom Quixote.

Nesta época atoleimada há coisas que não consigo entender. Não entendo, por exemplo, por que é que o português é um ser tão gregário que não suporta uma clareira de areia à sua frente e procura a intimidade das conversas dos parceiros do lado na praia, não entendo como é que ainda há gente que não usa protector solar numa época em que os perigos das radiações solares são sobejamente conhecidos– e, sim, sou uma amante sem recuperação possível dos corpos bronzeados beijados pelo astro-rei- e pior do que tudo isto, não entendo que raio de gente abandona os seus animais de estimação para ir de férias e os descarta como se descartam fraldas de bebé sujas.
Aqui mesmo à porta de casa fui testemunha de um acto tresmalhado desses quando me deparei que o gato dos vizinhos que entretanto se fez meu, não me largava a porta e, ao procurar o paradeiro dos donos, verifiquei que o pobre animal ficara na rua sem alimento, enquanto os ditos se encontravam a banhos, indiferentes e tranquilos, presumo. Obviamente o bichano não passou fome, mas não teve bom fim alguns anos depois, apesar do carinho que lhe dediquei, e também por isso não consegui nunca mais olhar para os que se diziam ser seus donos com bons olhos. Por todos esses que têm animais e os deixam na rua ao abandono não tenho senão desprezo, um desprezo profundo que me leva a equacionar que raio de gente é esta, que não tendo sido tocada pelo carinho e amizade dos companheiros de quatro patas não sente o suficiente para os cuidar, estimar e respeitar e que perante as férias considera como possibilidade o abandono dos bichanos e fiéis amigos, brinquedos descartáveis como barbies descabeladas ou kens sem braços. Gente que não se deixa enlear pelo carinho não é gente.
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quarta-feira, agosto 01, 2007

De malas e bagagens

Ao contrário do Carlos, eu não gosto de viajar de carro. Primeiro, aborreço-me facilmente, fico impaciente e inquieta. Segundo, a minha auto-disciplina é muito pouco resiliente neste caso e, quando chega a altura de fazer malas, cabe sempre algo mais. Terceiro, os destinos que se me afiguram apelativos dificilmente se deixam alcançar por via terrestre.
Quando se viaja de avião, corre-se o risco de encontrarmos passageiros – ora, deixa-me cá procurar um adjectivo maneirinho- pouco cordatos com as regras elementares de convívio, como por exemplo, os que espetam os joelhos no banco à sua frente, nas nossas costas, portanto, ou que se entretêm a revolver os botões por cima das cabeças ou os que se estendem sem ver se, por um acaso, incomodam alguém. Claro que também existem verdadeiras peregrinações à casa-de-banho. Caso tenhamos o azar de ficar num lugar contíguo a este verdadeiro local de culto, é fácil observar as idas e vindas em catadupa. Das últimas oito horas em que me vi na situação descrita, sete delas foram verdadeiras expedições ao cubículo mágico. A parte boa de se viajar de avião, além de ser rápido e, por vezes, o único meio possível para chegar a lugares mais recônditos com maior rapidez, é que me obriga a uma disciplina metódica e ascética no que respeita às bagagens. Vinte quilos apenas. Tudo é racionalizado, sapatos, calças, vestidos, t-shirts, casacos, biquinis ou havaianas, dependendo do destino. Tudo com peso e medida. E livros, claro está, livros. Não viajo sem livros, mas se viajo de avião, vai apenas um guia, imprescindível, e um outro de ficção habitualmente, indispensável também.
Ora, viajando de carro, eu posso levar os livros que entender e esta minha alma geminiana raramente se satisfaz apenas com um livro. Foi assim que para uma semana em terras lusas, encafuei seis livros: Hoje Não de José Luís Peixoto, As Mulheres do Meu Pai e Passageiros em Trânsito de José Eduardo Agualusa, James Lins, Um playboy que não deu certo de Mário Prata, Diário do Farol de João Ubaldo Ribeiro e A mulher que prendeu a chuva de Teolinda Gersão. Pensando bem, talvez esta, só por si, fosse razão suficiente para me render às viagens de automóvel por esse mundo fora, mesmo ficando com o carro a abarrotar, mas o mundo é grande e imenso e do ratio entre o tempo de vida que me resta e dos locais que gostaria ainda de visitar, resta-me disciplinar, castigar e domar esta bulimia livresca.


foto: minha
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Quem imaginaria...

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YUPI Férias


A grande desvantagem de se ir de férias é saber, à partida, que as mesmas vão terminar muito rapidamente.
Einstein pretenderá demonstrar-nos isto?
Outra desvantagem é, igualmente saber, que quando as férias se aproximam do final, já estou ansiosa para regressar a casa.
Isto faz-me lembrar a escola.
Em férias, façam o obséquio de não me incomodarem com conversas intelectuais, férias são férias!
Agora vou sair de fininho, já ouço vozes de protesto, gatos a miar, e ainda tenho ali uma rima de coisas p'ra acartar.
Até Setembro!

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se perguntarem por mim...

... digam que fui ali bailar e já volto.

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