sexta-feira, junho 30, 2006



Ao ouvir o elogio de Erikson ao fair play Português senti que faltava ali qualquer coisa, talvez um elogio ao gesto técnico do Figo na jogada que ilustra este post.
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deus nos acuda!

vem uma pessoa de descanso ao léu e, refluindo, liga o portátil

pasmem ó alminhas, caíram dois ministros?

ainda bem que só areámos durante 7 dias se houveram outros, outros ministros cairiam…

menos a Rodriguinha, a senhora é uma santa e que se conserve de boa saúde!

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Gente fina é realmente outra coisa

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O meu fair play

Espero que amanhã, no decorrer do jogo, Horácio Elizondo se deixe destas tretas e sinta o apelo da memória colectiva recente da sua Argentina.






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Estereótipos

A Charlotte anda a ser muito badalada na blogosfera que eu leio (geralmente pela pena de homens). Digo homens não digo cavalheiros porque realmente estes brutamontes não têm cuidado nenhum quando se dirigem à respeitada cronista do Expresso e da Atlântico.

Vejam lá resolveram embirrar com ela só porque resolveu, logo de manhãzinha, às 9:22, aconselhar o Cristiano Ronaldo a ser menos choramingas (era assim que se dizia no terreiro da minha escola). Sim, sim, logo a seguir àquelas fotografias que ela gosta de postar.

Mas o cúmulo do desplante foi o Augusto M. Seabra que resolveu questionar se a Charlotte é uma bomba ou não. Ó homem não vê as fotografias que ela posta de manhãzinha às 9:22?! Restam-lhe dúvidas? E arma-se este homem em crítico literário. É que até eu que sou um machão latino da pior espécie, daqueles que não se consegue referir a uma mulher com expressões mais dignas do que "vaca", se indigna.
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Mensalão


Ó cara, criticar o Lula pelo mensalão é uma coisa, mas isso dai é sacanagem.
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quinta-feira, junho 29, 2006

Des criminação Sexual

Se um autarca utilizar uma mera expressão idiomática como, “correr à pedrada”, numa reunião da Assembleia Municipal da sua terrinha, está sujeito a uma pena de 3 anos de cadeia e, quiçá, até, a perder o seu mandato. Mas, quando uma autarca é acusada da prática de 23 crimes, de entre os quais se destacam, vários delitos de participação económica em negócio, corrupção passiva para acto ilícito, abuso de poder, prevaricação, peculato, peculato de uso sob a forma continuada, e mais uma, insignificante, fugazita à justiça, tem direito a umas férias no Brasil. Isto só pode ser, evidentemente, uma escandalosa… descriminação sexual.
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Ganda queijeiro



“Não temos medo de ninguém. Se souber um bocadinho da história de Portugal verá que Portugal não tem medo de ninguém”

Dizer isto numa sala cheia de jornalistas ingleses é no mínimo burlesco. Aquele momento de exacerbação nacionalista do nosso Pauleta fez-me corar de vergonha. A minha reacção pode parecer algo estranha, mas é uma coisa que me acontece com frequência quando vejo na televisão alguém a fazer figura de urso.

Se o Pauleta conhecesse “um bocadinho da História de Portugal” talvez tivesse conhecimento do Ultimato britânico de 1890.
PS. Para se redimir, o Pauleta tem de marcar, no mínimo, 5 golos aos ingleses.
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História de uma droga

A maioria de nós faz investigação biomédica com o objectivo distante e indirecto mas bem definido de ajudar a desenvolver um novo medicamento que cure ou alivie alguma doença. Recentemente os jornais ingleses estão cheios de um desses novos medicamentos, o Herceptin (ou a Herceptin?). Isto porque algumas pacientes com cancro da mama ganharam um processo contra o sistema de saúde inglês, o NHS, que queria receitar o medicamento só a casos extremos. Terminado o processo, o NHS anunciou que ia passar a financiar o tratamento com Herceptin a qualquer paciente que fosse susceptível ao medicamento (...). Isto quer dizer que a NHS vai pagar à Roche, que produz o Herceptin, cerca de 20000£ por cada mulher britânica que receber o tratamento.

(...)

Mas fiquei curiosa com a evolução desta droga. Deve ter começado nalgum laboratório, financiado pelo governo (...) ou por alguma caridade. Em algum momento passou para a Roche. Que agora a vende. Os contribuintes pagarão portanto duas vezes para este medicamento – primeiro para financiar a investigação que o descobriu, e agora via os seus impostos para os sistemas nacionais de saúde? Ou para seguros privados? Em que altura terá passado de investigação altruísta para lucro puro e duro? (...)
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cavalheirismo...

Na plataforma do metro, à minha frente, chegam-se à porta para entrar um homem e uma mulher:

homem: Faça o favor...
mulher: Não... pode entrar...
homem: Não... faça o favor...
mulher: ... Obrigada!

Entretanto a porta começa a fechar e quase que não entrava ninguém, nem ela, nem ele e, ainda mais grave, nem eu!

Homens! A porta do metro é capaz de não ser o local ideal para um regresso às boas maneiras, mas já que insistem... Mulheres! Esqueçam essa história da emancipação, da igualdade de direitos e coisas do género e voltem a ser submissas e agradecidas... pelo menos à porta do metro!
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quarta-feira, junho 28, 2006

Fotografia: Al Magnus





















Al Magnus, L'étoile souffrante






















Al Magnus, The dark side of the moon
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Ventos blogosféricos

O Vasco está "sem pachorra" mas a escrever desalmadamente.

Prefiro não linkar posts individuais, limitando-me a advertir para o facto da prosa que ali se lê não ser propriamente politicamente correcta.
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1 ano e 1 dia

Passado 1 ano e um 1 sobre a publicação do primeiro post no GR, quero agradecer em nome de toda a equipa do GR, as simpáticas mensagens e posts de felicitações que nos dirigiram.

Obrigado.
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diferenças de linguagem e de mentalidade...

Junto aos carris do Metro do Porto:

DANGER. DO NOT CROSS

PROIBIDO ATRAVESSAR. PERIGO DE MORTE
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Metabloging

Do umbiguismo ao intimismo.

(E eu que nem gosto nada de posts curtos ...)
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A maior prova da finitude e da dureza da vida é a crença na sua eternidade. Aceitam-se reclamações (relativamente aos direitos de autor desta frase).
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DESASSOSSEGOS

«Pertenço a uma geração - ou antes a uma parte de geração - que perdeu todo o respeito pelo passado e toda a crença ou esperança no futuro. Vivemos por isso do presente com a gana e fome de quem não tem outra casa. E, como é nas nossas sensações, e sobretudo nos nossos sonhos, sensações inúteis apenas, que encontramos um presente, que não lembra nem o passado nem o futuro, sorrimos à nossa vida interior e desinteressamo-nos com uma sonolência altiva da realidade quantitativa das coisas».

Bernardo Soares, O Livro do Desassossego

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terça-feira, junho 27, 2006

André Carvalho (em jeito de postal da Anne Guedes)


Parabéns, e Deus queira que haja lucidez para chegar ao centésimo aniversário desta coisa.
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Xadrez blogosférico


Acreditem ou não eu tenho um enorme respeito pela figura do Prof. Pacheco Pereira, mas há coisas que eu continuo a não entender.

A propósito das críticas (exageradas) de que tem sido alvo pela posição que tem tomado relativamente ao mundial de futebol vem agora pedir, e passo a citar, "que lhe vão lá pedir meças num jogo de xadrez", fim de citação.

Eu desde já saúdo o gosto do Prof. Pacheco Pereira pelo Xadrez, só lhe fica bem. Talvez não fosse pura perda de tempo investigar o que é o Espírito Olímpico, o que de resto nem é incompatível com o gosto do Prof. Pacheco Pereira pelo Xadrez. Porque não fazer uma macrocausa para juntar o Xadrez à constelação dos desportos Olímpicos? Eu mal sei jogar Xadrez, mas o Prof. Dr. Pacheco Pereira teria o meu completo apoio em tal causa.

Mas há um pequeno detalhe, é que o desiderato do Xadrez Olímpico implicaria provas de classificação a nível mundial e estou certo que apenas um pequeno número de xadrezistas portugueses conseguiria aceder à honra e ao privilégio de participar nas provas do Xadrez Olímpico. Isto assumindo que aquela velha senhora chamada mão invisível não ia entrar no jogo ...

E claro que até insuspeitos Xadrezistas como Kasparov, de vez enquando, para desenjoarem dos campeonatos ao mais alto nível, gostam de jogar um joguinho de um contra todos. Nada de grave, mas se o Prof. Pacheco Pereira quer ir por aí, podia pelo menos dizer-nos que blogues lê, não acha? Isto, se achar que nós merecemos essa honra! Eu por mim não me importo muito, acho que é uma opção sua, eu nem percebo nada de Xadrez!
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Certas coisas nunca se esquecem: há alguns meses atrás, andava eu a jurar que nunca mais me metia na blogosfera, quando um inesperado convite do André me salvou da letargia. A que vem isto, no primeiro aniversário do Geração Rasca? Vem, que a minha história repetiu-se, e esta história é o que mais realce me merece. Quando, na blogosfera, muito se tem falado em compadrios e capelinhas, o André conseguiu a proeza de reunir uma confraria de sujeitos que - pelo menos, na sua maioria -, nunca se viram. Não se pense que é coisa fácil, isto de se convidar para nossa casa indivíduos sobre os quais, por se conhecerem mal, não se terá a certeza de que nos não partam a louça ou a mobília. O André tem-no feito, e a barca, com os inevitáveis altos e baixos (que a blogosfera não está assim tão fora do mundo quanto isso) lá tem ido. Como diria o outro, que continue, até que os deuses queiram, ou até que o blogspot não se lembre de arranjar maneira de cobrar uns dinheiros por isto.
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Ordem e progresso


Acabo de mandar umas buzinadelas junto de um grupo de Brasileiros, acho que já mais buzinaria por uma vitória Portuguesa, acho que seria pouco civilizado (para mim).

Mas a mim já nada me espanta desde que saltei de alegria ao ver os Ingleses marcar enquanto vivi em Inglaterra.
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Ética

A sua ética é muito simples: dá o segundo passo, o terceiro, o quarto e o quinto, se necessário. Mas nunca dá o primeiro passo.
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Directo ao assunto


Eduardo Dâmaso, DN de hoje (negrito meu):

Os jogadores são praticamente os mesmos que foram ao Mundial da Coreia do Sul, os responsáveis federativos também, a organização pouco mudou. A diferença está em Scolari, no seu trabalho, na disciplina que incutiu aos jogadores, na forma como os molda psicologicamente, como gere conflitos, como ele próprio os coloca perante a obrigação de estarem à altura de tudo o que representam. Scolari é um lutador de cara sempre levantada e a olhar o adversário nos olhos. É o comandante das tropas, mas também o primeiro guerreiro. Defende o grupo, mas também a si próprio, porque sabe que é aí que tudo começa. É essa a revolução que tem vindo a conseguir operar na selecção de Portugal. O "Sargentão" fez de uma geração de brilhantes jogadores mergulhados no individualismo próprio do talento e da pressão dos clubes em que ganham (muito bem!) a vida um grupo de lutadores. Nunca abdicaremos de o criticar, quando for caso disso, mas devemos reconhecer que o homem é um vencedor.
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notícia do dia*


A Nicotina pode ajudar os doentes de Alzheimer e Parkinson. (JN de hoje)

*Para além, obviamente, do aniversário do GR. Mas sobre isso falarei depois.
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a todos os Zés...

The joke started by André faz hoje um ano!!! Ou seja, o GR está de parabéns!

Então, dedicado a todos os Zés desta Geração, aqui fica o meu contributo para a festa:

O Zé não sabe onde pôr as mãos
E está farto de as ter no ar
Não teve sorte com os padrinhos
Nem tem jeito para roubar

O Zé podia arranjar emprego
E matar-se a trabalhar
Mas olha em volta e o que vê
Não o pode entusiasmar
[...]
O Zé está vivo e é das tais pessoas
Que sentem prazer em rir
Mas tenho visto ultimamente
Esse gosto diminuir

O Zé experimenta um certo vazio
Comum a uma geração
Que despertou da adolescência
Com "vivas" à revolução
[...]

Jorge Palma, "A Cantiga do Zé" (1984)
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segunda-feira, junho 26, 2006

Fotografia: Erlend Mørk

























Erlend Mørk, The Weight Of A Thought (2005)
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Os cães ladram e a caravana passa














Enquanto Marco van Basten procurava exumar novas desculpas para a fraquíssima prestação da sua desmecanizada laranja, os ingleses não perdiam tempo e, jogando fora das quatro linhas, tentavam afastar Figo do próximo embate.

Enquanto o Irão felicitava Portugal pela vitória de ontem, os “nossos irmão angolanos” tiveram de guardar a festa para outras núpcias. É que ao contrário do que os nossos meios de comunicação têm vindo a divulgar – e do que a maioria dos portugueses pensa –, os “nossos irmão angolanos” não nos apoiam, nem nunca nos apoiaram. Bem pelo contrário. Quando perdemos a final do Euro com a Grécia, houve festa rija em Luanda, e na falta de foguetes - e como manda a tradição -, o povo saiu à rua a disparar tiros para o ar. Agora, esperançados, vão guardando as munições para o jogo Portugal – Inglaterra.

Entretanto, nós por cá, no nosso humilde cantinho, de vitória em vitória, vamos fazendo a festa.
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sons de S. João

Com um pequeno atraso, aqui ficam os sons de S. João.

À cabeça e durante toda a noite estão, claramente, os martelinhos - que eu até acho graça - aos quais se juntam os apitos, as buzinas e basicamente qualquer coisa que faça barulho - que já não acho tanta graça... Nos Aliados, um bocado desencontrados da hora (pois eram já onze e meia) cantava-se com o Conjunto António Mafra: Eram pr'aí sete e pico, oito e coisa nove e tal. À meia-noite (mais coisa menos coisa), o ponto alto da grande noite (desta vez, finalmente, com a colaboração das duas margens, ao invés da absurda rivalidade camarária que marcou os últimos anos): o fogo de artifício no rio - que quanto mais barulhento mais aplausos tem do "pobôm". Da Ribeira à Boavista pequenos focos de bailaricos vão animando os foliões.

Chegados à Casa da Música, pouco depois da 1h, já cantava Jorge Palma para uma plateia lotada dentro das recém-estreadas bancadas exteriores da Casa mais uns quantos espalhados do lado de fora acompanhando a projecção. O músico esteve a solo no palco com o seu piano, abrindo algumas excepções para a guitarra acompanhado do filho - prefiro o solo e o piano...

Já perto das 3h, e passados oito anos, voltou-se a ouvir...

Ponto de passagem
Cidade internacional
Os espiões vão de viagem
Joga-se o xadrez mundial

aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente

Desfilar de presidentes
Diplomatas elevados
Todos querem noites quentes
E não ficarem queimados

aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente

Cairo
Distante, Cairo
Excitante, Cairo
Apaixonante
Isto é o Cairo
Distante, Cairo
Excitante, Cairo
Apaixonante
[...]

Taxi, "Cairo" (1982)

O regresso do rock português dos anos 80, surpreendentemente, ou talvez não, acompanhado de forma bem calorosa pelo o público, que logo desde a primeira música cantou bem alto todos os refrões. Resta dizer que os Taxi estarão este ano no Vilar de Mouros.
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Eu e o país real

Na caixa de comentários deste post o Zé Maria diz que eu "ganho aos pontos" no que toca a falar no país real.

Infelizmente sou bem mais pessimista do que ele, o país de que eu falo é o país que eu tenho na minha cabeça e é uma criação minha. Cabe-vos a vós nas caixas de comentários (ou por outro meio que vos parecer mais apropriado) minimizar a distância entre esse meu país imaginado e o tal país real (seja lá o que isso for).
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Vale a pena ver a galeria de fotos do site da FIFA aqui.
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domingo, junho 25, 2006

Naturalmente


A selecção de quase todos os portugueses (lembram-se de alguns comentários que se seguiram à convocatória?) está de parabéns. Naturalmente.
p.s: com Angola e o Irão ainda não era a sério. Com o México é que ia ser. Depois, com a Holanda é que, afinal, o campeonato ía começar. E agora?
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A propósito

O Abrupto já fez acompanhamentos directos de debates televisivos. Haverá alguém, por essa blogosfera fora, a comentar o jogo em tempo real?
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Entretanto...*


Vale a pena recordar Bento de Jesus Caraça, falecido a 25 de Junho de 1948.

*...e enquanto os holandeses apertam...
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Público de hoje (negrito meu):
O perfume de escândalo [sobre a recitação integral do hino alemão pelos adeptos] atraiu apenas algumas Cassandras da geração de 68, incomodadas pela exposição constante de uma bandeira herdada da Prússia, e tentaram uma contra-ofensiva. Um sindicato de professores, o GEW, aproveitou a ocasião para lançar uma campanha anti-hino nacional, considerando que este está "estigmatizado pela era nacional-socialista". Comparado com outros hinos europeus de teor bélico, a terceira estrofe da "Deutschlandlied" - a primeira estrofe deste hino, composto em 1841, é interdita na Alemanha desde 1950 uma vez que era a entoada pelos nazis - é uma elegia aos valores democráticos.
Bofetada verbal para a geração de 68 foi a reacção de Charlotte Knobloch, a recém-eleita presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha e uma sobrevivente do Holocausto. "Porque não hão-de os alemães orgulhar-se do seu país?", interrogou. "Devemos fazer tudo para que aos jovens não seja transmitido o sentimento de culpa pelo passado".
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sábado, junho 24, 2006

Cenas do trabalho na lusoblogosfera



Os presados leitores do Geração Rasca poderão julgar que se trata de um tigre e dois bloggers, perdão dois gladiadores. Nada mais errado, trata-se de três eus do Luis Oliveira a gladiarem-se mutuamente.

Esperemos que o tigre leve à melhor comendo os dois galhardos gladiadores. Bloggers perdão.

Bom dia!
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O Darwinismo sexual e a educação sentimental

O darwinismo sexual não é uma ideologia, é uma lei da natureza. Pedro Mexia

Só discute as leis da natureza quem é intelectualmente desinteligente. Facto que é comum e facilmente perdoável.

Se é fácil ou não ser emocionalmente inteligente é outro problema. Mesmo ao nível da sexualidade pura (e dura) é muitas vezes possível optar pelo que é resultado do esforço em detrimento daquilo que a natureza nos deu ou não deu.

Pelos vistos, também aqui o eduquês tem uma palavra a dizer.
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Partir o coração

Partir o coração, só tem uma coisa boa. Só acontece duas vezes como resultado da vontade do(a) próprio(a).
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Acidente de trabalho

Cortou o dedo médio no fino papel do compêndio de anatomia.
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sexta-feira, junho 23, 2006

cheiros de S. João

Tó-tósóió tóió póió
Sóió piqui tónhu punhu
Qui pá tosóió ió piiú
Tó-sáió támói tóiósóió
Com cóió ió com bubuiú


Do pescoço ao tornozelo
sou de picos e agulhas
quem me passa a mão pelo pêlo
fica mesmo sem querê-lo
com cortes e com borbulhas

Sérgio Godinho / (música: Jorge Constante Pereira), "Pico Pico manjerico", in "Os Amigos do Gaspar" (1988)

[A primeira estrofe é cantada em "manjeriquês", peço desculpa por qualquer erro de linguagem!]

Quem se lembra deste Manjerico?... Nunca percebi bem como é que uma bola cheia de picos se podia chamar Manjerico... É que o manjerico – aquele do vaso e não este espinhoso – é, precisamente, uma coisa para se passar a mão – também ainda estou à espera que alguém me explique porque é que não se deve cheirar a planta directamente...

Mas, adiante! Com mão ou sem mão, com picos ou sem eles, o manjerico é, sem dúvida, um dos cheiros do S. João. Estão nas janelas das casas e nos balcões das lojas, e perfumam as mãos de quem passa. Aproximando-se a hora do jantar, há uma intensificação do português "suave cheiro a sardinhas" e pimentos. Pelas ruas, ao lado dos manjericos, vende-se o alho-porro, que impregna o ar de um cheiro deveras desagradável – digo eu! – e que, na folia da noite, ainda vai fazendo concorrência aos martelinhos – mas estes não cheiram, portanto, não têm aqui lugar. O que me vale é que, de vez em quando, lá aparece uma alma caridosa que nos dá a cheirar um raminho de cidreira para desenjoar de tantos – que mesmo que sejam poucos, já são demais! – alhos que nos espetam pelo nariz...
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Desculpem lá, hoje não há caviar para ninguém

"Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação.
"
Sérgio Godinho, Liberdade

A miséria neste país é tanta (apesar de muita gente a não querer ver) que se chega ao ponto dos pais pedirem aos professores para reprovarem os filhos, por não terem meios económicos para fazer face à compra de novos manuais, transportes e alimentação inerentes à passagem de ano e mudança de escola.
Esta é a realidade diária dos professores colocados em escolas cuja população é oriunda dos meios mais pobres. Para além de terem de lidar com crianças psicológica e socialmente complicadas, têm ainda de lutar para que estas se alimentem e prossigam os estudos à semelhança dos demais (mais favorecidos).
Susana Pinheiro

Lamento esta inusitada alteração do menu que diariamente aqui vos sirvo.
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o outro eu


diz que está na altura de descansar.
não concordo nada com isso!
e logo numa altura destas em que tanto vigor intelectual paira no ar.
tás sempre no contra! - disse-me, levemente, enjoativo.
e eu, o outro, não me sinto com forças para o deixar de vez, criaram-se laços.
ergo a bandeira da paz e aí vou eu, subserviente e humilhado.
um dia destes divorcio-me, detesto corpos autoritários!
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conversas intelectuais em qwerty3001

- como está senhor doutor? passou bem dr? o dr pretende um orçamento mais doce? o dr pensa assim? ó dr não está dentro das nossas possibilidade, peço desculpa, dr.

- puta que pariu o miúdo não tem tramengo nenhum!

- ó filha afiambrava-te toda!

- ordinária! és mesmo uma ordinária! atão já falaste c’o médico? tá’qui uma pessoa cheia de calos no cú, fartinha deste hospital, desgraçada! és mesmo uma desgraçada!

- raios partam a minha vida! porque terei nascido?

- é triste ser-se pobre e não se ter onde cair morto!

- até agora só namorei com Brunos, é sina!

- s’eu ilustrasse o que sei hoje não teria fruído nenhum filho, aliás eu nem tencionava ter consequências, a minha Maria é qu’os pretendeu!

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quinta-feira, junho 22, 2006

Levar porrada dos dois lados


Emir Kusturica costuma dizer que se apercebeu que Underground é um bom filme por este receber, ao mesmo tempo, críticas duras dos acólitos de Milosevic e dos independentistas. Na imagem parte da Jugoslávia separa-se do resto do país (lá para o fim do filme).

Eu, um dia destes, ainda vou escrever um post sobre este filme com pés e cabeça. Sem falar em cadeiras de rodas a serem atiradas do terceiro andar*.

*a piada da cadeira de rodas é para os meus leitores mais antigos e para quem tiver visto O Pianista. Porque, sim, eu às vezes dou por mim a começar um post sobre um assunto, mas depois, bem vistas as coisas, o assunto é outro completamente diferente. Pudera, nem todos têm coragem para escrever sobre todos os assuntos.
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Cenário Portugal-Inglaterra

- Isto tinha piada era em Londres.
- O quê?! Sentes-te dividido?

Oh prá minha consciência toda pesarosa ...
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Mamã quem é que fez as mulatas? A cegonha?

A maior parte do tempo que vivi em Londres tive a sorte de viver num local onde viviam Brasileiros com fartura.

Uma Brasileira casada, de quem tenho mais saudades, tinha o hábito de trepar as escadas à minha frente abanando a bundjinha e perguntando "Você acha qui a minha dieta istá resultando?". Depois lá percebia que a situação era um bocadinho embaraçosa para mim e dizia "Mais você nota na minha faci, não é não?".

Uma outra, quando eu falava nas históricas relações entre Portugal e os Brasis, geralmente para dizer que os brasileiros deviam ser mais críticos, dizia: "Sabi eu acho qui meu pai é qui tem razão - a única coisa boa qui os Protuguesis deixaram no Brasiu foram as mulatas ...."

Será que o pai desta última vizinha sabe como é que se costumava fazer uma mulata?

(para a I.)

Sobre alguns dos assuntos aqui aflorados mais se dirá quando eu para isso arranjar coragem, por enquanto só direi "qui o boticário tem outras coris, mais essas nois não vamos podê mostrar."
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Receita para animar as caixas de comentários

Escrever mais sobre o eduquês e sobre uma hipotética central nuclear no lugar do Alqueva.
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O direito à placa


A mim, não incomoda nada que se dê o nome de Eugénio de Andrade a um beco, ou a coisa nenhuma. É proverbial, mas é verdade: a melhor homenagem que se pode prestar a um escritor é ler-lhe os livros. Ponto. Mas há mais qualquer coisinha. Há o facto de muitos escritores que ninguém lê e ninguém conhece serem nomes de ruas. Há o facto de uma cidade não ter espaço que chegue para tanta gente importante que os tempos vão fabricando. Neste caso, em particular, há o facto de na obra de Eugénio de Andrade também haver páginas em que se diz muito mal do Porto. Sobretudo, há isto: Eugénio afirmou muitas vezes que, apesar de ter vivido décadas no Norte, sempre foi um homem do Sul. Poucas coisas são mais provincianamente pacóvias do que tentar surripiar escritores. O Porto, desgraçadamente, conta com algumas tentativas no currículo. Aquando do Porto 2001, por exemplo, organizaram-se vários volumes sobre "portuenses ilustres". Entre eles, estava Eça de Queirós, que, apesar de ter nascido na Póvoa de Varzim, qualquer pessoa que o conheça medianamente sabe que ele foi, em tudo, lisboeta. Que uma pequena vila ponha uma placa numa estalagem onde um escritor dormiu, por acaso, uma noite, vá lá. Que uma grande cidade faça o mesmo, e mais, é ridículo.

P.S: Também é verdade que começa a ser irritante que alguns intelectuais aproveitem qualquer coisa para criticar a política cultural de Rui Rio e sus muchachos. Se a vida cultural do Porto é pobre, a culpa será só da Câmara?

P.S.2: Sobre a posteridade de Eugénio de Andrade, Eduardo Pitta foi lapidar (ver Mil Folhas de Junho do ano passado): o mais provável é que, dele, fiquem apenas quatro ou cinco poemas. E não há muitos poetas que se possam orgulhar do mesmo.
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That is the question

- A parte final é fácil. É só dares a tua opinião.
Pois isso é, precisamente, o mais difícil.
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Gente de S. João

Havia dois comboios, duas estações
Uma chegada e uma partida
Havia gente que gostava das coisas da vida
Havia uma garrafa aberta
E uma igreja recolhida
Vozes penetrando a terra adormecida

Éramos seis e mais a força do coração
Nesse fim de tarde com gente de S. João

Os seis e a celulose, os seis e a poluição
Os seis e o monstro do futuro
Quem é que vai espetar o dedo e tapar o furo?
Seis direcções na mesma estrada
Desgastando o asfalto duro
Onde o chão já foi mais terno e mais seguro

Éramos seis e mais a força do coração
Nesse fim de tarde com gente de S. João

Jorge Palma, "Gente de S. João" (1984)


Volto ao "pão e circo" para dizer que amanhã é noite de S. João! E este senhor vai estar na praça exterior da Casa da Música com início previsto (de acordo com o site) à 1h (da madrugada de 23 para 24, claro está!) - gratuito. Ou seja, depois do foguetório, toca a rumar à Boavista, sim?... Por uma noite - a noite mais longa do Porto - esqueçamos o "monstro do futuro" e as direcções a tomar na estrada e gozemos simplesmente as "coisas da vida".
Resta dizer que depois de Jorge Palma, ressuscitados do mundo dos mortos, regressam aos palcos os Taxi (início previsto às 2h).
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e,

e, da da í da da í
e, aflua você
qu’eu sou daqui

cantar me apetece mesmo, dias assim há!
gente acorda e sente que o nosso é todo mundo.
e, abotoando sofregamente,
e, tão resumidamente como quando arribou,
depreendendo.

seguidamente?
trato de colo
cuidando dele, como se fora catraio
e, emancipado e aberto,
e, como um qualquer desarranjo,
acrescentando.

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quarta-feira, junho 21, 2006

Sumólicos

Até os bebemos!

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Old Legends

















Agência: Prolam Y&R, Chile
Cliente: Rockaxis Magazine
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Loucura futebolística

Eu já há alguma tempo que andava para escrever sobre o fascínio singular que 22 gajos e uma bola exercem sobre o comum dos mortais, é que parece haver gente mui importante que ainda não entendeu. Felizmente parece que o Raimundo decidiu fazer o trabalhinho todo por mim.

Surpresa das surpresas eu nem considero que a posição do Pacheco Pereira seja errada, só lhe faltam mesmo as nuances. Mas também quando houverem nuances na blogsofera isto perde a piada toda.

Há, quase me ia esquecendo, relativamente ao João Cesar das Neves já nem digo nada ...
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e porque este blog diz SIM, POR FAVOR...

... aqui fica a informação da realização de um DEBATE NUCLEAR:

Energia nuclear em Portugal?

[amanhã] 22 de Junho de 2006, às 17h30, no Salão Nobre da Universidade do Porto (Praça Gomes Teixeira [os Leões]), com a presença de Paula Soares (IPATIMUP), Eduardo de Oliveira Fernandes, António Fiúza e João Peças Lopes (FEUP). Na altura será inaugurada uma exposição fotográfica sobre o acidente nuclear de Chernobyl, proposta pela Embaixada da Ucrânia em Portugal.

A Universidade do Porto está ciente de que é da comunidade científica que a população espera informação isenta e fundamentada, mas também sabe que não há unanimidade nas apreciações desta fundamental questão. É esta a razão deste primeiro debate.

[Informação difundida pela Reitoria da Universidade do Porto a toda a comunidade universitária, estando, no entanto, o debate aberto a todos os interessados em participar.]
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o eduquês*

em discurso directo, objectivo e claro, Nuno Crato, argumenta sobre o estado do ensino da matemática em portugal.
vocifera contra o faz de conta:
não estamos assim tão mal!
dos sucessivos responsáveis pela educação no nosso país.
há muito que deveríamos ter sido assim tão
murro no estômago
clarificados.
e graças a deus que encontrei alguém que pensa como eu:
é impossível aprender algo, sem alguma carga de sofrimento!

centremo-nos nas conclusões:

"(...) o ensino não precisa de reformulações drásticas nem de reviravoltas pedagógicas revolucionárias.
(...) Ao invés de procurar sempre alternativas milagrosas e soluções radicais, pensamos que é necessário consolidar métodos provados e adoptar mudanças apenas para o que a experiência mostra poder funcionar" p. 115

isto é deixemo-nos de ideais românticos, como por exemplo, o ensino centrado no aluno. o ensino deve ser centrado na consolidação e procura de conhecimentos, o aluno felizmente tem de aprender!

"(...) é preciso centrar forças nos aspectos essenciais do ensino, ou seja, na formação científica de professores, no ensino das matérias básicas, na avaliação constante e na valorização do conhecimento, da disciplina e do esforço.
Em particular, é necessário que os professores, tanto preparados nas Escolas Superiores de Educação como nas Universidades, tenham uma formação básica coerente nas matérias básicas e nas matérias da sua especialidade. É indesculpável que um professor - qualquer professor! - não saiba escrever, cometa erros de ortografia graves, tenha limitações sérias no vocabulário, não faça ideia do que é a queda dos graves, não saiba somar fracções ou confesse "horror à matemática"" p.117

é verdade que um dos principais falhanços no ensino, centra-se, inevitavelmente nesta questão. a formação científica, deficiente, da maior parte dos professores. como se fosse possível, por exemplo, ensinar matemática sem se saber a tabuada. as ideias românticas construtivistas de que é possível desconstruir alguma coisa, sem ter o mínimo conhecimento sólido sobre o assunto.

"É necessário reafirmar que o essencial na formação de professores é o conhecimento da matéria que ensinam.
(...) Infelizmente, muitas escolas superiores seguem o caminho contrário e concentram-se no ensino de teorias e métodos pedagógicos, esquecendo os conteúdos disciplinares. Se é verdade que a formação pedagógica é útil e necessária, também é preciso reconhecer que ela não se pode tornar o aspecto central dos cursos de professores." p. 117-118

infelizmente foi esta (e continua a ser?) a realidade dos últimos anos. a profissionalização dos professores centrou-se mais no aparato dos métodos pedagógicos do que na transmissão científica e aprofundada dos conhecimentos. é incrível o desgaste de tempo com o acessório das didácticas. os orientadores/supervisores/responsáveis das faculdades pelo estágio profissional dos professores, aclamam uma aula-enxurrada-de-berloques-inócuos em detrimento da preparação científica do professor, tendo como objectivo colmatar, durante o estágio, as suas principais dificuldades.

é verdade que o ensino actual terá de jogar com outros apetrechos didácticos, contudo empenharmo-nos na motivação, sem termos o mínimo objectivo científico, é privilegiar o acessório.

* Crato, Nuno, O 'Eduquês' em Discurso Directo, Lisboa, Gradiva, 2006, 6.ª edição, p.131.
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terça-feira, junho 20, 2006

Onde quer que esteja














Onde quer que esteja, em qualquer lugar
na Terra, escondo dos outros a certeza de
que n ã o s o u d a q u i.
Como se tivesse sido enviado para absorver
o máximo de cores, sons, cheiros, sabores,
provar de tudo o que é
reservado ao Homem, converter o vivido
num registo mágico e levá-lo para lá, de onde,
parti.

Czeslaw Milosz in «To» (isto), 2000
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Modelos de negócio


Os grupos científicos têm tendência a fundir-se, como os bancos.
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Irregular mas não ausente

A minha irregularidade tem um motivo muito forte...
Estou no algarve com 35º, a viver e a trabalhar no Liberto's Bar até ao final de Agosto...
Como devem calcular o tempo para vir até à net escasseia, para além de andar completamente fora do mundo real...!!!

Voltarei com mais calma um dia...

Até lá, bom verão!
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os protestos dos professores

[anteriormente: teoricamente pró e praticamente contra / desmotivação dos professores / afinal há dinheiro! / o super professor... ]

A fechar a entrevista...

- Qual a medida que mais lhe custou tomar?
- A requisição de professores para os serviços mínimos durante os exames.


Quando a jornalista fez a pergunta, achei que a Ministra não ia responder, limitando-se a divagar um pouco em torno da questão. Mas não! Parou dois segundos para pensar e respondeu directamente à questão. Uma boa resposta, na minha opinião. Deu a entender que a decisão não foi tomada de ânimo leve, simplesmente para ir contra os professores, não deixando de apontar, mais uma vez, o seu dedo invisível aos professores. Mas aqui a senhora tem razão!...

Façamos um ponto da situação:
- o Ministério tem boas ideias teóricas, mas implementa-as, ou melhor, obriga as escolas a implementá-las, sem olhar às condições práticas de execução dessas ideias;
- a Ministra tem uma presença forte, sabe defender as boas ideias do seu Ministério, mas não prima pela sensibilidade, apresentando o que quer que seja sempre numa posição de ataque (habitualmente aos professores);
- os professores, que são quem sente a falta das condições práticas para execução das ideias do Ministério, sentem-se atacados pela postura da Ministra e protestam...

Eu acho bem que protestem, o que não acho bem é o modo como o fazem e aquilo que reclamam... Há, claramente, muita coisa que vai mal no ensino! A culpa não é só dos professores - como por vezes a Ministra parece querer dizer -, mas também é. Há muitos professores confortavelmente parados no tempo, há muitos professores com falhas científicas graves, há muitos professores que ignoram o que é pedagogia. Há, é claro que há! E está mal! E os professores, como classe, deviam ser os primeiros a querer corrigir esses casos. Sim, porque também há muitos professores esforçados ante as dificuldades das suas turmas, há muitos professores que vão actualizando os seus conhecimentos, há muitos professores que todos os dias inventam do nada novas formas de chegar às suas turmas. E estes muitos são mais que os primeiros - têm de ser! - mas é do que está mal que mais se fala. E aí, em defesa da sua classe, numa luta absurda contra moinhos de vento, a atitude corporativista por parte dos professores dá encobrimento aquilo que está mal. Não pode ser! Nem todos os professores são tão maus como insinua a Ministra, mas também nem todas a medidas do Ministério são tão más como gritam os Sindicatos. Há que sentar esta gente toda à mesa numa looooonga conversa, onde os professores possam apontar as reais falhas das medidas já implementadas e onde o Ministério possa apresentar vantagens e explicar métodos para as novas medidas.

As mais recentes greves dos professores têm contribuido para um maior descrédito da classe docente, quer pelas datas escolhidas quer pelos gritos reivindicativos. Se o que está mal é a implementação, então apontem-se as falhas, reclamem-se condições (se possível com sugestões), não se grite aos quatro ventos que as ideias não fazem qualquer sentido... É que fazendo greves coladas a feriados e fins-de-semana e recusando integralmente toda e qualquer medida do Ministério o professor, ainda que possa ter razão, passa a imagem de não querer trabalhar, de não se preocupar com os alunos. Assim como a Ministra tem de moderar o seu discurso, também os professores têm de repensar o seu protesto...

[fim]
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"Para mudar mentalidades"

Quando é que a ficção portuguesa se dedicará, apenas e só, a nos distrair? Para mudar mentalidades, já temos o Dr. Machado Vaz e a Marta Crawford.
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As palavras dos outros

Não há tradutor de poesia chinesa que não conte a história: um dos maiores poetas de China da época Tang, e de todas as épocas (...), Bay Juy (conhecido no ocidente por Po Chu Yi) estava tão longe de qualquer mandarismo poético, que lia os poemas que ia escrevendo À sua cozinheira, e destruía todos os que ela não entendesse. Imagine a economia de papel se, entre nós, se procedesse de maneira idêntica!
Eugénio de Andrade
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Os métodos da publicid... do jornalismo

Para si, a palavra chave desta reportagem é:
a) Swing
b) Bissexualidade
c) Alexandra Lencastre
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Modas

É pá... eu até entendo que um político se deixe fotografar em certos preparos em período elitoral - na caça ao voto, tal como na guerra, no amor e nos jogos apitados pelo Olegário Benquerença... vale tudo. O que já me custa a engolir é que esta gente continue a sua odisseia de despudor modista mesmo após ter ganho as eleições. Mas que dizer destas lunetas Virtua Grouxo Marx 06 ou desta túnica Queijeiro de Seia Primavera-Verão, ambos do catálogo Science & Vie.

Ok, ok, eu sei que é por uma causa, aparentemente, boa. Mas porra, um Presidente da República, por mais imbecil que seja - ou que o pessoal que não votou nele ache que ele é -, é um Presidente da República. Tem que traçar o limite em algum lado.
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um herói da classe operária

nunca tive vontade em ser ninguém especial, para mim, as pessoas especiais eram apenas as pessoas comuns, sempre gostei de as observar, mais às suas vidas, infantis, adolescentes, encruadas.

também descobri a sua estranha capacidade de criarem filhos, ainda não tendo crescido o suficiente, curioso viver-se rodeado de crianças adultos e adultos crianças.

adultos crianças dando ordens e refilando com a não compostura dos pais e crianças adultos rebelando-se contra a desordem da realidade.

os adultos crianças querendo ensinar o bebam à vossa saúde e as crianças adultos trabalhando afincadamente por um futuro menos igual.

era uma luta incessante, um incenso de luta.

mas ambos cresciam, desfasados da realidade, e ambos, euforicamente, rumo ao vazio em espiral.

aos dezoito anos, fartos do nada, partiam em busca de toda a liberdade possível, tornada apetecível por meia dúzia de patacas, riam amiudadamente, da parvoeira dos lugares comuns,

afinal trabalho infantil é apenas e só uma regalia dos não indigentes, esses gajos das cidades que não vivem a vida que se percebe. badanas, madames alcoforadas, é só.

o ingresso na vida activa, cheio de veemência e desafogo e um peugeot 106 poupado, apto a viver uma vida nas curvas e contra curvas, das miúdas,

por isso ainda gostaria de andar na escola, era mais fácil, tudo era mais fácil.

um carro e um gajo kitado, as rodas chiando nas curvas e no alcatrão e a miúda de ocasião, guinchando, amedrontada, os dedos, as pernas esguias, as ancas, o conforto dos seus olhos, os seios, por cima da blusa e o seu automóvel, magnífico, kitado.

a miúda desfalecia e ele e as mãos, e as curvas das miúdas.

depois do fim de semana animado, voltava alegre e satisfeito à sua liberdade e partia em busca do seu futuro, herói da classe operária, sem ideologia.

naquele dia contara esmiuçadamente o seu objectivo, 2500 luvas, encaixotara 2500 luvas.

a partir dali, ultrapassara sempre, diariamente, a sua meta e descobrira quão triste seria, trabalhar sem objectivos.

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cuidávamos senhora
serem outras as razões
de vosso cognome

alcançámos agora
pastorando pelos montes
que vossa prosa expansiva
é um sobressaltado lampejo
em desusados horizontes

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Sinceramt n vejo kual eh o drama dixto! E se se preocupaxem con coisas serias? Se axássemos k precizávamos de ezâmes a jente ía ós ezâmes!

Ass: aluno autó-didáta, autó-avaliador e conchiente do seu valor!
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segunda-feira, junho 19, 2006

Mithra















Por muito que me esforce, não consigo entender qual é o divertimento de se largarem nas ruelas das aldeias e vilas deste país, bezerros – aos quais se dá a alcunha de toiros –, com os cornos cortados e, ainda para mais, amarrados com cordas.

Na última largada que vi, faz dois anos em Agosto, na Vila da Ericeira, o pobre toiro (e era realmente um toiro) quando se viu no meio da populaça aos berros, fugiu direitinho para o mar. 10 minutos depois, quando a mitra, já com a goela seca, se apercebeu que o bichano nadava em direcção à linha do horizonte e não fazia tenções de voltar, alguém mandou sair um barco de pesca para lhe barrar o caminho e o obrigar a voltar a terra. Cerca de 20 minutos depois, o toiro lá deu a terra, esbaforido. Ao ser confrontado, mais uma vez, com a mitra toda aos berros, virou costados e voltou a dirigir-se para o mar. Os mitras mais convictos, com receio de ficarem sem festarola, agarraram-se como puderam ao rabo e às cordas presas aos cornos do animal. Exausto, o pobre cornípeto, voltado para o mar, ajoelhou-se, como se estivesse a pedir ao seu Deus que o livrasse daquele pesadelo, mas como já não tinha sequer forças para se arrastar novamente para o mar, desistiu, e atirou-se para a areia. Alguns dos mitras começaram-lhe a dar palmadas e alguns pontapés, para ver se ele se levantava, e que acompanhavam religiosamente com os grunhidos da praxe: "eh touro! eh touro!". Mas o bicho não reagia. Felizmente, começaram a fazer-se ouvir alguns assobios e apupos no meio da multidão, que se foram multiplicando, e aos quais me juntei de bom grado – embora, confesso, tenha ficado na dúvida se os apupos eram mesmo dirigidos para o comportamento da mitragem, ou para a "fraca" performance do bichano. Porém, a verdade é que a populaça deixou de chatear o animal e começou a dirigir-se, aos magotes, para as tascas e barracas de farturas mais próximas. 5 minutos depois, já se tinham esquecido do toiro que, entretanto, pelas suas próprias patas, se levantou e saltou para dentro da carripana ranhosa que o tinha transportado até à Praia dos Pescadores.

Naquele dia percebi o porquê da história da tauromaquia estar ligada à adoração do deus Mithra.
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Notícias blogosféricas II ou a fuga dos Aspirinas

O Filipe já tinha sinalizado lá em baixo que o Daniel Oliveira tinha voltado às lides.

Agora é a vez de o António Figueira e do Nuno Ramos de Almeida iniciarem um projecto novo em conjunto com o Ivan Nunes e a Joana Amaral Dias.

Dassss e nem um convitesinho para o Rodrigo Moita de Deus!
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Notícias blogosféricas I

O Pedro Vieira mudou-se daqui para aqui. Acompanhem este cultor do mais puro mau gosto que não se vão arrepender.
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o super professor...

[anteriormente: teoricamente pró e praticamente contra / desmotivação dos professores / afinal há dinheiro!]

E a saga continua...

"O que é que estão a fazer trinta professores numa sala de professores? À espera de ser chamados para quê?..."

Vamos por partes! Os professores que estão numa sala de professores à espera de ser chamados para alguma coisa são obra sua, sra. Ministra - com a qual eu até já concordei! Estão à espera de ser chamados para uma eventual aula de substituição. Quanto à insinuação de que eles lá estarão a fazer coisa nenhuma - desculpe lá interpretar assim a sua primeira questão... - tem de ter mais cuidado com o que diz! O (bom!) professor tem aulas para preparar, portanto, se é obrigado a passar mais tempo na escola, tem de ser na escola que faz essa preparação. Ou seja, a resposta linear à sua questão provocadora é: estão a trabalhar!!! Num patamar mais realista, a resposta poderá até ser: estão a ver o tempo passar... Mas, neste caso, impõe-se a questão: porquê?... E, tendo em mente os bons professores - que é isso que se quer, certo?!... -, não será porque não queiram fazer o seu trabalho, mas porque não o podem fazer! A sra. disse muito bem: "trinta professores numa sala de professores". Quer-me explicar como é que trinta professores preparam as suas aulas em quatro mesas e, com sorte, um computador?!!!...

Estas questões da ministra vieram no seguimento dos problemas de indisciplina e de violência na sala de aula. Perante o panorama da falta de acompanhamento psicológico nas escolas, a Ministra diz que os tais "professores desocupados" em vez de estarem a jogar cartas na sala dos professores - exemplo meu! - podem ir ajudar o colega da sala do lado a controlar os seus alunos. Ou seja...

"Se não há um psicólogo, há um outro professor com mais experiência..."

A jornalista ainda alegou que isso não seria competência do professor e que ele não terá tido preparação para tal, ao que a Ministra respondeu:

"O professor tem de saber trabalhar com crianças - todas!"

Posto isto, nem sei para que se contratam auxiliares de educação, funcionários de limpeza, cozinheiros, porteiros, seguranças... Então, o professor tem tanto tempo livre e percebe tanto de crianças que a escola não deveria precisar de mais ninguém! Muito folgada esta classe docente, não?!...

[continua...]
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inconfidências de um cachimbo

a sua imagem,
a imagem cuidada ao longo de todos estes anos,
em vias de se transformar numa miudeza,
pública!
soluçando,
erguendo uma bandeira,
esvoaçando nas quinas,
nas chagas,
em jesus cristo
e na sua
ex-não crença.
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o homem que aspirava os sentimentos

tranquilidade na tarde de Outono, uma tranquilidadezinha, comezinha, tardia, Outonal, varrendo do avesso o pó acinzentado da cidade e as conversas miudinhas, das abelhinhas, e os pés inchados do pedinte e do filho e ainda da mulher e do vizinho.
a lagarta inchando de odores, vários, variadíssimos, escorreitos e pacatos.
os homens e as mulheres ocupando o seu lugar, sentadinhos, alinhavados.
ali ao fundo uma preta enorme, acobreando o mestiço e o prejuízo branco
macaca!
irrigava o vulto.
a criança quietinha na quietude do compromisso
já não há educação!
o pica bilhetes
o panfleto panfletário
a rapariga roçando os seios do craque da bola e o seu odor penetrando nos olhos do mendigo
ah, puta de vida!
o preto fura vidas, o preto sem abrigo
a brancura dos pretos nos olhos
os pretos e as ancas gingando.
a avenida acinzentada e leve leve
os pintassilgos e os pardais e as andorinhas
e o quimérico chilrear dos gabirus,
após a evidência de uma tranquilidadezinha, comezinha, tardia e Outonal.

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domingo, junho 18, 2006

«Timor Leste klamar ida deit, povu ida deit»

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Allez France!

Deixemos as contas para estes. :)
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Contas

Isto de não precisamos de fazer contas para passarmos aos oitavos-de-final, para além de inesperado, está-me a deixar realmente... confuso.
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As noivas de Santo António segundo o Miguel Marujo. Reparem na fina lingerie.
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Traje académico: novas tendências (salvo seja)

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Se lhe deres trela ... já sabes o que te espera!
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Balada das três mulheres do sabonete Araxá


As três mulheres do sabonete Araxá me invocam,
me bouleversam, me hipnotizam.
Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Que outros, não eu, a pedra cortem
Para brutais vos adorarem,
Ó brancaranas azedas,
Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata
Ou celestes africanas:
Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete Araxá!

São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do sabonete Araxá?
São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?
São as três Marias?

Meu Deus, serão as três Marias?

A mais nua é doirada borboleta.
Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber
e nunca mais telefonava.
Mas se a terceira morresse... Oh, então, nunca mais a minha
vida outrora teria sido um festim!
Se me perguntassem: Queres ser estrela? queres ser rei?
Queres uma ilha no Pacífico?
um bagalô em Copacabana?
Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero
as três mulheres do sabonete Araxá:

O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Manuel Bandeira
(Recife, 1886-1968)
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é relevante o orçamento, pois, a partir dali, abordei, muito mais facilmente, a conclusão: em bago… não sou satisfatório!

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sábado, junho 17, 2006

Coisas que se ouvem com frequência durante um Mundial

Fulano tem capacidade de penetração.
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Passeando pela blogosfera

Há um segundo mito também errado sobre a amizade entre homens. Já aqui disse isto: a amizade não pode ser uma relação entre iguais. A amizade só pode ser uma experiência desequilibrada e anti-igualitária. Para não fracassar é preciso que duas pessoas aceitem o seu lugar na hierarquia. Um tem de ser mais inteligente do que o outro. Um mais bonito do que o outro. Um mais rico do que o outro. Um mais capaz do que o outro.
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Festa


Lembram-se de Freitas do Amaral ter proposto, há tempos, alguns jogos de futebol como forma de ajudar ao apaziguamento das relações entre iranianos e o resto do mundo? Na altura, também eu sorri, e arrumei a coisa como sendo mais uma freitice. Toda a gente sabe, e constata na prática, como o futebol pode exacerbar os ânimos e tranformar anjos em bestas coléricas. A ideia era, portanto, ridícula. Simplesmente, ao olhar para as imagens televisivas destes dias, chego a hesitar. O Campeonato do Mundo tem unido muita gente por esse mundo fora. E, digam o que disserem, ver iranianos, portugueses, ganeses, australianos, croatas, japoneses, americanos e franceses a cantarem, berrarem, saltarem e embedarem-se juntos é bonito. Efemeramente bonito? So what? Como dizia um jornalista, a vida também é efémera, e não é por isso que deixamos de a apreciar.
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David Mourão-Ferreira (+ 16-06-1996)







CANTIGA

Todo o dia senti, bem funda, em mim,
a tortura do beijo que não demos:
lago sereno, preso num jardim,
saudoso dum nenhum sulcar de remos...
David Mourão-Ferreira, A Secreta Viagem
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A memória e a casa desabitada

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Jornalismo e bloggers

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Photoshop & Portugal (2)

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Photoshop & Portugal (1)

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Mentiras mais ou menos convincentes














Mulheres Correndo na Praia
(A Corrida), 1922

Guache sobre prensado, 34x42,5 cm
Paris, Musée Picasso


«A arte sempre foi arte e nunca natureza, desde os pintores originais, os primitivos, cuja obra se diferencia de forma óbvia da natureza, até àqueles pintores, que como David, Ingres e mesmo Bouguereau achavam que a natureza devia ser pintada tal como é. E do ponto de vista da arte, não existem formas concretas ou abstractas, apenas formas, que são mentiras mais ou menos convincentes. Não há dúvida que estas mentiras são necessárias ao nosso eu espiritual, pois com o seu auxílio construímos uma concepção estética da vida.»

Picasso
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Early morning blogging

Tive há algum tempo a oportunidade de jantar à frente deste senhor, na cantina do Jesus College de Oxford. Digamos que por um lado é uma oportunidade rara, ao fim ao cabo o senhor foi espião e/ou oficial de ligação do Império Britânico junto dos Povos Árabes durante a primeira guerra mundial. A respeito deste senhor convém não esquecer que isto de ser embaixador Imperial junto de outros povos obriga uma pessoa a enfrentar dilemas de consciência algo complicados (a velha questão da Insustentável Leveza do Ser do Kundera). Por outro lado, eu sou um gajo realista, naquele caso estava lá por ter sido convidado para um copo de água, no entanto qualquer um que conheça alguém no Jesus College (o que não é difícil) e que esteja disposto a pagar (e a usar gravata) pode ir a um jantar formal do Jesus College. Adiante.

Desculpem-me ter tomado o vosso tempo com tão longas considerações iniciais. O que eu queria mesmo dizer é que nesse dia tinha do meu lado esquerdo um amigo meu e os seus pais. Do meu lado direito estava a respectiva namorada que eu tenho o condão de fazer rir com o meu romantismo de pacotilha. Estava também presente um professor de filosofia que se dedica à filosofia da mente. Depois de uma longa discussão sobre a filosofia da mente romântica quanto baste, o pai do meu amigo decide perguntar porque é que Oxford não consegue atrair académicos tão distintos como as melhores universidades americanas. A resposta foi qualquer coisa como "Ham! Eles agora querem dar mais 10.000 libras por ano aos professores, mas não é isso que vai fazer a diferença. A única forma de modificar o presente estado de coisas é deixar as universidades cobrar propinas no valor que lhes for mais conveniente".

Depois de tão sucinto resumo sobre a realidade da academia inglesa tive a oportunidade de lembrar que "assim que as universidades são livres de estabelecer o valor das propinas surgem problemas". Depois de alguma reflexão posso enunciar o problema de uma forma mais precisa: uma lei que garanta às universidades o poder de estabelecer o valor das suas propinas livremente tem também que estabelecer preto no branco quem toma essa decisão, quando essa decisão é tomada e em que moldes. É bom que nos lembremos que só são cobradas propinas a estudantes sem o grau de Doutor, e que para obter o grau a que se candidatam (seja ele qual for) esses estudantes têm que fazer exames.

Se é por esse caminho que querem ir privatizem as universidades e de caminho flexibilizem os contratos dos professores universitários, é que se queremos ser liberais não percebo porque é que somos liberais numas coisas e conservadores noutras. Mas não se esqueçam que eu sou um gajo um bocado ingénuo. Às vezes.

Bom dia.
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pergunta ingénua

porque é que todos os actores da educação não mudam de género literário?
o camilo, o romantismo, são geniais, mas... parece-me que a coisa dava mais frutos com o realismo. é claro que não o fantástico, estamos na europa!*



*é sempre bom alguém ter os pés assentes no chão.
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uma espécie de coisinha e coima

se a selecção hoje for tão excepcional como no jogo contra angola, passarei a dar mais importância à dicotomia: profissionalismo/vencimento.
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caracteres literários

acerca dos preliminares sobre literatura, guerras de alecrim e manjerona, não argumento criticamente, para além de não ter pachorra é demasiado, para mim.

e também raros são os críticos literários que consigo mastigar.

umberto eco é o exemplo de um mau crítico literário, o sobre a literatura, é um livro para a fogueira.

a cultura de um escritor não deveria interferir na sua objectividade e inteligência de exposição.

se perante Hamlet há tudo, menos Hamlet, é um caso típico de expectativa gorada.

tenho uma lacuna grave, só me interessam determinados casos literários!

do século XX há meia dúzia e, ainda recentemente, arundhati roy e o deus das pequenas coisas, tratou-se de um caso sério, pois há, por ali, ápices literários agradáveis, e o narrador tem, por vezes, uma notável voz infantil

“Também acreditavam que, se fossem atropelados numa passadeira, o Governo pagaria os seus funerais. Tinham a certeza absoluta de que era para isso que as passadeiras existiam”. p. 12.

“A perda de Sophie Mol passeava mansamente pela Casa de Ayemenem como coisa silenciosa de meias calçadas” p. 24

“Quando foi chamada e interrogada pela Directora sobre o seu comportamento (com recurso a lisonja, cana, jejum), acabou por admitir que fizera aquilo para descobrir se os seios magoavam. Naquela instituição cristã, os seios não eram coisa reconhecida. Supostamente não existiam e, se não existiam, como é que podiam doer?” p. 25

“Levava o coração dorido de Baby Kochamma preso por uma trela, tropeçando atrás de si e cambaleando por entre folhas e seixos. Ferido e quase destroçado” p. 32

mas não constará do cânone literário.

porquê?

os grandes escritores raramente moralizam sobre a sua história, ou as suas personagens, deixam-nas crescer e autonomizam-nas, o livro vive per si.

ao que parece Flaubert compreendeu isso muito bem, pois, segundo a lenda, murmurou no leito de morte: eu a desfalecer e aquela puta viverá para sempre.

arundhati imiscui-se na vida das suas personagens, tornando-as dependentes dos seus juízos morais. baby kochamma, por exemplo, não sobrevive às investidas da escritora e, por aqui e por ali, tem pitadas de personagem canónica

a sua maldade mesquinha, os seus preconceitos de casta e a teia que constrói à volta de velutha.

um grande escritor deveria liberta-se do mal através das suas personagens maléficas e não interferindo antes apelando, sucessivamente, à liberdade da sua obra e à inteligência do leitor.

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O desprezo também mata

Custa-me ver toda a gente a matar-se lentamente através do desprezo pelo outro. Isabela

Casos há em que esta frase se aplica e em que a palavra "matar-se" adquire um caracter bastante literal.

É por isso que o luto de alguém que se suicida e que nos é próximo é algo tão delicado. Quando alguém se suicida, é às vezes tentador dizer que quem falhou foi o suicida, mas geralmente fomos também nós que falhámos, falhámos a alguém que nos é próximo.

Estou certo que por vezes quando alguém se suicida é toda a sociedade que falha.

É bom que nos lembremos disto. Convém enterrar os mortos e tentar fazer-lhes alguma justiça, mas acima de tudo interessa salvar os que ainda estão vivos.
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sexta-feira, junho 16, 2006

A idade dos blogues

Existe uma tabela que faz a equivalência da idade dos cães e dos gatos à do ser humano. Por exemplo: 1 ano na vida de um gato equivale a 18 anos de vida de um humano; se se tratar de 1 um ano de vida de um cão, então, a equivalente idade humana será de 15 anos.

Isto veio-me à ideia porque o Portugal dos Pequeninos faz hoje 3 anos, e 3 anos medidos em unidades de tempo blogosferianas é, sem qualquer margem para dúvidas, bastante tempo.

Se o tempo na blogosfera contasse como para um gato, os 3 anos equivaleriam a 30 anos humanos; já os 3 anos num cão corresponderiam a 28 anos humanos. Seja lá qual for a paridade… o Portugal dos Pequeninos está de parabéns.
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Competição desleal

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afinal há dinheiro!

[anteriormente: teoricamente pró e praticamente contra / desmotivação dos professores]

Ainda a Ministra no “Diga Lá Excelência”...

“O Ministério da Educação tem um problema de gestão de recursos, não de orçamento!”

Esta foi, para mim, uma grande revelação! Então, se não há problemas de orçamento, porque não se fazem turmas mais pequenas de modo a possibilitar um melhor acompanhamento dos alunos por parte dos professores?!... Eu achava que seria por falta de dinheiro para contratar mais professores e para disponibilizar mais meios e infraestruturas... Mas, pelos vistos, não é!... É mesmo por falta de inteligência... ai desculpem, problemas de gestão de recursos...

[continua...]
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quando eu for grande

quero ser bombeiro e polícia
e médico e articulista
talvez, e também, um famoso gimnosofista
ou, quem sabe, uma pontuação sub-reptícia
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o timpanilho

estilhaçando o sino,
delindelão,
delindelão,

e afrontando o entendimento
e, sem querer,
a meditação

louvará,
amiudadamente,
o burburinho
do seu pálido
queixume?

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quinta-feira, junho 15, 2006

Não digo


Já expliquei que não digo quem são os miúdos. Para compensar deixo aqui esta miúda do Luis Royo que não é nada de deitar fora.
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Só para meu amor é sempre Maio


Este amor que vos tenho, limpo e puro,
de pensamento vil nunca tocado,
em minha tenra idade começado,
tê-lo dentro nesta alma só procuro.

De haver nele mudança estou seguro,
sem temer nenhum caso ou duro Fado,
nem o supremo bem ou baixo estado,
nem o tempo presente nem futuro.

A bonina e a flor asinha passa;
tudo por terra o Inverno e Estio deita,
só para meu amor é sempre Maio.

Mas ver-vos para mim, Senhora, escassa,
e que essa ingratidão tudo me enjeita,
traz este meu amor sempre em desmaio.

Luis de Camões
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Da relatividade das coisas à quadratura do ciclo!!

Hoje de manhã (...) estava a pedir o meu café e chega a Professora Zélia (Paulinha a das aulas de biologia do 10º-12º ano lembras-te?). A Professora Z. foi minha professora de química no liceu do 10-12º ano, tinha cara de fuinha e simplesmente detestava-me. E não é trauma meu, era um sentimento real. Mas reconheceu-me e achou que o melhor era dar-me dois beijos oleosos e sentar-se a beber café comigo!!

Enquanto ela falava de como eu estava na mesma, o que era feito de mim, o que eu fazia, se gostava se nao gostava, se sabia de alguns colegas de turma (...) que a escola já nao estava como no "meu tempo" que os alunos nao estudavam nada que são muito mal-educados etc etc etc etc etc etc. Dei comigo a pensar em como quase tudo é relativo. Enquanto estudei com aquela senhora e ela passava o tempo a dizer-me que as minhas botas faziam muito barulho e que isso a irritava, que o capacete era para ficar no chão e não em cima da mesa, que uma resposta de 20 linhas era uma resposta de 20 linhas e não de 2 paginas, que 18 era a nota mais alta que alguém teria mesmo que isso não fosse suficiente para entrar na faculdade, que eu tinha de aprender a falar mais devagar, que a biologia só se sabe decorando, que a minha letra não se conseguia ler, que eu me deixasse de porquês porque era assim que dizia o livro ... e toda a gente sabe que se esta no livro é porque é verdade .

As vezes que eu ficava acordada até tarde deitada na cama na véspera de um ponto de biologia aterrorizada com a Maléfica Z. ... as vezes que a minha mãe foi chamada à escola porque eu "tinha dificuldades com a professora de biologia"!?!

A Maléfica Z. é uma senhora baixinha magrinha com ar de fuinha que tem alguma dificuldade em entender a regulação da transcrição do DNA e que nos 3 anos que foi minha professora sentia por mim um misto de desconforto pela minha vontade de aprender e alguma insegurança pela minha idade. É curioso como cada pessoa disfarça ou resguarda as suas inseguranças. E como o tempo torna tudo isso relativo e uma coisa que antes nos parecia um muro agora nada é!
Resumindo apesar de maléfica ensinou-me umas coisas, não me fez perder o gosto do que é a biologia e até me aguçou o gosto dos porquês.
Foi bom vê-la estes anos todos depois. Acho que fizemos as pazes.

Eu também estava de ténis e ela não gostava nada mesmo era das minhas botas!!

(Texto extraído com ligeiras adaptações do msnspace da Ana Afonso, acesso condicionado)
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diálogos construtivistas

- há remédio!
- sem bula?
- ausenta-te das esquisitices! ou és daqueles cujas explanações são ausências num atalho?
- dás-me licença? eu ou não sou d-aqueles ou não sou d-os outros!

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os sindicatos

expiram-me sempre um grande apreço
diante uma greve
ante um feriado
depreendo o endo
do obstaculando
na razão!

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letargias de um occíduo?

os qwertianos admiram o sentimento de alguns, muitos, ocidentais.

pois se lamentando e pouca envergonhando do séquito e da pátria, mas perseverando num beneplácito egocentrismo, um vira revirando a deploração.

afinal a genialidade ousada, transcorreu outrora.

enfim, doravante e presentemente, evidentes e vulgares.

organismos vivos?

bestas bestiais?

suspirando o entendido e, ao longe, a mediocridade, num sorriso, desdizendo:

ou se ente ou se essa entente.

e o idêntico perdura, didacticamente, anestesiando os encavilhados.

enquanto isso, e orgulhosamente, os alienígenas nos abornalando.

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bonda!

um sim somente
sem adiamento
um sim apenas
simples
simétrico
desmiolado
um sim!

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- O que é o jantar?
- Línguas de perguntador com bordas de alguidar.
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Paga a taxa cumbada II

Contou-me um familiar meu que há algum tempo, num fórum da rádio sobre a Bolsa de Supranumerário, um funcionário público se queixava de estar na prateleira da sua repartição sem fazer a ponta de um corno há vários anos.

Dizia ele que só lhe faltava agora que lhe tirassem o ordenado.
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esquerda volver


Dizia-me uma amiga minha que estudar recursos humanos quando se é de esquerda só pode dar mau resultado. Eu respondi-lhe que ser de esquerda não significa ser pedante, embora haja muita gente de esquerda pedante.
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quarta-feira, junho 14, 2006

- Então quando é que vais para baixo?
- Depende da forma como os miúdos de portarem durante as refeições.

(Escusam de perguntar quem são os miúdos.)
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Tudo esclarecido


Afinal, para além de darem um jeitaço entre feriados, as manifestações de professores também servem para pedir la Revolución. Já as compreendo melhor. Por momentos, cheguei a pensar que também serviam para exigir melhorias no ensino...
Nota: fotografia do Portugal Diário.
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"Esta é a ditosa pátria minha amada"


Ontem, passei algum tempo falando (gerúndio mais do que propositado) com uma brasileira. Inevitavelmente, lá me disse o que achava de Portugal, e dos portugueses. Que levamos tudo à letra, enquanto eles, brasileiros, usam metáforas abundantemente. Que, digamos o que dissermos, somos conservadores e pessimistas. Que tratamos mal os estrangeiros - e aqui, conta-me duas ou três situações e partilha o desencanto que outros seus compatriotas sentem. Etc. Não reajo. Quero lá saber. Talvez sim, talvez não. "O português é uma abstracção, como o brasileiro. Acredito em conjuntos culturais, mas não acho que uma cultura corresponda a uma nacionalidade", respondo. E etc. Até que ela me diz que, em quatro anos numa Instituição de Ensino Superior portuguesa, ficou chocada. Os seus colegas pareciam alunos de Liceu. Copiavam nos exames. Não ultrapassavam os 30 segundos de conversa minimamente inteligente. Escreviam nas mesas. A avaliar pela amostra, o ensino português deve ser uma miséria. No Brasil, as coisas são diferentes. Lá, segundo ela, os alunos universitários querem aprender. Têm vergonha de copiar. Quando os professores fazem perguntas, os alunos querem responder, respondem e colocam ainda mais dúvidas aos professores. Neste ponto, engoli em seco. Admitamos que, no Brasil, as coisas sejam assim. Pouco importa. O que importa é que , mesmo reconhecendo que, em relação aos alunos portugueses, ela tinha razão, me senti incomodado. Digamos que ridiculamente incomodado. É verdade, eu, que minutos antes tinha dito cobras e lagartos dos universitários portugueses, senti-me incomodado por ouvir coisas mais suaves na boca de uma estrangeira que é quase portuguesa. A coisa chegou a tal ponto, que atingi o cúmulo da vergonha: garanti-lhe que não se deve generalizar, que há excelentes alunos e excelentes professores nas universidades portuguesas e, estupidamente, perguntei-lhe quantos prémios Nobel já tinha ganho o Brasil. Ainda me lembrei de um colega que costuma berrar que, se não fossemos nós, os brasileiros nem sequer saberiam ler - mas a sede e um copo de água salvaram-me da máxima ignomínia. Bem sei que, lá diz o povo, "quem não se sente não é filho de boa gente". O pior é que este país não merece que se sinta.
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Notícia do dia

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desmotivação dos professores

[anteriormente: teoricamente pró e praticamente contra]

Ainda sobre o "Diga Lá Excelência", a Ministra disse algo digno de manchete:

"O que a Ministra diz não importa, não deve importar!..."

E agora, se eu quisesse ser mazinha e apoiar cegamente as guerrinhas, não contextualizava esta frase e limitava-me a dizer que afinal ela sabe a asneira que tem feito. Mas como não estou para alimentar discussões absurdas, cá vai o contexto: professores desmotivados. A senhora disse isto no seguimento da tão falada desmotivação dos professores face ao estado actual do sistema educativo. E concluiu dizendo que o que importa são os alunos, o que deve motivar diariamente o professor é a possibilidade de todos os dias contruibuir para a evolução dos seus alunos... Temos de admitir que é bonito!... E que até tem o seu fundo de verdade. Mas a vida de um professor não é só a sala de aula e mesmo que fosse, há condições e condições!... Ó senhora Ministra, também vai dizer que os advogados devem andar felizes e contentes só pelo prazer de defender boas causas, ou que os médicos se devem limitar aos agradecimentos dos doentes curados independentemente das condições de trabalho?!...

Nem todo o professor o é por vocação - seja lá o que isso for... - mas também não tem de ser... Ajuda, mas não tem de ser! Isto desde que não deixe de ter em vista o objectivo da profissão. É claro que é - deve ser! - nos alunos que o professor encontra o motivo do seu trabalho. Um aluno trabalhador e ávido de conhecimento é sempre um conforto. E as pequenas conquistas com aqueles mais desleixados e perturbadores fazem, por vezes, ganhar o dia. Mas, minha senhora, o professor não vive isolado, está integrado num sistema, do qual dependem directamente (umas vezes mais, outras vezes menos) as suas aulas! Daí que seja - que deva ser! - tão importante o que a Ministra diz! E o "como" a Ministra diz - coisa que não é o forte da senhora...

[continua...]
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I love you (Me either)*

Ah, os bons tempos!
Nos bons tempos
Sim, a primeira vez
conquistei vez?
do teu aroma
ou um desde anatematizado
e as azedas,
despejando manhãs
la la la la la la la la la la la la
no eternamente, dos teus traços?
humedecendo o corpo
E rasgando
nas pingas de chuva.
mas… rasgando em pedaços
Ouve-me, não tens escolha!
as desordens
Ouve-me!
e as saudades no ódio
Apetece-me pudim de coco!
dos teus passos,
Componentes?
trepando jocosas
Manipulação?
pelas paredes
Conservação?
e não se emendando em ti...
la la la la la la la la la la la la

* Cat Power & Karen Elson em "Monsieur Gainsbourg Revisited"

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O engenheiro

É um homem sério ele tem é visão num país de palonços!

Atão se o engenheiro tem uma empresa de consultoria e nã tem fregueses está-se mesmo a ver a indigência de penetração no mundo da lavoura.

Atão se o engenheiro furou o cosmos da lavoura com incentivadas variedades, tem d’alargar os obstáculos aos desentendimentos.

Atão se o engenheiro até pode pinchar os transportes municipais, pois as carripanas precisam de ser consultadas, atão, atão…

E ós despois s’o engenheiro até pode presidir a acic e é apelidado de mestre pelos primus, atão inter pares…

E se as portas da política se abrem e há construtores com previsão, pois é essencial a edificação e o engenheiro até consulta isso.

E qual o problema da mulher do engenheiro até atravessar o ensino do inglês às criancinhas, que também carecem de consultação?

E ós despois s’uma concelhia partidária também precisa de ser consultada, atão, atão?

O engenheiro até é um homem com fantasmagorias o resto são línguas de costureira.

E se o líder do partido anda a aclarar a falange d’homens como o engenheiro, nã perceve nada disto, privou-se do coabitado prático da vida.

Bah…

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Este senhor é outro dos tais que devia pagar uma taxa para ter um blogue!

(...)

Muitos anos depois, no Sudão. A história que eu perseguia era uma denúncia feita por várias organizações da extrema-direita católica norte-americana, da existência de mercados de escravos negros em zonas controladas pelas milícias arabizadas, conhecidas por janjaweed (palavra árabe que significa “pistoleiro”, mas que em vários dialectos tribais do sul do Sudão significa “diabo a cavalo”). Tentei começar a reportagem pelo lado das vítimas. Falei com dezenas de pessoas que o SPLA me trazia. Quase todas mulheres, convenientemente. Nunca encontrei ninguém com quem pudesse ter uma conversa a sós, olhos nos olhos. Era sempre através de intérprete. Não consegui nunca ter a certeza de que ele transmitia as perguntas que eu fazia, nem nunca consegui perceber se a tradução das respostas era ou não manipulada. A verdade é que muitas pessoas davam respostas curtas, às vezes monossilábicas, e a tradução era sempre um arrazoado longo sobre violações e torturas. Naquelas condições, não quis continuar a reportagem. Embora seja solidário com a causa dos negros sudaneses.
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terça-feira, junho 13, 2006

Lisboa, 13 Junho 1888

Fernando António Nogueira Pessoa nasce no 4º andar esquerdo do nº 4 do Largo de São Carlos em Lisboa, em frente da ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos).





















João Luiz Roth
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