segunda-feira, março 31, 2008

Os culpados do costume

Diz a mui nobre e altaneira Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) que na RTP o Partido Social Democrata (PSD) é sub-representado, e o Partido Socialista (PS) apagado, em termos de cobertura noticiosa. Não seria propriamente necessário ajudar a pagar a existência destes senhores todos os meses para perceber que isto teria de acabar assim, na estupidez. Pode a RTP ser culpada porque o PSD tem Luís Filipe Menezes como líder? Pode a RTP ser culpada porque antes havia o PS mas agora só há José Sócrates e Manuel Alegre, sem partido pelo meio?
Pode a RTP ser culpada pela ERC que temos?
O caminho só pode ser um está mais que visto, cabe à Comunicação Social em geral encontrar para PSD e PS os líderes que eles não têm mas gostavam de ter, a ERC agradecerá certamente.

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Premonições


Dizem-me que isto pode funcionar, mas eu, conhecendo os felinos em questão - neste caso até são felinas, só para piorar o cenário -, acho que nem assim lhes vou conseguir dar o banho da Primavera.

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De porta fechada

Das memórias dos anos setenta –detesto revivalismos- guardo um livro em particular e não porque me fosse particularmente querido ou agradável, antes porque acinzentou os dias ainda mais complicados da adolescência. Desse mesmo tempo, um pouco antes, guardo também a memória dos primórdios dos desenhos animados japoneses na televisão portuguesa e desse tempo concluo que os meus dias teriam sido mais leves se não tivesse convivido com a Heidi órfã e separada do avozinho -que raio de coisa para se colorir a infância- com o Marco à procura da mãe – o que pode ser mais cruel para uma criança se não o abandono e separação da mãe? – e, para rematar, os Esteiros de Soeiro Pereira Gomes -triste infância aquela. Hoje felizmente posso despachá-los a todos, fechar-lhes a porta e mandá-los carpir mágoas para outro lado. Naquele tempo não consegui.
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Nunca digas nunca

Ora bem, parece que o homem vem mesmo a Portugal e a Espanha no Verão, pelo que, parece, ainda são só suposições, tenho a maior frustação musical da minha vida a poucos meses de ser resolvida - assistir a um concerto de Leonard Cohen. Agora, enquanto se deliciam com o video aí em baixo, eu gostava de deixar esta pergunta no ar: quem teve a infeliz ideia de promover um concerto do senhor Cohen ao ar livre?


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Primavera


foto: minha
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Macedónia dos Setenta


Acasos da vida impediram-me de escrever sobre os anos setenta. Mas ainda bem! É que não faço ideia sobre como poderia dar a minha impressão relativamente a uma época de que guardo tão vagas memórias, entre as quais se encontram certamente variadas referências a coisas que nem sequer são originárias dessa década, mas anteriores.

Contudo, porque hoje é o último dia do mês e eu já estou de volta ao ram-ram, aqui ficam uma série de coisas relativas ao tema que me vêm à memória assim de repente: muitos homens com bigode, mulheres de mini-saia, garrafões de cinco litros de vinho, sacos de pão fresco pendurados do lado de fora da porta logo pela manhã, aqueles grelhadores todos metalizados para fazer frango no espeto, os livros da Anita, o apito dos afiadores de facas e tesouras, cristaleiras de portas de vidro cheias de serviços de copos, o centro comercial Apolo 70, aquela música com que começavam as emissões da RTP, os VW carochas, o Fungagá da bicharada do José Barata-Moura, e, porque a lista já vai longa, o meu primeiro dia no infantário, em que a professora me enganou fechando a minha mãe numa das salas da escola e dizendo a gente já vem cá buscá-la. Foi nesse dia que aprendi o lema "mais do que confiar, desconfia!". Serviu-me bastante nas décadas seguintes.

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domingo, março 30, 2008

O pecado mora ao lado

José Pacheco Pereira é, neste sábado, alvo de crítica em dois semanários: Expresso e O Sol. De forma diferente. Miguel Sousa Tavares tem como argumento de fundo do seu artigo semanal: JPP pretende re-escrever a história; enquanto Baptista-Bastos defende que a qualidade de escrita de JPP é má, enfim, muito "embrulhada".
Longe de mim servir de advogada de defesa de JPP ou de ataque de BB, esclareço desde já que não simpatizo especialmente nem com um, nem com outro.
Mas considero que deverá existir uma determinada dignidade na forma como falamos dos outros publicamente.
Uma espécie de elevação racional, longe de algumas emoções mesquinhas.
Se o artigo de MST no Expresso poderá ser considerado, a este nível, digno, pois tenta rebater argumentos racionalmente; já o de Baptista-Bastos é um ataque pouco digno de um escritor que pretende avaliar tecnicamente alguém que escreve, mas cuja capacidade de avaliação está repleta de preconceitos ideológicos, veja-se a forma imparcial como BB fala de Cunhal.
Poderão perguntar: e a forma como MST argumenta também não é ideologicamente discutível?

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sexta-feira, março 28, 2008

The 70´s

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Use the force, Luke


Christopher Reeve (Superman):

I'm here to fight for truth, justice, and the american way.



É uma das mais famosas frases do filme Superman, lançado em 1978. Trinta anos depois percebe-se claramente que o actual presidente americano (George W. Bush) é um fã do género, embora desempenhe com particular sucesso uma variação maligna adaptada, proveniente da mistura entre o American Way do Superman e o Kiss The World Goodbye de Lex Luthor.

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Os setenta em notas musicais

Canções que ainda hoje ficam sempre bem em qualquer ipod:

The Beatles – Get Back – 1970
Santana – Black Magic Woman – 1970

Led Zeppelin – Stairway To Heaven – 1971
Black Sabbath – Paranoid – 1971

Deep Purple – Smoke On The Water – 1972
David Bowie – Starman – 1972

The Beach Boys – California – 1973

Rolling Stones – Angie - 1974

Aerosmith – Walk This Way – 1975
Bruce Springsteen – Born To Run - 1975

AC/DC – Ride On – 1976
Jethro Tull – Too Old To Rock And Roll, Too Young To Die – 1976

Eric Clapton – Wonderful Tonight – 1977
Ted Nugent – Cat Scratch Fever - 1977

The Who – Who Are You – 1978
Cheap Trick – Surrender - 1978

Supertramp – The Logical Song – 1979
The Clash – London Calling – 1979

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Disto já ninguém faz... infelizmente

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Fim-de-semana à vista

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Memórias alinhavadas dos setentas

Em 1975 e 1976 a escola tinha mudado ligeiramente.

A escola preparatória de Qwerty2001 era um local relativamente seguro.

De um lado confortáveis bairros da lata, do outro um cheiro ligeiramente esquisito.

Os miúdos ainda não tinham telemóveis, mas eram famosos os jogos da pedrada, por exemplo.

Os miúdos resolviam amiúde ter um comportamento de risco. Coisa de pouca monta, desde à destruição de um carro ou outro de um professor, até ao comportamento exemplar nas salas de aula.

Provavelmente a origem da violência residia nos filmes vistos no piolho, o Multiplex da altura, e cujo terror era projectado na escola.

Tubarão, 1975, um tubarão espalhando o terror pelas salas de cinema de todo o mundo. O primeiro grande êxito comercial de Spielberg. Durante a década de 70, o cineasta americano ainda realizaria uma outra obra de culto da sua filmografia: Encontros Imediatos do Terceiro Grau, 1977.

Carrie, 1976, baseado no romance de Stephen King, realizado por Brian de Palma, com Sissy Spacek como Carrie White. CARRIE é uma rapariga com telecinesia (poder de mover objectos com a mente), cujo poder se converte em arma de terror num sábado, dia de baile...

Taxi Driver, 1976, um jovem cineasta americano, Martin Scorsese, uma obra-prima, dois anos mais tarde um filme sobre o fim de uma banda de blues, The Band, que acompanhara em tempos Bob Dylan, The Last Waltz (1978), reúne estrelas maiores da música country e blues americana, Bob Dylan, The Band, Emylou Harris, etc.

Robert de Niro e Jodie Foster, duas estrelas maiores do cinema americano, cujo universo é recheado de estranheza, violência, solidão e agressividade.

Temas recorrentes na obra de Scorsese, a sua filmografia é, para mim, um misto de razão, maldade, calculismo e estranheza.

Rocky Balboa, 1976 – O pugilista mais famoso da sétima arte, encarnado por Sylvester Stalone. Do Rocky chegou-me uma dança estilo Las Vegas, protagonizada por um senhor baixinho, íamos no Rocky IV, Living in America um hit e o rei do soul, quem lhe resiste?

Esta foi alguma da filmografia dos anos setenta recuperada através de alguns alinhavos da memória. De todos o meu preferido é, sem dúvida, "Apocalipse Now", mas Coppola é o cineasta dos cineastas.

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quinta-feira, março 27, 2008

Memórias alinhavadas dos setentas

Algures nos setentas vigorava ainda uma determinada escola, professor o digno representante de uma ideia de educação, traduzida mais ou menos nestes termos: isto é tudo uma cambada de imbecis, lerdos e avessos ao trabalho intelectual, daí que o melhor é mesmo espancá-los até à medula, até à humilhação mais comezinha, pois gente desta deveria mesmo é estar a trabalhar nos campos ou na indústria ou no comércio.
Isto é gente sem eira na beira, nem pensamento.
Pelo menos era esta a pedagogia libertária da professora primária da escola tal, localizada em qwerty2001, uma digna representante do Salazar de que nos fala Jaime Nogueira Pinto, uma visão céptica do homem, do género bem eclesiástico e monárquico, esta gente não se governa, já viram a quantidade de povos que por cá andaram? isto só com repressão e mantendo o respeitinho. De outra maneira não vão lá.
Esta visão caridosa e benemérita divide ainda algum Portugal.
De um lado as famílias que se consideram dignas representantes do poder, daí que muito do seu discurso ande à volta da inveja, do não sabem falar, da ralé, da canalha, dos corruptos, etc, e o Portugal, massificado, alienado, pouco aberto à educação, ao civismo, às regras de vida em sociedade.
A tão apregoada cidadania dos socialistas e sociais democratas.
Ora meus caros, nem as elites, nem o povinho são santinhos de trazer por casa.
Se alguns dos uns se consideram dignos sucessores de determinados lugares, alguns dos outros arrogam-se o beneplácito prazer de sobreviver à custa da manha e da falta de escrúpulos.
Quando alguma elite se preocupa mais com a partilha entre si de regalias várias (o que se passa no actual PSD é disso exemplo), do que com os elementos da sociedade que ajudou a construir, do que é que está à espera? ah, pois, de milagres...
Entretanto alguma digníssima classe média apanha por tabela, tanto com uns como com outros. Alguma classe média, ora do PS, ora do PSD, e cujo grande sonho é ascender à classe média alta.

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a aluna, a professora e o telemóvel...

Estava eu a gozar descansadamente as minhas férias de docente privilegiada - que tem montes de dias de férias e quer trabalhar menos que qualquer um, achando-se mais do que toda a gente - quando me entram pela casa as imagens da aluna, da professora e do telemóvel... Ora bem, já que me perturbaram o descanso, cá vai a minha opinião [espero não ser mal interpretada... por isso, leiam devagarinho, pf]:


Foi falado só porque foi filmado e publicado. Não é nada que não tenha sido já relatado, mas quando é o professor a falar é um mero lamúrio repetitivo - a força das imagens é outra coisa. No entanto, é apenas um caso de indisciplina (aliada à falta de educação)... em que a professora perdeu a noção da situção. [Sim... a professora...] Acredito que a posteriori a senhora não tivesse a mesma atitude, nem que a alternativa fosse cruzar os braços e ficar a ver a aluna com o telemóvel. Pessoalmente acho essa passividade - que não leva a lado algum, eu sei - um enredo bastante mais aceitável "visualmente" - é claro que aí iriam surgir as acusações de permissividade e falta de autoridade da professora... Não é fácil, nem simples, nem imediato, nem nada que se pareça, mas o que fez deste caso notícia - mais uma vez, para além da óbvia publicação das imagens - foi a postura da professora e não a postura da aluna (pois aí seria um vulgar caso de indisciplina). Não estou, de modo algum, a dizer que as atitudes da aluna e da turma são culpa da senhora, mas, sim, que é da sua responsabilidade a força das imagens e a agitação geral em torno do caso. [Espero que tenham lido devagarinho: eu não estou a desculpar a aluna de nada! Sim?...]

Saíndo da sala de aula e da estrutura escolar, mexem comigo as (mais que muitas) vozes que resolviam toda esta situação (na hora ou posteriormente) com uma simplicidade óbvia e imediata, fruto de uma qualquer clarividência indubitável!

Independentemente da pressão pública posterior, acredito [apenas baseada no meu bom senso] que a ocorrência tenha seguido os trâmites habituais - até porque não me parece uma situação assim tão invulgar... Não estou a dizer que não se devam condenar as atitudes da turma, mas não me parece necessária, nem correcta, uma intervenção extraordinária.


E agora vou voltar para o meu descanso merecido, porque até se compreende que o coitadinho do professor precise de arejar a sua mente e a sua alma com alguma frequência.

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quarta-feira, março 26, 2008

Memórias alinhavadas dos setentas

Em 1974, Portugal a braços com a revolução dos cravos, a economia na sua primeira grande crise petrolífera, afinal a prosperidade do pós-guerra parecia ter um final e infeliz, a inflação a 10%, o poder de compra, essa espada de dois gumes em cima da cabeça das economias mundiais, a baixar drasticamente e, ao que parece, o principal responsável pela crise económica, a OPEP, com um problema grave de obesidade, em 1973 engordara 15 mil milhões de dólares, enquanto em 1974 não havia balança mundial que aguentasse os seus 85 mil milhões dólares.
Como o mundo mudou entretanto...

Chinatown, 1974, Jack Nicholson (J.J. 'Jake'), Faye Dunaway (Evelyn), Polanski num dos seus melhores filmes, um detective em busca de um adultério tropeça com um crime, um jogo de gato e rato entre ‘Jake’ e Evelyn. Lembro-me que o argumento de Chinatown foi citado como exemplo em obras de construção de guiões cinematográficos. David Field escreveu assim sobre ChinaTown:
“Até onde posso afirmar, Chinatown é o melhor roteiro americano escrito durante os anos 70. Não que seja melhor que Godfather I ou Apocalipse Now (…), mas como experiência de leitura, a história, a dinâmica visual, o cenário, os antecedentes, o subtexto de ‘Chinatown’ são tramados de forma a criar uma sólida unidade dramática de uma história contada em imagens.
(…)
O que o faz [roteiro] tão bom é que ele funciona em todos os níveis – história, estrutura, caracterização, visual – e que tudo o que precisamos saber é apresentado nas dez primeiras páginas.
(…)
Chinatown um detetive particular que é contratado pela esposa de um homem proeminente para descobrir com quem ele está tendo um caso amoroso, e no processo envolve-se em vários assassinatos e descobre um escândalo de grandes proporções no suprimento de água.” p.61

Fontes:
economia
FIELD, Syd, Manual do Roteiro (1995). Rio de Janeiro: Objectiva.

Chinatown até deu azo a paródias e com graça...


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terça-feira, março 25, 2008

Filmografia Revisitada

Ainda sem idade para perceber mais do que o facto, indesmentível, de que a telescola tinha sido uma invenção conjunta de comunistas e fascistas para me estragarem as tardes do tempo em que ainda não tinha escola, em 1977 é lançado nos Estados Unidos a «Guerra das Estrelas», de George Lucas. Chamaram-lhe o primeiro blockbuster, muito por culpa da introdução do conceito de sequela e, mais tarde, de prequela. Além disso, a música introdutória, acompanhada pelas legendas que desaparecem no pano negro a enquadrarem o filme, o «Universo» e a «Filosofia» que foram montados ficaram na História do Cinema. Também nas estórias do cinema ficam, sem dúvida, as irritações que George Lucas tem com os maluquinhos que debatem, em congressos e com o ar mais sério e compenetrado possível, os Mundos, a Filosofia e as Lendas da Guerra das Estrelas dizendo-lhes para ganharem juízo, para que tomem consciência que aquilo não passa de um argumento e para que, de uma vez por todas, saibam que os "planetas" distantes ali filmados não passam de reproduções do deserto da Tunísia. Há malucos para tudo.

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Women & Children First

Fotografia: Joel Peter Witkin, The Raft of G.W. Bush

«Uma das coisas que mais me impressionou no filme da James Cameron sobre o naufrágio do Titanic foi o facto de o embate fatal com um iceberg não ter impedido a orquestra de ter continuado a tocar e os passageiros a dançar no luxuoso salão de baile da primeira classe. Nesta Primavera de 2008, o nosso país assemelha-se perigosamente ao Titanic. No painel de bordo, só se vêem luzinhas vermelhas a piscar. Nos últimos seis meses, 13 mil PME fecharam as portas, estranguladas pelo aumento do preço do dinheiro – entre 2005 e 2007, a taxa de juro bancária, para os empréstimos superiores a um milhão de euros, subiu 44,8%. E a Associação Nacional das PME prevê que até Dezembro mais de 60 mil empresas vão cessar a actividade. (...)»

Jorge Fiel, Jornal OJE, 25/03/2008, pág. 3

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Flashback medicinal

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Mais vergonhas

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Memórias alinhavadas dos setentas

O Exorcista, 1973, não me atreveria a ir vê-lo ao cinema, terror aliado ao espiritismo são géneros interditos, contudo, em plenos anos oitenta, não é que se lembram de reavivar o morto vivo na tv? Como qualquer comum mortal curioso, assisti em casa ao evento cinéfilo da época. Sobrenatural, padres exorcistas, crianças possuídas, tudo embrulhado num vómito verde. Durante algumas semanas invadi agressivamente a privacidade dos meus pais. Depois deste só Carrie e poucos mais.

Um padre exorcista é algo absolutamente necessário ao nosso primeiro.

Há dentro dele um demónio que ele não consegue aplacar.

Esse demónio aparece-lhe em sonhos e para o acalmar resolve invadir a privacidade alheia.

Começou pela gastronomia, depois o conceito inovador do espaço social comum (...) e agora os casamentos?

O nosso primeiro precisa de um padre exorcista e com alguma urgência...

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qual é o espanto?!!!

- Hi!
- Hi!
- What's your name?
- Cristina [pronunciado com o meu belo sotaque português]
- Ah! 'Cê fala português?!
- Sim...
- De onde é que 'cê é?
- Sou portuguesa!
- Sério?!...

- Era um leite com chocolate, por favor.
- Ah, a menina é portuguesa!!!
- Sou, sim...
- Ah, sabe, já não estou habituada...

- Hi!
- Hi!
- My name is Amanda. What's yours?
- I'm Cristina. Where are you from?
- Germany. And you?
- Portugal...
- Oh, really?!



Resta-me dizer que estes diálogos decorreram em Lagos! - que da última vez que verifiquei ainda era território nacional... Nunca vi tanto espanto junto por ser portuguesa... em Portugal!!!...

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segunda-feira, março 24, 2008

Vergonhas



Embora ache que a China já há muito tempo merecia um boicote mundial pelas atrocidades que comete, não apenas no Tibete mas noutras regiões menos mediáticas, acredito que o boicote aos Jogos Olímpicos não é solução, aliás, acho que será esse o momento mais que perfeito para que as nações marquem a sua posição, mas lá, em Pequim. Infelizmente, só quem nunca andou algum tempo pela China pode achar que existe a possibilidade de um dia este país devolver a liberdade ao território ocupado. Mas fazer o quê? O mundo ocidental, com maior ou menor protesto, também se vergou à necessidade de invadir o Iraque. Free Tibet é apenas uma tirada romântica, gritada pelos sonhadores e silenciada pelos políticos.

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Memórias alinhavadas dos setentas

Em 1972 Godfather de Francis Ford Coppola deliciava o mundo cinéfilo.
Durante esta década emerge de Hollywood uma nova geração de cineastas (Scorsese, Coppola, Spielberg, etc).
Marlon Brando e a sua voz inconfundível num padrinho ícone, o famoso beija mão, um cavalo de raça, delinquentes com inovadores códigos de honra, vinganças à porta fechada e o suspense inerente a cada reunião do clã. Na minha cabeça não deixava de pairar a pergunta: quem é que vendeu a alma ao diabo e vai desta para melhor?
Godfather é uma obra-prima do cinema com sangue, suor e lágrimas e espantosamente não é que alguns maus são bons pais e bons filhos?

The Godfather: Part II (1974), continuação da saga, o filho pródigo encarnando um papel que não era para si. Será mesmo que não era? Pacino é, para mim, dos vilões mais intrigantes. Não consegui compreender como é que um bom rapaz daqueles se transforma num padrinho tão frio, racional e implacável. Como é possível alguém mandar matar o seu próprio irmão? Era mais fã de Pacino do que do irmão, enervava-me a violência gratuita e o descontro emocional do rapazinho, mas não era preciso tanto.

Decorria o final da década de 70 e Apocalipse Now (1979) era o filme sensação da juventude. Baldo-me às aulas, escolho um cinema pertinho do autocarro de regresso a casa e instalo-me confortavelmente na fila central do Apolo 70. The End, dos Doors, helicópteros, praia, morte, tragédia contaminada de poesia.

Jamais assisti a obra cinematográfica tão genial e foi a primeira de muitas vezes que ouvi a longuíssima canção dos Doors. Depois disto o terror jamais foi tão poético.


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domingo, março 23, 2008

Animais perigosos

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Memórias alinhavadas dos setentas

Segundo Aristóteles a tragédia é a "imitação de acção e de vida" e é assim que, no início dos anos setenta, determinados heróis musicais resolvem encerrar um ciclo.
Se Alex de Laranja Mecânica é o mal em si, Janis Joplin (4/10/1970), Jim Morrison (3/07/1971) e Jimmy Hendrix (18/09/1970), são três estrelas maiores do universo dos sessenta que resolvem por termo à vida no início da década seguinte.
Os três com o mesmo método revolucionário (overdose) e com a mesma idade (27 anos).
Dos três apenas Hendrix (?) não deu azo a um genial registo biográfico.
Val Kilmer é Jim Morrison em The Doors de Oliver Stone (1991) e Bette Midler é Janis Joplin em The Rose (1979) de Mark Rydell.
As biografias são obra cinematográfica indelicada.
Assisti a The Rose no início dos anos oitenta, no inovador cinema Londres.
A adolescente assumida e trágica que eu era então idolatrava o trio maravilha, os génio incompreendidos do rock, os ídolos devorados pelo sistema.
Há em mim uma esquerdista em potência que eu ouso, de quando em vez, ouvir.
Não sem algum elemento trágico à mistura, e não esquecendo as lições bem memorizadas do "lobo mau capitalista", dos "devoradores da consciência dos pobres", dos "sempre os mesmos com a mesma fatia", do celebérrimo "combate ao capital" ou do inolvidável "o povo unido jamais será vencido", recentemente foi reencarnado um velho mito com "assalto do mercado/economia". Tais siglas foram algo potenciadas pelos graffitis do PCTP/MRPP, pelas idas pacíficas dos camaradas do MFA ao bairro onde vivia à época e last but not least (realizei um sonho antigo, utilizar convenientemente esta velha pérola) as investidas parlamentares do camarada parlamentar do partido, PCTP/MRPP, um orador emblemático e algo trágico, tal como convinha a qualquer revolucionário da época.
Mas The Rose contribuiu para uma certa veia incrédula e céptica e é com tragédia e lenda que me alinho no início dos anos setenta.
Apenas uns anos mais tarde me apercebi de tal...


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sábado, março 22, 2008

Chama o Eduardo

Alguém que tenha o número de Scolari que lhe passe esta mensagem sff.

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Alguns filmes dos setentas vistos nos oitentas, noventas e por aí fora…

Memórias alinhavadas dos setentas

Aos quinze anos a primeira televisão. Diversões antes Tv: jogo do prego, macaca, elástico, mamã dá licença, brincadeiras de rapazes e raparigas, entre um rachar de cabeça inocente, uns mergulhos fortuitos no Mondego, calças da moda, música, clube de fãs - muito restrito - do Art Sullivan, felicidade e um profundo desconhecimento da lógica de funcionamento do mundo dos adultos.
Como as minhas idas ao cinema, na época, foram nulas, a filmografia básica desta época foi devorada uns anos mais tarde. Exemplos:

Laranja Mecânica, 1971, de Stanley Kubrik, Malcolm McDowell interpreta o tétrico Alex, o actor britânico teria sido tão perfeito n’O Inadaptado de Flannery O’Connor?

“’Jesus foi o único que alguma vez ressuscitou os mortos’, continuou O Inadaptado, ‘e não devia tê-lo feito. Desequilibrou tudo. Se Ele fez o que dizem que fez, então não nos restaria mais nada senão largarmos tudo para O seguirmos, e se não fez, então não há nada que possamos fazer senão apreciar os momentos que nos restam da melhor maneira possível – matando uma pessoa ou incendiando-lhe a casa ou fazendo qualquer outra coisa má. Sem prazer mas com maldade’, disse ele, e a sua voz tornou-se quase um rosnido.

(…)

‘Era uma grande faladora, não era?’, perguntou Bobby Lee escorregando ao longo da barreira com um grito de cowboy.

‘Teria sido uma boa mulher’, disse O Inadaptado, ‘se estivesse estado lá alguém para a matar em cada minuto da vida dela’.

‘Grande programa!’, disse Bobby Lee.

‘Cala-te, Bobby Lee’, disse O Inadaptado. ‘Não há verdadeiros prazeres na vida.’”, p. 25-26.

O’CONNOR, Flannery, Um Bom Homem é Difícil de Encontrar (2006). Lisboa: Cavalo de Ferro

Alguns anos mais tarde a equipa maravilha de um mundial era apelidada de «Laranja Mecânica». Alguém se lembra do país que representava tal selecção?

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sexta-feira, março 21, 2008

A Política também pode ser Poesia

Angela Merkel é a governante internacional que mais admiro. Várias são as razões para tal eleição, mas desde logo a mistura de pragmatismo com humanismo, de saber muito bem o que é acessório e o que é essencial, e aquela imagem de uma liderança serena que transmite resultam na minha preferência.

Entre outras coisas, Portugal ficará a dever-lhe muito do Tratado de Lisboa. Sem a sua força negocial Sócrates não tinha «peso» para obrigar a cedências dos eurocépticos e o tratado teria hoje o nome de uma outra cidade.

Mas o que hoje aqui me traz é um outro assunto: Merkel tornou-se na primeira Chanceler a discursar no Knesset (Parlamento Israelita). Simbolicamente vestida de preto, fez o discurso em alemão e agradeceu a honra de o deixarem fazê-lo na língua materna. Mas abriu e fechou em hebraico – no final a proferir um significativo “Shalom” (Paz). Disse coisas tão fortes como esta: «A nós, alemães, a Shoah cobre-nos de vergonha. Inclino-me diante de suas vítimas, dos seus sobreviventes e daqueles que os ajudaram a sobreviver.» Foi calorosamente aplaudida pela sala. A Extrema-Direita israelita e o Hamas condenaram a iniciativa, o que me leva a aprová-la à priori. Merkel, mais uma vez, fez aquilo que deveria ser feito: não pediu perdão por uma monstruosidade imperdoável – disse é a nossa vergonha; não tentou branquear o passado - assumiu-o. E são atitudes como esta, quer do lado alemão quer do lado israelita, que dão alguma esperança ao futuro da Humanidade. Porque o que se passou na terça-feira no Knesset não foi política. Foi a escrita de mais um verso do «Poema da Esperança».
foto

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Tudo em um



As árvores são fáceis de achar
Ficam plantadas no chão
Mamam do sol pelas folhas
E pela terra
Também bebem água
Cantam no vento
E recebem a chuva de galhos abertos

Há as que dão frutas
E as que dão frutos
As de copa larga
E as que habitam esquilos
As que chovem depois da chuva
As cabeludas, as mais jovens mudas

As árvores ficam paradas
Uma a uma enfileiradas
Na alameda
Crescem pra cima como as pessoas
Mas nunca se deitam
O céu aceitam
Crescem como as pessoas
Mas não são soltas nos passos

São maiores, mas
Ocupam menos espaço
Árvore da vida
Árvore querida
Perdão pelo coração
Que eu desenhei em você
Com o nome do meu amor.

Antunes, Arnaldo in As Árvores, São Paulo, Brasil

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Homem

Daumier, Poeta clássico compondo uma écloga sobre a calma vida campestre


INSOFRIDO TEMÍVEL ADAMADO PURO SAGAZ INTELIGENTÍSSIMO MODES­TO RARO CORDIAL EFICIENTE CRITERIOSO EQUILIBRADO RUDE VIRTUOSO MESQUINHO CORAJOSO VELHO RONCEIRO ALTIVO ROTUNDO VIL INCAPAZ TRABALHADOR IRRECUPERÁVEL CATITA POPULAR ELOQUENTE MASCARADO FARROUPILHA GORDO HILARIANTE PREGUIÇOSO HIERO­MÂNTICO MALÉVOLO INFANTIL SINISTRO INOCENTE RIDÍCULO ATRASA­DO SOERGUIDO DELEITÁ VEL ROMÂNTICO MARRÃO HOSTIL INCRÍVEL SERENO HIANTE ONANIST A ABOMINÁVEL RESSENTIDO PLANIFICADO AMARGURADO EGOCÊNTRICO CAP ACÍSSIMO MORDAZ PALERMA MAL­CRIADO PONDEROSO VOLÚVEL INDECENTE ATARANTADO BILTRE EMBIR­RENTO FUGITIVO SORRIDENTE COBARDE MINUCIOSO ATENTO JÚLIO PANCRÁCIO CLANDESTINO GUEDELHUDO ALBINO MARICAS OPORTUNIS­TA GENTIL OBSCURO FALAClOSO MÁRTIR MASOQUISTA DESTRAVADO AGITADOR ROÍDO PODEROSÍSSIMO CULTÍSSIMO ATRAPALHADO PONTO MIRABOLANTE BONITO LINDO IRRESISTÍVEL PESADO ARROGANTE DEMA­GÓGICO ESBODEGADO ÁSPERO VIRIL PROLIXO AFÁVEL TREPIDANTE RECHONCHUDO GASP AR MAVIOSO MACACÃO ESFOMEADO ESPANCADO BRUTO RASCA PALAVROSO ZEZINHO IMPOLUTO MAGNÂNIMO INCERTO INSEGURÍSSIMO BONDOSO GOSMA IMPOTENTE COISA BANANA VIDRI­NHO CONFIDENTE PELUDO BESTA BARAFUNDOSO GAGO ATILADO ACINTOSO GAROTO ERRADÍSSIMO INSINUANTE MELÍFLUO ARRAP AZADO SOLERTE HIPOCONDRÍACO MALANDRECO DESOPILANTE MOLE MOTEJA­DOR ACANALHADO TROCA-TINTAS ESPINAFRADO CONTUNDENTE SANTI­NHO SOTURNO ABANDALHADO IMPECÁVEL MISERICORDIOSO VOLUPTUOSO AMANCEBADO TIGRINO HOSPITALEIRO IMPANTE PRESTÁ­VEL MOROSO LAMBAREIRO SURDO FAQUISTA AMORUDO BEIJOQUEIRO DELAMBIDO SOEZ PRESENTE PRAZENTEIRO BIGODUDO ESP ARVOADO VALENTE SACRIPANTA RALHADOR FERIDO EXPULSO IDIOTA MORALISTA MAU NÃO-TE-RALES AMORDAÇADO MEDONHO COLABORANTE INSENSA­TO CRAVA VULGAR CIUMENTO TACHISTA GASTO IMORALÃO IDOSO IDEALISTA INFUNDIOSO ALDRABÃO RACISTA MENINO LADRADOR POBRE­-DIABO ENJOADO BAJULADOR VORAZ ALARMISTA INCOMPREENDIDO VÍTIMA CONTENTE ADULADO BRUTALIZADO COITADINHO FARTO PROGRAMADO IMBECIL CHOCARREIRO INAMOVÍVEL...

O'Neil, Alexandre in Poesias Completas 1951/1986, Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 3ª ed., Portugal, 1990, p. 336, 337.

O poema de Alexandre O’Neil pretende ilustrar algo que está presente em qualquer obra cinematográfica: o homem e as suas múltiplas facetas. As contradições fazem parte das características básicas da personalidade humana e é com esse processo criativo como pano de fundo que qualquer cineasta, argumentista, sedimenta a sua filmografia.

Como durante este mês escrevemos sobre os setentas, trago-vos a minha visão peculiar sobre obras cinematográficas que marcaram esta época.

Durante alguns dias falar-vos-ei de alguns filmes dos setentas vistos nos oitentas, noventas e por aí fora…

Feliz dia Mundial da Poesia.

Fonte da Imagem:
BAUDELAIRE, Charles. Da Essência do Riso (2001). Almada: íman edições.

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Poema Involuntário

Decididamente a palavra
quer entrar no poema e dispõe
com caligráfica raiva
do que o poeta no poema põe.

Entretanto o poema subsiste
informal em teus olhos talvez
mas perdido se em precisa palavra
significas o que vês.

Virtualmente teus cabelos sabem
se espalhando avencas no travesseiro
que se eu digo prodigiosos cabelos
as insólitas flores que se abrem
não têm sua cor nem seu cheiro.

Finalmente vejo-te e sei que o mar
o pinheiro a nuvem valem a pena
e é assim que sem poetizar
se faz a si mesmo o poema.

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quinta-feira, março 20, 2008

Coisas que nunca mudam

Andam nas Amêndoas. O termo foi-me várias vezes apresentado no final dos anos 70, inícios de 80. Era uma expressão muito utilizada por quem andava na estrada para definir a sagrada caça à multa na época de Páscoa. Anos se passaram, leis foram alteradas – agora já ninguém leva caixas de coelhos, galinhas ou vinho ao comandante da polícia local (espero eu), são cada vez menos os automobilistas que se lembram de tentar subornar a autoridade. Agora a coisa está, de facto, diferente: há uns dias passava eu numa estrada perto do meu local de residência, uma via com duas faixas de rodagem em cada sentido mas que, por se encontrar dentro de uma localidade, tem a óbvia velocidade máxima de circulação marcada nos 50 quilómetros/hora.
Há uns bons cinco anos, a Brigada de Trânsito costumava, ciclicamente, colocar ali um carro descaracterizado, estacionado em cima de um passeio ou em cima de uma zebra ali existente, com o radar da ordem e mais seis ou sete agentes a mandarem encostar os incautos prevaricadores uns bons 400 metros à frente.
É claro que um carro estacionado de forma abusiva em cima de um passeio para pedestres ou em cima de uma zebra chamava demasiada atenção e a caça aprendeu a lição rapidamente.
A evolução da tecnologia chegou, de há algum tempo a esta parte, o carro descaracterizado desapareceu, no seu lugar está aquilo a que chamo o radar de bolso. Todos concordaremos, acredito, que as Leis do Código de Estrada são para cumprir, alguns de nós também concordaremos que a principal missão das polícias não é reprimir mas sim dissuadir e é aqui que tudo isto me leva de volta ao velho Andam nas Amêndoas. O radar de bolso que eu já vi, por várias vezes, está sempre estrategicamente escondido atrás do pilar de um viaduto, totalmente invisível a quem se dirige para aquela armadilha. Depois de percorridos os tais 400 metros, lá estão os tais seis ou sete polícias, diligentemente, mandando encostar as moscas do dia. Obviamente que as regras são para se cumprir, obviamente que isto se passa numa estrada que, embora tendo duas vias em cada sentido, tem um limite estabelecido, obviamente que, se os agentes da autoridade escondem tão afincadamente o radar é porque não querem apenas dissuadir, querem punir, querem reprimir, querem multar.
Estão a usar o que têm como Lei mas lá que ficam mal na minha fotografia lá isso ficam.
P.S. - Se alguém me garantir que este método nos fará baixar o número de mortes nas estradas nesta época de Páscoa ainda dou um desconto mas, felizmente, na via em questão, nunca morreu ninguém desde que ela se encontra aberta.

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Moda e disco



O hit aqui ao lado é um ícone do disco.
Os Boney M, os Bee Gees, o Travolta e a sua fatiota branca esvoaçando no celuloide, foram marcas incontornáveis dos setentas.
Alguns anos depois, apenas alguns, até acho bastante piada às calças de boca de sino, aos cabelos compridos e aos saltos confortáveis.
Não há como recusar uma época tão marcante é que em qualquer lar que se preze, existem dezenas de fotografias de casamento.
A minha preferida é sem dúvida marcante:
cabelo comprido ligeiramente desalinhado, calça azul floreada, camisola de malha apertadíssima, e saltos assimétricos.
Quanto à pose?
Perna esquerda ligeiramente avançada, direita de retaguarda, mãos à cintura e olhar de republicana.
Um quadro devidamente composto com o fio de prata e a cruz de cristo, acessórios tão imprescindíveis como os piercings para os actuais deputados do PS.

Imagem

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Fim-de-semana prolongado à vista

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Filhos do cê dê ésse - Parte 2 [Reloaded]

Com o ambiente que se vivia em Lisboa naquele período pós-revolucionário, ainda hoje tenho alguma dificuldade em encontrar uma explicação plausível para o facto de não ter sido arrastado pela avalanche trotskista-maóista-marxista-estalinista-leninista que parecia varrer o país de lés-a-lés. Como já meditei bastante sobre o assunto, a melhor explicação que encontrei para a minha miraculosa bem-aventurança talvez se deva àquela soberba aptidão que as crianças têm para reconhecer os aldrabões à distância. Deverá ter sido graças a esta prodigiosa capacidade infantil que nunca fui enrolado pelas falinhas mansas do camarada Mário Soares, assim como também nunca caí naquela estória de que o Álvaro Cunhal tinha vindo da ú érre ésse ésse. Já nesse tempo não era preciso ser-se muito inteligente para se depreender através da fisionomia do secretário-geral do pê cê pê que ele só podia ter vindo directamente da Roménia, mais precisamente, da Transilvânia, e era, com toda a certeza, um parente bastante próximo do Conde Vlad Drácula.

Quanto contei ao meu coleguinha de carteira esta minha desconfiança, acusou-me logo de fascista. Apercebi-me de imediato que o meu coleguinha andava a ver muitos desenhos animados checos do Vasco Granja; e, numa reacção perfeitamente normal [à época], parti-lhe uma régua na cabeça – num tempo em que as réguas ainda eram todas em madeira. O camaradinha não perdeu tempo e denunciou-me à Secretária-geral lá do sítio, a prófe vermelha. Sabendo de antemão que a camarada prófe era um puro sangue marxista, temi seriamente pela minha segurança, pois comecei logo a imaginar o COPCON a entrar por ali adentro, e a levarem-me num Chaimite para ser interrogado pessoalmente pelo camarada Otelo. Só descansei depois da Secretária-geral jurar por Marx, Estaline e Lenine, que não chamava o temido exército vermelho da Região Militar de Lisboa. Depois de me acalmar, a camarada prófe tentou fazer-me uma lavagem cerebral à velha moda do capa jê bê, procurando-me convencer que se os comunistas fossem de facto vampiros nunca defenderiam um “sol a brilhar para todos nós” porque o sol mata todos os vampiros e seus derivados. Para não complicar ainda mais a minha situação fiz um ar convencido, e bastante arrependido, mais ou menos como aquele que via os pides dê jê ésse fazer na televisão (ou RTP), apesar de saber que aquilo do “sol brilhará” não passava de mais um inteligente estratagema dos comunistas para esconder o facto de andarem mesmo a sugar o sangue das criancinhas. Felizmente que não tinha contado toda a verdade ao meu coleguinha delator, caso contrário teria sido o meu fim: nem sequer a camarada professora conseguiria arranjar uma boa justificação para o facto do camarada Álvaro Cunhal, tal e qual um bom vampiro, andar sempre a dormir em locais incertos e desconhecidos.

Foi a partir desse dia que me apercebi que morava dentro de mim um ainda desconhecido gene direitista que, para meu próprio bem, teria de aprender a dominar.

Cena do próximo capítulo: “(…) Depois da senhora Vera Lagoa ter atirado a primeira pedra em direcção à sede do pê cê pê, todos se apressaram em seguir-lhe o exemplo. (…) "

[continua…]

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quarta-feira, março 19, 2008

E você por onde é que andava no 25 de Abril?

Vivendo uma certa pré-adolescência.
Iniciando uma incompatibilidade sem terra à vista (matemática).
Experenciando um certo fanatismo por um cantor de música ligeira.
Abençoando a descrença.
E uma outra experiência difícil de esquecer: ir para a rua, pela primeira vez.
Um acontecimento tão marcante decorrendo precisamente porque uma paixão intempestiva surgiu no horizonte.
Paixão e rua poderão não rimar, mas que fazer quando se pretende esconder, do olhar dos outros, uma ligeira inclinação?
Entretanto os Abba ganham o Festival da Eurovisão e uma outra música festivaleira entra, sem pedir licença, para a História de Portugal.


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Glórias perdidas

Tenho pena de não ter visto isto na sua plenitude: 1971, 1972, 1973 e 1975, 1976, 1977. Numa década, o SLB, o Benfas, o Glorioso, as Papoilas Saltitantes, as Águias fizeram seis campeonatos com uma perna às costas.

Hoje, para ir confirmar estes dados, tive de seguir este link http://www.slbenfica.pt/Clube/Historia/DecadaaDecada/decacaadeca.asp e dei comigo a pensar que fazendo a comparação entre a história e o presente já não sou só eu a pensar que esta foi realmente uma época feita disso mesmo que está aí destacado a vermelho no link.

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Piada [de mau gosto] do dia

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terça-feira, março 18, 2008

Filhos do cê dê ésse - Parte 1 [Reloaded]

Imagem: Imagens On-line

Fui um daqueles bem-aventurados que teve a oportunidade única de aprender a ler as primeiras palavras ainda durante os anos setenta, nas instrutivas paredes de uma Lisboa pós-revolucionária. Ainda me lembro [como se fosse hoje] da imensa satisfação que senti quando consegui ler a primeira frase completa. Nesse inolvidável dia, quando ia a sair da escola pela mão da minha progenitora, comecei a ler em voz alta uma inscrição pintada a vermelho e amarelo numa parede exterior da Basílica da Estrela. Recordo que o meu pai fez um ar algo surpreendido, mas a minha mãe pareceu ficar tão orgulhosa do meu feito que, nos dias seguintes, sempre que me iam buscar à escola, à saída, virava-me para a Basílica e repetia religiosamente a mesma ladainha: “O Povo libertou Arnaldo Matos e libertará todos os antifascistas presos”. Alguns dias mais tarde, ao sair da escola, ia eu naquela parte do e libertará…”, quando senti uma valente carolada. Apesar de ainda ser bastante jovem, compreendi de imediato que o meu progenitor considerava que já estava na hora de eu começar a aprender a ler outro género de preposições.

Dizem as más-línguas que naquela época não se aprendia nada de jeito nas escolas. Completamente falso! Posso garantir que quando terminei a escola primária, para além do Avante camarada [cançoneta obrigatória em qualquer escolinha que se prezasse], já sabia de cor e salteado todas as letras e músicas do Zeca, Ermelinda, Adriano, Sérgio, Branco, e companhia limitada. E sou uma testemunha viva que o sistema de ensino era tão [mas tão] exigente que também aprendíamos precocemente a entoar todos os pregões revolucionários da praxe; a traduzir todas as siglas das inumeráveis forças políticas, sociais, sindicais, militares e paramilitares; e a associar a complexa iconologia existente na época às respectivas [des]organizações.

E estão redondamente enganados aqueles que ainda pensam que a exigência educacional que incorria sobre as crianças pós-revolucionárias se cingia exclusivamente a áreas como a literatura, música ou a pintura. Também nos foi facultada uma formação de excelência na área das ciências exactas. Por exemplo, éramos compelidos a dominar a ciência matemática precocemente, porque tudo o que se passava à nossa volta era decidido após uma breve votação de braço no ar. Mas há mais! Com a inflação galopante que se fazia sentir, se queríamos continuar a lanchar todos os dias as deliciosas Bolas de Berlim, com creme, quentinhas, que se vendiam na cantina da escola, acompanhadas de um refrescante e super nutritivo Pirolito, tínhamos de dominar relativamente bem todo o processo inflacionário. Só munidos deste tipo de conhecimentos económico-financeiros poderíamos ser bem sucedidos a regatear com os nossos pais o aumento da nossa próxima semanada.


Cena do próximo capítulo: (...) Sabendo de antemão que a camarada prófe era um puro sangue marxista, temi seriamente pela minha segurança, pois comecei logo a imaginar o COPCON a entrar por ali adentro, e a levarem-me num Chaimite para ser interrogado pessoalmente pelo camarada Otelo. (...).

[continua…]

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... e ver isto ainda a preto e branco?

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Quando ser livre era novidade

Anos 70… anos 70…??? Bom, é o tema do que resta deste mês por aqui e um assunto que me apanha numa fase complicada da minha vida à data. Primeiro, porque em 1970 eu não sabia que ia nascer, segundo, porque o Baptista-Bastos fez a pergunta e, não raras vezes, levo com ela: Onde é que andavas no 25 de Abril? Em casa, de calções, a chatear a minha mãe, a ser criança, a ser tão jovem que nem me lembro do dia – sim, é verdade, nem todos temos aquela memória prodigiosa do José Saramago. Ainda assim o 25 de Abril de 1974 marcou-me, ia eu a meio caminho de gente – um terço vá lá – quando numa almoçarada entre os meus pais e uns tios a ditadura veio à conversa. Sendo a liberdade coisa recente, os velhos hábitos – soube eu depois – mantinham-se, depois de duas ou três frases pouco decentes – para a época – no que diz respeito ao famoso Botas. O meu tio – e isto lembro-me como se fosse ontem – olhou em volta e perguntou: “Achas que alguém ouviu?”, o meu pai riu-se e eu fiquei vermelho. Debaixo da mesa da sala de jantar lá estava eu, escondido, a escutar uma conversa de homens, com um velho gira-discos e gravador de cassetes no colo - Silvano, se bem me lembro. Eu estive ali de baixo uns bons 15 minutos a gravar o revolucionário discurso do meu tio.
Hoje percebo duas ou três coisas sobre o momento em questão. Sem o 25 de Abril de 1974, eu não teria percebido que aquela brincadeira daria, noutros tempos, prisão a alguém. Sem aquela brincadeira nunca teria percebido, como hoje, que a profissão que tenho foi bem escolhida, porque hoje, como naquele momento, eu sei que o meu tio falou como falou porque se sentia, embora ainda inseguro, em liberdade; eu gravei o seu discurso porque já era permitido brincar e eu, que não tinha uma noção clara dos tempos da velha senhora, só queria mesmo ouvir, registar e apalhaçar. E hoje continuo a registar sons, a registar história, a registar momentos e registo, obviamente, o momento em que, sem eu o saber, a liberdade de optar me foi entregue: 25 de Abril de 1974.

P.S. - Depois de ouvir a gravação o meu tio riu-se, eu fiquei todo contente pela original – pensava eu - brincadeira, o meu pai gozou com a situação mas, pelo sim pelo não, eu fui recambiado para a rua para brincar e a cassete em questão nunca mais a vi… não fosse o Diabo tecê-las!

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uma casa portuguesa: os sobreviventes

É o primeiro álbum de Sérgio Godinho e data de 1972 - anos 70, portanto ;) Muitos anos passaram, muitos álbuns foram editados e muitas, muitas músicas/letras saíram da mão de Godinho. Mas «Os Sobreviventes» é, para mim, claramente um dos melhores álbuns do senhor. Canções de vivências, de amor, de protesto e retrato social - uma excelente amostra do que viria a ser um excelente percurso.
vim
ao mundo por acaso
em Portugal, não tenho pátria
sou sozinho e sou da cama dos meus pais
[DESCANÇA A CABEÇA (ESTALAJADEIRA)
Trazes em ti mais do que te dei
Paula até já

[PAULA
farto de voar
pouso as palvras no chão
[FARTO DE VOAR
nascidos do mesmo ventre
um vive de joelhos p’ró outro passar à frente
[CANTIGA DA VELHA MÃE E DOS SEUS DOIS FILHOS
olhai a linda Joana
que linda que ela vai [...]
olhai a feia Alcina
que feia que ela vai
[A LINDA JOANA


Deste primeiro álbum, perduraram músicas como «O Charlatão», «Senhor Marquês», «Romance de Um Dia na Estrada» ou «Maré Alta». E, pessoalmente, "Que Força é Essa" - a primeira música do álbum - é das minhas indiscutíveis referências do músico (da qual há uma excelente versão no «Irmão do Meio», com a parceria perfeita de José Mário Branco).
que força é essa, amigo
que te põe de bem com os outros
e de mal contigo
[QUE FORÇA É ESSA
entre a rua e o país
vai o passo de um anão
[O CHARLATÃO
olhe pra aqui uma vez
senhor Marquês
do bairro de lata
[SENHOR MARQUÊS
e eu que falava de estradas
e só conhecia atalhos
e ela a mostrar-me caminhos
[ROMANCE DE UM DIA NA ESTRADA
aprende a nadar companheiro
que a maré se vai levantar
que a liberdade está a passar por aqui
[MARÉ ALTA

Lançado num Portugal onde o lápiz azul era mais que um mero objecto de colorir, a venda legal do álbum foi autorizada e retirada consecutivas vezes... «Acho que não sabiam o que fazer com aquilo que outros tinham criado. Era um bocado o retrato do Marcelismo, um ziquezaguear entre aberturas e depois cobardias, afrouxar e voltar a apertar para provar que se está no poder.» [SG, in "Retrovisor" de Nuno Galopim, p.47]
vivo com uma faca enterrada nas costas, ai!
que bom que é
[QUE BOM QUE É
A-A-E-I-O bate na neta quem bateu na avó
A-A-E-E-I bate na neta quem bateu em ti
A-E-I-O-U se a canção não te agrada mete-a no…
[A-A-E-I-O


Às minhas mãos o álbum chegou apenas há alguns anos, sem censura de qualquer espécie e já na versão CD. Ouvi-o repetidamente vezes sem conta. Apesar do álbum ter mais de 30 anos, para mim, o conjunto era novidade e algumas músicas eram verdadeiros inéditos! Uma obra enquadrada pelo seu tempo (com algumas músicas claramente datadas), mas um conjunto que lhe... sobrevive!

Sem dúvida, um álbum fundamental na discografia de Sérgio Godinho e no panorama geral da Música Popular Portuguesa (MPP).


imagens: capa e contra-capa do álbum

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domingo, março 16, 2008

Augusto Santos Silva no seu melhor

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sábado, março 15, 2008

Ó Botas, vem cá ver isto

Quando li este post não queria acreditar. Ainda pensei tratar-se de ironia da Teresa, mas após uma volta pela net, descobri para meu total espanto que, de facto, não se tratava de ironia alguma e que, desta vez, o PS, além de todas as outras aberrações que tem feito, ainda se dava ao luxo de interferir na vida privada dos cidadãos e naquilo que fazem com o seu corpo, menores ou maiores. A seguir vem o quê? O tipo de depilação que fazemos e se fazemos, se vamos à manicure, se pintamos as unhas à francesa? Que fazer com os gordos, os mal vestidos, os carecas e os cabeludos - ai de mim? Vão-nos obrigar a todos a falar inglês e castelhano como o Sócrates? Se isto não é uma ditadura, é o quê?

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sexta-feira, março 14, 2008

Roubos com vénia


Eu roubei isto ao Daniel Oliveira que por sua vez já o tinha roubado ao Pedro Sales. Confesso que tive de o fazer porque, para além da possibilidade levantada de José Sócrates só começar a trabalhar às 11 da matina, é preciso levar em conta outra teoria mais rebuscada:

Tal como eu José Sócrates gosta de comer Cabrito à Padeiro logo às oito da manhã, acompanhado por um chá preto com canela e duas torradinhas. É errado crucificar o nosso Primeiro porque o relógio do "café de esquina" está avariado. Mas uma observação mais atenta dá também para perceber ali não há mosca que sobreviva... no ar pelo menos.

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Fim-de-semana à vista

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quinta-feira, março 13, 2008

Europeu cinquentão



O Parlamento Europeu (PE) celebra hoje o seu 50° aniversário. Vai ser uma farra e tanto por Estrasburgo, pois é semana de sessão plenária e estão todos lá (todos os deputados e muitos dos assistentes e funcionários), não obstante andarem há anos mortinhos por apenas se reunirem aqui em Bruxelas e acabarem com esse pincel que é irem acampar para França uma semana (mal medida) por mês.

Aproveito para explicar que o PE também se reúne em mini-sessões plenárias em Bruxelas, mas apenas uma meia dúzia de vezes por ano. Por causa das sessões plenárias do PE, tive de mudar o meu percurso automóvel matinal porque suas excelências, nesses dias, acham por bem cortar o trânsito da rua que lhes passa à porta. Nas semanas de Estrasburgo, o trânsito é cortado na mesma porque emprestam as instalações às reuniões do Comité das Regiões. Escusado será dizer que estão todos atestados de pragas que lhes roguei por cada vez que tive de fazer inversão de marcha naquela malfadada rua.

Por ocasião deste aniversário, foi publicada uma interessante sondagem sobre a instituição. A bem da verdade, devo dizer que a sondagem é seguramente interessante até à página 32, que foi até onde consegui chegar. Depois decidi que ia fazer este pequeno post, pelo que não me responsabilizo pelas restantes 95 páginas.

Tive conhecimento desta sondagem através deste blog, que é um bom blog para se acompanhar quando se está interessado na actualidade europeia e francesa. O que é mais ou menos o meu caso, dependendo dos dias, das condições meteorológicas, do número de vezes que o telefone toca, da vontade de trabalhar (ou da falta dela) e de mais uma série de factores que não vale a pena estar a referir, sob pena de haver muita gente a não conseguir chegar ao fim deste texto.
Imagem: daqui
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Gadget porreiro pá


Diz-se por aí que a venda deste gadget disparou nos últimos dias. As últimas notícias dizem que o Voodoo Knife tem tido particular aceitação junto da classe dos professores e de antigos secretários-gerais de um certo partido político.

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Saudades do futuro

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quarta-feira, março 12, 2008

Coisas de gata

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Pensamento positivo

Para o ano é que é!

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Velocidades

Um dístico redondo assinalando o número 40, quatro triângulos reflectores, três vermelhos, um quarto amarelo, um pirilampo cor-de-laranja do lado esquerdo, uma senhora pelos seus setenta anos no primeiro andar da viatura conduzida vagarosamente pelo, presumo, seu marido, acenando aos vizinhos e sorrindo enquanto passa, a roda traseira do lado direito torta. Ela repara em mim e acena-me. Eu sorrio e aceno de volta. Cinco minutos e cerca de 600 metros a 20 quilómetros hora, atrás de um tractor nas ruas estreitas da minha aldeia. Chego a casa e não consigo mais uma vez deixar de pensar que a velocidade a que vivemos no dia-a-dia cada vez mais nos impede de ver as pequenas coisas.
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A República e a Monarquia

Na segunda-feira estive, com alguma falta de paciência, diga-se, a ouvir os argumentos dos monárquicos e dos republicanos.
Como a minha paciência, infelizmente, tem limites, só consegui ouvir os senhores durante cerca de 30'.
Pergunto a Fátima Campos Ferreira: que tipo de interesse tem uma questão já morta à partida?
O sistema monárquico perdurou durante insuficiente número de séculos em Portugal?
O sistema monárquico pretende que a república lhe dê algo, que a mesma só conseguiu através de ferro e fogo?
A argumentação de Ribeiro Telles só não pode ser considerada ridícula porque o sr. acredita mesmo naquilo e em democracia é desejável que nos respeitemos uns aos outros.
Dizer que o rei é a salvaguarda da respeitabilidade de um povo/nação vale tanto como argumento como o seguinte: a república é a salvaguarda do acesso de qualquer cidadão à chefia da nação.
Tanto um como o outro navegam em águas turvas.
E eu que sou demasiado simplória para entender os romanos sorrio, dou o braço direito à minha impaciência e desligo a tv no comando.

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terça-feira, março 11, 2008

Transposições

Se a tenacidade e eficácia da oposição interna no PSD fosse transposta para o combate ao actual governo, José Sócrates tinha os dias contados.

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E o Sócrates sabe?

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Paternidade [1]

Até há cerca de meia dúzia de meses ainda vivia na mais completa e pura ingenuidade: considerava a expressão «pai babado» como a tradução de um sentimento de natural embevecimento de um pai pelo seu filho. Já foi tarde quando me apercebi que a locução detinha um segundo sentido oculto: o de um pai completamente encharcado com a baba do seu filho.

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Mensagens Subliminares

Maria Lurdes Rodrigues, Camacho e Paulo Bento: apenas um teve a atitude correcta.

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segunda-feira, março 10, 2008

Prognósticos só no fim do campeonato

Depois da derrota [mais que merecida] de ontem do meu Sporting, não tardaram a fazerem-se ouvir as já habituais vozes dos profetas da desgraça [alheia]. Como já só faltam oito jornadas para o fim do campeonato – vinte e quatro pontos em disputa – e como o título já está entregue, resta a luta pelas duas vagas em aberto na Liga dos Campeões. Ontem, apesar da derrota, fiquei com a ideia que o Sporting ainda mantinha em aberto a possibilidade de conseguir o apuramento directo para a Liga dos Campeões, e que os três pontos perdidos poderiam acabar por ser pontos ganhos se [e só se] ajudassem o Guimarães a relegar para o quarto lugar o nosso arqui-rival da Segunda Circular. Pois… mas isto foi ontem. Porque esta noite, depois de consultar mais atentamente o calendário da Liga Bwin, fiquei bastante preocupado. Apesar de continuar a considerar ainda ser possível o Sporting apurar-se directamente para a Champions League, há um grande “mas” no meio de toda esta estória: o Sporting terá de vencer todos os jogos até ao final do campeonato. No caso de empatar um jogo, ainda pode ser possível chegar à Champions, mas dificilmente conseguirá o apuramento directo. Contudo, para ser sincero, os meus cálculos mais "realistas" deram o Guimarães em segundo lugar, e o Sporting em quarto [a um ponto do Ésse Éle Bê].

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Claro como a água

Fotografia: Kristoffer Albrecht

Ainda no Sábado Jesualdo garantia que já tinha renovado [há um mês atrás] pelo Fê Quê Pê. Hoje ficámos a saber que, afinal, a SAD ainda não chegou a acordo com o técnico.

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O país que temos

Notícia: Uma professora de Caminha acusou segunda-feira a Caixa Geral de Aposentações de «violar a lei» ao não lhe conceder reforma antecipada completa, por cancro, mas mostrou-se convicta de que, em breve, o tribunal «fará justiça», noticia a Lusa.
«O meu direito à reforma completa está consagrado no decreto-lei 173, de 31 de Maio de 2001. O Governo que não venha dizer que é necessária uma legislação especial para estes casos, pois legislação já há e é clarinha como a água. O que é preciso é que seja cumprida e nada mais que isso», disse, à Lusa, aquela professora.
Isabel Soares, de 57 anos, professora de educação visual na EB 2,3 e Secundária de Caminha e com mais de 30 anos de serviço, está de baixa desde 2001, quando lhe foi diagnosticado um cancro. Já foi a duas juntas médicas, uma em Viana do Castelo e outra no Porto, mas de ambas as vezes foi-lhe recusada a reforma completa.



Nota do Redactor: A "ASAE" da Reforma ataca novamente.

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Parabéns, Naide!

foto daqui
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Vila Faia: colheita de 2008

Neste fim-de-semana, fomos surpreendidos pelo regresso da Vila Faia. Foi o máximo!

Tinhamos uns amigos cá em casa e divertimo-nos imenso a fazer exercícios de memória para ver quem era quem relativamente à versão antiga. Olha, este era o Pedro Homem de Sá! Olha, esta era a... como é que se chamava aquela actriz que fazia a Ti' Ermelinda?... Olha, esta era a Ana Zanatti! Olha, conseguiram arranjar uma actriz tão má quanto a Manuela Marle para fazer o mesmo papel! É incrível a quantidade de lixo que guarda a nossa memória.

A verdade, porém, é que a Mariette e o João Godunha melhoraram significativamente. Em termos visuais, quero dizer, e que me desculpem a Margarida Carpinteiro e o Nicolau Breyner. Contudo, os antigos eram mais credíveis. Uma prostituta sem roupas estilosas e um motorista barrigudo têm muito mais credibilidade do que dois lindos exemplares do género humano, com ar de quem acaba de desfilar na Moda Lisboa.

Também teve piada ver a transposição da história para o século XXI e as artes para não a desfazer tendo em conta a existência das novas tecnologias. Tenho a certeza de que a deixa mais frequente nesta nova versão vai ser a frase Não consigo falar-lhe. Tem o telemóvel desligado!

Apesar de tudo, porém, a modernice que mais nos surpreendeu foi a da velocidade com que passou a ficha técnica no fim do episódio. Parece-me uma evidente desconsideração para com os profissionais não actores que também contribuiram para o produto final, como se pode ver nas imagens que publico já a seguir. É algo a mudar rapidamente. Digo eu.


Captação de imagem: minha (como se fosse preciso esclarecer)
Ruídos de fundo: produto da curiosidade infantil
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domingo, março 09, 2008

Dá-lhes, Falâncio (2)

"Diário de Notícias", Blogues@, 9 de Março de 2008
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Subscrevo

inteiramente isto. Quem faz do ensino a sua profissão e missão sabe que assim é, ouvi-lo de quem é alheio à escola tem um duplo significado. Obrigada, Francisco, por dizer o que faltava.

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sábado, março 08, 2008

Leituras

Há que dar o mérito a Maria de Lurdes Rodrigues, a ministra da Educação foi hoje o alvo da indignação, ela foi a testa de ferro de José Sócrates. Ela cumpriu aquilo que porventura o seu chefe lhe pediu, aguentar o impacto deste dia, viver a humilhação, dando a Sócrates a possibilidade de um balão de oxigénio que poderá ser conseguido com a sua substituição. O problema é que com cerca de 80 mil professores na rua resta a Maria de Lurdes Rodrigues e José Sócrates responderem rapidamente a uma pergunta que é deixada pelo título de um livro de António Lobo Antunes: O que farei quando tudo arde?

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Os carneiros

Sócrates e Ministra da Educação eram capazes de concordar com isto: 70 mil carneiros sem capacidade de se desmarcar dos sindicatos e sem cabeça para pensar por eles próprios, a desvalorizar, portanto. Por outro lado, a fazer fé no que se diz e no que diz o Primeiro-Ministro quando é vaiado, culpando invariavelmente os mesmos, mais uma cabala a atingir o Partido Socialista, esses tais e os sindicatos são enormes, têm força de Hércules, é, pois, de admirar que não tenham sido governo.

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sexta-feira, março 07, 2008

Coisas de época V

Vocês vão ser papadíssimos.

TVI, (07/03/2008), Morangos com Açúcar

A frase é dita em tom de desafio por uma jovem com olhar de matadoura de toiros que acabou de ser convidada por um rapazola para um confronto épico e sem quartel num jogo electrónico. Sintomático e educativo...

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Provocações universais

Mulher e árvore só dão galho.

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Verdades universais

Em casa onde mulher manda, até o galo canta fino.

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Fim-de-semana à vista

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quinta-feira, março 06, 2008

Coisas de época IV

Caminhámos juntos, perdidos nos nossos próprios pensamentos. Esqueço-me de onde estamos, ou de quando foi. Depois tu aproximaste-te, fizeste-me uma festa no cabelo e pegaste-me na mão; eu sei que me estavas a agarrar na mão e a falar comigo docemente. De súbito tive a sensação de que tudo estava como deveria e nada podia ser acrescentado a esta felicidade ou satisfação. Isto era tudo o que existia, e tudo o que poderia existir. O melhor de tudo tinha-se acumulado neste momento. Só podia ser amor.

Hanif Kureishi, (1998), Intimidade

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O Botas voltou

e a prova está aqui.
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Tentativas...

Algo me diz que ao deixar aqui esta mensagem, durante a próxima hora e meia ninguém a vai ver... voltarei para confirmar se mais uma vez estou enganado... ou não!

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Protestem enquanto podem IV

Então não é que vou perder uma aposta?
Primeiro o Bloco de Esquerda levanta a lebre na Assembleia da República, a seguir vem o nosso primeiro Sócrates dizer que se é assim a escola agiu mal, logo a seguir vem a Maria de Lurdes, a nossa primeira da Educação, dizer que afinal a coisa em questão - leia-se uma tal ficha feita de acordo com o Decreto Regulamentar 2/2008 - tinha ficado sem efeito e que nem tinha sido levada à votação. Algumas horas depois cai a bomba, a proposta nem foi votada nem ninguém desistiu dela, o Conselho Pedagógico da escola de Leiria nem tinha sequer reunido ainda para discutir a coisa em si. Esta tarde - leia-se sete dias depois do acontecimento - fica-se a saber que Maria de Lurdes Rodrigues afinal tinha razão, e a proposta não vai a votação. Ao contrário de José Sócrates não vou trocar o pelouro e chamar-lhe ministra da Avaliação porque esta notícia só vem provar que Maria de Lurdes Rodrigues não é a maior da Educação, não é a mestre da Avaliação, é tão somente especializada em Adivinhação.

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O Primeiro-Ministro que temos

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Trocadilhos em dia de jogo (Actualizado)

Coisas que em português e espanhol são o que são mas que em inglês ganham logo outra cor: Getafe uck outta he'e!

P.S. - Tanque U Sinapse.

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Ascensão e Queda

O homem até tinha razões para festejar: o eleitorado democrata dera a vitória à Srª Clinton no Ohio, Texas e Rhode, dividindo ainda mais as hostes e fazendo prever mais guerrilha entre os dois possíveis candidatos adversários. Mas depois chega o presidente, oferece-lhe apoio e ensina-lhe três coisas fundamentais em política: nem sempre o Poder é uma boa companhia, nunca há duas boas notícias seguidas e que jamais nos deveremos rir das desgraças alheias.

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O sistema tem destas coisas

Apesar de terem o campeonato nacional garantido e de manterem em aberto a possibilidade de conquistar a Taça de Portugal – uma competição menor* –, é mais que previsível que esta eliminação da Liga dos Campeões constitua um pré-aviso de despedimento no final da época para o ex-benfiquista desde tenra-idade, e futuro ex-portista desde idade-tenra, professor Jesualdo Ferreira. Com uma equipa profissional paga a peso de ouro, e com a mais que evidente ausência de competitividade nas duas provas que continua a disputar a nível interno, esta vai ser uma época financeiramente desastrosa para o Fê Quê Pê. Não será pois de estranhar que esta eliminação precoce acabe por conduzir à venda forçada no final da época de algumas das jóias da coroa da equipa. É por estas e por outras que tenho dias em que me sinto feliz por ser adepto de um clube cuja principal ambição passa por vencer qualquer coisita que nos deixem ganhar.

*Pinto da Costa Dixit

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