segunda-feira, março 29, 2010

As calças da globalização

Quando uma gata resolve estar com o cio a vida de uma família pode tornar-se num lugar sedutor.
Quando uma gata está com o cio deixa de saber andar e começa a rebolar.
Quando uma gata começa a rebolar há uma espécie de tapete mágico que embala algumas das nossas actividades mais corriqueiras, como o lambe-lava-varre o chão, por exemplo.
Quando uma gata é um por exemplo ficamos sem absoluto e os partidos políticos passam a ser compreendidos como manifestações de afecto.
Quando as manifestações de afecto se destacam o no nosso dia a dia "desosmoseia-se".
Quando uma gata está c'o cio um furacão irrompe na nossa vida e é por estas e por outras que deixamos de reflectir nas catástrofes ambientais e noutras calças da globalização.

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sábado, março 27, 2010

Citizen Pereira


Pacheco Pereira ainda não abriu a boca e o PSD mantém-se há 14 horas coeso.

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Ó tempo volta para trás

Se Sócrates tivesse as quotas da JSD em dia tinha votado em Manuela Ferreira Leite.

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A Arte da Guerra

Acabar com as guerras internas no PSD é acabar com o ganha-pão de Pacheco Pereira

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Quem é que ficou mais preocupado com a vitória de Pedro Passos Coelho?

A – José Sócrates
B – Cavaco Silva
C – Alberto João Jardim
D – Sócrates+Cavaco+Jardim

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quinta-feira, março 25, 2010

O leilão de clichés

Eu pago-lhe é para fazer e não para pensar!
Talvez tenha razão, mas quem manda aqui sou eu!
Não vá o sapateiro além da chinela!

Na prática, as coisas são um pouco diferentes!
Tudo isso já foi tentado e não deu resultado!
Ainda não estamos em condições de ir por aí!
Lá vens tu com as tuas idiotices!
Já estava mesmo à espera dessa!
Vê lá se controlas a tua imaginação!
Não te metas onde não és chamado!
Cresce e aparece!
Aqui és o último a falar e quando chegar a tua vez calas-te!
O que ele quer é dar nas vistas!
Coitado! Ainda está muito verde!
Não passa de um ingénuo!
Aqui não há lugar para ovelhas ranhosas!
Quem não é por nós, é contra nós!
Estás aqui não tardas com um par de patins!
Coitado! Pensa que vai endireitar o mundo!
Continua a ser o mesmo lírico de sempre!
Não tem os pés assentes na terra!

Referências:
Ferreira, Paulo da Trindade (1994). Reinventar a criatividade. Lisboa: Presença, pp.94-95.
"O vendedor de clichés para velórios", Gato Fedorento

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domingo, março 21, 2010

Dia Mundial da Poesia, António Ferra


DIGITALIZAÇÕES

O digitalizador tinha formato digital,
digitalizava cerejas, mapas e flores
dispostas no centro do écran,
digitalizava desejos escondidos
na caixa negra tridimensional

digitalizava cenouras com pixeis,
nabos com cabeça de scanner,
e porque a fome é uma imagem sem programa
que perdura além da morte virtual
configurava sardinhas de papel
mais as batatas que não cabiam no seu prato.

Com desenhos digitais cheios de megas
Queria comer tudo com o rato.

António Ferra
Livro de Reclamações
Fabula Urbis, p. 42

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Dia Mundial da Poesia, Mário-Henrique Leiria

RIFÃO QUOTIDIANO
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário-Henrique Leiria

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Dia Mundial da Poesia, José Luís Peixoto

Fotografia de Coimbra

Coimbra é a cidade e a esperança dos domingos à tarde.
Um calendário abandonado no bolso do casaco é Coimbra.
Coimbra são as fotografias reveladas de um rolo antigo,
esquecido numa gaveta. E, no entanto, enquanto falamos,
Coimbra existe e corre no recreio. Existe ar que é respirado
apenas por Coimbra. Existe um coração no seu peito a bater,
e esse é um milagre de deus que transcende deus.

José Luís Peixoto
Gaveta de papéis
Ed. Quasi, p. 18

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Dia Mundial da Poesia, Alexandre O'Neill

A História da Moral

Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.

Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.

Alexandre O'Neill
Poesias Completas
Lisboa: Assírio e Alvim, p. 259.

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Dia Mundial da Poesia, Fernando Pessoa

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

Fernando Pessoa

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Dia Mundial da Poesia, Carlos Drummond de Andrade

Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

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Dia Mundial da Poesia, António Gedeão

Calçada de Carriche

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

António Gedeão, in 'Teatro do Mundo'

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sexta-feira, março 19, 2010

Oui, chéri, c'est vendredi


The Last Shadow Puppets - Standing Next to Me
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Na morte do gato Hamlet

Morreu hoje, não se sabe ao certo a sua idade.
Morreu com contusões nos pulmões, uma das patas dianteiras e outras partes do corpo.
Talvez consequência de uma briga entre ele e outro qualquer felino ou outro animal de uma outra espécie.
O gato chamou-se Hamlet por na altura ser esta a personagem literária que mais fascinava a minha mãe.
- Discordo! A personagem literária que mais me fascina é o Iago.
- Na altura não era isso que dizias.
- A sério? Bem, talvez não tenhas razão.
- Mamãe, 'cê me dá um pouco de mingau?
[miau, miau, miau, miau]
O gato Hamlet pediu licença para o adoptarmos, bem assim como a uma das suas múltiplas esposas. O Hamlet era um felino polígamo, autoritário e guerreiro. Jamais deixaria que lhe ocupassem o território, uma vez dele, para sempre dele. Por isso impunha fidelidade à mulher que trouxe cá para casa, a gata Puka, uma gata muito ciosa da sua liberdade, independência e autonomia. No primeiro ano de residência em Vale do Gato, raramente permitia a nossa afectividade e em tempos de cio fugia do seu macho e procurava outros machos, ocasionais. A sua fidelidade era territorial, no sentido em que sempre regressava ao lar adoptado.
- Querida, não sei se não estarás a embelezar demasiado as coisas!
- Mamãe, seu Hamlet 'tá rijo, seus olhos tão vidrados. Mamãe, seu Hamlet parece rocha escarpada. Mamãe, seu Hamlet não brinca não, brinca não. Mamãe, socorre seu Hamlet vá, vem vamo no veterinário, vem vamo no qualquer lugar. Mamãe, MaaaaMããããeeeee!
Não sei se o veterinário lhe teria feito alguma coisa. A mãe defende sempre uma primeira tentativa de cura natural. Precisamos de dar um certo tempo ao corpo para se recompor. A minha mãe detesta instituições e a frieza tecnicista dos profissionais.
- Claro que detesto, têm uma solução técnica para a morte, não compreendem é que a sua solução técnica não cabe no ser humano.
- Que horror! Minha senhora vá-se curar! É uma irresponsável. Como pode dizer isso a uma rapariguinha? As profissões ligadas à área da saúde são fundamentais, ah, você é daquelas que defendem menos Estado, não é? Você é uma neoliberalista é o que é. Que seria de nós sem as instituições estatais, éramos abandonados aos bichos!
Hoje o meu irmão Pedro e o meu avô vão enterrar o gato Hamlet, o nosso macho. Como a minha mãe defende que nós não morremos apenas nos espalhamos pela natureza, parece que qualquer dia uma partícula de Hamlet alimentará o bichinho que adubará a terra que dará de comer à laranjeira e alimentará a laranja que será comida por mim.
- Maaaamããããeeeee, Inesinha tá dizendo que nós somo canibal!

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quinta-feira, março 18, 2010

Hoje acordei revolucionária, amanhã não sei

Recentemente a Unesco lançou o livro "O pequeno grande livro das grandes emoções", disponível aqui para download.
Como se pode ler no site "uma coletânea de textos literários de diversos estilos escolhidos especialmente para os leitores jovens e adultos em processo de formação."
O grande Carlos Drummond de Andrade esclarece-nos, num texto simples e claro, como começou a ler, destaco o fim do seu texto:

"Então começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa do café-sentado (pois tomava-se café sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade crítica."

Como acredito que as crises são oportunidades, talvez o futuro seja mais livre de burocracia, racionalidade empacotada e educação para a cidadania interpretada como padronização universal de comportamentos. Talvez nessa altura uma postura crítica possa ser crítica e não tenha de ser "amada" ou "odiada" por estar conotada com um partido, religião, cultura, classe social, forma de comportamento, comunicação, etc.

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terça-feira, março 16, 2010

Convites - Shell we dance?

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segunda-feira, março 15, 2010

A Alice pós-moderna de Tim Burton

Após ter assistido à última criação cinematográfica de Tim Burton algumas propostas para reflexão.

(a) Alice é uma das personagens literárias símbolo da apologia da maximização da liberdade individual;
(b) Alice contesta o moralismo social.

Defenderá a Alice de Tim Burton os dois critérios anteriores?
Em relação ao primeiro tenho algumas dúvidas, quanto ao segundo não.
Dúvidas em relação ao primeiro:
A Alice de Tim Burton defende uma determinada maximização da liberdade individual, aquela que foi construída segundo um determinado consenso: parece que a liberdade individual só é possível se estabelecer uma aliança entre aventura e lucro, com o seguinte significado: aventura libertária e empreendedora.

Reflexões que questionam a análise anterior e vão mais de encontro ao universo de Burton:
O chapeleiro é uma personagem resignada e decadente, mas o ele de ligação entre dois tipos de autoridade: irracional (rainha vermelha) e racional (rainha branca).
Alice precisa de regressar à infância para conquistar a sua liberdade, mas esta Alice não é a Alice do país das maravilhas (libertária), talvez Burton nos pretenda guiar para uma outra reflexão e questione o estado adulto no seu âmago:

Em nome de quê deveremos sacrificar a nossa liberdade e independência?

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Novos modelos

O problema do PSD é que hoje os carros já saem da fábrica com a rodagem feita.
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sexta-feira, março 12, 2010

O total eclipse ou a miscelanização dos valores?

A reflexão de Luís Marques é muito pertinente, Expresso, no sentido em que se inscreve na matriz judaico-cristã e nos seus dois pilares de análise da validade do pensamento/realidade: a verdade e a mentira, o bem e o mal.
Contudo, o pensamento paradoxal da modernidade não é suficiente para compreender o fenómeno do nazismo, por exemplo. Uma vez que parece que tanto o bem como o mal, para não se aniquilarem mutuamente, necessitaram de se revestir de contornos híbridos. Sendo assim, a verdade de uns não era necessariamente verdade, a mentira de outros poderia não ser necessariamente mentira. A propaganda/marketing trouxeram consigo a ressignificação da verdade e da mentira. A partir daqui poderemos inventariar algumas hipóteses, por exemplo:

(a) e se o ponto de ligação entre a verdade e a mentira fosse o interesse individual/colectivo e os seus quadros de referência (ideológicos, religiosos, etc.);
(b) e se a necessidade de governabilidade trouxesse em si a necessidade de consensos e os consensos fossem necessários para atingir o poder
(c) e se nenhum actor social fosse necessariamente aquilo que parece ser, isto é e se nenhum actor social discursasse sobre aquilo que é, mas antes sobre aquilo que tem de ser devido às circunstâncias do momento para atingir os seus objectivos

A reflexão para ser aprofundada deverá ser guiada por uma pergunta-guia, por exemplo:

Se todo o conhecimento é uma forma de interpretação (reflexividade) quem deverá atribuir critérios de verdade/mentira ?
Existirão guardiões legítimos da verdade e da mentira?
Que tipo de lealdades (difusas) guiarão os actores sociais?

O mundo da modernidade tardia (ou pós-modernidade) talvez tenha em Walter Benjamin uma proposta interessante. Leia-se a propósito o artigo de Alexandra Lucas Coelho, Público de hoje, sobre o pensador alemão.

"Mas Benjamin um século antes da Internet, era um espírito em rede, ligando matérias, criando relações, não sendo exactamente filósofo, sociólogo, crítico, jornalista, tradutor, mas colhendo algo de tudo isto", P2, p. 6, 12/03.

Talvez se em vez de considerarmos a mentira do lado dos impuros e a verdade do lado dos fiéis se deva tentar compreender o ponto de vista sobre o qual a mentira é necessariamente mentira, e a verdade é necessariamente verdade. Precisamos, por isso, de analisar o discurso de determinada verdade/mentira e a sua acção.

Poderá a ética (o imperativo categórico de Kant, por exemplo) ser um ponto de partida partilhável por todos?

Na pós-modernidade impera a ideia de miscelanização (misto de coisas diferentes) e é, por isso, uma época muito mais complexa de analisar.

Referências:
Hannah Arendt
Walter Benjamin
Thomas Kuhn
Anthony Giddens
Kant
Shakespeare, Otelo (Iago)
Instalações artísticas
Avatar (o homem que se transfigurou noutro ser para encontrar um novo sentido para a vida)

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sair de casa para...

Tenho ido a concertos, teatros, bailados,... E, tenho sempre vontade de escrever algo quando de lá saio, mas falha-me o momento e a urgência inicial acaba por se ir desvanecendo... Vim aqui, hoje, disposta a pegar num dos eventos dos últimos meses para o expor à minha maneira. Entretanto, numa viagem pelo passado, encontrei isto:

«sair de casa para um evento cultural numa sociedade fragmentada e subjugada por uma cultura televisiva redutora é um ritual de celebração e um essencial espaço de crescimento»

[Rui Horta, citado pelo TeCA em 2006]

Continuo a concordar plenamente. Gosto deste ritual de celebração: do escolher sair de casa para... em vez de ficar a fazer nenhum. E esta escolha chega mesmo a suplantar a outra mais importante (?): sair de casa para ver o quê?...

Portanto, por hoje, fica apenas a reflexão, com votos de que saiam de casa e invadam os teatros e auditórios da cidade.

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quinta-feira, março 11, 2010

O que havemos de fazer se até a música já se rendeu aos vegetais?

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Tenham tomates, pá!

Ganda Cavaco. É assim mesmo. Querem sangue? Saltem vocês para a arena e tentem as vossas próprias chiquelinas. E se não tiverem mãozinhas para lidar a besta fiquem mazé caladinhos e tentem antes fazer o vosso trabalho; ou então, se nem isso souberem fazer, tentem pelo menos organizar os vossos cabestros antes de se porem a mandar bitaites.

Quanto à entrevistadora, que mais parecia estar a entrevistar um adepto de futebol sobre o desempenho da sua equipa (juro que por momentos me convenci que ela ia perguntar o que é que ele achava do resultado do Arsenal-Porto) ainda se livrou de sair de lá com um bom par de bofetadas.
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quarta-feira, março 10, 2010

Negócio & Liberdade de Expressão, Lda

Negócio

Certa manhã
ia eu pelo caminho pedregoso,
quando, de espada desembainhada,
chegou o Rei no seu carro.
Gritei:
— Vendo-me!
O Rei tomou-me pela mão e disse:
— Sou poderoso, posso comprar-te.
Mas de nada lhe serviu o seu poder
e voltou sem mim no seu carro.

As casas estavam fechadas
ao sol do meio dia,
e eu vagueava pelo beco tortuoso
quando um velho
com um saco de oiro às costas
me saiu ao encontro.
Hesitou um momento, e disse:
— Posso comprar-te.
Uma a uma contou as suas moedas.
Mas eu voltei-lhe as costas
e fui-me embora.

Anoitecia e a sebe do jardim
estava toda florida.
Uma gentil rapariga
apareceu diante de mim, e disse:
— Compro-te com o meu sorriso.
Mas o sorriso empalideceu
e apagou-se nas suas lágrimas.
E regressou outra vez à sombra,
sozinha.

O sol faiscava na areia
e as ondas do mar
quebravam-se caprichosamente.
Um menino estava sentado na praia
brincando com as conchas.
Levantou a cabeça
e, como se me conhecesse, disse:
— Posso comprar-te com nada.
Desde que fiz este negócio a brincar,
sou livre.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera" Tradução de Manuel Simões
Fonte

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The tourada must go on

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fw: o cantinho do hooligan

Quebro o silêncio prolongado para partilhar convosco a prosa de Francisco José Viegas sobre o jogo desta noite. Ide lá espreitar! Um excelente compensan para a indigestão da francesinha...

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terça-feira, março 09, 2010

São as audiências, estúpido!

Mesmo sendo matéria que desconheço por completo, imagino que (como quase tudo hoje em dia) a forma como as notícias devem ser agrupadas e a sequência com que devem ser apresentadas nos telejornais seja objecto das mais diversas teorias, de estudos aprofundados, de descobertas de uma Universidade americana, de teses de mestrado e por aí adiante.

Não deixa pois de suscitar a minha curiosidade qual é a escola que inspira os responsáveis pelo alinhamento dos telejornais nos nossos principais canais de televisão.

Aposto que é uma muito moderna.
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O amor é um espremedor de citrinos

O amor é um sistema anti-gotas,
uma tampa de protecção
para solenizar o momento.

O amor tem 130 W de potência,
é eficaz e produtivo,
oferece-lhe um design ultra moderno
e é, por isso, uma grande oportunidade.

O amor poderá ser expedido
dentro de 9 dias.
Possui botão ON/OFF,
tem selector de funções
(desligado, manual e automático),
pega ergonómica amovível em material Soft Touch
e enrolador de cabo.

Fonte

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sexta-feira, março 05, 2010

We're all mad here

Nada melhor do que o último filme do Tim Burton para ajudar a perceber que o país inteiro caiu mesmo no rabbit-hole.

O que não falta é gente a correr em círculo, baralhos de cartas armados em poderosos exércitos, ordens espúrias para que se cortem cabeças, e tantas outras alucinações dignas da melhor trip.

A ver quando é que a jovem Alice acorda do seu sono….
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Produtos tóxicos naturais

Dona Melancia - Benzinho, 'cê 'viu a ideia desgenial de político alemão?
Dom Melão ainda meio adormecido por apoteose de seu clube - :&
Dona Melancia - Meu bem, desproposeram à Grécia venda de uma ou outra ilhota p'ra desequilibrar contas públicas.
Dom Melão efectivamente auto-convencido da grandiosidade de jogador A e B - Como é possível tal magnopotência e genialosidade?
Dona Melancia - Benzinho, no nosso descaso 'tou pensando nas desoportunidades oferecidas por região do barlavento ou até numa das ilhas. 'Cê acha qui sua cotação nos mercados seria desinteressante?
Dom Melão - Não há dinheiro qui remunere tal talento.
Dona Melancia - Meu bem, 'cê desconsidera então virtualidades de nossos produto tóxico?
Dom Melão - Benzinho, eu só sei qui aqueles cara são de uma maravilhosa naturalidade.
Dona Melancia - Produto tóxico natural? Como 'cê é desgenial...

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Oui, chéri, c'est vendredi


Muse - Resistance



Muse - Unidsclosed desires
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quinta-feira, março 04, 2010

Jumentos somos nós!

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terça-feira, março 02, 2010

Ler os clássicos

Sempre que alguns #digníssimos# actores sociais falam dos ignorantes (leia-se a arraia miúda)#arregaçam# os beiços, #abotoam# as mangas de alpaca e #botam# contas ao vernáculo, amiúde surpreendem com a inventividade do argumentário: os excelentíssimos invejosos, os digníssimos medíocres e os louvadíssimos representantes da #cambada#, aqueles que ousam matar a mãe por um miserável pedaço de terra.

Sempre que alguns #digníssimos# actores sociais trocam galhardetes e faustosamente #exibem# a sua verdadeira essência, malgrado o adjectivo metafórico ou a metáfora adjectivada, demonstram o que Shakespeare escreveu há muito: natureza humana é natureza humana, sangue azul, poder económico, cultura, elite, género, etc. são #vernizes# caros, mas a tinta acaba por vergar-se às #intempéries#.

É lamentável não se (re)lerem os clássicos.

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