terça-feira, outubro 31, 2006

Rasgar a roupa à boca da urna ...

Votar, como ajuizar, é, a meu ver, um acto que exige alguma tranquilidade. Será que faz sentido votar quando o coração palpita na hora de pôr a cruzinha?

Será que faz sentido propor um referendo sobre um assunto que move montanhas no coração de muita gente? O que acontece depois é o que era de esperar, de ambos os lados, as pessoas usam argumentos que só são compreensíveis como desabafos - para não explodirem.

Deixo-vos com as palavras do Vasco M. Barreto:
"As piores posições sobre o aborto não são as de quem de nós discorda, mas aquelas que resultam das indicações do líder espiritual ou de pressões de grupo para que se seja progressista, dispensando qualquer análise crítica. Sem querer abusar do tom paternalista, o meu conselho é que aos cronistas do costume o leitor prefira outras fontes onde o aborto é discutido sem grandes estados de alma, sem ataques pessoais, sem distorções e com o desenvolvimento que o problema merece. A julgar pela amostra (pdf), o livro A Ética do Aborto, Perspectivas e Argumentos com organização, tradução e introdução de Pedro Galvão, parece-me ser um bom ponto de partida."
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Mordillo

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a insistência insular

O psd madeira cresce em mediocridade. É um gigante que esquece as razões do seu gigantismo e engole o seu Eu racional dentro do seu desajustamento ósseo que se suplanta e cai no mar circundante. Os seus dirigentes são fruto de uma "chama" que apela à segurança unipessoal que garante o seguidismo e a carreira política facilitada por demais.

FLama? os pitos engravatados, laranjinhas por comodidade, que não têm vergonha do que dizem será que sabem o que quererá dizer?

30' tões atrofiados, encharcados de jantares e tertúlias políticas facilitadas pela carreira que escolheram e pelo partido que os acolheu, vítima da maioria atrofiada que ganharam, pedinchões que ninguem esperava, lobby'iistas inesperadamente cancelados monetáriamente que agora decidem revoltar-se????

o argumento ????

FLama????

cresçam apareçam e cortem nos digestivos dos jantares partidários!
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Mais uma vez...


... eu, que votarei "não" (ou talvez me abstenha), e que, pelos vistos, sou o único deste blogue nessas condições [pela primeira vez, sou o sujeito mais à Direita numa determinada questão], vou linkar o texto mais interessante que conheço contra a despenalização/descriminalização/liberalização do aborto. Com licença.
Ligeiríssimo apontamento sobre o programa de ontem: a dada altura, já não me lembro quem (mas o programa está em arquivo no site da rtp) , apelidou de "acto de amor" o de uma mãe que, infectada com o vírus da SIDA, decide interromper a gravidez. Que é como quem diz: entre viver com SIDA e não viver, o melhor é não viver. Há muito tempo que não ouvia nada de tão arrepiante dito com tanta seriedade.
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Uma Genuína Esperança

Foi útil para a dessacralização da escrita que António Lobo Antunes tivesse convidado Ricardo Araújo Pereira para a fazer apresentação do seu novo livro. Justificou que o fez pela qualidade promissora da escrita de RAP. Talvez mude alguma coisa: em Portugal só se leva a sério a escrita que tem três dramas por cada duas palavras. Por exemplo, não é muito habitual a inclusão de Mário de Carvalho entre os grandes romancistas contemporâneos. Em suma, esquece-se que o humor e a ironia são formas superlativas de inteligência.
PS: Não se entenda por dessacralização o erro ortográfico clamoroso ou o pontapé na gramática.
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Cara a descoberto

Esta moda dos comments anónimos começam a incomodar-me...
Desculpem lá qualquer coisa mas gosto de enfrentar ideias que tenham uma cara, mesmo que seja virtual... chateia-me o facto de seguir um link de alguém que se deu ao trabalho de me comentar e o resultado é 404 not found...
Logo eu que gosto tanto de socializar e discutir ideias e aprender com os outros...
É uma pena que a moda hoje em dia seja quanto mais anónimo melhor (ou deverei dizer quanto mais cobarde melhor?)
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se ao menos eles falassem

o campo adoptou-me e eu adaptei-me a ele.
viver numa vila tem os seus quês...
o principal é a perda do anonimato citadino.
o hábito de viver num cantinho "apartamental" sem ligar a mínima importância ao aspecto, cor ou manias do vizinho do lado.
aliás, dando só atenção se as manias dele desrespeitarem a minha parca liberdade individual.
ora quem se desloca da cidade para o campo
ultrapassa muito dificilmente esta barreira
por isso, até é muito comum ouvir-se:
"eu fui lá na altura da festarola, mas aquela gente é selvagem, eles até têm um sino na igreja a tocar a toda a hora e quem é que consegue dormir?"
é claro que o referido urbano até pode habitar paredes meias com uma qualquer silenciosa circular, mas são outros hábitos.
quem vive no campo ou na cidade, perto dos cemitérios, assiste hoje a um movimento muito especial, naquele lugar incómodo para os vivos.
o vulgar, nestes dias, é a habitual pacatez e silêncio constrangedor, dar lugar a um movimento frenético de seres humanos, correndo em busca de água, limpando, com ternura, as campas de mármore escuro ou alvo dos seus mortos e florindo os vasos pretos ou brancos, versão classe média; os pobres, bastante pobres, apenas limpam de pedras mais desfiguradas ou ervas daninhas, a configuração de areia que cobre a tumba do seu morto, esfregando o seu vaso de plástico, até o verdete desaparecer e resplandecer de alvura, por entre meia dúzia de fetos e flores, as mais baratas que se encontram no mercado; já os ricos resguardam a sua actividade na interioridade de um mausoléu, extraordinariamente bonitos os antigos e extraordinariamente feios os modernos. estes mortos são mais abrigados e, ao invés dos outros, não expõem orgulhosamente a colorida presença do inexprimível.
até o Celestino, o louco da vila, vem prestar homenagem aos mortos:
- é só terra e flores e gente aqui e acolá! é só terra e flores! vejam lá, é só flores! e não sei para quê, eles não falam com ninguém, se ao menos eles falassem, agora eles, eles não falam com ninguém.
a dona Engrácia passa e sorrindo diz:
- tá calado Celestino, deixa-nos trabalhar em paz.
e o Celestino compondo o seu corpo, demasiado corpulento e ajeitando o chapéu sebento, de louco, murmura bem alto:
- tão-se a rir? vocês também cá hão-de parar. ai, hão-de, pois s'hão-de!
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em campanha pelos "amiguinhos"...

E acaba hoje!!! É mau mas dura pouco… Ainda a propósito do inusitado concurso da RTP «a SPM [Sociedade Portuguesa de Matemática] incentiva os seus sócios a votarem no matemático Pedro Nunes.» Mas o que é isto???!!! É suposto votarmos pelos amiguinhos?!!! É certo que o senhor foi importante e não estou a dizer que não mereça ganhar, mas... «a SPM incentiva os seus sócios a votarem no matemático Pedro Nunes»???!!! O concurso é idiota, mas com atitudes destas ainda fica pior – admitindo que isso é possível...

Já agora, ainda sobre Pedro Nunes, a RTP escreve: «Se vivesse nos nossos dias, Pedro Nunes seguramente ganharia o Prémio Nobel.» E eu pergunto, novamente sem questionar a grandiosodade do senhor: ah sim?.. o Prémio Nobel de quê???!!!

Para quem não sabe de quem se fala:

Pedro Nunes foi o maior matemático português – e esta afirmação é, habitualmente, consensual. Viveu no século XVI, e, por D.João III, foi nomeado Cosmógrafo-Mor, tendo sido também tutor dos princípes. Deixou contributos importantes na área da cartografia e navegação, como os estudos sobre a curva loxodrómica e o nónio, abrindo caminho à elaboração de novos mapas e à concepção de novos instrumentos de navegação, sendo reconhecido como uma das grandes figuras europeias da Ciência do seu tempo.

A registar a sua grandiosidade e reconhecimento lá fora, resta dizer que é nome de cratera lunar – cratera Nonius – e de asteróide – asteróide (5313) Nunes. E, por cá, na memória recente, é aquele senhor que aparecia nas idas moedas de 100$00 e é uma das figuras no Padrão dos Descobrimentos.

Quem quiser votar no senhor que vote pelo que ele foi e não porque a SPM incentiva...
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Mais uma vez!

Mas será possível?
Qual é a parte do significado de "liberdade de escolher ter, ou não, um filho indesejedo" que não é perceptível?
Um acidente nunca será bem amado. É legítimo uma mulher não querer ter um filho acidentalmente, uma criança que cai de pára-quedas (ou será melhor dizer de espermatozóide) na sua vida sem qualquer plano ou desejo nesse sentido... ou não?!?

Em quase tudo na vida todos nós quando não gostamos de algo reclamamos o nosso direito à escolha... qual é a diferença?
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os pesadelos da maga ilógica

esta noite sonhei com uma figura pública em trajos menos próprios, ali passeando ao meu lado, despudoradamente.
consultei o oráculo, mas o motivo permanece no segredo dos deuses informais.
mas juro, depois disto, a minha vida permanecerá igual.
apenas com algumas nuances.
pois, nunca antes ousara povoar o meu imaginário, adormentado, com uma figura tão coruscante.
eu, sou inversamente proporcional à coscuvilhice televisiva dos meus opositores, sou mais dada a malignidades diversificadas e poções a preceito, todas a pedido das mais variadas e ilustres, figuras comuns.
mas a minha aversão aos médiuns expansivos, não é inocente.
no que diz respeito ao futuro da minha malvadez, considero o espalhafato dos efeitos públicos, extraordinariamente desconcertantes.
imaginar, qualquer coisa do género:
caro telespectador, com as mezinhas da maga, poderá, num ápice, enquistar o seu ex-amor.
repugna-me, sou uma bruxa às antigas, qu'hei-de fazer!
e depois, francamente, fica assaz corriqueiro objectivar a comunicação nestes moldes.
a repulsa a tamanhos efeitos, poderá ser compreensível, mas é apenas uma questão puramente comercial.
sou mais da tendência: cultivar uma certa informalidade, isto é, toda a gente saber da existência do meu produto, fazendo de conta que o mesmo não existe.
conseguem-se, assim, tornear as adversidades inerentes às oscilações do mercado, mantendo o respeitinho, mas passando incólume e invisível, perante algumas contrariedades.
diga lá, caro futuro cliente, se isto não é uma excelente estratégia de marketing?
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Do optimismo

Olhar-se ao espelho e filosofax:
excelente a maquilhage natural (vulgo olheiras) propícia a um invulgar dia das bruxas.
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Novos conceitos

Ontem, no programa Prós e Contras, acerca da IVG, um médico afirmou que o planeamento familiar entre 1995 e 2005 estabilizou. Fátima Campos Ferreira, esse ícone no mister da (ent)revista à portuguesa, sempre solícita, inquiriu: «estabilizou para mais ou para menos?»
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americanices

Lembra-se de cada coisa este pessoal...

A ideia nem é nova. É assim uma espécie de "lista de caloteiros" tão em voga nas montras das lojas e mercearias do Portugal pós-Durão/Santana/Sócrates adaptada à realidade da globalização. Mas não deixa de ter o seu interesse. Só acho que a página não se deveria chamar www.dontdatehimgirl.com, mas www.dont.be.stupid.like.i.was.com, ou www.i.was.dumped.and.one.way.or.the.other.i.will.get.my.revenge.com, ou ainda www.I.wasnt.good.enough?lets.see.if.you.can.get.laid.now.you.dumbshit.looser.com. Em qualquer dos casos, parece-me ser mais despeito que preocupação o que move estas "vítimas".
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já não estou habituada

a trabalhar a esta hora e trabalhar, a esta hora, também cansa.

amanhã em qwerty 3001 é noite de bruxas, ao que parece a Fernanda da Burra vai cantar pelos quintais d'além. a mulher desde que s'apaixonou anda improvável!

eu tou a fazer de conta que tenho de ir dormir, mas deu-me ganas de vir aqui espreitar.

é o que é, andarmos nestas vidas, noite fora.
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segunda-feira, outubro 30, 2006

ao menos, assim só se estraga uma casa

Luis Rainha discorre longamente sobre o jornal "Sol", vertendo algum fel sobre os seus ódios do costume. Mas, pergunto eu, quem é que pode engolir a inenarrável* Margarida Rebelo Pinto? É que nem com ostras. A croniqueta termina com a frase que dá título a este post, em jeito de punch line.

O que mais me impressionou foi a inteligentíssima citação do Arquitecto «“Casais do Futuro”, em que ambos trabalham ao mesmo nível: “as mulheres começam a não aceitar ficar na sombra dos ‘grandes homens’, querem ter existência própria”».

Com o domínio que as mulheres têm hoje nos bancos da universidade (em número e competência), suspeito que, mesco com baixas de parto, se não fosse o facto de os homens dominarem ainda as cúpulas das empresas, as mulheres rapidamente passariam a auferir de ordenados superiores aos dos homens. Mas como diria o Pacheco Pereira numa frase que cito de memória: a mãozinha invisível para cumprir o seu papel tem que ser mesmo invisível. Adam Smith no seu melhor. Garanto-vos que digo isto sem ponta de conotação erótica.

* perdoem-me não justificar longamente o qualificativo, mas quem não percebe isto não
percebe nada, e eu felizmente tenho mais do que fazer com o meu tempo.
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O'QueStrada

Na semana passada, finalmente, assisti a uma actuação dos O’QueStrada, desta feita integrada nas “Quintas de Leitura” do Teatro do Campo Alegre (no Porto). Luzes coloridas atravessam o tecto da sala, a fazer lembrar as festas populares. “Sobe” ao palco apenas um músico, com uma bacia, um pau e uma corda. Bacia pousada no chão virada para baixo, pau espetado na bacia e corda esticada ao longo do pau... et voilà, um contra-bacia! – uma espécie de contrabaixo artesanal com uma só corda. Iniciam-se as musicalidades com um solo desta coisa acompanhado de uma letra em francês. Junta-se uma guitarra portuguesa, que foi tocada de todas as maneiras possíveis e imaginárias, desde o tradicional dedelhar ao toque com um arco de violino. Uma voz feminina meio fadista meio não sei o quê entra gingona e trocista colorindo um pouco mais a pintura. Uma guitarra tocada com força acelera os ritmos, e uma voz masculina grossa, saída bem lá do fundo aproxima-nos de um hip-hop cantado em tons de hard-rock. Por fim, um acordeão completa harmoniosamente todo este conjunto. Os cinco músicos tocam ainda mais meia dúzia de instrumentos “secundários”. Há movimentações e iluminações muito particulares que vão criando diferentes atmosferas. O que daqui sai é uma alegria contagiante ao som de ritmos, línguas e pronúncias muito variados. Os originais primam pela simplicidade bem disposta e há também versões inimagináveis e de músicas conhecidas. É uma actuação descontraída, uma espécie de serão de amigos num arraial!

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Pescadinha de rabo na boca

Sócrates critica Santana, que criticava Barroso, que criticava Guterres, que criticava Cavaco, que criticava Soares, que criticava Cavaco, que criticava Guterres, que criticava Barroso, que criticava Santana, que critica Sócrates. E, exceptuando Santana que serve aqui como a excepção que confirma a regra, todos dizem de todos que são personalidades incontornáveis de Portugal. Uma água das pedras, por favor.

PS: Actualização ao dicionário: o verbo “criticar” significa «acto de conduzir o país em direcção ao abismo».
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Contra os eufemismos

O Tarrafal fez 70 anos. Escrevo «o» Tarrafal e não a prisão do Tarrafal, porque o que está em causa é um campo de concentração, e não uma vulgar penitenciária. Permitam-me utilização deste minimal preciosismo linguístico que, no limite, poderá ser caricato. A necessidade do seu uso advém da experiência anterior: a aplicação de amortecedores linguísticos sempre foi o melhor ponto de partida para perdoar o imperdoável.
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Muro da China ou Há Bicho Carpinteiro!

Será que é isto que se passa? Joana Amaral Dias terá razão? A confirmar-se que aquilo é um boato encontramo-nos perante uma distorção de conhecimento mutuo. Não sendo boato pode ser que se esteja a cair no erro de repetir a negação do célebre “arrastão” que tão depressa tomou proporções gigantesca como de repente virou boato.

Seja como for, a verdade é que num ponto discordo de JAD: se é verdade que são necessárias "medidas – quer políticas, quer culturais, quer comunicacionais ou comunitárias, que promovam a integração das diferentes etnias. O que, convém não esquecer, pode ter consequências altamente prejudiciais quer para as comunidades de imigrantes, quer para o país" também é verdade que não vemos grande motivação de integração (que não económica e comercial) por parte dos imigrantes chineses. Não temos de ser sempre nós os maus da fita. Aliás, aqui não há bons nem maus, há factos. Os chineses vêm para Portugal abrir lojas e expandir o seu comércio, os portugueses vão às compras a estes estabelecimentos e aos sabores da sua gastronomia com naturalidade. Vivem num mundo próprio, quase 24 horas por dia nas suas lojas, domingos, feriados e afins, gozando de um regime diferente dos lojistas portugueses. Integração sim, mas convém que haja vontade do “outro”*

* termo corrente e académico usado para designar o não-ocidental.
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Tristes figuras ...


"Apesar daquelas letrinhas que estão a seguir aos nomes das empresas, a RTP e a Lusa são, de facto, empresas estatais. É o Estado, a malta toda, que as paga. Se isso deveria, ou não, ser assim é uma outra história.
E, já que estou numa maré de dar umas borlas, aí vai outra informação preciosa. Da próxima vez que o João quiser ver notícias de mau tempo e até de outras desgraças ligue antes a RTP1, a Dois ou a RPN. A RTP Memória não dá coisas dessas...
Ah... da RTP Madeira, apesar de ser paga também por todos nós, não sei nada, nunca vi. Mas acho que deve dar discursos de outro dos seus ídolos a todo o momento. Enfim... desde que não seja em cuecas, ou meio (?) alcoolizado na praia de Porto Santo. Como sabe (não sabe o João outra coisa, leitor fiel que é do Grande Explicador...) a televisão pública não deve mostrar as pessoas nessas figuras. Não com o nosso dinheiro." in french kissin'

Hoje está-me a dar para isto do plágio o que é que querem ...
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Directo ao assunto

"O incumprimento da lei — desta em particular e de quase todas as outras em geral — releva do clausulado que atira para cima de hipotéticas “comissões técnicas de certificação” o ónus da prova. Num país em que ninguém assume individualmente a sua quota de responsabilidade, e isto serve para todos (ainda outro dia assistimos ao clamoroso caso que ilibou uma resma de engenheiros, profissão que não cuida propriamente do sexo dos anjos), por que carga de água os nossos obstetras teriam tomates para decidir sem muleta? Por que razão a lei funciona em Espanha e aqui não? Porque em Espanha a classe médica endossa à mulher a responsabilidade de declarar se há, ou não, dano psíquico, e se o mesmo tem, ou não, carácter reversível. Ou seja, ninguém se encosta ao parecer de nenhuma “comissão técnica de certificação”. É tão simples como isto. O nosso referendo é uma válvula de escape. Acredita que, mesmo com a vitória folgada do SIM (e eu, para mal dos nossos pecados, duvido da nitidez dessa folga), as coisas mudem? Trinta anos de democracia não chegaram para mudar as mentalidades. É triste, mas é verdade." Eduardo Pitta
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dia de mercado em qwerty 3001

segunda-feira, dia 30 de Outubro do ano de 2006 , d.C.

um qwertyano de gema levanta-se ainda a aurora namorisca a geada e cohabitando, ainda meio em folguedo, pelos quintais, numa espécie de reverência natural.

é tempo de tratar do porco, da vaca, das galinhas e da recente ninhada de láparos, lindos, lindos de dar gosto.

depois de tratar da bicharada, o maltês dirige-se até ao tasco do Zé e vira um tinto fresquinho, pois são oito horas da manhã e carece de, bem cedo, matar o bicho.

quanto à patroa? bem, vai matar o bicho no café, e dar um pouco à língua co'as comadres, pois a mulher passa a semana a pastar co'as ovelhas e precisa de falar com desumanos, senão dá com o maltês em doido.

em qwerty 3001, a intelectualidade de momento são os escapes d'água.

diz, muito ditosamente, o Manel Ferreiro:

- atão o pessoal já sabe o que aconteceu ao rio Alva?

responde o Zé Azeiteiro:

- parece que as ovelhas foram levadas pela cheia e agora o rio tá todo infectado!

acrescenta o maltês:

- ó homem de Deus, atão e foi por isso que fecharam a água?

anui o Manel Ferreiro:

- meus senhores, vamos lá a ter tento na língua, então se bebessem água inquinada fartavam-se de desancar no homem, portanto o homem até fez o que lhe competia, mandar fechar a água até se revolver o inquinamento.

retoca o Zé Azeiteiro:

- atão, mas eu quero lá saber qu'a água esteja inclinada, o que eu quero saber é que queria lavar o curral do porco e da vaca e nem uma gotinha espirrava da torneira.

escandalizando-se com o desperdiçador:

- ó homem de Deus, vossemecê tem a lata d'aguar o curral dos animais com água da companhia? ó homem, vossemecê nã tem um poço?

fustiga o Zé Azeiteiro:

- atão mas que tem vossemecê a ver com isso? eu nã sou desses incorruptíveis qu'andam sempre a fugir aos impostos, eu gosto de pagar aquilo que despendo.

abanando a testa e submetendo-se à inteligência:

- ó homem, mas o que tem a ver o cú co'as calças?

e meio arreliado, depois de escorropichar a malga, lá vai o maltês à vida, mas, pelo caminho, ainda negoceando meio cento de couves pra plantar no quintal.
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habilidades

Diz o luís, mais abaixo o seguinte:

"Honestamente, o que eu mais lamento é que as nossas universidades sirvam para treinar as pessoas neste tipo de habilidade e não para lhes fomentar a criatividade, mas isso é outra guerra que já nada tem a ver com o MST ..."

as habilidades são:

"Não há nada de ilegal no uso de fontes ou numa citação devidamente assinalada. Obviamente a forma como as fontes são usadas é uma parte essencial para avaliar uma obra, seja ela de ficção ou não, mas isso não deve ser confundido com práticas de natureza ilegal."

Há uns anos, um amigo fazia uma tese de mestrado na área da filosofia, já não lembro o tema, e ia comentando e mostrando o seu trabalho a alguns colegas de ofício. Todos os presentes reverenciavam entusiasticamente a forma como o Jorge (o tal amigo, fictício) elaborava a sua doutíssima tese, só eu, infelizmente, desafinava da inspiração.

Sinceramente, considero muito pouco original qualquer tipo de trabalho que apresente três ou quatro linhas de texto e fastidiosas notas de rodapé. Quando vejo teses deste género, dá-me sempre a sensação que estou perante alguém, cujo pensamento ainda está em fase embrionária, algo que considero positivo, mas como ponto de partida para algo mais criativo, como diria o luís.

Nas Universidades abusa-se da utilização da imaginação sintética, a tal que organiza o conhecimento, mas, peço desculpa digníssimo leitor pela ortografia, "desabusa-se" do uso da imaginação criativa, isto é, aquela que entra em contacto com a criação de algo novo.

Poderá o excelentíssimo leitor obstar: ah, mas para isso é preciso tempo! Posso presenteá-lo com uma insustentável piscadela de olho?

tempo e génio, caríssimo, tempo e génio!
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Bom 2007!

Cortes no Orçamento de Estado 2007:
Que se aguentem na área da saúde, da educação, da cultura, do ambiente e ordenação do território, na economia e inovação e nas obras públicas, transportes e comunicações...

Bom 2007 aos menos importantes de todos!
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domingo, outubro 29, 2006

Jornalistas & Bloggers [ou pela boca morre o peixe]

O nível está a descer bastante, mas a dúvida persiste: será a propagada nefasta influência blogosférica, ou, simplesmente, o espírito de isenção de alguns jornalistas do regime a vir à tona?
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A blogofobia de Miguel Sousa Tavares


Todos os sábados, invariavelmente, inicio a leitura do Expresso pela crónica de Miguel Sousa Tavares. Faço-o, porque aprecio bastante o seu estilo de escrita, fundamentado, e agressivo-provocador. [desde que o tema não seja o futebol]

Sobre o caso que o está a afectar profundamente [e compreensivelmente], comecei por achar alguma piada à resposta que os dois bloggers anónimos lhe deram, porém, nos últimos dias, os referidos bloggers alteraram de sobremaneira a mensagem que estavam a passar, e perderam a graça toda. Ainda para mais, agora, retiraram tudo o que tinham escrito e transformaram o freedomtocopy.blogspot num blogue que pretende divulgar a obra de MST. ["passaram-se" de vez]

Quanto ao ofendido, também não olhou a meios, e recorreu sem qualquer pejo à imprensa escrita para lançar suspeitas sobre «um bloguista do Bloco de Esquerda que gosta de pôr coisas anónimas, (…) e um escritor falhado e invejoso, cuja produção literária consiste em destruir os outros». Quem conhece mais ou menos a blogosfera começa logo a matutar, e nomes como os de Daniel Oliveira, Hidden Persuader, e da dupla Carlos Leone/João Pedro George, começaram logo a ser falados. Destes quatro nomes [três blogues], só costumo acompanhar o Arrastão – e não me parece nada que Daniel Oliveira encaixe no perfil de suspeito. Os outros, conheço mal, mas é injusto, e cobarde, lançar falsas suspeitas sobre pessoas que o mais provável [e até prova em contrário] é nada terem a ver com o caso. E como «em cada cabeça, a sua sentença», outros nomes de bloggers poderão acabar por vir à baila.

É pena, porque a força de MST vem do respeito que conseguiu, meritoriamente, junto do grande público, e é sabido que não é muito acarinhado pelos seus colegas de profissão – que só o respeitam [publicamente], porque o temem. [não foi por acaso que os bloggers acusados tiveram acesso, antecipadamente, ao texto que MST publicou este Sábado no Expresso] Mas quando se trata de mediocridade, não há diferença qualitativa entre o que se escreve num jornal ou num blogue.

PS. Segundo informação do Aspirina B, o Freedom foi «hackado», e está agora disponível aqui. A "coisa" está a ganhar contornos surrealista, e o Fernando Venâncio acaba de engrossar a lista de bloggers anónimos suspeitos. :)
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É que não precisam de dizer mais nada ...

Meus caros amigos, eu sei que vocês são inteligentes, e que sabem argumentar com rigor, por isso por favor não levem este post muito a sério. Ora aqui vai:

Se eu vos perguntasse qual é a relevância da practica da poligamia e do incesto no Utah para o conflito Isrealo-Libanês o que é que vocês me respondiam?

Isto não é nenhuma piada de mau gosto, os homens nu Utah têm uma várias mulheres e quando as respectivas filhas crescem também se tornam elegíveis para practicas sexuais. É mesmo verdade, e á a única parte relevante deste post. Na minha opinião. É que se calhar a última coisa que as vítimas de tais practicas ediondas precisam é que as venham usar para assuntos que em boa verdade nada têm a ver com elas ...

E eu nem sou, por princípio, contra intervenções militares por ingerência humanitária.

Apeteceu-me dizer isto.
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Directo ao assunto

«Nessa matéria [das promessas], não valorizo aquilo que é o compromisso eleitoral(...) mas o realismo das medidas que o presente e o futuro impõem.»

Dias Loureiro, Correio da Manhã de ontem, citado pelo Público de hoje.
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Os animais são nossos amigos?

Tenho um cão todo preto chamado Buba, e desde sexta-feira à noite que não consigo encarar bem o bicho. Chamem-me faccioso…
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notas de domingo

ponto 1 - eu hoje dormi mesmo bem.
e não é que acordei com uma excelente manhã Outonal?
há dias que vale a pena acordar!

ponto 2 - num teste de inglês do 5.º ano, um dos exercícios:
Completa as frases com am, is ou are.
Example
My friend is twelve
Pergunta de leiga: então agora o verbo To Be é ser, estar e ter?

ponto 3 - o Lobo Antunes é, para mim, um escritor singular. Já, várias vezes, questionei cartesianamente a minha má vontade, mas a senhora, exausta e exangue, responde superiormente: aquilo romances? Eu juro que tento retirar-lhe um pouco mais de conteúdo, pois assim não me parece digna de anuência intelectual, mas... eu sinto no ar, digníssimo leitor, uma espécie de relação mal resolvida com o senhor.
O digníssimo leitor, ainda poderá obstacular: e depois, o homem sobrevive na mesma!
Perante tão bela sentença, resta-me saltar para o ponto 4.

ponto 4 - persisto na minha velha dificuldade em aliar a teoria à prática, falo-vos num aspecto bem preciso: o exercício físico.

ponto 5 - correcção ao título da crónica de Miguel Sousa Tavares, no Expresso : bloguersconspiration!
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sábado, outubro 28, 2006

O Escritor Maldito


"Eu gosto desta terra. Nós somos feios, pequenos, estúpidos, mas eu gosto disto."
António Lobo Antunes
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das "ofertas" nas nossas bancas...

- Tem a Visão?
- Ora aqui está, menina!
- A Visão esta semana traz um cd...
- Não... a Sábado traz um livro...
- Pois, mas a Visão traz um cd.
- Um cd?... Mas um cd, como?
- [penso "um daqueles redondos que toca música!" mas contenho-me...] Faz parte de uma colecção de música portuguesa que tem saído com a Visão nestes últimos tempos.
- Ah, então não é isto... [apontando novamente para o livro da Sábado]
- Não. É um cd!
- [remexe num monte de coisas numa prateleira...] Será isto?
- É sim!
- Pois, mas eles não avisaram nada... [olhando desconfiado para o guia de remessa que ainda envolvia o cd]
- Mas é isso! Posso levar?
- Mas quer levar a revista e o cd? [um bocado incrédulo]
- [penso "nãããããã!!! eu estive aqui à espera que achasse o cd, mas é só porque não tenho mais que fazer"] Sim!
- Então deve ser 2€75 + 5€99... é o que diz aqui... É que eles não avisaram... Eu sei que esta aqui traz um livro [mais uma vez apontando para a Sábado], mas não sabia deste cd...
- [pago] Obrigada! [penso: "alguém que vá lá comprar a Sábado ao homem, para ele poder oferecer o livro e sentir-se mais feliz!!!"]

Parece-me um bocado mal comprarmos as revistas apenas pelas ofertas que elas fazem... Mas isso só prova que a estratégia de markting resulta momentaneamente. No entanto, os resultados a longo prazo continuam a depender exclusivamente do conteúdo da revista: quem compra apenas pela oferta, não o fará se ela não existir. A oferta é uma boa maneira de chegar a públicos que habitualmente não compram a revista e que, depois de a terem na mão, até possam constatar que é interessante.

E eu, pecadora, me confesso: ainda não abri a revista, mas o cd - "O lado errado da noite" de Jorge Palma (1985) - já vai tocando no computador... Vivam as ofertas!
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Deus disse: faça-se a luz, e a luz fez-se (1)


As semanas vão passando, e estou cada vez mais me convencido de que o Sol está para o Sócrates, assim como o Independente esteve para o Cavaco.

(1) Genesis 1, 3
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eu SCUTO, tu SCUTAS, ele SCUTA,...

peço desculpa, digníssimo leitor, mas a política tem aspectos que não posso deixar de apreciar como metafísicos.

se lhe aceder ao pensamento qualquer coisa do género: outra alienada!, tem absoluta razão e tiro-lhe o chapéu, é, efectivamente, um apercebimento ilustre.

mas não é só a política, em si, é todo o folclore a nascente, os jornalistas, os comentadores políticos, a opinião pública, etc., etc.

a actividade jornalística deveria ter como pressuposto informação certificada, mas assistimos aos grandes títulos jornalísticos extremamente bem decorados, uma espécie de travesti, resguardando-nos do essencial.

vejamos um exemplo:

hoje na TSF, a grande notícia é a adjudicação de estudos sobre as SCUT, por ajuste directo, a uma empresa fundada por um adjunto do secretário de estado das Obras Públicas, ao que parece, o adjunto de Paulo Campos (SEOP), dois dias antes de ser nomeado como adjunto, cessou funções como administrador na empresa (conferir Jornal O SOL e TSF).

a confecção picante da notícia: os estudos foram adjudicados por ajuste directo, remetendo para um pensamento prosaico: estes gajos é tudo a mesma trampa (para ser absolutamente simpática com os ouvintes, algo que é bem-parecido ter em conta).

é, aliás, abundantemente trivial, pressupor-se que qualquer trabalho adjudicado pelo estado esteja sujeito a um concurso público, mas isso faz parte do senso comum e pouco picante para os jornalistas em causa, génios da notícia e talentosos renovadores.

mas encaremos o tratamento da notícia como séria e certificada, pois a jornalista da TSF e de O SOL até a finalizam da seguinte forma: "Fonte oficial do MOP diz que os valores dos dois estudos não obrigam à contratualização por concurso público".

ambos os jornalistas prestaram um serviço singular à opinião pública: consideraram irrelevante sabermos o valor em causa, isto é qual a quantia subjectiva que torna dispensável a imparcialidade de um concurso público.

caríssimo leitor, não pense que considero de todo aceitável que um membro do governo esteja envolvido em altercações de género, mesmo que Gueifão, o tal adjunto, tenha vendido os 20% do capital social da F9 Consulting, a empresa envolvida no show erótico.

contudo, também lhe daria a seguinte piscadela de olho inaceitável: uma coisa é o político, outra coisa é o cidadão comum.

efectivamente quem anda por aí, depara-se, com raríssimas situações de género, e se puder até nem concorda e nem amarfanha uma pitada deste género de especiaria deveras apimentada.

é de bom-tom desancarmos nos políticos por fugirem aos impostos, porque todos nós damos esse digníssimo ensinamento, como na compra de uma casa, por exemplo, a maior parte do cidadão comum faz questão de assinalar, na escritura, o dobro do seu valor, pois o cidadão comum é um digníssimo exemplar, digno de exemplo.

mais uma piscadela de olho: se todos damos o exemplo, é mais que óbvio que todos façamos parte da excelentíssima comissão dos bons costumes.

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Alzheimer

«Caso seja eleito, as auto-estradas sem custo para o utilizador vão permanecer sem custos. (...) Foram obras socialistas. Não seria agora, pelas mãos do PS, que as portagens se tornariam uma realidade.»

José Sócrates, Covilhã, Fevereiro de 2005
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Welcome to the Death Clock (TM)


A Internet está a ficar cada vez mais tétrica – até já existe um site que se propõe dar a conhecer a todos os interessados a hora exacta da sua morte, e quantos segundos faltam para tão inexorável fim. Tenebroso!
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sexta-feira, outubro 27, 2006

olha que novidade?!

Portugal é um dos sete Estados-membros da União Europeia sem perspectivas de cumprir os objectivos de Quioto, mesmo recorrendo a medidas suplementares para reduzir as emissões, indica um relatório hoje divulgado pela Comissão Europeia.

Hoje, como ontem, o progresso é ainda distinto de desenvolvimento sustentado. O crescimento económico, a produção industrial, a engrenagem dos tempos modernos, não coabitam com o ambiente. Cumprir Quioto não é ainda uma prioridade nem parece vir a ser, apesar das medidas de incentivo. Chegará o dia em que o ambiente e o progresso andarão de mãos dadas?

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Serviço Público

Até à data, a sempre tão activa central portuguesa de abaixo-assinados, tão justamente preocupada com a morte de mulheres e crianças durante a recente guerra no Líbano, não arranjou tempo para se interessar pelo assunto.
Manuel António Pina, via Farpas XXI
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Sofia Ribeiro


aqui poderão ouvir quatro das músicas de "Dança da Solidão" desta jovem cantora, que ficou em segundo lugar no concurso internacional "Young Jazz Singers", que se disputou em Bruxelas em Outubro de 2005 (conferir aqui).
confesso, ela canta o que eu gosto mais de ouvir: jazz, bossa e fado.
lançou, a expensas próprias, o seu primeiro Cd, gravado ao vivo no Luxemburgo.
voz quente e ainda muito por rodar, mas promete!
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Vale a pena ler

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Os suspeitos do costume


"Um dos suspeitos é bloguista do Bloco de Esquerda que gosta de pôr coisas anónimas, por uma questão de traumas pessoais, e o outro é um escritor falhado e invejoso, cuja produção literária consiste em destruir os outros"

Miguel Sousa Tavares
Fonte:
DN
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uma epístola das finanças

chega descomplexada, sem ousar contrariar.
é uma dama extraordinariamente braçal e folclorística, rosa branca e imponente na cabeça, saia rodada, rosas também espampanantes e esbanjando alegria.
abana ligeiramente a cabeça quando a interpelam e murmura frases circunstanciais para a vizinhança.
quando lhe perguntam:
- então, dona estrela, como vai o paizinho?
roda a saia colorida e abana o leque descomprometido relatando:
- qué qué isso meu? ó jorginho passa a bola pró josé, josé ergue a cabeça, descontrola o adversário, remata para a baliza, apanha o frangueiro desprevenido, ripa na rapaqueca! e é goooooooooooooooollllllllllllllllllllllooooooooooooo do Maria Vitória! golo! golo é golo! há grande josé, és um monumento!
a criançada puxa-lhe a saia, que desce feito elevador do século XVIII, os adultos incrédulos afastam-se, murmurando entre dentes:
- coitadinha, desde que recebeu a epístola, ficou neste estado!
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Blair


No momento em que Tony Blair se prepara para abandonar o lugar de Primeiro Ministro no Reino Unido, interessa avaliar qual foi o seu papel na invasão do Iraque. De resto uma maioria significativa dos britânicos opôs-se à participação do Reino Unido na invasão do Iraque.

Convenhamos que Tony Blair é um líder carismático e que teve o mérito de preparar um partido vindo da mais arcaica esquerda para governar. No que respeita ao Iraque a minha suspeita é que se dirá que George Bush foi o fulcro da vontade de invadir o Iraque enquanto Tony Blair foi um fulcro de caracter argumentativo. Suspeito também que ele o terá feito para agradar a Grorge Bush e à opinião pública americana, protegendo assim o papel relativamente importante que o Reino Unido ainda mantém no concerto das nações.

No sábado imediatamente a seguir ao início da invasão do Iraque, às 10 horas da manhã, estava a manifestar-me em frente à Downing Street. Acreditem que sempre tive pruridos em participar neste tipo de manifestação, é de facto chato estar numa manifestação onde algumas pessoas defendem abertamente o direito da Coreia do Norte deter armamento nuclear. Das coisas que mais me impressionou nesse sábado foi ver gente a bater tachos à frente da residência de Tony Blair às 10 horas da manhã. É chato! As fotografias da famigerada cimeira dos Açores apresentadas nos jornais mostravam claramente um Tony Blair a dever muitas horas ao sono. Curioso é também que os Britânicos tenham reeleito Blair (apesar do Iraque) devido ao sucesso da sua política interna.
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quinta-feira, outubro 26, 2006

D.Quixote e Sancho Pança


«Los portugueses están para los españoles como el vino está para el agua, la única semejanza es que son ambos un líquido. Teniendo Cervantes como referencia, los portugueses son "D. Quijote": Soñadores, toman las sin ir al grano, estoicos; nobles, con animo de sufrir, valientes sin pedir recompensa ni pensar en ella, poco sentido practico??Los españoles son como el "Sancho Panza": reactivos, poco cerebrales, prácticos, concretos, piensan solo en el inmediato, les gusta la sangre, son menos valientes (individualmente), más crueles, con menos capacidad de perdón ?. Son pues dos maneras de vivir y ver el mundo muy distintas, incluso contrarias. Son dos países que han vivido toda su vida dándose las espaldas, así que se han formado dos psicologías distintas, el portugués es un hombre de la costa, es marítimo aunque pueda no ser marinero, el español es un hombre de tierra con todas sus características (olvidando las zonas que no lo son). Somos pues dos realidades distintas, sin características ni voluntad para bodas, pero una buena amistad es posible y deseable pues los amigos no tienen que ser similares pero para casar tienen que ser compatibles y nosotros no lo somos.»(1)

(1) Curiosa analogia [escrita em portenhol], deixada sob forma de comentário por um compatriota nosso, num artigo de Miguel Ángel Belloso intitulado, «Portugal y España: el eterno desencuentro». Publicado no Expansión.com.
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Do Optimismo

Dia a dia, vivem num fingimento completo. Ao acordar, fingem que a discussão da noite passada está ultrapassada, quando mais não está do que guardada para servir de arma de arremesso na próxima. Na casa de banho, colocam todas as mistelas necessárias à ocultação da fealdade do odor e do aspecto corporais. Entram no carro com os filhos e, enquanto falam enlevadamente com eles, transformam-se em sicários na estrada. Chegam ao trabalho a sorrir para fingir o contentamento com aquele emprego. Ao almoço, comem uma asséptica pasta com um nome estrangeirado, bebem uma zurrapa de pé, caro, regozijam-se pela sorte de ter meia hora de almoço e por nunca terem comido uma mixórdia tão parecida com um manjar dos deuses. Chegam a casa cansados, derrotados e fingem interessar-se pelos problemas da/o companheira/o e pelas notas dos filhos. Na cama, enquanto fazem amor, ele finge pensar nela, enquanto ela finge um orgasmo. Ambos se apercebem, mas como já houve discussão ontem, fingem que foi o melhor de sexo toda a vida. Dormem, acordam e repetem.
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Santa Ignorância

Cerca de 10% de portuguesinhos ainda acham que o HIV é contagioso ao toque.
Outros 11% não têm a certeza...

Para quem ainda anda confuso aqui vai um ligeiro esclarecimento:
O HIV/Sida transmite-se se:
* for picado por uma seringa que tenha sido usada por alguém infectado
* receber uma transfusão de sangue contaminado
* tiver relações sexuais sem a protecção do amigo preservativo...

Santa ingorância a minha, no final de contas... Eu que na minha santa ingenuídade achava que este assunto já estava mais do que esclarecido!

Para mais informações... http://www.rtp.pt/index.php?article=256255&visual=16
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Burton Holmes Travelogues, The Greatest Traveler of His Time

O acervo fotográfico de Burton Holmes (1870-1958), recuperado do esquecimento em 2004, foi parcialmente (?) editado pela Taschen, muito recentemente.

Poderemos espreitar aqui algumas das fotografias do primeiro realizador/fotógrafo de viagens.
Tourists at the Banff Spring Hotel, Banff, Canada, 1916

Para quem gosta de fotografia e de viagens uma porta aberta às maravilhas do mundo, fotografadas durante o século passado.

Ao que parece o arquivo de Holmes estava pura e simplesmente abandonado ao esquecimento...

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já têm planos para sábado?...

Acção Clientes "Portas Abertas":
No dia 28 a CP vai abrir as suas portas a todos os que queiram viajar livremente nos comboios urbanos de
Lisboa e do Porto, bem como nos regionais e inter-regionais de toda a rede.
Nesta acção serão distribuídos aos Clientes autocolantes contendo a frase “Eu já sou Cliente CP”, os quais funcionarão como um livre-trânsito para acesso às viagens. Os autocolantes serão fornecidos antecipadamente nas bilheteiras, a bordo dos comboios abrangidos pela acção e inseridos numa edição do jornal Destak.

Esta iniciativa insere-se nas comemorações dos 150 anos dos Caminhos-de-Ferro em Portugal.
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aquilo que por cá se devia ter feito...

“Os portugueses de Newark, reunidos no Sport Clube Português daquela cidade, reuniram 8.500 dólares (cerca de 6.800 euros) para minorar as dificuldades financeiras do ex-futebolista e seleccionador nacional José Torres.”

Numa iniciativa humanista e louvável os portugueses residentes em Newark, EUA, reuniram uma quantia simbólica de dinheiro para ajudar “o bom gigante”, José Torres, herói dos magriços. Manuel Parente, promotor da iniciativa, disse que, como sportinguista, tem muito viva uma «maldade» de José Torres que datada dos anos 60, na então Taça de Ouro da Associação de Futebol de Lisboa. O Sporting levou a equipa principal ao Estádio do Restelo, onde o Benfica compareceu com muitas unidades suplentes. Aconteceu, contudo, que o Benfica ganhou 5-0, com três golos de José Torres.

Da minha parte vi-o há pouco tempo e confesso que me fez muita impressão e mágoa. Como pode a doença (Alzheimer) ter traído este exemplo de goleador e de homem? Torres não se lembra de quem foi mas ninguém o reconheceu também. Curioso, se fosse um qualquer Mantorras teria havido um assédio grotesco...

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dona melancia circulando

Ela - meu bem, já tou entendendo o desfasamento da coisa.
Ele concentrado na sua quadratura - sim, sim.
Ela - o problema dessa gente aí... sabe qual é?
Ele concentrado no círculo - sim, hein?
Ela - essa gente aí é demasiado séria.
Ele desconcentrando a quadratura - é... pois!
Ela - acho q tá faltando um pouco de pimenta na vida dessa gente.
Ele descoordenando hipotenusa - chiça, mulhê, a gente quer ouvir os experts no assunto e 'cê não deixa pensamento fluir! não há paciência, não!
Ela - mas, meu bem, 'cê não acha que essa gente se leva demasiado a sério?
Ele desperdiçando santidade - melancia, vá já prá cozinha! nos tachos 'cê pode rir à vontade, 'cê é meio doida mêmo.
Ela levantando seu tornozelo, acariciando seu pé perfeito e espiolhando qualidade de pintura - 'cê quando tá vendo esses homem aí fica execrável. Meu bem, roda baiana, roda!
Ele sorrindo e desvelando seu dente de ouro - melancia, só um pouquinho, só um pouquinho, o homem do porsche tá desdizendo, novamente, pensamento baita original.
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Agustina

Tenho ali um livro da Agustina para ler, mas ainda não o comecei. Um problema económico, como não conseguimos viver sem trabalhar, o tempo sobra para produzir, mas limita-se quanto aos prazeres.
Assim, desde o Verão, permanece o livro da Agustina para ler.
A Agustina é das poucas escritoras vivas que consegue ser de direita e manter-se credível aos olhos da crítica literária, é que quando se é efectivamente bom no ofício, as ideologias de alguns críticos literários, dão umas quantas cambalhotas.
Como se a qualidade de um autor pudesse andar a braços com as suas simpatias ideológicas.
Agustina, enquanto pessoa, não me inspira grandes simpatias, mas, digamos, nem eu lhas devo inspirar, também.
Contudo é estranho, para mim, que um grande autor não goste em geral dos seres humanos.
É um bocado como se fosse obrigada a comer chocolate, não gostando.
Como disse ainda não li nenhum romance, novela, conto de Agustina.
Mas já li crónicas, por exemplo.
E algo sobressai: a qualidade literária das palavras.
Quanto ao resto, como disse anteriormente, não sei.
A entrevista ao SOL levantou polémica por causa dos maricas e dos homossexuais.
Pretendendo separar-se as águas entre uns e outros.
E não há que separar? - questiona-se o digníssimo leitor.
Os maricas são um pouco como os machistas, muito carnaval, muito espalhafato, muito do rodar a saia da baiana e muito dramalhão trágico-cómico, mas... personagens extraordinárias.
Quanto aos homossexuais são apenas heterossexuais com mais sentido de humor.
Em relação a este assunto também pertenci, em tempos, a uma minoria, e qualquer minoritário ousa megalonomamente pensar: quando serei maioritário?
As mulheres sendo maioritárias em número, levaram séculos até conseguirem atingir a maioridade do pensamento.
Sobrevivemos e tornámo-nos maioria efectiva, um desejo atingido.
Compreendo, por isso, a luta e o folclore das minorias, tudo isto para dizer o quê?
Os maricas que se casem, os homossexuais também, então se isso os torna felizes!
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Constitucionalismo

"Constitucionalismo é como se denomina o movimento social,político e jurídico a partir do qual emergem as constituições nacionais. Em termos genéricos e supra-nacionais, constitui-se a partir do estabelecimento de normas fundamentais de um ordenamento jurídico de um Estado, localizadas no topo da pirâmide normativa, ou seja, sua constituição. Seu estudo implica, deste modo, uma análise concomitante do que seja constituição com suas formas e objetivos. O constitucionalismo moderno, na magistral síntese de Canotilho, é uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.

(...)

Destacam-se como elementos que influíram na formação do constitucionalismo os seguintes: a doutrina do pactum subjectionis, pela qual, no medievo, o povo confiava no governante, na crença de que o governo seria exercido com eqüidade, legitimando-se o direito de rebelião popular, caso o soberano violasse essas regras; a invocação das leis fundamentais do reino, especialmente as referentes à sucessão e indisponibilidade do domínio real; celebração de pactos e escritos, subscritos pelo monarca e pelos súditos (Carta Magna de 1215, Petition of Rights, de 1628, Instrument of Goverment, de 1654, e Bill of Rights de 1689). Nos Estados Unidos da América do Norte, surgem os primeiros indícios do constitucionalismo com os chamados contratos de colonização (Compact, celebrado a bordo do navio Mayflower, em 1620, e as Fundamental Orders of Connecticut, de 1639). Situa-se no Declaration of Rights do Estado de Virgínia, de 1776, o marco do constitucionalismo, seguido pelas Constituições das ex-colônias britânicas da América do Norte, Constituição da Confederação dos Estados Americanos, de 1781, e, finalmente, pela Constituição da Federação de 1787.(...)" in pt.wikipedia.org

Chamada de atenção para uma data: 1215.
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Direito Divino dos Reis

"O Direito divino dos reis é uma doutrina política e religiosa européia do absolutismo político. Tais doutrinas são largamente, mas não somente, associadas ao perído medieval e o ancien régime, baseado no cristianismo contemporâneo crença que o monarca tem esse direito devido a vontade de Deus, e não devido a vontade de seus súditos, parlamento, a aristocracia ou qualquer outra autoridade competente. Esta doutrina continuou com a reinvindicação que qualquer tentativa de depor o monarca ou restringir seus poderes seriam contárias a vontade de Deus.

O direito divino dos reis foi defendido primeiramente por Jean Bodin (1530-1596). Segundo este teórico político francês, os príncipes soberanos (os reis) eram estabelecidos como representantes de Deus para governarem os outros homens. O poder era, pois, legitimado pela religião. Será, no entanto, Jacques Bossuet a consolidar esta teoria que fundamentaria o absolutismo, de que Luís XIV de França foi um dos mais importantes representantes." in pt.wikipedia.org

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Microcausa: Via CTT

Quer Nosso Senhor José Sócrates Todo Poderoso divulgar o custo da campanha publicitária da Via CTT em outdoors e na TV? É que eu tenho duas contas no hotmail e pelo menos duas no gmail e não paguei um tusto por elas. Zero, niente, nill, Zero euros e zero cêntimos. Mas eu sou esperto e de resto nem sequer sou Primeiro Ministro.

Por outro lado também se compreende. É que a Via CTT é toda ela um excelente embrulho publicitário, daí é natural que o Nosso Senhor José Sócrates Todo Poderoso pague aos publicitários o seu peso em ouro.

Resumindo concluindo e baralhando: a sorte do gajo é que eu não tenho pachorra para ir vasculhar no Diário da República qual Bíblia Sagrada.

(Na imagem Nosso Senhor José Sócrate Todo Poderoso em todo o seu esplendor)
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A grande macacada

No programa "Os grandes portugueses", moderado por Maria Elisa, todos dirigem a palavra uns aos outros usando títulos académicos e não apenas o nome. Isto, por exemplo, em França não faria qualquer sentido. Cá em Portugal acontece em todo o lado: tribunais, discussões científicas nas universidades, etc, etc, etc ...

Se deixássemos de usar títulos académicos e nos preocupássemos em chegar a horas a todos os nossos compromissos o país iria progredir. Bastante.
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quarta-feira, outubro 25, 2006

A arte de lançar boatos em uma lição


João Morgado Fernandes exemplifica neste post. Só espero que no DN seja mais criterioso. É que se o jornalista não sabe distinguir plástico de cerâmica, seria adequado contactar primeiro a Modelo Continente SA, para não correr o risco de publicar uma informação que não é verdadeira. Parecendo que não, há “pormenores” que podem fazer toda a diferença.

PS. Os imperialistas pensam em tudo: se fosse de plástico, não poderiam ser colocadas velas ou lâmpadas dentro da abóbora, e o artigo acabaria por sair desvalorizado [ou queimado], e o cliente defraudado.
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Grandes?


Fui maldoso para com a personagem, mas tenho de reconhecer que Ricardo Araújo Pereira tocou na ferida, logo de início, nisto dos Grandes Portugueses. Por que é que há tanta gente do século XX indigitada, quando esse século não foi particularmente brilhante para nós?, pergunta Araújo Pereira. Respondo eu: porque, hoje em dia, vive-se um clamoroso desconhecimento do passado, seja o histórico (político, guerreiro, etc.), seja o literário, seja o artístico. Directo ao assunto: é a ignorância, e nada mais, que faz com que haja tanta gente do século XX indigitada, e que se fale tanto em tanta gente do século XX (e XIX também). Valerá a pena repetir que grandes, grandes só o fomos nos séculos XV e XVI?
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em relação a esta polémica

a intuição leva-me a somar 1+2+3=4.
um blogue que pretende agitar os meios literários, isto é, um blogue anónimo que não lê determinados autores nem pretende ler,
um outro blogue anónimo sobre um autor bastante vendável...
diríamos: ele há coincidências?
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Mimesis


Quando tomei conhecimento pelos media que Miguel Sousa Tavares estaria a ser acusado por um blogger de ter plagiado no «Equador», a obra «Cette Nuit la Liberte», de Dominique Lapierre e Larry Collins, limitei-me a ignorar o assunto.

Ontem porém, ao passar por um quiosque de jornais, não consegui ficar indiferente à capa do 24 Horas. Folhei-o na banca, sem o comprar [porque a minha religião não o permite]. O pouco que li - da reacção de MST -, foi o suficiente para esboçar um largo sorriso.

Mas a minha leitura relanceada abriu-me o apetite e, ao fim do dia, não resisti e fui espreitar o tal blog [aparentemente criado para o efeito]. Apesar de não estar convencido que MST possa ter recorrido a um subterfúgio daquele género [chamem-me ingénuo se quiserem], a verdade é que o blogger é bastante convincente [para além de ter imensa piada].

Como não me vou dar ao trabalho de andar a fazer comparações entre as duas obras referidas, fico à espera de novos desenvolvimentos, porque a resposta que o blogger anónimo deu a MST, é de cortar a respiração [a rir].

Será que a velha máxima da publicidade está a afectar a literatura? - Nada se cria, tudo se copia!
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Miguel Sousa Tavares

Eu não tenho grande vocação para o tipo de querelas em que o Miguel Sousa Tavares se envolveu devido ao alegado plágio no seu romance "O Equador".

A Nancy já defendeu (com invulgar inteligência) uma leitura blazet deste tipo de intertextualidades. Nesta caixa de comentários do Aspirina B o saudoso Fernando Venâncio já disse aquilo que todos esperariam dele: que este episódio não pode beliscar a qualidade literária daquilo que o cronista e o contista Miguel Sousa Tavares escreveu, repare-se aqui na demarcação relativamente ao romancista. E acrescenta: "Não me parece de aplaudir que MST se tenha valido do «colorido narrativo» alheio, quem o conhecesse deveria de aconselhá-lo a reconhecer - já - exactamente isso."

O que eu quero mesmo saber é o móbil do crime. Da covardia do ataque anónimo já ali nos falou a amok_she.

Surgem duas hipóteses:

1. Ou o autor do blogue acusador é um desconhecido oportunista que procura as luzes da ribalta, e nesse caso é natural que revele a sua face para recolher os louros da sua covardia inicial. Isto se não temer o calor da batalha.

2. Ou o autor do blogue acusador é alguém que tem um conflito de interesse com Miguel Sousa Tavares e para saber quem ele é vai ser preciso fazer alguma pesquisa (ou aguardar por alguma inconfidência) e aí sim eu gostava de entender em detalhe a génese deste escândalo.

Miguel Sousa Tavares com o feitio que tem facilmente angaria inimigos. Sem necessidade.
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política (iii)

O povo quer é pão e circo, de preferência mais circo do que pão.

(ouvido em parte incerta)
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olimpíadas de um peão à chuva

Para além dos habituais

- 20 km marcha até ao trabalho (se calhar estou a exagerear um bocadinho...)
- 100 m em velocidade para apanhar o autocarro

temos também:

- 3000 m obstáculos por entre passeios e estradas inutilizáveis
- triplo salto das poças
- levantamento do guarda chuva
- esgrima na categoria vara de guarda-chuva
- luta livre contra o vento
- lançamento do guarda-chuva ao caixote do lixo
- saltos para a água e natação sincronizada

Este último é particularmente interessante de acompanhar - desde que o peão em prova não sejamos nós! É um bocado diferente do habitual, uma vez que há competição directa entre duas equipas (peões e automobilistas) e uma ligeira alteração das regras de pontuação. O automobilista ganha pontos quando mergulha em cheio num manto de água e consegue molhar os peões que passam no passeio, enquanto que nos peões é valorizada a sua habilidade de coordenação para se evadirem da investida adversária, dando origem a bonitas coreografias. No entanto, e porque neste confronto directo o peão está em clara desvatagem, os palavrões proferidos pelo peão aquando da molha efectiva ou da tentativa falhada também são pontuados...

[Pelos vistos, aí para baixo, parece que também podemos acrescentar a natação e a canoagem...]
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o Equador

eu tb li o Equador.
em terras estranhas e numa situação muito especial:
convalescença de uma operação de rotina.
sempre que me vier à memória a tal intervenção cirúrgica, lembrar-me-ei do país onde estava e do livro de MST.
li o Equador em dois dias e meio, para um livro de seiscentas e tal páginas, foi um ritmo ligeiramente acelerado.
tal como tenho dias para o cinema, também tenho dias para a literatura.
e se na maior parte dos casos rejubilo bastante com a capacidade irónica de um autor (algo que o livro de MST não tem), noutros é só a capacidade de encadear a acção que me emociona e de tal forma que a minha postura se torna assaz execrável, pois o entusiasmo pela leitura ultrapassa todos os limites do bom senso, convivial (algo que o livro de MST tem em boas doses).
em todas as épocas, basta espreitar a história da literatura, existiram autores menosprezados por serem comerciais (Shakespeare sofreu dessa incapacidade em pleno séc. XX, devido a análises ideológicas de alguns críticos verdadeiramente insensatos).
os críticos, em geral, pretendem fixar a sua crítica literária em grandes obras, compreendo a sua preocupação económica, os autores menores são uma perda de tempo e de incredibilidade, verdadeiramente escusadas.
sejamos justos, há uma certa inconveniência entre a qualidade e a quantidade.
efectivamente é um desespero, para qualquer actividade profissional, vingarem aqueles que, por um simples pormenor, se tornaram mais visíveis.
porém, o problema principal dos profissionais da crítica literária é viverem num mundo afastado do comezinho.
o seu mundo é um mundo de mulheres elegantes, homens cavalheirescos, expressando-se correctamente, entre troca de dilhos verdadeiramente dignos de constarem em gramáticas inovadoras, e isto tudo com a distinção de um passo de dança.
obviamente, este tipo de salão será qualquer coisa de luxuoso e repleto de candelabros vintage.
sinceramente, para mim, os livros são como qualquer outro objecto de prazer: guardam-se os que valem a pena e dão-se (não cairei no exagero de os queimar) os que estão a encavalitar-se nas prateleiras da biblioteca.
diria que o livro de MST não é uma obra prima, mas bastante superior aos do Sr. Coelho, Sra. Esquível, e outros que tais e portanto vale a pena ser lido, principalmente, quando não estivermos virados para romances ousadíssimos como os do sr. da montanha mágica, por exemplo.
quanto à polémica do momento deixaria a todos esta análise bastante elucidativa de Sonia Belloto em Como Escrever um Livro:
"Em 1841, Edgar Allan Poe escreveu um conto policial denominado Os Crimes da Rua Morgue. A história é narrada na primeira pessoa e o narrador apresenta uma personagem chamada Auguste Dupin, dotada de uma incrível capacidade dedutiva. A partir de pormenores imperceptíveis para a maioria das pessoas, Dupin consegue esclarecer os misteriosos assassinatos na rua Morgue.
Em 1887, Sir Artur Conan Doyle escreveu a sua primeira história policial. Um Estudo em Vermelho, narrado na primeira pessoa pelo Dr. Watson, apresenta uma personagem chamada Sherlock Holmes, dotada da mesma capacidade dedutiva de Auguste Dupin, criado por Edgar Allan Poe.
Em 1920, Agatha Christie publica a primeira aventura da sua personagem Hercule Poirot, que desfruta da mesma capacidade dedutiva das personagens anteriores para desvendar crimes misteriosos." p. 51-52
mas se os solidários da polémica argumentaram: bem uma coisa é uma ideia semelhante, outra são partes de texto quase idênticas, ainda poderão ler no mesmo livro extractos de texto de O Nome da Rosa, Umberto Eco, idênticos aos de Zadig de Voltaire, entre outros.
isto tudo para chegarmos a que tipo de conclusão?
as ideias para escrever um livro, infelizmente para alguns, podem vir de várias fontes e por muito que os puristas pretendam fazer crer o contrário, a inspiração no texto de um outro escritor não é ilícita.
quanto muito poderemos murmurar, entre uma dança e outra do salão, que falta de criatividade e imaginação, um horror! - sendo de todo conveniente um ar assaz circunspecto do cavalheiro e um risinho intelectualmente irritante da dama.
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Amacord


é um dos filmes da minha vida, como diria João Bénard da Costa.
gosto de cinema em geral.
desde o mais comercial ao menos comercial.
pois tenho dias para todos os géneros cinematográficos.
desde comédias românticas, até alguns de Bruce Willis, e o Dança com Lobos de Kevin Costner.
comovem-me imenso os filmes de Almodovar.
a violência, por vezes gratuita mas estética, de Tarantino.
algum cinema Irlandês, gosto imenso deste inglês.
e aquele filme da velhota que plantava cannabis para fazer face às dívidas legadas pelo marido? hilariante!
mas este filme de 1973 de Fellini, é das obras cinéfilas mais comoventes que assisti até hoje.
é um retrato simples e saudosista dos early years, retrato esse só possível depois de se ter envelhecido, é, aliás, uma forma muito peculiar de se espreitar fortuitamente a juventude como um tempo que passou e ao qual não se deu o devido valor, por muito que os progenitores nos tenham advertido do contrário.
viver é isto mesmo: a consciência individual do tempo perdido, na devida altura.
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a interrupção voluntária da gravidez

vista na perspectiva da ética médica também poderá querer dizer o aborto ser legalizado e a mulher ser "obrigada" a andar de hospital em hospital até encontrar um médico que se disponha a interromper a gravidez.
isto é tão patético, como é aliás patética muitas das intervenções desta classe privilegiada.
os problemas das classes privilegiadas, seja em Portugal, seja em qualquer canto do globo, é que consideram normal a sua magnitude e a sua magnitude é tão mais normal quanto a vulgaridade dos outros.
o que os privilegiados não entendem é que a história tem a tendência para substituir uns pelos outros, por isso não me comove absolutamente nada o discurso passadista de uma classe privilegiada, aliás, muito pelo contrário, muito pelo contrário.
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Política (ii)

Um político nunca quebra uma promessa eleitoral. Antes, tem o cuidado de informar que, devido à conjuntura, a promessa deixou de existir.
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Política (i)

Quando um político de direita toma uma medida de esquerda, ou vice-versa, diz que teve de abdicar das suas convicções a favor do bom senso. Em política, o antónimo de convicção é bom senso.
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Vai-te deitar que isto não são horas de estar agarrado ao computador.
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A Força*

A Força de certas pessoas é algo que inspira em mim um enorme respeito, mas também medo. Medo não tanto daquilo que os que detêm essa enorme Força possam fazer contra os outros mas sim do que possam fazer contra si próprios.

(*ligeiramente editado na sequência dos comentários)
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a Lei

A Lei é como um tabuleiro de xadrez. Não é o tabuleiro de xadrez que que define como decorrerá o jogo, mas sim a forma como as peças se movem nesse tabuleiro e a forma como namoram as suas margens.

(está visto que estamos muito idealistas hoje ...)
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Politburo

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terça-feira, outubro 24, 2006

Aborto: razão e consciência


Parece-me que o tema é demasiado sério para ser tratado com a leviandade com que alguns o estão a pretender fazer. Ambas as partes têm argumentos válidos, que merecem ser respeitados, discutidos, e aprofundados. Apesar de apoiar o politicamente correcto “sim”, não tomei a minha posição de ânimo leve. Ainda assim, não consegui deixar de evitar alguma colisão interna de princípios – ainda mal resolvida.

Mas ao que parece, aparentemente alienado da realidade, José Sócrates é o primeiro a dar mau exemplo, e dá inicio às hostilidades, acusando de “oportunistas” todos aqueles que, legitimamente, não concordam com a despenalização do aborto até às 10 semanas.

Nada me move contra a participação do primeiro-ministro na campanha pelo “sim” - mas que se esforçe por contribuir para a elevação do debate. Com intervenções deste calibre, temo o pior: que o referendo se politize, e aquilo que seria previsivelmente uma vitória folgada do “sim”, se transforme, uma vez mais, numa vitória do “não”.

Pelo meio, mulheres que defendem o “sim”, insistem em repetir os erros do passado, e pretendem transfigurar a questão da interrupção voluntária da gravidez num problema de género – como se os homens fossem o impedimento à despenalização do aborto. Da última vez, as abordagens do tipo «quem manda aqui sou eu», deram o resultado que deram. Mas a questão nem sequer é de desacerto de abordagem, mas de principio.
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Nova escravatura

O Tráfico Humano é o 3º negócio mais florescente e lucrativo, depois do tráfico de armas e de droga...
22 milhões e meio de homens, mulheres e crianças estão agrilhoados ao trabalho forçado, são enganados e arrastados para a prostituição, iludidos e castrados da sua liberdade de escolha e de movimentação, enquanto que os traficantes se fortalecem usando e abusando do medo das vítimas.

Há que ignorar as ameaças e pedir ajuda...

www.antislavery.org
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Pretextos de Provocação

«Instaurou-se como uma obrigação emancipar a mulher, não só dos seus sofrimentos, o que é justo, mas do homem, o que é, em certos aspectos, ingrato. Nós vivemos numa época em que se dividem as opiniões para inventar pretextos de provocação».
Agustina Bessa-Luis, Contemplação Carinhosa da Angústia (negrito meu)
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Blogue na berlinda

Segunda esta notícia o blogue Freedom to Copy acusa Miguel Sousa Tavares de plagiar parágrafos inteiros do livro «Cette Nuit la Liberté» de Dominique Lapierre e Larry Collins. Mais uma vez a blogosfera a fazer trabalho de investigação e serviço público.

Entretanto, lá por fora, Alckmin continua a fazer campanha agressiva contra Lula centrando-se apenas nos escândalos do governo vigente. O líder do PSDB continua aposta em fazer campanha pela difamação de Lula ao mesmo tempo que desce nas sondagens. O Presidente
afirmou que Alckmin não conhecia as condições de pobreza do povo do Nordeste brasileiro, mas admitiu que não fez tudo o que gostaria de ter realizado no seu governo. As promessas de Alckmin vão no sentido de "dar prioridade ao crescimento da economia brasileira, baixar os juros, reduzir os impostos e cortar nos gastos". Esta frase parece mesmo tirada de uma campanha eleitoral portuguesa, não vos parece?

Sexta-feira arranca um debate decisivo na TV Globo. Enquanto Lula recupera vantagem mesmo perante a contra-campanha dos media Alckmin tem de procurar outro estilo menos agressivo.
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interrupção voluntária da rotina laboral

Ela - Estes dois diazitos deram-me mesmo jeito.
A outra - Afinal, porque foi a vossa greve?
Ela indiferente - Queres saber de uma coisa? Não faço a mínima ideia!
A outra rindo - Então porque fizeste greve?
Ela encolhendo os ombros - Sabes, estava a apetecer-me namorar!
A outra estranhando - Namorar?
Ela com olhos piscando de felicidade - É verdade, namorar, eu e o Pedro andamos numa de cola, não descolamos um do outro.
A outra - Bem ao menos foi por um bom motivo.
Ela - Claro! Eu tinha jurado nunca mais fazer greve, desde que aqueles cobardolas a furaram por causa dos exames, mas desta vez foi por um motivo esclarecedor.
A outra - Também acho que esclareceste bem as tuas afectividades.
Ela - Tá calada! Mas para o mês que vem vai doer.
A outra espantada -Não percebi.
Ela - É que os gajos vão-me descontar prá'á uns 150 euros no ordenado.
A outra - chiça, qu'essas afectividades vão-te sair caras!
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públicas virtudes

Ela - Desculpe, mas não vou poder assistir, esta madrugada morreu a minha avó - olhos lacrimejantes - Não vou poder ficar para a sessão final.
A outra atrapalhada - Os meus sentimentos, nestas alturas as palavras escondem-se em lugares incertos, pouco poderemos dizer, inevitável!
Ela - Vou embora agora com o meu Abílio, vamos de carro.
A outra - Tenha cuidado com as lágrimas, desviam-nos da rota.
Ela - O meu Abílio conduz devagarinho. Não é como esses assassinos que conduzem ali toda a sua frustração.
A outra - É incrível e com pandeiretas a pedir reforma.
Ela - E os outros? Os dos "papa-reformas"? Esses então fazem cada manobra perigosa...
A outra - São horas de entrar, vou indo, então os meus sentimentos e até breve.
Ela - Peço desculpa mais uma vez!
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Vão se os dedos ficam-se os anéis

Não é o anel, é o que fica de quem parte com o anel!
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segunda-feira, outubro 23, 2006

afinal não se foi...

E lá está novamente o vermelho convite de Bohemia... E ponderava eu, inocentemente, a hipótese de as obras terem acabado ou de finalmente alguém ter aberto os olhinhos... Mas não... O Pierce veio para uma estadia prolongada nos Clérigos. Naquele súbito desaparecimento deve ter ido apenas visitar o resto da cidade...

Para quem não sabe do que estou a falar, é disto (pena que não vejam o senhor em grande plano, está na fachada do lado esquerdo).
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Choque de Civilizações?

"É aceitável matar civis na Europa, porque foram eles que votaram nos seus governos (...) Vieram a nossa casa e atacaram as nossas mulheres e crianças. Os civis desses países também têm culpa, por isso não os vamos poupar. Vamos matá-los e rir-nos à custa deles, tal como eles nos matam e se riem de nós".

Estas palavras são do mullah Mohammed Amin, um dos líderes talibãs numa entrevista à Sky News. A pergunta que eu coloco é a seguinte: continuaremos a falar de choque de civilizações até que a Europa seja destruída e a cultura ocidental seja uma recordação? Continuaremos a teorizar e racionalizar ameaças reais? Continuaremos a olhá-los como simples vítimas do Ocidente?
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Genial!

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A estátua que falta

Ao Cidadão Desconhecido:

Este monumento é erigido em honra do cidadão desconhecido, pela sua coragem em enfrentar o burocracia kafkiana, pela sua magnanimidade ao absolver os governantes e pela sua infindável tolerância à arrogância das classes dirigentes.
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eu hoje acordei cansada

e ao dia fui perguntando deveras desassombrada:
dais-me folguedo para descansar um nadinha mais?
e surpreendida sou perante sua resposta desvairada.
- reset!
voilá! por vezes é só mesmo isso
impressionar a tecla certa.
quem não nasceu para a tecnologia
tem muito a perder
em dias como estes.
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domingo, outubro 22, 2006

Desculpem qualquer coisinha...

... mas pôr Ricardo Araújo Pereira ao lado de Eduardo Lourenço num programa sobre a História de Portugal é um sinal de preocupante decadência da televisão pública.
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Afinal, continuamos a ocupar lugar de destaque em certos rankings

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O Mundo depois do Bambi

Nós, Homens, não somos tão insensíveis como por vezes algumas pessoas parecem querer fazer crer. Mas o que me chateia mesmo é, os opinion makers, não se calarem com aquela cena do Muro de Berlim, mas nunca se lembrarem de mencionar que o mundo nunca mais foi o mesmo depois do «Bambi», e do «Kramer contra Kramer». Afinal, toda uma geração de crianças do sexo masculino, sem excepção, ficou irremediavelmente perdida – afogada num mar de prantos. Foi o suficiente para se quebrar uma tradição secular.

A verdade é que os nossos pais não choravam, mas nós, nós já choramos qualquer coisita, e até somos capazes de nos emocionar [em algumas ocasiões] com uma certa facilidade, como qualquer outro ser humano. Eu, por exemplo, confesso que, perante certas musiquinhas [mais a puxar ao sentimento], não sou capaz de evitar uma lagrimazinha ao canto do olho. Somos ou não somos sensíveis? Claro que somos!

Mas se restassem dúvidas, a prova provada que choramos mesmo é, quando o nosso clube sofre uma pesada derrota infligida por um clube rival – e se a derrota for caseira, então… até parecemos umas Marias Madalenas. Há épocas, em que, para alguns Homens, a coisa chega a ser confrangedora – é uma choradeira interminável [talvez até seja por isto que os Homens do Sul de Portugal tenham a propensão para serem mais sensíveis que os do Norte].

Bem sei que não temos de suportar as dores do parto, mas isto de nos acusarem de não sermos sensíveis às questões das mulheres, é uma afronta – para além de ser uma completa falsidade. Senão, vejamos: Quem é que carrega, toda uma vida, as paletes e paletes de leite, e as compras mais pesadas do supermercado? E quem é que arrisca a vida a fazer buracos nas paredes, com um berbequim, para pendurar, na maioria das vezes, coisas inúteis compradas pelas mulheres? E quem é que monta as mobílias? E quem é que sobe às perigosíssimas escadas de alumínio para mudar lâmpadas? E quem é que lhes oferece, todos os anos, lindas máquinas, muito úteis para a lida da casa? E quem é que leva os miúdos ao futebol? E quem é que inventou o telefone e o telemóvel? E os Blogues? E quem é que troca os pneus? Não é a Marta pois não? Ah pois é…
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viva o futebol

Um, dois, três e quatro
quem é candidato
a ser hoje o campeão?
Um, dois, três e quatro
é pró campeonato
controlem-me bem essa respiração
Ouve-se o relato
é golo, é golo!
Sempre com a bolinha rente ao solo
é golo!
A vitória está na mão

Sérgio Godinho, "Viva o futebol" in "Os amigos do Gaspar" (1988)

Só tenho pena que, neste campo, este senhor não puxe para o mesmo lado que eu... =) Mas, ainda no campo da bola, gostei, em tempos, de o ver no "Trio d'Ataque" a fazer as vezes do Jorge Gabriel. Aliás o "Trio d'Ataque" é dos programas de análise futebolística aquele que melhor cumpre a sua função, muito à custa da moderação de Carlos Daniel - por quem tenho, nesta área, uma grande admiração. Vejo-o apenas esporadicamente, pois o horário em canal aberto é um bocado "disfuncional" - nas madrugadas de terça-feira da RTP1 - mas subscrevo a opinião que achei no Bola ao Quadrado:

«O que torna este programa tão agradável de seguir atentamente é o respeito que impera entre todos os intervenientes. Não há atropelos de conversas, opiniões exaltadas, faltas de educação, interrupções, insultos. [...] Apesar de cada comentador "representar" um dos três grandes, por assim dizer, todos eles ouvem atentamente as críticas sobre o seu clube, reconhecendo-as quando estas correspondem à verdade. No fundo, o programa Trio D'Ataque é um exemplo de como todas as conversas sobre futebol deveriam ser, e não apenas na televisão.»


Por agora, resta-me esperar pelo relato de logo à noite, desejando não ter de vir a reconhecer educadamente verdades críticas que não me apetecem... =)

[Aproveito também para lembrar que amanhã chega às bancas mais um álbum de originais de SG, "Ligação Directa"... daqui a uns tempos a gente volta a falar sobre isto =)]
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Publicidade & Cultura: Beat the Devil

Recomendo a visualização deste surpreendente Comercial, concebido pela Fallon para a BMW, que se baseia numa ideia original de David Fincher. Realizado por Tony Scott, este short movie [09:44] conta com as participações de Clive Owen, Gary Oldman, Mr. James Brown, e Marilyn Manson.

PS. E ninguém me pagou para dizer isto

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