sexta-feira, outubro 27, 2006

uma epístola das finanças

chega descomplexada, sem ousar contrariar.
é uma dama extraordinariamente braçal e folclorística, rosa branca e imponente na cabeça, saia rodada, rosas também espampanantes e esbanjando alegria.
abana ligeiramente a cabeça quando a interpelam e murmura frases circunstanciais para a vizinhança.
quando lhe perguntam:
- então, dona estrela, como vai o paizinho?
roda a saia colorida e abana o leque descomprometido relatando:
- qué qué isso meu? ó jorginho passa a bola pró josé, josé ergue a cabeça, descontrola o adversário, remata para a baliza, apanha o frangueiro desprevenido, ripa na rapaqueca! e é goooooooooooooooollllllllllllllllllllllooooooooooooo do Maria Vitória! golo! golo é golo! há grande josé, és um monumento!
a criançada puxa-lhe a saia, que desce feito elevador do século XVIII, os adultos incrédulos afastam-se, murmurando entre dentes:
- coitadinha, desde que recebeu a epístola, ficou neste estado!
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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"coitadinha, desde que recebeu a epístola, ficou neste estado!"

E não sabe ela ad malta que não faz a ponta de um corno e vive à custa do Orçamento de Estado, ou será que sabe?

sexta-feira, outubro 27, 2006 7:02:00 da tarde  

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