Aborto: razão e consciência
Parece-me que o tema é demasiado sério para ser tratado com a leviandade com que alguns o estão a pretender fazer. Ambas as partes têm argumentos válidos, que merecem ser respeitados, discutidos, e aprofundados. Apesar de apoiar o politicamente correcto “sim”, não tomei a minha posição de ânimo leve. Ainda assim, não consegui deixar de evitar alguma colisão interna de princípios – ainda mal resolvida.
Mas ao que parece, aparentemente alienado da realidade, José Sócrates é o primeiro a dar mau exemplo, e dá inicio às hostilidades, acusando de “oportunistas” todos aqueles que, legitimamente, não concordam com a despenalização do aborto até às 10 semanas.
Nada me move contra a participação do primeiro-ministro na campanha pelo “sim” - mas que se esforçe por contribuir para a elevação do debate. Com intervenções deste calibre, temo o pior: que o referendo se politize, e aquilo que seria previsivelmente uma vitória folgada do “sim”, se transforme, uma vez mais, numa vitória do “não”.
Pelo meio, mulheres que defendem o “sim”, insistem em repetir os erros do passado, e pretendem transfigurar a questão da interrupção voluntária da gravidez num problema de género – como se os homens fossem o impedimento à despenalização do aborto. Da última vez, as abordagens do tipo «quem manda aqui sou eu», deram o resultado que deram. Mas a questão nem sequer é de desacerto de abordagem, mas de principio.
1 Comments:
"... como se os homens fossem o impedimento à despenalização do aborto."
O problema não são os homens, são as mulheres... aquelas que se deixaram ficar em casa no dia que lhes deram a hipótese de manifestar o que falam em surdina.
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