segunda-feira, outubro 30, 2006

Directo ao assunto

"O incumprimento da lei — desta em particular e de quase todas as outras em geral — releva do clausulado que atira para cima de hipotéticas “comissões técnicas de certificação” o ónus da prova. Num país em que ninguém assume individualmente a sua quota de responsabilidade, e isto serve para todos (ainda outro dia assistimos ao clamoroso caso que ilibou uma resma de engenheiros, profissão que não cuida propriamente do sexo dos anjos), por que carga de água os nossos obstetras teriam tomates para decidir sem muleta? Por que razão a lei funciona em Espanha e aqui não? Porque em Espanha a classe médica endossa à mulher a responsabilidade de declarar se há, ou não, dano psíquico, e se o mesmo tem, ou não, carácter reversível. Ou seja, ninguém se encosta ao parecer de nenhuma “comissão técnica de certificação”. É tão simples como isto. O nosso referendo é uma válvula de escape. Acredita que, mesmo com a vitória folgada do SIM (e eu, para mal dos nossos pecados, duvido da nitidez dessa folga), as coisas mudem? Trinta anos de democracia não chegaram para mudar as mentalidades. É triste, mas é verdade." Eduardo Pitta
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