terça-feira, janeiro 31, 2006

Efeito VPV

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Óscares 78ª Edição


















Lista completa das nomeações para a 78ª cerimónia de entrega dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas aqui.

O meu preferido, este.
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Percepções













A partir desta imagem, os psicólogos Paul Rozin e April Fallon da Universidade da Pennsylvania realizaram um estudo sobre a imagem das mulheres e obtiveram os seguintes resultado:

A. O que as mulheres pensam ser a figura ideal
B. O que as mulheres julgam ser a figura ideal de mulher para os homens
C. O que os homens consideram ser a figura ideal de mulher
D. Como as próprias mulheres se consideram a elas próprias [25% mais fortes do que o são na realidade]
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Hora do Adeus

Tudo o que começa, acaba. Por isso decidi colocar um ponto final na minha colaboração com o Geração Rasca. Tenho andado num período de muito stresse e isso tem sido visível mesmo por estes lados. Portanto, o melhor é parar um bocado e respirar um pouco de ar puro.
Um obrigado a todos os que leram e comentaram tudo o que escrevi. Um obrigado especial ao André por me ter convidado para escrever neste espaço onde aprendi tanto sobre mim, sobre o mundo e sobre a blogosfera.
Um bem-haja a todos!
Fátima Cordeiro (Sabine)
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Violência contra as mulheres














A interessante campanha realizada pela Amnistia Internacional na Hungria, onde se dá mostra, de uma forma bastante criativa, desse terrível flagelo que atinge mulheres de todo o mundo.
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segunda-feira, janeiro 30, 2006

Vidinha de deputado

Este post e este dispensam mais palavras.
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Para mais tarde recordar

« O Diário de Notícias quer que os seus leitores guardem para sempre a lembrança do nevão que ontem cobriu grande parte de Portugal. Para isso, convida todos os seus leitores a enviarem uma fotografia para o e-mail fotografia@dn.pt, ou para a seguinte morada: "Diário de Notícias - Gabinete de Fotografia - Avenida da Liberdade, 266 - 1250-149 Lisboa", de modo a que nos próximos dias seja publicada numa ampla reportagem com o registo destas imagens. Afinal, não é todos os dias que neva assim»
Do DN de hoje. Agora, é convosco.
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Passeando pelos media

« (...) os mais novos, os que estão a chegar ao mercado de trabalho, os que perderam a esperança do emprego garantido e já não acreditam na reforma segura, são hoje, de um modo geral, mais atrevidos, mais atreitos ao risco, estão melhor preparados e têm mais ambição. Não todos, é certo, mas basta pensar que enquanto há uma geração ter formação superior era uma garantia de sucesso, hoje mais depressa leva ao desemprego e o último lugar onde eles podem procurar emprego é nos serviços do Estado, que estão a abarrotar. Os que vivem esta nova realidade - vivem, não teorizam - gerarão porventura um Portugal diferente»
José Manuel Fernandes, Público de hoje
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Como se faz política...

«(…) É assim que se faz política. Nos jornais e nas televisões. E depois ainda há quem, usando a Comunicação Social, venha com conversas sobre os efeitos nefastos que a Comunicação Social tem na política.»
Constança Cunha e Sá

Os efeitos nefastos que a Comunicação Social tem na política não serão da mesma ordem de grandeza dos efeitos, tal-qualmente perniciosos, da política na Comunicação Social?

Os mass media, para conseguirem sobreviver num meio excessivamente concorrencial, carecem de notícias, sempre que possível, em primeira-mão e com o necessário sal e pimenta. Neste sentido, a política é uma fonte inesgotável para os media.

De forma similar, os políticos dependem dos mass media para conseguirem fazer chegar as suas mensagens ao maior número possível de cidadãos.

Não haverá também quem, usando a política, venha depois com conversas sobre os efeitos perniciosos da política na Comunicação Social?
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Mas certamente que não!

Inexplicavelmente, Paulo Querido anuncia o fim do seu blogue.

Espero que já haja outro projecto em vista, porque o Paulo Querido faz falta à blogosfera.
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Vasco Pulido Valente

É a notícia do dia na blogosfera. CCS anuncia aqui que «O Espectro» passa a contar com a colaboração de Vasco Pulido Valente.

Muita haverá a dizer sobre esta crescente presença de jornalistas e cronistas de nomeada na blogosfera, mas fica para outra oportunidade.
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domingo, janeiro 29, 2006

Cultura publicitária















Fonte: McCann

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Sem facilidades


A minha primeira colaboração no “Geração Rasca” serve para agradecer o convite do André Carvalho para que ela existisse. Vim dar a este blogue por mero acaso e, nessa altura, pensei que se tratasse de um grupo jovem, com elementos muito pouco mais “velhos” do que eu. Enganei-me, afinal não são assim tão putos, e depois de algumas conversas e de ter sido observado o desenvolvimento do meu blogue (recentemente criado) o André achou que estaria aprovada a minha entrada. Ora então, obrigado.

Adiante. Como de costume, fugi de Lisboa no fim-de-semana que começou logo maravilhosamente, no Sábado pós-eleições, com o benfica-sporting para a continuação dos bons costumes. Aproveitei o afastamento para ler a encíclica DEUS CARITAS EST, a primeira de Bento XVI. Este Papa, correntemente mencionado de forma menos agradável, tem-me fascinado. Há pouco tempo li "A Europa de Bento na Crise de Culturas” para o tentar perceber para além do que se diz de Ratzinger. Noto nele um total conhecimento da mundividência actual e a consciência da “sociedade fácil” que existe hoje e, nesse sentido, compreendo perfeitamente o tema do “amor” desta encíclica. Não sei se é por estar numa idade propícia à dúvida no que a essa temática diz respeito, o certo é que gostei. Não descartando a inevitabilidade de Bento XVI, por causa da sua formação intelectual, conseguir manobrar bem o tema de modo a passar o que lhe interessa, o facto é que, independentemente do critério religioso de cada um, as suas palavras soam bem e servem de base a uma conduta humana apreciável.
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Está a nevar em Lisboa...

Simplesmente fantástico!
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Modéstias

O CDS está radiante. Sem ele, garantem-nos, Cavaco Silva não teria sido eleito à primeira volta. Um pouco mais de modéstia, por favor. Afinal, o 1.1% do PPM e da Nova Democracia também fez a diferença.
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sábado, janeiro 28, 2006

A Hora da Literatura. Efeméride

«- Quem eram os filósofos que...
- Oh, o Zenão e o Diógenes... Tão velho o argumento.
- Talvez. Um dizia que era impossível andarmos. O outro, simplesmente, andava. Mas acabou-se, discutamos. Sei, realmente, que a minha acção é provisória. Sei que depois de um dia vem outro dia. E que esse dia é diferente. Mas esse dia não será melhor, se não fizermos do anterior um dia bom. Claro como a água, parece.Daqui a pouco, a sombra do castanheiro vai deixar-nos ao sol. Mas, por enquanto, faz o seu serviço e é o que se quer. Limitação? De acordo. Vocês que sabem palavras bonitas, podiam chamar-lhe outra coisa. Eu dou uma ajuda. Por exemplo: heroísmo, grandeza humana, na humildade cautelosa, no espírito de renúncia. Com os materiais de que dispomos num momento, lutamos. Lutamos como se a nossa acção fosse definitiva.Nisto, somos todos iguais. Simplesmente, eu penso no depois. Questão da previdência, pelo menos. Eis aí, pois, o problema: cada época tem um valor relativo em função de outras épocas; mas, fechada nos seus limites, considerada em si mesma, o seu valor é absoluto. Eu vejo isto claramente, toco-o com as mãos. Bom. Acho que falei demais. E vãmente, decerto. Por debaixo do nosso plavreado estão os motivos que o esclarecem.»
Vergílio Ferreira, Mudança


Eu tinha 17 anos quando li Aparição. Com 17 anos, é fácil levar murros no estômago, mas aquele foi forte. Seguiu-se Para Sempre, Mudança, outros.
A 28 de Janeiro de 1916, nascia Vergilio Ferreira.

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É o dinheiro!

Havia fila nas caixas de pagamento da feira do livro do mercado Ferreira Borges, no Porto. A particularidade desta feira são os preços baixos realmente baixos. Hoje havia fila. Quem disse que os portugueses não gostam de ler? O que os portugueses não têm é dinheiro.

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Os bailes de máscaras do 3º Milénio

Eu não estive lá, mas pelo que li aqui, a coisa funciona como um baile de máscaras... sem máscaras.

É pena estas festarolas serem sempre durante a semana. Há pessoas que têm de trabalhar, sabiam? :)
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Mestres da blogosfera

Afinal, eu não era o único que já começava a sentir alguma desilusão face ao que Constança Cunha e Sá vinha escrevendo na blogosfera. Ontem, enquanto visitava o «Blue Lounge», deparei-me com este post do Rodrigo sobre o assunto.

«O post da CCS «dispara para o ar», fazendo uma data de «vítimas civis». Por várias vezes pensei deixar de escrever na blogosfera, porque me cansa estar sistematicamente a ser bombardeado, mesmo quando a lama não me era directamente dirigida (como penso que é o caso). Que a «miudagem» se entertenha neste tipo de quezílias é-me indiferente, mas que uma jornalista da envergadura de CCS, num blogue lido por milhares de pessoas, se submeta a semelhante exercício, traduz-se numa tremenda desilusão.»
Rodrigo Adão da Fonseca, «Blue Lounge»

Hoje, ao visitar «O Espectro», fui surpreendido [positivamente] com a publicação integral do post do Rodrigo. É um bom sinal.

Como já o disse aqui, seria uma pena que CCS seguisse os mesmos passos na blogosfera de Vital Moreira ou Medeiros Ferreira.

Ainda há umas semanas atrás, em tom de brincadeira, disse a José Carlos Abrantes que fazia falta na blogosfera uma espécie de "Pacheca Pereira". Pode ser que CCS venha a preencher essa lacuna.
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sexta-feira, janeiro 27, 2006

Momento Zen

Um amigo sportinguista diz-me que tem um mau pressentimento para este fim-de-semana. Peço-lhe para ter calma: ainda há um milhão de indecisos.
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The ultimate attraction






















Trabalho gráfico da Fallon Minneapolis para a BMW.

Com este anúncio questiono-me se a BMW estará mesmo interessada em vender viaturas a mulheres...
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Passeando pela blogosfera

Há coisas que caracterizam a blogosfera. Concisão, clareza, diálogo velado ou polemismo assumido. Coisas como esta.
(P.S: Vale a pena ter em conta esta sugestão, e acompanhar a sequência)
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Passeando pelos media

A política moderna não suprimiu as desigualdades, mas tornou essas desigualdades suportáveis. O Manuel e a Maria não invejam os ricos e os poderosos e querem viver como vivem. Adquiriram nisso uma segurança e indiferença social que não tinham. Já não admitem que alguém lhes peça o voto para os mudar.
Pedro Lomba, no DN de hoje. Resta saber se esta atitude do Manuel e da Maria é boa ou má...
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Há boas e Hamas notícias

Neste caso... Hamas.
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Misturar alhos com bugalhos

De há uns tempos a esta parte que venho deixando de visitar muitos dos blogues políticos que são [ou eram] considerados como “referências” na blogosfera nacional. Essas “referências”, aos poucos, foram-se transformando numa completa desilusão. Dois dos exemplos mais evidentes são os blogues «Causa Nossa» e o «Bicho Carpinteiro». Ainda há uns meses atrás era raro o dia que não os visitava. Agora, é raro o dia em que o faço.

Em sentido inverso, passei a seguir com atenção outros blogues que, por vezes, nem sequer estão referenciados como blogues políticos. O «Da Literatura» é disto um bom exemplo, e as opiniões de Eduardo Pitta sobre a actualidade política nacional são do melhor que tenho visto na blogosfera [e fora dela]. Este post, publicado na passada segunda-feira, e este mais recente, são disso uns bons exemplos.

Segundo parece, por este post, também partilho com a última estrela blogosférica, Constança Cunha e Sá, a opinião sobre os textos de Eduardo Pitta. Contudo, ou lemos textos diferentes, ou a Constança está a habilitar-se a entrar, rapidamente, na minha lista de estrelas blogosféricas decadentes.

Uma coisa é opinar sobre as opções dos canais televisivos. Outra, bem diferente, é misturar isto tudo e, pelo meio [como quem não quer a coisa], pretender dar a entender que o secretário-geral do PS sai imaculado de toda esta “estória”.

Sócrates sabia muito bem o que estava a fazer, e fê-lo premeditadamente, com objectivos que só ele próprio poderá descortinar. Para não variar, deu evidentes mostras de mau perder e de falta de inteligência política.

Não é que este assunto tenha alguma relevância de maior, só que me parece completamente despropositada esta tentativa [completamente falhada] de “branqueamento” do comportamento de José Sócrates, por parte de uma jornalista bastante conhecida e conceituada - apesar de o ter feito no seu blogue pessoal.

Já os canais televisivos tiveram, indubitavelmente, escasso segundo de reacção aos acontecimentos. Quanto a mim, embora todos os canais tenham decidido no mesmo sentido, se algum deles tivesse optado por manter no ar o discurso de Manuel Alegre, também teria sido aceitável.
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Comunicado: Novo elemento

O «GR» é um blogue colectivo, constituído por indivíduos de ambos os sexos, de diversas regiões do país, e com experiências de vida e opções políticas, por vezes, bastante diferenciadas.

Com o intuito de aumentar mais esta diversidade, a partir desta semana, vamos passar a contar com mais um novo elemento, o António Leite-Matos.

O António é estudante de Comunicação Social, tem 19 anos, e passa a ser o elemento mais novo do «GR», com uma diferença de cerca de vinte anos para o mais “velho” da nossa equipa.

Bem-vindo António.
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Ainda o sexo

Francisco Allen Gomes escreveu, há tempos, no Expresso:

«Antigamente, as pessoas liam os relatórios Kinsey e ficavam muito satisfeitas porque pensavam "afinal não sou só eu que faço isto, os outros também fazem". Agora, as pessoas lêem os novos inquéritos ao comportamento sexual e também ficam tranquilas porque, "afinal, eles tambem fazem tão pouco quanto nós"».
Digamos que isto explica muita coisa...
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quinta-feira, janeiro 26, 2006

Ainda sobre o sexo na literatura portuguesa

A Sofia Vieira remeteu-nos ontem para este post e a Sílvia Vaz Guedes, hoje, para este.

Nas palavras do escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, «Para falar de sexo na literatura é imprescindível ter tido entre 500 a 1000 mulheres na cama. Sexo, poesia, amor, imaginação, capacidade de brincar, mas, sobretudo, tem de ser um escritor e manter isso como hábito».

Uma das poucas conclusões a que consegui chegar após algumas semanas a ler posts sobre o sexo na literatura portuguesa é que o sexo tem algo de inenarrável. Just Do It!
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quarta-feira, janeiro 25, 2006

O Panorama: Mostra do Documentário Português

O Panorama, mostra do Documentário Português, começa já na próxima 6ª feira, dia 27 de Janeiro, às 21h00, no Fórum Lisboa. O programa inclui, além dos filmes, um conjunto de debates com os realizadores e outras personalidades convidadas.

Programa da sessão de abertura:

"Percursos no Documentário Português: alguns filmes de Manoel de Oliveira"
Douro Faina Fluvial Manoel de Oliveira [ 18' ]
O Pintor e a Cidade Manoel de Oliveira [ 26' ]
Cold Water Teresa Villaverde [ 5' ]
Contornos Rita Bonifácio [ 5' ]
O Inimigo Bruno Caracol [ 12' ]
Aquecimento Miguel Ribeiro [ 14' ]

Os bilhetes para a sessão de abertura podem ser levantados no Fórum Lisboa a partir das 10h00 de 5ª feira, dia 26 de Janeiro.

O programa das sessões e o painel de debates (com as confirmações conseguidas até ao momento)podem ser consultados em www.apordoc.ubi.pt ou www.videotecalisboa.org
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Passeando pelos media

«(…) a World Wide Web, a ferramenta que democratizou a Internet, foi inventada na Europa por um inglês, Tim Berners-Lee. Mas quem transformou essa tecnologia num produto de massas foram os Estados Unidos. Se tivesse estado atenta ao trabalho de Berners-Lee, a Europa poderia ter liderado a revolução da Internet. Em vez disso, a Europa imagina que a Internet é um produto do imperialismo americano que precisa de ser combatido. (…) Tal como quando quis fazer a “CNN francesa”, com 20 anos de atraso sobre o original, Chirac mostrou, com o Quaero, que a Europa não consegue vencer a teia das suas ilusões.»
Miguel Gaspar, no DN de hoje
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Que há em comum entre um simpatizante do BE e outro do CDS?

Partindo das considerações do Filipe sobre a "alma portuguesa" decidi fazer uma lista de ideias que se associam à ideia de ser português:
  • Nostalgia rural e medo endémico do provincianismo, que levam a que se condenem todas as práticas que não se fazem no estrangeiro;
  • Gosto por comer bem e beber melhor (e muitos gostam de beber vinho e cerveja);
  • Gosto por ver e falar de futebol;
  • O passado e o presente de Fátima e toda a religiosidade à volta dela;
  • Os mitos do D. Sebastião (sempre útil em época de crise) e de Inês de Castro;
  • Um passado literário comum, que inclui Luís de Camões, Fernando Pessoa;
  • Gosto pelas aparências e por aparecer na televisão (mesmo que por apenas 5 minutos de glória);
  • Gosto excessivo por leis e uma necessidade compulsiva de as desrespeitar, de criar uma lei à imagem do umbigo de cada um;
  • Um tabu em mostrar afectos e sexualidades;
  • Simpatia pachorrenta;
  • Gosto pelo trágico e pela auto-comiseração;
  • Falta de auto-estima e de tentação criadora.

Estarei eu enganada? Esta lista terá o mínimo de veracidade?

Será que falta algum item nesta lista?

A palavra agora é do leitor.

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Cenas dos próximos capítulos

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Portanto...

Portanto, esta é a minha contribuição para o que por aí (ainda) se vai dizendo sobre as presidenciais.
1) Cavaco Silva ganhou, e ganhou à primeira volta. Portanto, foi ele quem, em liberdade, o povo escolheu, a sua vitória foi clara e avassaladora, e nem o PSD, nem o PP ganharam coisa alguma.
2) Manuel Alegre não apresentou a sua candidatura antes de Soares porque não quis. Uma de duas: ou Alegre era, verdadeiramente, "independente" da lógica partidária, e nesse caso apresentava a sua candidatura e esperava pela reacção do partido; ou Alegre queria o apoio do partido, e só depois de ver Soares avançar (e talvez depois de ver sondagens...), decidiu apresentar-se, estando, por isso, dependente das escolhas partidárias.
Agora, perorar em torno de cenários alternativos (e se Alegre tivesse sido o candidato apoiado pelo PS?, e se Soares não se tivesse candidatado? e se Durão não tivesse ido para Bruxelas?, e se Guterres não se tivesse demitido?, e se D. Sebastião não tivesse morrido em Álcacer-Quibir?, e se D. Afonso Henriques tivesse sido morto pelos mouros?) pode ser intelectualmente um bom passatempo, mas insinua, também, uma certa falta de encaixe democrático: Cavaco ganhou porque os portugueses, em liberdade, assim o quiseram. O vencedor é Cavaco, o responsável é o povo. Isto é um facto. Que não agrade a muita gente, é outra coisa.
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Por detrás da tela: Guernica (3)

«Guernica» foi pintado a óleo sobre tela, segundo uma técnica cubista, com as dimensões de 349,3 x 776,6 cm e apresentado ao público, pela primeira vez, na Exposição Internacional de Paris de 1937.

[clique na imagem para observar os pormenores]











"Guernica", 11 de Maio de 1937

Era previsível que o evento iria arrastar milhares de visitantes ao Pavilhão da República Espanhola, e que estes, não poderiam ser encarados como os habituais visitantes de museus. Desde logo, o Pavilhão não era um museu, e era esperado um público bastante diversificado. Estes elementos foram considerados por Picasso quando da criação do mural e deve ser levado em conta na análise da obra.

O quadro foi criado com o intuito de ser contemplado, simultaneamente, por um vasto número de pessoas. Daí o seu tamanho monumental, a redução da gama de cores ao branco e ao preto, e as intencionais similitudes com um grande cartaz. A obra pretendia produzir efeito sobre as pessoas, muitas pessoas. Quantas mais, melhor.

Com «Guernica» Picasso pretendeu denunciar ao mundo a morte trágica de inocentes em resultado da guerra e da crueldade humana. Esta obra é um apelo do artista à acção dos homens - um alerta contra a passividade perante os problemas da humanidade.


[clique na imagem para observar os pormenores]










Pablo Picasso,"Guernica", óleo sobre tela, 349,3 x 776,6 cm
Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, Madrid

No quadro, o espaço adquire características ambíguas de interior/exterior. Com se o artista cubista “caminhasse” por entre exteriores e interiores, visionasse telhados de cima para baixo, uma mesa num interior, os prédios em chamas, um homem a arder, um guerreiro tombado, uma mulher que chora a morte do filho, um cavalo em agonia trespassado por uma lança, uma mulher que transporta uma luz, e um touro com feições humanas. Um pássaro que grita e que simbolicamente está num local inusitado, em cima de uma mesa, num interior, pois no exterior sobrevoam os aviões alemães. Nem no ar há salvação possível.

As figuras apresentam-se todas num único plano, segundo uma perspectiva planimétrica, e num clássico esquema tríptico: faixa direita, faixa central, faixa esquerda. Do lado direito, está um homem de braços levantados. No centro, o cavalo e as luzes. Do lado esquerdo, o touro e uma mãe com a sua criança no colo.

As personagens impõem ao espectador uma direcção na leitura da obra, da direita para a esquerda - quando a leitura [no mundo ocidental] se faz no sentido inverso. Este movimento lateral das figuras em direcção ao touro é contra natura, um obstáculo à leitura da obra. O mais natural é o observador ler a obra da esquerda para a direita. Esta direcção pode ter sido induzida na obra, por o artista ter tido em conta o espaço onde o mural iria estar exposto, junto de uma espécie de rotunda, onde os visitantes iriam ter a tendência para se movimentarem no sentido inverso ao dos ponteiros de um relógio.

A composição é unificada pela correspondência simétrica dos flancos, touro e homem de braços levantados, e pelo triângulo com vértice na lamparina. O vértice do triângulo encontra-se situado ligeiramente à esquerda do centro da tela, o que conjuntamente com a lâmpada acentua o movimento lateral das figuras para a esquerda.

A parte superior da tela está mais livre que a parte inferior, o que permite uma visualização mais clara da expressões das cabeças das figuras. A parte inferior da tela tem bastantes formas que se confundem umas com as outras, sendo a parte inferior esquerda mais densa, acentuado o caos.

No quadro existem duas luzes, ambas artificiais: lâmpada eléctrica e lamparina. A lâmpada apresenta-se imóvel, enquanto a lamparina é empurrada, vigorosamente, para o centro da tela. A máxima iluminação da tela é fornecida pela cor branca, passa por diversas tonalidades de cinzento, até à escuridão total dos negros.

A cor espelha o estado de alma do pintor. Nesta obra Picasso abandona a cor para utilizar o preto e o branco, cores contrastantes. Desta forma exerce uma acção sobre o observador, desencadeando aparentemente um movimento estático de aproximação ou afastamento em relação ao objecto contemplado. O branco leva-nos ao concreto e o preto ao abstracto. O preto e o branco remetem-nos também para o mundo dos sonhos, para um pesadelo a preto e branco. O facto de Picasso ter tomado conhecimento da tragédia de Guernica através de fotografias e de jornais, pode ter influenciado o artista na utilização destes tons monocromáticos.

Picasso criou um espaço pictórico com a sobreposição de recortes planos, em tons de preto e cinzento, atravessados por claridades brancas. A utilização destes tons impregna a tela de uma carga dramática, de uma luta entre a luz e as trevas, entre a vida e a morte. O branco simboliza a resistência, a pureza, a integridade. O preto simboliza o silêncio, a tristeza profunda, a dor, o luto, a morte.

A obra causou bastante impacto na Exposição Internacional de 1937. Consta que o embaixador de Hitler em Paris, ficou tão impressionado com a obra, que teria perguntado a Picasso, “A obra é sua?” Ao que o artista respondeu, “Não. É sua.”

[continua…]

Por detrás da tela: Guernica (1)
Por detrás da tela: Guernica (2)
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terça-feira, janeiro 24, 2006

Traumas e traumatismos

Depois de algumas marcações e desmarcações, parece que é desta [este fim-de-semana] que finalmente vou ver a peça, «A Mais Velha Profissão» de Paula Vogel, que está em cena no Teatro Nacional D.Maria II.

Podem não acreditar, mas desde que me aconteceu uma "cena" esquisita, faz uns anitos, no Teatro «A Comuna», tornei-me uma pessoa bastante traumatizada em tudo o que diz respeito às artes teatrais. Eu explico...

Como sou bastante distraído, já não me lembro do nome da peça. Mas era qualquer coisa e um rouxinol, ou um rouxinol e qualquer coisa. Se não era um rouxinol, era um pintassilgo. Bem… de certeza, de certeza, sei que o título da peça tinha qualquer coisa a ver com um “passarouco”. E não, não era uma representação infantil. Era uma “dramalhão”... à moda antiga,

No dia anterior à peça, tinha agendado um jogo de futebol entre a empresa onde trabalho e outra empresa, “concorrente”. Coisas de homens. No decorrer do jogo, num lance mais disputado, sofri uma rasteira e tombei desamparado. Na altura não senti nada de mais, mas depois do jogo, comecei a sentir uma dor intensa, de tipo muscular, no peito. Acabei por ir a uma consulta e diagnosticaram-me uma ruptura num músculo do peito. Uma espécie de traumatismo muscular [como não sou médico, não sei se esta é a expressão mais adequada, mas é a que me vem à cabeça]. Só sei que aquilo dava umas dores do caraças. Doía só por respirar. Ligaram-me o braço junto ao peito, receitaram-me uns comprimidos para as dores e avisaram-me logo, que a dor só ia passar com o tempo e com descanso. Como isso de andar com o braço junto ao peito não é uma coisa muito máscula [e não dá jeito para conduzir], mal saí da clínica, tratei logo de tirar as belas das “ligadurazinhas”.

No dia seguinte, uma sexta à noite, tal como combinado com um grupo de amigos, lá me apresentei na «Comuna», cheio de dores. Como já disse, aquilo era um “dramalhão” e, para meu azar, a sala estava apinhada de gente.

Mais ou menos a meio da peça, quando duas das personagens mantinham uma acesa discussão em palco e a tensão estava no seu auge, eis que um dos actores saca, repentinamente, de uma pistola e dá um tiro que ecoa estrondosamente por toda a sala. Obviamente que o pessoal não estava, minimamente, à espera daquele tiro e mandámos todos, em simultâneo, uns grandes saltos nas nossas cadeiras. Foi um valente susto, colectivo.

Só que como eu estava cheio de dores, com o salto que dei, aleijei-me seriamente. Instintivamente, dobrei-me, agarrei-me ao peito, e gritei [mais ou menos baixinho], “Ai, ai, ai, ai, ai”. No meio daquele silêncio, pós tiro, os meus gemidos propagaram-se por toda a sala.

O actor que disparou o tiro [supostamente de pólvora seca] ficou parado a olhar para a arma e para mim, para mim e para a arma. Eu, com as dores, não consegui deixar de continuar agarrado ao peito e a gemer, “Ai, ai, ai, ai, ai….” Todas as pessoas, sem excepção, que assistiam à peça [e os actores também] viraram-se imediatamente na minha direcção e exibiram, segundo me pareceu na altura, umas expressões bastante assustadiças e estupefactas. Quando constatei o que se estava a passar, e verifiquei que a peça estava interrompida e toda a gente olhava para mim fixamente, crendo que eu tinha sido atingido pelo tal de tiro, desatei-me a rir, compulsivamente. Só que, com as dores fortíssimas que tinha no peito, o meu riso causava-me ainda mais dores, e mais “Ai, ais”. Felizmente [ou talvez não], os meus amigos, que se aperceberam perfeitamente o que se tinha passado, também desataram a rir, desalmadamente. Em parcos segundos, a risota alastrou-se a toda a sala. Infelizmente, foi sol de pouca dura, pois os actores e o público, a dado momento, devem ter pensado que eu era um “engraçadinho” que estava para ali a gozar com o pessoal todo. A peça continuou e eu, como não conseguia parar de rir, de ter dores e de gemer, tive de abandonar a sala antes que alguém me quisesse bater.

Agora já compreendem o meu trauma?
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Directo ao assunto

Sempre foi assim, sempre será assim. Essa quota do ressentimento, que votou Otelo, inventou (com a muleta de Eanes) o PRD, e votou Zenha contra Soares, descobriu agora as virtudes da «cidadania». Aspecto curioso: tem sido um percurso a caminho da Direita. O milhão de ontem não quer saber de Alegre para nada. Esse milhão, o que quis, foi humilhar Soares. Cavaco não os incomoda. Soares é o mal que era preciso extirpar. O significado da segunda volta era esse: prolongar a Paixão por três semanas. Há contas que nunca ficam saldadas.
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Os puros

Conhecemo-los bem. Falam de forma majestosa e pausada, carregam o discurso de solenidades bíblicas (“aqueles que quiserem ignorar…”, “não ignorem…”), acham-se um exemplo de pureza pairando por sobre a podridão reinante.Como Jonas, vêm trazer a luz aos ímpios, e sabem que, se os ímpios os não ouvirem, serão destruídos. O mundo está cheio deles. Portugal está cheio deles. Nestes dias, surgiu mais um: Helena Roseta.
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segunda-feira, janeiro 23, 2006

Ontem

... D. Sebastião chegou!
Depois de muita indecisão, decidi votar Manuel Alegre. Não estou arrependida.
Que Cavaco Silva saiba ser o presidente de todos os portugueses.
E viva a Democracia!
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Por detrás da tela: Guernica (2)

Segunda-feira, 26 de Abril de 1937. Em plena guerra civil espanhola, a Legião Condor da Luftwaffe (Força Aérea Alemã), ao serviço do General Franco, sobrevoa Guernica de forma a reconhecer os melhores alvos. Era dia de feira na cidade Santa Basca. Os sinos da Igreja de Santa Maria alertaram a população para o ataque iminente. O bombardeamento começou às l6:40 horas e continuou, ininterruptamente, durante três horas.

“Aviões de combate em voo rasante apareceram sobre o horizonte, vindo em ondas, despejando toneladas de bombas e projécteis incendiários. Os esquadrões alemães eram protegidos pelos aviões de combate italianos no ataque, o primeiro coordenado em comum pelas forças de Hitler e Mussolini. Então vieram os aviões de combate da Luftwaffe que metralharam tudo o que se movia. Guernica foi arrasada num dia; milhares de pessoas morreram ou ficaram feridas pelas bombas, granadas e chamas. Ninguém pôde avaliar o número exacto das vítimas, porque a população da cidade aumentara por ser dia de feira.”
Herbert Mitgang, New York Times, 24/07/2000: “Em Guernica, determinação para perdoar, mas nunca esquecer”

«Guernica, a mais antiga cidade das províncias bascas e centro da sua tradição cultural, foi ontem completamente destruída por um ataque aéreo dos rebeldes. O bombardeamento da cidade desprotegida, situada muito atrás da linha de combate, durou exactamente três quartos de hora. Durante esse tempo, uma forte esquadrilha de aparelhos de origem alemã – aviões de bombardeamento Junkers e Heinkel, assim como caças Heinkel – lançou ininterruptamente bombas, algumas com 500 quilogramas, sobre a cidade. Simultaneamente, aviões de caça em voo picado rasante atiravam com metralhadoras sobre a população que tinha fugido para os campos. Num curto espaço de tempo, toda a cidade estava em chamas.»
Times, Londres, 27 de Abril de 1937
[Clique aqui para ver o short movie, "Guernica", de Russel Bernice, 1'17"]

A 28 de Abril de 1937 surgem publicadas as primeiras fotografias do ataque, no jornal comunista L’Humanité. Picasso fica profundamente chocado com as imagens que são veiculadas pela imprensa, e a 1 de Maio de 1937, inicia no seu atelier em Paris os primeiros esboços do que viria a ser o seu quadro mais famoso: Guernica.

Nestes primeiros estudos, Picasso, inclui muitos temas e símbolos já familiares na sua obra: o cavalo, o touro e a mulher que segura o candeeiro com o perfil de Marie-Thérèse.



















Guernica (estudo), Paris, 7 de Maio de 1937
Lápis em madeira, 53,7x64,7 cm
Centro de Arte Reina Sófia, Madrid

Já se nota que o artista tem uma ideia bastante predefinida da obra, mas ainda está longe da obra-prima final, que terminaria em pouco mais de um mês e após 45 estudos preliminares.

«O que pensa que é um artista? Um idiota, que só tem olhos quando pintor, só ouvidos quando músico, ou apenas uma lira para todos os estados de alma, quando poeta, ou só músculos quando lavrador? Pelo contrário! Ele é simultaneamente um ente político que vive constantemente com a consciência dos acontecimentos mundiais destruidores, ardentes ou alegres, e que se forma completamente segundo a imagem destes. Como seria possível não ter interesse pelos outros homens e afastar-se numa indiferença de marfim de uma vida que se nos apresenta tão rica? Não, a pintura não foi inventada para decorar casas. Ela é uma arma de ataque e defesa contra o inimigo.»
Picasso

[continua...]
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domingo, janeiro 22, 2006

Resultados Eleições Presidenciais 2006

Resultados Eleições Presidenciais 2006

Brancos+Nulos > 100.000 votos (1,85%)
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A noite dos facas longas

Parece que Sócrates, mais uma vez, borrou a pintura toda ao iniciar o seu discurso antes de Alegre acabar o seu. Very polite.

Ou me engano muito, ou as coisas vão aquecer bastante para os lados da esquerda.
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Vidinha

Os preços aumentam, a economia estagna, as infidelidades conjugais persistem e há hipóteses de o Benfica conquistar outra vez o campeonato. É verdade: a partir de amanhã, a vidinha continua.
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Read my lips

Os jornalistas perguntam quem são os responsáveis. A extrema-esquerda procura responsáveis. É fácil: o responsável é o povo português. Chama-se a isso "democracia". Read my lips: de-mo-cra-cia.
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O Presidente de todos os portugueses: Cavaco Silva

Pelo sim e pelo não... já estou a começar a festejar a vitória do Professor Cavaco Silva. :)

Se for eleito à primeira volta, como tudo indicia, a [minha] festa vai ser de arromba.

Já volto...
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Memória Futura

"Um dos méritos de uma pessoa culta é o de reconhecer que as coisas não acabam onde acaba a sua “cultura” e que a sua “cultura” não é um critério absoluto. A ideia de que a vida é uma sabatina regular exibida em torno de nomes e de estantes é um factor de empobrecimento da própria vida cultural. Isto também explica o predomínio absoluto da “cultura literária” num país sem “cultura científica” e sem disponibilidade para aceitar a diversidade, as dificuldades e a necessidade de esforço"
Francisco José Viegas

Estas frases foram ditas num contexto específico (a defesa de um candidato presidencial), mas têm valor para além dele.
De facto, o primeiro dever de uma pessoa culta é saber onde acaba a sua cultura. Ninguém sabe tudo: o mundo abre-se à nossa frente mas nós não o conseguimos apreender todo. Há sempre algo que não sabemos e alguém que sabe mais do que nós.
Aprendemos nos livros que lemos mas também nas conversas que temos e nas viagens que fazemos. Existe mundo para além das estantes, mais ou menos bafientas, de uma biblioteca.
Francisco José Viegas também se refere ao predomínio do prestígio da cultura literária sobre a cultura científica. Esse predomínio prolonga, de facto, uma ilusão. É que podemos pensar a partir de múltiplas fontes, não precisamos de recorrer só aos romances, à música e ao cinema. As ciências puras (como a matemática, a física e a química) têm pouco prestígio e poucas ofertas de emprego em Portugal o que é mau. Precisamos muito delas para que se comece a estar na linha da frente da criação científica.
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Poder no feminino

A Carlota, no Lote 5 - 1º Dto. explica porque até hoje a participação das mulheres na política tem sido tão reduzida: por uma questão de limpezas.
Aqui fica uma mini-lista de mulheres que conseguiram ultrapassar esta questão e ser eleitas:

Primeiras-Ministras:
Alemanha: Ângela Merkel
Bangladesh: Begum Khaleda Zia
Moçambique: Luísa Diogo
Nova Zelândia: Helen Clark
São Tomé e Príncipe: Maria do Carmo Silveira

Chefes de Estado:
Filipinas: Gloria Arroyo
Finlândia: Tarja Halonen
Irlanda: Mary McAleese
Libéria: Ellen Johnson Sirleaf
Lituânia: Vaira Vike-Friberga
Chile: Michelle Bachelet
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Cenários

Eu gosto de noites eleitorais. As noites eleitorais são uma curiosa peça de equívocos entre o que se mostra, o que se quer mostrar e o que se deve mostrar. Depois disto, estaremos anos sem este espectáculo. Por isso, permitam-me romancear em torno de um cenário.
20.30: a vitória de Cavaco Silva à primeira volta confirma-se. Consta que o Alentejo fez a diferença. Sócrates pede a palavra. Curto e grosso:
«Como andam por aí a dizer que isto foi uma grande derrota do governo, e que o governo, aliás, já perdeu legitimidade em virtude de não cumprir promessas eleitorais, apresento a minha demissão. Mas, atenção: eu não sou como o Sr. Durão e o Sr. Guterres. Eu vou outra vez a votos.»
Depois, seria simples.
Se perdesse, o engenheiro passaria à reserva no PS, que teria de encontrar um entertainer de serviço, talvez Soares júnior; o sr. Marques Mendes teria de mostrar as suas ideias para o país (se é que as tem); o PP choramingaria lugares e o psicadélico Ribeiro e Castro abafaria a oposição portista; o Bloco e o PC teriam mais oportunidades para gesticular e berrar na praça pública.
Se ganhasse, o engenheiro teria uma legitimidade como há muito não se vê; os alegristas, provavelmente, desapareceriam da Assembleia da República, e reuniriam uma vez por ano, para destapar a panela do arroz; o sr. Marques Mendes sairia de cena sem que ninguém desse por ele, e o PSD andaria à deriva; o PP colapsaria e precisaria de alguém que o fosse entretendo; o Bloco e o PC continuariam a berrar e a barafustar.
No mundo da ficção tudo é possível. Só no mundo da ficção, claro.
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Surrealismos: Marcelo Ricardo Ortiz














Marcelo Ricardo Ortiz
Guernica (Short Movie), 3':00", 09/2002

O brasileiro Marcelo Ortiz criou este filme fantástico em 3D, onde uma das personagens do «Guernica» de Picasso acorda, e passeia pelas obras de Van Gogh, Dali e Esher. O final é surpreendente.
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A questão que falta [mesmo] colocar

Em quem Mário Soares vai votar neste fim-de-semana?

Humm?
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sábado, janeiro 21, 2006

Surrealismos: Mário Botas



















"Eugénio", Mário Botas, 1980
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sexta-feira, janeiro 20, 2006

A Hora da Literatura. Literatura e Pintura


A Mário Botas, com uns cravos brancos
Já estiveras na morte muita vez
e sempre regressaras. Para a conheceres
bastava-te afinal ser português,
a morte é o nosso aprendizado.
Agora lá ficaste: o outono foi duro.
Não cheguei a dizer-te como
tu e eu sobrávamos na festa.
Tu já partiste, eu não tardarei.
Aos corvos deixemos o que resta.

Eugénio de Andrade, in Homenagens e outros epitáfios
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Notas pessoais pré-dia 22 de Janeiro

1. Todas as eleições acontece-me o mesmo: chego a uma ou duas semanas antes das eleições e sinto-me enjoada de política. Por isso, é um alívio saber que apenas faltam 48 horas para saber quem venceu (ou se há segunda volta, o que eu duvido).

2. Continuo indecisa. Vou aproveitar o dia de reflexão para arrumar o meu quarto, ajudar a minha mãe, ir trabalhar à tarde e também para pensar em quem hei-de votar. Já está decido em quem não vou votar!

3. Manuel Alegre é uma surpresa. Uma boa e uma má surpresa. Um exemplo de cidadania e de partidarismo. Um exemplo de lucidez e de auto-elogio exagerado. As palavras do poeta são eternas, as do político não.
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Lady Mónica na cidade do castelo

Periodicamente, a livraria Arquivo organiza um conjunto de eventos culturais de relevância para o burgo (Leiria). A assistir a esses eventos encontramos sempre as mesmas caras - as luminárias iluminadas cá do sítio. Desta vez - esta quinta-feira - a convidada foi Maria Filomena Mónica para apresentar o seu Bilhete de Identidade.
Primeiro falou Orlando Cardoso, que apresentou o livro num tom condescendente mas também crítico. Depois, foi a vez da autora falar.
Lady Mónica, com a sua pose aristocrática, descreveu o livro como um «exercício de estilo com efeito catártico». Uma obra que se caracteriza ao mesmo tempo pela descrição e pela exposição da vida pessoal e intelectual, de forma intercalada. Também descreveu as reacções dos seus leitores: uma recepção positiva (de quase identificação) por parte das mulheres e um comportamento machista, envergonhado (e quase infantil) por parte dos homens perante as suas confissões. Lembrou, a propósito, que muitos seus colegas, professores universitários da mesma geração, lhe costumam dizer "tu és um homenzinho". Esta frase demonstra admiração pelo seu percurso académico mas também um machismo eterno subjacente.
Maria Filomena Mónica advertiu que se as mulheres se puserem a lutar constantemente contra a descriminação (e pelo feminismo) isso acaba por ser paralisante: não deixa espaço para a acção, que é o essencial. Compartilho com ela esse ponto de vista.
Durante a apresentação não faltou o auto-elogio. No caso a propósito da ascensão social rápida da mãe: «a sorte da minha mãe é que somos bonitas». Assim, as manas Mónica (Maria e Isabel) foram facilmente aceites na sociedade da linha e frequentar essas festas na juventude.
Lady Mónica considera-se «a pessoa mais atípica do mundo» o que é um exagero: existem mais pessoas com histórias parecidas. No entanto, durante os lançamentos desta autobiografia pelo país fora tem encontrado qualquer coisa de comum com as mulheres com que convive: a «condição feminina». Enquanto isso, os homens lêem este livro mais por voyeirismo.
Respondendo a uma pergunta feita por uma mulher presente no local, a autora reconheceu que mantém uma relação subjectiva com o Reino Unido: quando está em Oxford sente-se segura e tem mais tempo para reflectir. Acaba por se sentir como se estivesse num convento. É mais tolerante com os ingleses do que é com os portugueses porque ali não é a sua terra. Também reconheceu que sem criadas nunca conseguiria chegar onde chegou a nível académico. Considerou que hoje há uma imposição ideológica de ter os pais sempre presentes, o que torna as crianças o centro do mundo doméstico. As crianças devem ter espaço para estarem com adultos que não sejam os pais para que aprendam melhor o que é o respeito pelos mais velhos. Lady Mónica acabou recentemente o seu trabalho no Dicionário Biográfico dos Parlamentares e jubilou-se como professora. Por isso, agora pensa em férias e em sair do país.
Depois, seguiu-se o momento do sorriso pepsodent da noite: o dono da livraria perguntou a Maria Filomena Mónica o que achava de Leiria agora, com o castelo iluminado. Obviamente, ela disse que estava lindo.
A propósito da pergunta de um homem, que não encontrou nenhum grande amor relatado no Bilhete de Identidade, Maria Filomena Mónica lembrou que essa história do "homem da minha vida" é uma ideia romântica, do século XIX: Stendhal e Balzac podiam falar disso quando as mulheres tinham uma vida muito curta. Hoje a esperança de vida feminina é maior, portanto não existe apenas um homem na vida das mulheres. Existem vários.
NOTA 1: Este post foi primeiramente reproduzido no Insustentável Leveza.
NOTA 2: Tenho uma relação amor-ódio com Leiria e os leirienses. Este post deverá ser lido a partir desse contexto local.
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A questão que falta colocar

Em quem D.Duarte de Bragança vai votar neste fim-de-semana?

Humm?
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Frases sábias

"Desculpe ter escrito uma carta tão longa, mas não tive tempo para escrever uma mais breve"
D. Francisco Manuel de Melo
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A Hora da Literatura. Eugénio

Completaria ontem 83 anos, como lembrou a Fundação com o seu nome, numa breve mas sentida evocação, em que a emoção das palavras se via nas caras de quem lá estava. Lê-lo é a maior homenagem que se lhe pode prestar. Para outra ocasião ficará o Eugénio dos poemas curtos, sensoriais e luminosos que se tornaram a sua marca. Agora, cá fica um pouco do "outro" Eugénio, não inferior:

«Anoitecera. Eu falava de Morandi como exemplo de uma arte poética que, apesar da desmaterialização dos objectos e da aura de silêncio que os imobilizava na sua pureza, não se desvincula nunca da realidade mais comum e fremente, quando alguém me interrompeu:
- Eu conheci-o, era intratável, vivia em Bolonha com duas irmãs, quase só saía de casa para ir às putas.
-Está bem, volvi eu, se ele precisava disso para depois pintar como Vermeer e Chardin, abençoadas sejam todas as putas do céu e da terra. Amém.»
in Vertentes do Olhar
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Uma mensagem que se esquece - Mário Botas

Nos meus tempos de Faculdade, enquanto vagueava pelo CCB depois de uma daquelas sessões de estudo para as frequências dei por um painel à entrada do centro de exposições que dizia " Mário Botas - retrospectiva ".
Um desenho fazia parte desse painel publicitário que nunca mais saiu da minha cabeça. Um homem engravatado, de aspecto espectral, com 6 patas de caranguejo a sair por de baixo de um laçarote exagerado, que olhava para do alto do seu esguio pescoço, com ar indiferente para um pequeno ser alado que parecia dirigir-se compenetrado para o seu chapéu. O homem apenas esticava o braço, como se de um domador de falcões fosse.
Uma aguarela.
Entrei, e hoje a única coisa de que me arrependo foi de não ter comprado o Book da exposição.

Nasceu em 53 morre em 83. 30 anos de existência, sendo que os ultimos 6 foi de convivência com Leucemia.
É patente nos seus trabalhos a visão de um mundo pelos olhos de que em breve vai deixar de estar nele. Mas a visão não é a de desnorte ou de angústia ou de medo de morte. Pelo menos para mim, o que Mário Botas disse no seu vasto espólio foi que o mundo não é mais que uma caricatura moldável e infinita dentro da cabeça de cada ser humano. O mundo depende da forma como para ele olhamos pois o Mundo somos nós e o sítio onde estamos presente é apenas um globo feito de massa.

Nada mais se ouviu de Mário Botas, e cada vez que comento com alguém ninguem dele ouviu falar e pergunto-me " como pode ser isso? ".

Tão repleto de originalidade, desconstrução visionária, presença de espírito e força anímica que transpira em cada aguarela, em cada esboço, em cada frase... e ainda assim "quem é Mário Botas?", "Bota ou Botas?", " Não sei, talvez se vir um quadro sou capaz de me lembrar!", " não, ainda assim não conheço... mas é muito bom!!".

Mais triste fiquei quando no google coloquei seu nome. Escassas as páginas e referências, poucas demais para alguem que fez uma manifestação profunda e demasiado silênciosa. Talvez era assim que Botas queria, pois do que me lembro das pessoas que andavam naquele dia do CCB a escutar a alma de Mário Botas, era que calculavam o peso das passadas, o volume da voz, o poder das expressões... pois tudo o que nas paredes e nas estantes estava já falava o suficientemente.

Deixo no título um apelo para a memória desse artista que se esqueceu. Como muitos.
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Assim não dá!

Quando se me mete uma ideia na cabeça, raramente desisto de a concretizar. Contudo, há coisas que são demais, até para mim.

Se ainda na semana passada andava a ponderar, seriamente, a possibilidade de me transformar num intelectual [aqui], cheguei nos últimos dias à dolorosa conclusão que este meu ensejo não tem qualquer viabilidade prática.

Comecei a tomar mais atenção ao blogues escritos pelos intelectuais da nossa praça e constatei que os posts que eles escrevem, raramente ultrapassam os 100 caracteres. Esta capacidade de síntese demonstrada pelos nossos pensadores não é exequível na minha pessoa. Eu já tentei. Mas a única coisa que eu consigo escrever na blogosfera com menos de 100 caracteres é o título de um post.

Desisto! :)

PS. Este é o post mais pequeno que alguma vez escrevi.
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quinta-feira, janeiro 19, 2006

Por detrás da tela: Guernica (1)

«Picasso foi um escultor que "vendeu a alma" à pintura»
João Cutileiro

No início de 1937, a Espanha estava em plena guerra civil, quando o Arquitecto Catalão, Josep Luís Sert, visita Picasso em Paris e o convida a pintar um grande mural para o pavilhão republicano espanhol na Feira Internacional de Paris, cuja inauguração estava prevista para Maio desse mesmo ano.

Apesar do apoio de Picasso à causa republicana em Espanha, inicialmente, o artista mostrou alguma relutância em aceitar o convite que lhe fora dirigido. Até então, nunca tinha tido um trabalho específico de propaganda política, e porque a dimensão do projecto era algo que não era concebível aos seus próprios olhos. No passado, ocasionalmente, Picasso já tinha dado mostras na sua obra das suas opções políticas. Aliás, o seu núcleo de amigos estava conotado com a causa republicana (esquerda antifascista e anarquistas). Picasso também mantinha o hábito de contribuir monetariamente na ajuda aos refugiados políticos espanhóis, mas sempre de forma reservada e confidencial.

Ainda no início do ano de 1937, Picasso escreve o poema «Sonho e Mentira de Franco» onde se refere pela primeira vez, de forma explícita, à guerra civil espanhola.

«Gritos das crianças, gritos das mulheres, gritos dos pássaros, gritos da flores, gritos das árvores e das pedras, gritos dos tijolos, dos móveis, das camas, das cadeiras, dos cortinados, das panelas, dos gatos e do papel, gritos dos cheiros, que se propagam uns após outros, gritos do fumo, que pica nos ombros, gritos, que cozem na grande caldeira, e da chuva de pássaros que inundam o mar.»

Na mesma altura, Picasso compõe um trabalho gráfico satírico, tipo cartoon, com o intuito de ser reproduzido em formato postal. Estes postais são vendidos em conjunto com uma folha do poema, como forma de angariar fundos a favor da causa republicana. Tal como no «Guernica», este postal satírico lê-se da direita para a esquerda.

Diversas imagens deste postal remetem para o «Guernica»: o cavalo tombado, a mulher com o filho morto nos braços, a mulher com um braço levantado para o céu, como que a pedir ajuda, o sofrimento, a crítica a Franco, o estilo, a “cor”...

















[CLIQUE NA IMAGEM PARA OBSERVAR OS PORMENORES]

[continua...]
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Algo de Novo na Blogosfera

Não sou muito de publicitar obras minhas ou feitos que seja. Contudo, devido a ter decidido de uma vez por todas retirar da gaveta textos e desenhos meus, criei na blogosfera um espaço para tal.

No fundo o que estou a fazer com este post é transforma-lo num convite para a estreia, uma pequena recepção aos meus digníssimos colegas do Geração Rasca e aos seus leitores.

Estão convidados para visitar o meu humilde canto da blogosfera dedicado aos meus delírios criativos.
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Divina comédia

Odeio anedotas. Mas quando alguém, que não me conhece, faz questão de me contar uma, por uma questão de mera cortesia, rio-me no final. Contudo, a intensidade do meu riso não varia com a maior ou menor graça que eu possa achar à “piada” [porque raramente acho], mas com a exuberância do riso das outras pessoas que a estão a ouvir. Para não ficar mal visto, tento demonstrar o mesmo entusiasmo que os outros mostram. Nem mais, nem menos. Quando acontece ser eu a única pessoa presente, pelo ridículo da [minha] situação, costumava desatar-me a rir que nem um desalmado no final da anedota. Era de tal forma despropositada a minha reacção, que a pessoa que estava a contar a anedota, ou se começava a rir desalmadamente, como eu, ou passava a considerar-me um verdadeiro atrasado mental. Ultimamente, arranjei um truque. Dependendo da maior ou menor "cerimónia", esboço um sorriso mais ou menos rasgado e digo: “Eheh. Está boa! Está boa!”. Quando noto que não fui muito convincente, volto a insistir com um, “Está boa! Eheheheh. Está mesmo muito boa! Ehehehe”. Em alguns casos é necessário, simultaneamente, agarrar, ao de leve no braço do contador da anedota. Que é como quem diz, “Ó pá… ahahah. Pára pá! Não contes mais senão ainda morro a rir.” Até agora… parece que tem resultado. Pelo menos, deixei de fazer figuras tristes.

Para além de não gostar que me contem anedotas, também não gosto de ver comédias. Apesar de consumir filmes quase compulsivamente, sou incapaz de pagar um bilhete de cinema ou levantar um DVD para ver uma comédia. Enerva-me ver os outros a rir enquanto eu fico, invariavelmente, a olhar [com um ar sério] em meu redor e a questionar-me se não terei algum problema grave do foro psíquico. Para me poupar a qualquer dúvida acerca da minha própria sanidade mental, evito ver comédias.

Mas não pensem que sou um gajo sorumbático que nunca se ri. Bem pelo contrário. Farto-me de rir, por vezes, até à exaustão. Só que me rio de coisas bastante mais simples. Por exemplo, não consigo deixar de esboçar um sorriso quando observo na TV aquele andar “esquisito” do Sócrates, ou quando vejo o Cavaco, envergonhadamente, a mastigar qualquer coisinha à frente das câmaras. Rio-me também das “gaffes” do Soares e das entrevistas do Santana Lopes. E chego mesmo a chorar a rir com a “ética republicana” do Pina Mora, ou com os discursos do Jorge Sampaio e do Jorge Coelho. Mas também me rio imenso com outras coisas simples que ocorrem na minha vida quotidiana. Rio-me imenso de mim próprio, e das pessoas que privam comigo. Às vezes rio-me tanto que até dói.

Isto tudo, só para dizer, que se há coisas que me dão prazer ver e que me fazem rir muito, são as séries, «O Sexo e a Cidade», e as «Donas de Casa Desesperadas». Esta última foi, esta semana, galardoada [muito justamente] com um Globo de Ouro.


Desperate Housewives (2004), "Locked Out Of The House"
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quarta-feira, janeiro 18, 2006

Passeando pela blogosfera

Parece que já anda a circular por aí há muito tempo, mas não conhecia isto. Dedicado a todos aqueles que nasceram nos anos 70 ou nos anos 80.
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Agenda: Falar de Blogues 2006

Organização: José Carlos Abrantes e Almedina

Falar de Blogues: Feminino/Masculino
3 de Março, 19:00 horas
A Origem das Espécies, Francisco José Viegas
Controversa Maresia, Sofia Vieira
Geração Rasca, André Carvalho
Rititi, Rita Barata Silvério

Continuação da discussão iniciada em 2005: haverá mesmo diferenças entre blogues femininos e masculinos? Que diversidade se pode encontra nos blogues assinados por mulheres?

Falar de Blogues Temáticos
30 de Março, 19:00 horas
Doc Log, Leonor Areal
Educar para os Media, Vitor Relvas
Margens de Erro, Pedro Magalhães

Os blogues temáticos aparecem com uma credibilidade forte. Muitas vezes são feitos por especialistas que problematizam, em profundidade, um tema.

Falar de Blogues no Jornalismo
17 de Maio, 19:00 horas
Jornalismo e Comunicação, Manuel Pinto
Mas certamente que sim!, Paulo Querido
Sopa de Pedra e Blinkar, António José Silva

Não se trata de discutir se os blogues são jornalismo, mas de saber como pode o jornalismo aproveitar os blogues e as tecnologias que os apoiam para se revigorar.

Na Livraria Almedina Atrium Saldanha, Loja 71 2º Piso Lisboa
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O culpado

Passo pelos fóruns radiofónicos, e ouço alguns espécimenes considerando Mário Soares o culpado pelo estado do País. Portanto, em Portugal não houve a guerra contra os mouros, a inquisição, Pombal, as guerras liberais, a anarquia da 1ª República, o seminarista das beiras, a PIDE, a censura prévia, a guerra colonial, o PREC, Cavaco, Guterres, Durão, Santana e Sócrates. E, claro, em Portugal não há portugueses. A culpa é de Soares. Apetece-me parafrasear o Tomás de Alencar: “caramba, filhos, o homem não merece tamanha honra!”.
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terça-feira, janeiro 17, 2006

Leituras recomendadas (7)

- Geração rasca (esta referência é dedicada ao André);

- Tempestade (dedicada a todas as mulheres que visitam este blogue);

- Os portugueses: Retratos-robot (no blogue O franco atirador, para todos os que escrevem e comentam o Geração Rasca).
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Hoje acordei feminina

Não costumo falar destes assuntos, mas depois do André me ter espicaçado, não resisto. Para mim não há grandes diferenças entre escrita feminina e masculina. É claro que as mulheres falam de certas coisas que não interessam aos homens (ou não): o único assunto que não interessa aos homens é quando eles são tema de conversa. Os blogues pessoais acabam todos por ter o mesmo tema: nós mesmos! Portanto, na minha visão existem poucas diferenças entre o French Kissin' ou o Days of Angst (isto, para dar exemplo de dois blogues pessoais masculinos) e o Miss Pears. Aquilo que os torna diferentes é o facto de serem escritos por pessoas diferentes e únicas. Dentro dos blogues escritos por mulheres, destaco o Sociedade Anónima (o meu favorito).
Existem e existirão sempre diferenças entre homens e mulheres. Mas seria bom que os homens também tivessem conscientes do que é uma depressão pós-parto ou de mudar uma fralda. Não sou especialmente feminista (ou já teria feito destas questões a minha bandeira...) mas desagrada-me muito se a situação da mulher não melhorar. Falo, claro, por comparação àquilo que a minha mãe passou para nos educar a mim e ao meu irmão: o meu pai esteve sempre ausente quando precisávamos. Quando tiver um companheiro, gostaria de dividir tudo com ele. Mas também quero ser uma mãe presente (não estou disposta a demitir-me dessa função para correr atrás de uma carreira).
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Só para chatear

Ultimamente tenho andado a evitar falar de política no «GR». Não tenho tido “vagar” para aturar as fantochadas deste governo, nem para comentar as presidenciais, nem para nada. Para me abstrair, tenho andado entretido a passear pela blogosfera, cor-de-rosa. Mas algum dia teria de voltar ao meu tema de eleição… e encarar a, cinzenta, realidade.

Este país já não tem volta a dar. Vamos de mal a pior, e todos os dias pioramos… sempre mais um bocadinho.

Apesar de não ter votado neste governo, tinha algumas esperanças que, nem que fosse por um mero acaso, conseguissem fazer qualquer coisinha de jeito. Mas, pelo que tenho assistido, o melhor é esperar bem sentadinho. A minha esperança, tal como as promessas do Sócrates, levou-as o vento.

O actual primeiro-ministro, tal como eu já previa, é um perfeito bluff. Se andasse menos tempo a deambular por resorts de luxo, no estrangeiro, provavelmente não confundiria a Costa Azul com a Costa Vicentina. Mas este é um mal menor. Se todos os males fossem como este, estávamos safos. Infelizmente, não é assim.

O país está num tal estado de decadência que para podermos ir a algum lado, teríamos de ter um governo com maioria absoluta, e uma oposição disposta a fazer pactos de regime em alguns domínios fulcrais. O engraçado disto tudo é que, aparentemente, estas duas realidades existem. Só que como este governo é incapaz, e está completamente dependente da partidarite socialista aguda, escusa-se a fazer pactos de regime. O ministro da justiça vai até mais longe e, sem qualquer problema, justifica a recusa de pactos na área da justiça com o facto de depois ser difícil ao governo recolher os louros deste tipo de iniciativas. Pois… entendo-o p.e.r.f.e.i.t.a.m.e.n.t.e.

Segundo as “sábias” palavras do vice-presidente da bancada socialista, o único pacto de regime que o governo tem de ter é para “com a Constituição”. Estão no seu direito. Deram-lhes maioria absoluta, agora levem com eles. Por mim, é como quiserem. Como simplesmente já não acredito nestes trogloditas, vou-me limitar a rir das suas patacoadas e a esperar por melhores dias… sem qualquer pressa. Porque com estes “gajos” não há de ter pressas. Quanto mais tempo lá estiverem, mais se hão de queimar. Só espero é que a queimadura seja de terceiro grau para ver se o pessoal, desta feita, não se esquece tão cedo.

A inteligência política do nosso actual primeiro-ministro já foi completamente aferida com a brilhante escolha dos candidatos do partido socialista às autárquicas. Se ainda restassem quaisquer dúvidas, José Sócrates tratou das eximir quando optou por Mário Soares como o candidato do PS às presidenciais. Estamos, completamente, entregues aos bichos.

Ainda sobre às presidenciais, a única coisa que me apraz dizer [para não ferir as alminhas mais susceptíveis] é que subscrevo a opinião do Professor Diogo Pires Aurélio, expressa hoje no DN, e mais… Espero que Cavaco Silva vença estas eleições, e logo à primeira volta. Se tiver de haver um segunda volta, que seja com Manuel Alegre… só para chatear.
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A Hora da Literatura. Efeméride


A 17 de Janeiro de 1995, morreu Miguel Torga. Muito para além de ser um busto que se beija em tempo de eleições, Torga foi um bom poeta, um grande dramaturgo e, acima de tudo, um extraordinário prosador - e Portugal, ao contrário do que por vezes se diz, não é só um país de poesia. O seu "Diário", em 16 volumes, é das melhores coisas que em Língua Portuguesa já se escreveram.

«O dr. Marinho cantava. O Roseira, também poeta, tocava guitarra. (…) Queriamos ser a autenticidade dum Portugal local, que desejávamos tornar universal. (…) Bons camaradas quase todos, tinham, contudo, os defeitos das próprias virtudes. Intelectualizados da cabeça aos pés, mal tocavam a realidade. Eram platónicos no amor, teóricos no desporto, metafísicos no convívio. A convicção de serem únicos distanciava-os do vulgo, tornando-os incapazes dum contacto permanente com as forças rasteiras da natureza.
- Bem , adeus.
- Onde vais?
- Às putas.
Cansado de tanta abstracção, reagia assim. A arte não conseguia arrefecer-me o sangue, debilitar as forças instintivas.»
Miguel Torga, A Criação do Mundo
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Alma portuguesa

Há poucos espectáculos mais edificantes do que assistir a uma roda de intelectuais discorrendo sobre a “alma portuguesa”. Aconteceu ontem mais uma vez, no "Prós e Contras". Eu não sei o que é a “alma portuguesa”. Não sei o que há de comum entre mim, um monárquico, um militante do bloco de esquerda e Manuel Luís Goucha, por exemplo. Mas quando ouço estas divagações, tenho sempre uma fantasia: que alguém pegasse numa súmula das afirmações proferidas e andasse pelos montes alentejanos, pelos cafés lisboetas, pelas ruas portuenses, pelas esquinas do Norte, pelas montanhas das Beiras, pelas praias do Algarve e pelas ilhas, perguntando – meus amigos, vocês, enquanto portugueses, reconhecem-se neste palavreado?
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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Momentos da campanha

Talvez mesmo "o" momento da campanha:

Inquérito da Visão: Se não vivesse em Portugal onde gostaria de viver?
Francisco Louçã: Estados Unidos.
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Homem não chora [na blogosfera] última parte

Apesar ser homem, não chorar, e já não ser nenhuma criança, os blogues no feminino não deixam de me surpreender.

Há de tudo. Desde os suaves baby blogs, até aos very hard “mulheres à beira de um ataque de nervos”. Estes últimos, como devem imaginar, são muy, muy peligrosos.

A primeira vez que me estreei a ler um post no «Rititi», apesar de ser difícil na minha pessoa, tenho quase a certeza que corei. Eu não estava simplesmente a acreditar que alguém [homem ou mulher] escrevesse, com a maior das “naturalidades”, aquelas “coisas” que eu estava a ler naquele momento. Abri e fechei os olhos várias vezes. Cheguei mesmo a reler os posts para ter a certeza que tinha entendido, mesmo, o que lá estava escrito. Só não cheguei ao cúmulo de me beliscar, porque é mais que sabido que os homens não suportam bem a dor.

Aos poucos e poucos, lá me fui habituando ao “estilo” Rita Barata Silvério e… ainda bem que assim foi, senão, ainda me tinha dado alguma coisinha má quando li, pela primeira vez, os posts do «SA» [Sociedade Anónima]. Estão a ver a Rititi? Ok! Agora imaginem uma Rititi ao cubo e multipliquem por quinze. Conseguem imaginar? Eu sei que não é fácil, mas têm mesmo que tentar, antes de se arriscarem a ler o «SA». Mesmo que eu quisesse [e queria], não seria capaz de transcrever aqui alguns dos títulos dos posts, quanto mais expor os seus conteúdos. Aquilo… só lido com os vossos próprios olhos. Contado, ninguém acredita. Nunca na vida me arriscarei a comentar nada no «SA», seja lá o que for. Nem sequer um simples, "Bom dia! A meninas estão bem?".

Na Rititi, já me aventurei a comentar algumas [pouquíssimas] coisas… mas sempre na brincadeira e sem abusar muito da minha sorte. O importante no «Rititi», é estarmos sempre a jeito para “cavar” [e bem depressinha] caso a coisa comece a correr mal para o nosso lado.

Precisamente no extremo oposto, estão os baby blogs como o «Fraldinha». É o feminino na sua faceta mais ternurenta e meiga. Como andam com as hormonas todas baralhadas, dá-lhes para serem simpáticas para toda a gente ou para se desfazerem em lágrimas caso sejam levemente contrariadas. Têm um público mais restrito, constituído essencialmente por futuras mamãs, por mamãs recentes, pelas suas amigas, familiares e papás babados ou [bastante] baralhados. O maior perigo nas caixas de comentários dos baby blogs é sairmos de lá bolçados, mijados e borrados, após termos sido obrigados a mudar uma fralda a uma criança que nem sequer é nossa.

No meio destes dois extremos existe o blogue «Miss Pearls». É o local ideal da blogosfera para ir tomar um chazinho, ler um poema ou uma estória do quotidiano, ouvir uma musiquinha suave, ou trocar algumas ideias com a interessante e "sempre" amável anfitriã.

Entre a Miss Pearls e a Rititi, precisamente ao meio, é o espaço da «Bomba Inteligente». Neste local não há direito a comentários. A Carla Quevedo não está para aturar palermices. Quem quiser comentar, que o faça nos seus blogues… mas não abuse. É um blogue que convém visitar com assiduidade se quisermos conhecer as novidades, em “primeira-mão”, da blogosfera. Podemos ficar a saber que o Pedro Mexia já retornou à blogosfera, que o Francisco José Viegas tem um novo blogue, que «O Acidental» vai dar uma festa [já deu] no Frágil, ou que o «Da Literatura» comemorou um ano de existência. Apesar de não ter caixa de comentários, se não visitarmos a «Bomba Inteligente», corremos o sério risco de ficarmos completamente desactualizados.

Entre os baby blogs e a Miss Pearls, existe um espaço de blogues no feminino que só tem interesse visitarmos se formos hipocondríacos ou obrigados a isso [visita de cortesia ou procurar uma receita culinária, medicamentosa, etc.]. É o espaço das Renda de Bilros, habitado por estranhas tennagers inconsequentes, ou por mulheres revoltadas, problemáticas, e sempre cheias de dores de cabeça. As caixas de comentários variam entre o tipo consultório de astrologia e o armário de medicamentos das nossas casas. Sempre com uma passagem obrigatória pela psiquiatria. Como para problemas no feminino já nos chega aqueles que somos coagidos a aturar em casa, evitem, sempre que possam, navegar por estas águas turvas e cobertas de neblina.

O mar blogosférico no feminino que vos aconselho vivamente a navegar, vai da «Miss Pearls» até à Rititi. Apesar de ser um espaço onde nos podemos divertir e arranjar algumas amizades virtuais, desde já os aviso que este é, também, o espaço onde todo e qualquer blogueiro deve navegar sempre com a maior das precauções. Sabem o que é navegação à costa? Se não sabem, façam primeiro uma busca no Google antes de se aventurarem por estas águas agitadíssimas. Se não têm cuidado, vem uma onda e… glu-glu-glu. Pois…

Entre a «Bomba Inteligente» e a «Miss Pearls» existem blogues como os «Controversa Maresia», «Postais da Província», «Quatro Caminhos», «Aliciante», «Impressões e Intimidades», etc. São blogues no feminino, com blogueiras simpáticas, mas que têm sempre subjacente algum tema [ou um mix de temas] forte no âmbito cultural: comunicação, jornalismo, poesia, literatura, fotografia, arte, design, etc. Se querem comentar posts nestes blogues, comentem. Mas se não querem ser confrontados, publicamente, com a vossa douta ignorância, vejam muito bem, primeiro, se é mesmo aquilo que querem dizer.

Da «Bomba Inteligente» até à «Rititi», é sempre a abrir. Neste meio encontram-se blogues como os «Semifrio», «Blog Inha», «Lote 5 – 1º Dto», «Blogue da APA», «Rabinho de fora», «O Mundo Perfeito», «I am a Pirate», «Jonas», etc. Nestes blogues, as caixas de comentários estão repletas de estórias divertidas e conversas doidas. À medida que vamos avançando na direcção da «Rititi», as caixas de comentários vão ficando cada vez mais cheias, mais hard e mais peligrosas. Nestes blogues, todos os cuidados são poucos. Estejam sempre com um pé atrás e preparados para todas as eventualidades [mesmo para aquelas que suplantam largamente a vossa imaginação].

Se tiverem de cair em combate numa caixa de comentários, façam de tudo para tentar não deixar a nossa espécie [muito] mal vista. Nunca e em caso algum devem chorar, e se tiverem de morrer pela nossa mui nobre causa, que o façam mas, «with your boots on».

No caso de gostarem de desportos radicais, e insistirem em atravessar o Cabo das Tormentas para enfrentar muy peligrosas Adamastoras, o único conselho que vos posso dar é que rezem, rezem muito… mesmo que não sejam crentes. Em territórios inóspitos como esses, nada mais vos poderá valer senão o próprio Deus pai todo poderoso.

Existe ainda, num oceano à parte, outros blogues femininos interessantes, mas que não são [na minha óptica] blogues “no” feminino. É o caso da nova estrela blogosférica Constança Cunha e Sá e o seu blogue, «O Espectro», ou de outros blogues temáticos das mais diferentes áreas de estudo ou análise científico-profissional. Mas mesmo nestes blogues, de vez em quando, já se começam a notar uns “deslizes” para a escrita “no” feminino. E não me venham dizer que é só uma questão de género gramatical. Depois do que tenho assistido na blogosfera, nunca mais caio nessa. ;)
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Passeando pelos media

Vasco Pulido Valente (outra vez ele) tem sobre isso palavras definitivas no «Público» de ontem:
«[no séc. XIX] o estado descobriu que não havia uma dramaturgia portuguesa e não havia quem a escrevesse. (...) Isto irritou um certo número de Filisteus, tanto mais que o estado pagava o D. Maria quase por inteiro, porque o público de Lisboa, agressivamente iletrado, não bastava para o sustentar. Desde essa altura que dois partidos se guerreiam com incansável azedume: o partido que propõe a "popularização" do Nacional, para poupar o orçamento e atrair o patego; e o partido do subsídio, que, à espera de um milagre, quer educar o "povo" ou "criar" um "povo" para a "cultura". A reconciliação não é possível.»
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in(decisões)

A seis dias do grande dia, quase tudo já me passou pela cabeça. Até Garcia Pereira (e não sou o único). Claro que um voto em Garcia Pereira não seria um voto em Garcia Pereira. Seria um não-voto em qualquer um dos outros candidatos. Convém, no entanto, ouvir o homem. Por exemplo, no DN de hoje:
«Qual é a sua posição face à despenalização do aborto ou o casamento entre homossexuais?
- Acho que não são fundamentais na sociedade portuguesa. São problemas para o dr. Francisco Louçã; fazem parte da sua campanha. Não significa que eu não ache que o estado actual é errado e deva ser alterado. (...) Quanto ao casamento entre homossexuais, não tenho objecções, embora o não devamos arvorar como grande ideal do futuro. Mas sou contra a adopção de crianças por casais homossexuais. Entendo que faz parte da formação de uma criança a componente masculina e a feminina.»
Ou seja: há vida para lá do maoísmo.
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"País profundo" ?????

O país profundo...

Profundo quererá dizer atrasado?

Atrasado como que em atrasado mental?

Uma parte do país que é deficiente? Inimputável? É isso?

Fechado numa parte da casa junto dos animais, às escuras, sem ir à escola , sem falar com ninguém...
É esse tipo de profundo?

Ou talvez o que os humanistas televisados de semblante preocupado e de mão estendida para mais um subsídio querem dizer com profundo é ...

... Autismo? Será ?

Uma projecção sentimental da sua imagem para construções que espelhem a sua maneira de ser ...

Será?

Perante tão terrivel constatação, devemos fazer o quê então?
Deitar numa poltrona de cabedal e fazer uma regressão ou sessão de hipnose a essa parcela tão abstrata tão vaga, tão díluida que apenas almeja pintar esta massa toda que é Portugal, portugueses, rios, linha costeira, interior, instituições....

Alguém sabe indicar onde estão essas partes do país profundo? Estarão dentro de algum poço, no bolso de alguém, nas gotas de suor de alguem com febre? Onde está esse país que emerge secreto pelos cantos, como uma mancha de crude que ameaça a civilizada capital, os civilizados polos litorais, os civilizados críticos dos coitadinhos da terreola, que estão perto do cheiro a estrume, e andam km a pé para ir à escola, descalços e cheios de fome?

O país profundo...
... Esse é bem capaz de estar no enigmático funcionamento de Lisboa, na pretensiosidade absurda das suas gentes, acções e perguntinhas espantadas quando se ouve que em Viseu se faz teatro - “ oh! A sério? “ - , que em Campomaior existe um hotel acima das 3 estrelas e associativismo cultural, que em Aveiro têm uma cultura ancestral no campo da música, que Arroiolos não é só os tapetes, que no Bombarral não é só vinho, que em Mértola não é só a encosta e o Rio, e que Ribatejo não é só lezíria. E campinos.
Portugal, enfim, não é só gastronomia, vinho, azeite, cortiça, Lisboa e praia no Algarve.
Portugal não é só Porto, Lisboa ( Lisboa novamente e mais uma vez ), Coimbra e Faro.

“O País profundo” ..... pffffff!!!!
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domingo, janeiro 15, 2006

Gabinete da Cultura

«Todos diferentes, todos iguais. Para o caso, inúteis. Um ministro serve para quê? Para definir e responder por uma política. Faz isso sentido na Cultura? Mas como? Em sociedades livres, digo eu. Em Cuba e na Coreia do Norte a gente percebe. Em contexto democrático é arrebique fútil.» Eduardo Pitta, «Da Literatura».

«Se o que está em causa são mudanças políticas ou mudanças na política, isso é completamente indiferente, lamento.» Francisco José Viegas, «A Origem das Espécies».

Louvo daqui a coragem de Eduardo Pitta e de Francisco José Viegas. Apesar de saberem que se estão a meter num ninho de vespas, abordam estas questões de uma forma frontal e sem tabus. O país precisa e eu agradeço.

Por mim, e nas actuais condições, o Estado deve assegurar condições de acesso [universais] aos bens culturais mas com uma acção supletiva em relação a outros agentes [públicos e privados], zelar pela preservação do património, apoiar a criação e a internacionalização, incentivar o mecenato, e valorizar a língua portuguesa enquanto instrumento de afirmação da nossa identidade.

Ministério? Secretaria de Estado? Deixem-se disso! Qual Carrilho. Dêem-me um gabinete e mais dez pessoas, à minha escolha, e não se fala mais no assunto. ;)
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Ao Domingo...

... anda-se muito bem pela Blogosfera. O tráfego é reduzido e os semáforos estão todos intermitentes. É sempre a andar!

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sábado, janeiro 14, 2006

Passeando pelos media

E porque o mundo não vai só do Minho ao Algarve, Vasco Pulido Valente, no Público de hoje:

«o Irão não desiste e, tarde ou cedo, se ninguém fizer nada, terá a primeira "bomba islâmica" do médio oriente. Essa bomba irá aparecer numa sociedade isolada, com um estado teocrático e um presidente radical. (...) Não o levar a sério seria um erro mortal. O que tomamos complacentemente por histerismo ou loucura, não passa para ele de uma evidência histórica: enquanto não expulsar e submeter o grande satã e os seus comparsas (Israel em primeiro lugar e a seguir a "Europa"), o islão continuará subordinado e pobre.(...)
Para o Ocidente, há hoje uma única questão: quem o pára e como? E a resposta é inquietante. A diplomacia da Europa, esse triste cortejo da Alemanha, da Inglaterra e da França, com Solana a reboque, falhou como devia falhar. Desarmada, desunida e sem sombra de vontade de resisitir seja como for ou seja a quem for, a Europa não intimida, nem convence. O fracasso do Iraque deixou a América temporariamente incapaz de intervir. Israel só in extremis fará alguma coisa. E a ONU, de facto, não existe.»
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Isto não é uma fotografia: Timothy C. Tyler






















Timothy C. Tyler
The Deconstructionist
38.5 x 53.5" oil on linen
Collection of Fred & Sherry Ross
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As decisões de uma indecisa

Quando a campanha começava a dar os primeiros sinais, declarei-me indecisa. E assim continuo. Mas de facto, continua a ser mais fácil decidir em quem não votar (acção negativa) do em quem votar (acção positiva).
Portanto, vou votar Mário Soares? Não!
Vou votar Cavaco Silva? Não! A sua arrogância irrita-me e o endeusamento folclórico da sua pessoa ainda mais. Cada vez que leio o blogue oficial-assim-assim de apoio ao homem ganho mais um motivo para não votar nele.
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Escrever

Para mim nunca é uma obrigação escrever. Escrevo por prazer e escrevia muito mais se pudesse. Talvez, então, não tivesse temas, porque é preciso sair de casa e viver muito intensamente para escrever. Às vezes deixo de escrever por não me sentir preparada para o fazer.
Este espaço blogosférico não substitui três coisas essenciais: as leituras; o pensar por nós mesmos; uma boa conversa (e eu tenho sentido muita falta, ultimamente, de uma boa conversa ou discussão, face a face).
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sexta-feira, janeiro 13, 2006

«Escutas» telefónicas

Ao que parece, o escândalo do dia trata de umas pretensas «escutas» telefónicas que foram disponibilizadas pela PT, a propósito do processo Casa Pia. O que a PT tem, como qualquer outra empresa são os detalhes dos CDR (ou Call Detail Record) que servem, normalmente, de suporte à facturação. Os CRD dão a informação de um MSISDN (ou seja, de um terminal - e sendo a PT, um terminal fixo - em português corrente, um telefone) e um MSISDN (que pode ser um terminal fixo ou móvel) de destino. Esta informação sempre existiu, e sempre foi disponibilizada para investigações judiciarias sempre que necessária. A mesma informação está disponível nos operadores respectivos para terminais da rede móvel. Sempre assim foi, sempre assim será. Quem assina o contrato de serviço com o seu operador de telecomunicações, está, evidentemente, a abdicar de uma parte da sua privacidade. Do mesmo modo de quem utiliza um cartão de crédito, contas bancárias, e no limite, anda pela rua abdica de uma parte da sua privacidade.
Mas convém não esquecer que a privacidade, como tantos outros valores, não é absoluta. Afinal de contas, não somos eremitas.
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