Por detrás da tela: Guernica (4)
Em «Guernica», Picasso faz uso de uma linguagem universal assente no simbolismo. Por detrás da tela, o artista pretende passar uma mensagem clara a toda a humanidade. Em contraste com as habituais representações de guerras, nesta obra não figura o inimigo. Picasso preferiu enfatizar o efeito da brutalidade dos conflitos bélicos sobre os inocentes, alertando para a presença constante de um inimigo ausente, que não tem qualquer pudor em recorrer e abusar da violência.
Quando observamos a quadro, podemos deslindar dez figuras: três mulheres, dois homens, uma criança, um touro, um cavalo, um pássaro e uma flor. Contudo, como a configuração da mãe com a criança nos braços deve ser considerada como apenas uma - o simbolismo das duas figuras assenta na incorporação mútua -, subsistem dez figuras, com nove significados distintos e, cada um deles, com uma função específica.
As representações das mulheres conferem a «Guernica» a imagem da humanidade inocente e indefesa. No ataque a Guernica, a população que foi atingida era composta, maioritariamente, por mulheres e crianças.
A progenitora com o filho morto nos braços é, toda ela, expressão de sofrimento. Grita desesperadamente para o céu, e a sua angústia é tão profunda, que seus olhos ganham o contorno de lágrimas. Quando observamos esta figura, é impossível não nos apercebemos da dor que uma mãe sente quando da perda de um filho. Não representa somente o intenso pesar dessa mãe, ou das mães de Guernica, mas de todas as progenitoras do mundo quando perdem os seus filhos em conflitos armados. O grito da mãe é representado por uma língua pontiaguda, semelhante a um estilhaço de vidro, um caco, ou um punhal, remetendo-nos para um sofrimento agudo, profundo. Fragmentos semelhantes surgem espalhados por todo o quadro.
A segunda mulher, que foge pela janela e, simultaneamente, segura com a sua mão direita uma lamparina a óleo, empurrando-a vigorosamente para o centro da tela, parece pretender com o seu gesto iluminar todo o caos explanado na tela. Da lamparina emana uma luz ténue, que pode representar a luz da consciência. Esta mulher, de rosto dominador e figura algo fantasmagórica, contempla horrorizada e boquiaberta o cavalo ferido, como se não pudesse crer em todo o horror que a rodeia.
A terceira mulher, que olha fixamente para a luz, e que figura na parte inferior direita da tela [visão do observador], parece pretender sair da escuridão onde se encontra e, num esforço hercúleo, avançar na direcção do estróbilo de luz. Apresenta uma expressão de completo esgotamento, como se carregasse um fardo colossal. O rosto, erguido na direcção da luz, remete-nos para imagens clássicas de Jesus Cristo a carregar a cruz. Esta figura pode ser uma tentativa do artista representar o sofrimento humano, sem aludir explicitamente o cristianismo.
Na lateral direita superior, destaca-se a figura de um homem que está a ser consumido pelas chamas. Personifica a dor física, e grita, com braços erguidos para céu. Os seus olhos são representados como desenhos de lágrimas, tal como a figura da mãe que chora a morte do filho. Alguns críticos defendem que esta personagem remete para um famoso quadro de Goya, «Os fuzilamentos do 3 de Maio de 1808», onde também está representado um homem de braços no ar. Esta teoria é reforçada pelo facto da referida obra de Goya também ser motivada por um acto de brutalidade contra inocentes.
Toda a lateral inferior esquerda do quadro é ocupada com uma segunda figura de um homem decapitado e totalmente desmembrado. A expressão que ostenta, leva-nos a concluir que morreu a bradar de dor. O braço esticado induz para um rogo de uma morte célere. Na outra mão, possui uma espada quebrada que, nem depois de morto abandonou, denunciando não só a disparidade das forças envolvidas no ataque a Guernica como, também, a força e determinação do povo Basco em dar a sua vida pela liberdade da sua terra mãe.
Quando observamos a quadro, podemos deslindar dez figuras: três mulheres, dois homens, uma criança, um touro, um cavalo, um pássaro e uma flor. Contudo, como a configuração da mãe com a criança nos braços deve ser considerada como apenas uma - o simbolismo das duas figuras assenta na incorporação mútua -, subsistem dez figuras, com nove significados distintos e, cada um deles, com uma função específica.
As representações das mulheres conferem a «Guernica» a imagem da humanidade inocente e indefesa. No ataque a Guernica, a população que foi atingida era composta, maioritariamente, por mulheres e crianças.
A progenitora com o filho morto nos braços é, toda ela, expressão de sofrimento. Grita desesperadamente para o céu, e a sua angústia é tão profunda, que seus olhos ganham o contorno de lágrimas. Quando observamos esta figura, é impossível não nos apercebemos da dor que uma mãe sente quando da perda de um filho. Não representa somente o intenso pesar dessa mãe, ou das mães de Guernica, mas de todas as progenitoras do mundo quando perdem os seus filhos em conflitos armados. O grito da mãe é representado por uma língua pontiaguda, semelhante a um estilhaço de vidro, um caco, ou um punhal, remetendo-nos para um sofrimento agudo, profundo. Fragmentos semelhantes surgem espalhados por todo o quadro.
A segunda mulher, que foge pela janela e, simultaneamente, segura com a sua mão direita uma lamparina a óleo, empurrando-a vigorosamente para o centro da tela, parece pretender com o seu gesto iluminar todo o caos explanado na tela. Da lamparina emana uma luz ténue, que pode representar a luz da consciência. Esta mulher, de rosto dominador e figura algo fantasmagórica, contempla horrorizada e boquiaberta o cavalo ferido, como se não pudesse crer em todo o horror que a rodeia.
A terceira mulher, que olha fixamente para a luz, e que figura na parte inferior direita da tela [visão do observador], parece pretender sair da escuridão onde se encontra e, num esforço hercúleo, avançar na direcção do estróbilo de luz. Apresenta uma expressão de completo esgotamento, como se carregasse um fardo colossal. O rosto, erguido na direcção da luz, remete-nos para imagens clássicas de Jesus Cristo a carregar a cruz. Esta figura pode ser uma tentativa do artista representar o sofrimento humano, sem aludir explicitamente o cristianismo.
Na lateral direita superior, destaca-se a figura de um homem que está a ser consumido pelas chamas. Personifica a dor física, e grita, com braços erguidos para céu. Os seus olhos são representados como desenhos de lágrimas, tal como a figura da mãe que chora a morte do filho. Alguns críticos defendem que esta personagem remete para um famoso quadro de Goya, «Os fuzilamentos do 3 de Maio de 1808», onde também está representado um homem de braços no ar. Esta teoria é reforçada pelo facto da referida obra de Goya também ser motivada por um acto de brutalidade contra inocentes.
Toda a lateral inferior esquerda do quadro é ocupada com uma segunda figura de um homem decapitado e totalmente desmembrado. A expressão que ostenta, leva-nos a concluir que morreu a bradar de dor. O braço esticado induz para um rogo de uma morte célere. Na outra mão, possui uma espada quebrada que, nem depois de morto abandonou, denunciando não só a disparidade das forças envolvidas no ataque a Guernica como, também, a força e determinação do povo Basco em dar a sua vida pela liberdade da sua terra mãe.
[continua…]
Por detrás da tela: Guernica (1)
Por detrás da tela: Guernica (2)
Por detrás da tela: Guernica (3)
4 Comments:
Não sei se sabes que este ano, para celebrar os 25 anos do regresso do "Guernica" a Espanha, os Museus Rainha Sofia e Prado vão apresentar uma exposição bipartida a partir de Junho.
"Os fuzilamentos de 3 de Maio" de Goya vai partilhar o mesmo espaço com "Guernica", no Museu Rainha Sofia. É uma oportunidade única para ver estas duas obras-primas lado a lado.
não estou interessada em aprender nada. quero ser ignorante.
Nem tenho palavras...
Não fazia ideia da historia por detras...
Obrigada =)
Cara BB,
Eu é que tenho de agradecer o seu simpático comentário. :)
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