"País profundo" ?????
O país profundo...
Profundo quererá dizer atrasado?
Atrasado como que em atrasado mental?
Uma parte do país que é deficiente? Inimputável? É isso?
Fechado numa parte da casa junto dos animais, às escuras, sem ir à escola , sem falar com ninguém...
É esse tipo de profundo?
Ou talvez o que os humanistas televisados de semblante preocupado e de mão estendida para mais um subsídio querem dizer com profundo é ...
... Autismo? Será ?
Uma projecção sentimental da sua imagem para construções que espelhem a sua maneira de ser ...
Será?
Perante tão terrivel constatação, devemos fazer o quê então?
Deitar numa poltrona de cabedal e fazer uma regressão ou sessão de hipnose a essa parcela tão abstrata tão vaga, tão díluida que apenas almeja pintar esta massa toda que é Portugal, portugueses, rios, linha costeira, interior, instituições....
Alguém sabe indicar onde estão essas partes do país profundo? Estarão dentro de algum poço, no bolso de alguém, nas gotas de suor de alguem com febre? Onde está esse país que emerge secreto pelos cantos, como uma mancha de crude que ameaça a civilizada capital, os civilizados polos litorais, os civilizados críticos dos coitadinhos da terreola, que estão perto do cheiro a estrume, e andam km a pé para ir à escola, descalços e cheios de fome?
O país profundo...
... Esse é bem capaz de estar no enigmático funcionamento de Lisboa, na pretensiosidade absurda das suas gentes, acções e perguntinhas espantadas quando se ouve que em Viseu se faz teatro - “ oh! A sério? “ - , que em Campomaior existe um hotel acima das 3 estrelas e associativismo cultural, que em Aveiro têm uma cultura ancestral no campo da música, que Arroiolos não é só os tapetes, que no Bombarral não é só vinho, que em Mértola não é só a encosta e o Rio, e que Ribatejo não é só lezíria. E campinos.
Portugal, enfim, não é só gastronomia, vinho, azeite, cortiça, Lisboa e praia no Algarve.
Portugal não é só Porto, Lisboa ( Lisboa novamente e mais uma vez ), Coimbra e Faro.
“O País profundo” ..... pffffff!!!!
Profundo quererá dizer atrasado?
Atrasado como que em atrasado mental?
Uma parte do país que é deficiente? Inimputável? É isso?
Fechado numa parte da casa junto dos animais, às escuras, sem ir à escola , sem falar com ninguém...
É esse tipo de profundo?
Ou talvez o que os humanistas televisados de semblante preocupado e de mão estendida para mais um subsídio querem dizer com profundo é ...
... Autismo? Será ?
Uma projecção sentimental da sua imagem para construções que espelhem a sua maneira de ser ...
Será?
Perante tão terrivel constatação, devemos fazer o quê então?
Deitar numa poltrona de cabedal e fazer uma regressão ou sessão de hipnose a essa parcela tão abstrata tão vaga, tão díluida que apenas almeja pintar esta massa toda que é Portugal, portugueses, rios, linha costeira, interior, instituições....
Alguém sabe indicar onde estão essas partes do país profundo? Estarão dentro de algum poço, no bolso de alguém, nas gotas de suor de alguem com febre? Onde está esse país que emerge secreto pelos cantos, como uma mancha de crude que ameaça a civilizada capital, os civilizados polos litorais, os civilizados críticos dos coitadinhos da terreola, que estão perto do cheiro a estrume, e andam km a pé para ir à escola, descalços e cheios de fome?
O país profundo...
... Esse é bem capaz de estar no enigmático funcionamento de Lisboa, na pretensiosidade absurda das suas gentes, acções e perguntinhas espantadas quando se ouve que em Viseu se faz teatro - “ oh! A sério? “ - , que em Campomaior existe um hotel acima das 3 estrelas e associativismo cultural, que em Aveiro têm uma cultura ancestral no campo da música, que Arroiolos não é só os tapetes, que no Bombarral não é só vinho, que em Mértola não é só a encosta e o Rio, e que Ribatejo não é só lezíria. E campinos.
Portugal, enfim, não é só gastronomia, vinho, azeite, cortiça, Lisboa e praia no Algarve.
Portugal não é só Porto, Lisboa ( Lisboa novamente e mais uma vez ), Coimbra e Faro.
“O País profundo” ..... pffffff!!!!
BRUNO às segunda-feira, janeiro 16, 2006
8 Comments:
Muito bem 'abanado' Bruno, parabéns :)
Lindo!
Daqui Rita Rabiga, algures do País-que-ainda-vai-ao-fundo, para a blogosfera.
Para mim o país profundo começa ainda em Lisboa (sim, na capital), logo a seguir ao umbigo daqueles que governam. Existe muita coisa escondida e muita miseria mesmo aí.
A subsidiodependencia é geral, não é só dos mais pobres! Deviamos fazer coisas sem estar sempre a espera do subsidiozinho - e só recorrer a ele em ultimo recurso (sim, sou a favor que os subsidios existam).
Bom tema e já agora, boa abordagem (embora nao concorde contigo em muita coisa).
país profundo e umbigo são duas coisas que combinam....se o umbigo é lisboa então podemos começar por escarafunchar logo aqui. Lá no fundo encontramos cotão. Ou seja, o umbigo Lisboeta tb sofre dos mesmos males do Portugal profundo fora do umbigo. Estão a seguir o meu raciocínio? Espero que sim porque eu já me perdi...
Ora, desculpem lá, mas eu até gosto da expressão. Não sei quem a disse, nem sei se estão a tentar atingir alguém em especial, portanto vou-me abster de tais considerações.
Quanto ao "país profundo", não me parece descabida [com as devidas adaptções!] a opção pelo "fechado numa parte da casa junto dos animais, às escuras, sem ir à escola , sem falar com ninguém...". Este profundo quer dizer distante, difícil de atingir; uma parte do país que vive isolada; que tem pouco contacto com o resto - é isto! [que ainda vai existindo...]
Mas esta falha comunicativa, se por um lado pode dificultar progressos técnicos e tecnológicos, por outro lado filtra parte da cultura globalizada e homogénea. Assim, este profundo quer também dizer intenso, carcaterístico; uma parte do país que não se rendeu à superficialidade metropolitana; que preserva hábitos, crenças e valores tradicionais - é isto também!
Portanto, a questão não é que Arraiolos seja só tapetes ou que o o Ribatejo seja só lezíria... A questão é que Arraiolos TAMBÉM é tapetes e o Ribatejo TAMBÉM é lezíria!
Conclusão: acho "o país profundo" uma boa expressão, que não deve, de todo, ser levada como insulto ou menosprezo!
O proposíto deste post é precisamente criticar os que a usam com desprezo e malícia, ou de forma diminuir a cultura das localidades.
Os que pensam que fora dos centros metropolitanos é tudo o "rural" de há 40 anos.
Os que não vêm que os meninos descalços no meio do esterco, a falta de educação, o fundo do poço está nas orlas das cidades.
Nos centros históricos degradados, nos bairros sociais, nos de lata, na exclusão social urbana, na toxico-dependencia declarada, etc etc etc etc etc.
Profundo no sentido poético?
Sim ele existe. aliás, qualquer palavra pode ter esse sentido. Nesse sentido, sim, sinto portugal profundo nas suas gentes e no seu legado. Assim como sinto a europa profunda, africa profunda e por aí fora.
Mas na boca daqueles senhores, que usam de forma negativa como dizes, esses... esses que parem de tentar fazer chorar as pedras da calçada, que viagem pelo país, que aprendam a ver o país nivelado, com o mesmo direito ao futuro.
E entenda-se futuro como mais escolas, centros de saúde, transportes, comunicação, dinamica cultural de divulgação e não Cimento, alcatrão, stress...
Não concordo com o oportunismo desses individuos que pretendem contruir um burgo privado à custa do subsídio, da empresa privada e dos negócio obscuros.
Não concordo.
E é esse o propósito.
Assim, sim! ;) Subscrevo!
Também eu. :)
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