Uma mensagem que se esquece - Mário Botas
Nos meus tempos de Faculdade, enquanto vagueava pelo CCB depois de uma daquelas sessões de estudo para as frequências dei por um painel à entrada do centro de exposições que dizia " Mário Botas - retrospectiva ".
Um desenho fazia parte desse painel publicitário que nunca mais saiu da minha cabeça. Um homem engravatado, de aspecto espectral, com 6 patas de caranguejo a sair por de baixo de um laçarote exagerado, que olhava para do alto do seu esguio pescoço, com ar indiferente para um pequeno ser alado que parecia dirigir-se compenetrado para o seu chapéu. O homem apenas esticava o braço, como se de um domador de falcões fosse.
Uma aguarela.
Entrei, e hoje a única coisa de que me arrependo foi de não ter comprado o Book da exposição.
Nasceu em 53 morre em 83. 30 anos de existência, sendo que os ultimos 6 foi de convivência com Leucemia.
É patente nos seus trabalhos a visão de um mundo pelos olhos de que em breve vai deixar de estar nele. Mas a visão não é a de desnorte ou de angústia ou de medo de morte. Pelo menos para mim, o que Mário Botas disse no seu vasto espólio foi que o mundo não é mais que uma caricatura moldável e infinita dentro da cabeça de cada ser humano. O mundo depende da forma como para ele olhamos pois o Mundo somos nós e o sítio onde estamos presente é apenas um globo feito de massa.
Nada mais se ouviu de Mário Botas, e cada vez que comento com alguém ninguem dele ouviu falar e pergunto-me " como pode ser isso? ".
Tão repleto de originalidade, desconstrução visionária, presença de espírito e força anímica que transpira em cada aguarela, em cada esboço, em cada frase... e ainda assim "quem é Mário Botas?", "Bota ou Botas?", " Não sei, talvez se vir um quadro sou capaz de me lembrar!", " não, ainda assim não conheço... mas é muito bom!!".
Mais triste fiquei quando no google coloquei seu nome. Escassas as páginas e referências, poucas demais para alguem que fez uma manifestação profunda e demasiado silênciosa. Talvez era assim que Botas queria, pois do que me lembro das pessoas que andavam naquele dia do CCB a escutar a alma de Mário Botas, era que calculavam o peso das passadas, o volume da voz, o poder das expressões... pois tudo o que nas paredes e nas estantes estava já falava o suficientemente.
Deixo no título um apelo para a memória desse artista que se esqueceu. Como muitos.
Um desenho fazia parte desse painel publicitário que nunca mais saiu da minha cabeça. Um homem engravatado, de aspecto espectral, com 6 patas de caranguejo a sair por de baixo de um laçarote exagerado, que olhava para do alto do seu esguio pescoço, com ar indiferente para um pequeno ser alado que parecia dirigir-se compenetrado para o seu chapéu. O homem apenas esticava o braço, como se de um domador de falcões fosse.
Uma aguarela.
Entrei, e hoje a única coisa de que me arrependo foi de não ter comprado o Book da exposição.
Nasceu em 53 morre em 83. 30 anos de existência, sendo que os ultimos 6 foi de convivência com Leucemia.
É patente nos seus trabalhos a visão de um mundo pelos olhos de que em breve vai deixar de estar nele. Mas a visão não é a de desnorte ou de angústia ou de medo de morte. Pelo menos para mim, o que Mário Botas disse no seu vasto espólio foi que o mundo não é mais que uma caricatura moldável e infinita dentro da cabeça de cada ser humano. O mundo depende da forma como para ele olhamos pois o Mundo somos nós e o sítio onde estamos presente é apenas um globo feito de massa.
Nada mais se ouviu de Mário Botas, e cada vez que comento com alguém ninguem dele ouviu falar e pergunto-me " como pode ser isso? ".
Tão repleto de originalidade, desconstrução visionária, presença de espírito e força anímica que transpira em cada aguarela, em cada esboço, em cada frase... e ainda assim "quem é Mário Botas?", "Bota ou Botas?", " Não sei, talvez se vir um quadro sou capaz de me lembrar!", " não, ainda assim não conheço... mas é muito bom!!".
Mais triste fiquei quando no google coloquei seu nome. Escassas as páginas e referências, poucas demais para alguem que fez uma manifestação profunda e demasiado silênciosa. Talvez era assim que Botas queria, pois do que me lembro das pessoas que andavam naquele dia do CCB a escutar a alma de Mário Botas, era que calculavam o peso das passadas, o volume da voz, o poder das expressões... pois tudo o que nas paredes e nas estantes estava já falava o suficientemente.
Deixo no título um apelo para a memória desse artista que se esqueceu. Como muitos.
9 Comments:
Eu também não conheço, Bruno. Ainda bem que tu o recordas aqui. Prometo que agora vou procurar saber mais sobre esse artista em memória de quem tu escreves algo tão bonito.
A partir de agora, quando fizeres uma busca no Google, já vais encontrar mais um texto sobre o Mário Botas. Este teu post.
oi! andava a pesquisar "educação multimédia" e vim aki parar..to na licenciatura de Educação e Comunicação Multimédia na ESE Santarém..quem sabe n será o proximo curso :)
Se calhar o Mario só queria que algumas pessoas como tu o conhecessem.Para quê ser conhecido por muita gente se metade não sente as obras como o artista quer?!
http://taskinhadasletras.blogspot.com
dsclpa a invasão...e o "tu" :)
não é invasão paulo, és sempre bem vindo e penso que falo em nome de todo o pessoal do geração rasca.
quanto ao tu... é pá, deixa-te disso!
volta sempre!
Paulo:
Sou de Comunicação Social e Educação Multimedia na ESE de Leiria. És sempre bem-vindo! :)
Bruno:
Conheço Mário Botas: ele está ligado à Nazaré (uma praia perto de Leiria).
a obra dele é muito interessante no panorama português...
o andré que admira o surrealismo deve concerteza gostar de Mario Botas
Caro Bruno,
A obra de Mário Botas não está assim tão esquecida como isso. Por exemplo, o BPI, ainda no ano passado, em 2004, ofereceu aos seus melhores clientes e seus amigos, no habitual «livro de natal», uma edição especial sobre este artista.
A edição corrente está à venda, entre outros locais, na FNAC.
Um abraço,
Rodrigo Adão da Fonseca
com esta recepção...só tenho msm é q cá voltar..
Obrigado colegas "multimédicos" e outros "rascos". Sou da geração-rasca de 1982 :)
Fiquei a conhecer Mário Botas
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