Traumas e traumatismos
Depois de algumas marcações e desmarcações, parece que é desta [este fim-de-semana] que finalmente vou ver a peça, «A Mais Velha Profissão» de Paula Vogel, que está em cena no Teatro Nacional D.Maria II.
Podem não acreditar, mas desde que me aconteceu uma "cena" esquisita, faz uns anitos, no Teatro «A Comuna», tornei-me uma pessoa bastante traumatizada em tudo o que diz respeito às artes teatrais. Eu explico...
Como sou bastante distraído, já não me lembro do nome da peça. Mas era qualquer coisa e um rouxinol, ou um rouxinol e qualquer coisa. Se não era um rouxinol, era um pintassilgo. Bem… de certeza, de certeza, sei que o título da peça tinha qualquer coisa a ver com um “passarouco”. E não, não era uma representação infantil. Era uma “dramalhão”... à moda antiga,
No dia anterior à peça, tinha agendado um jogo de futebol entre a empresa onde trabalho e outra empresa, “concorrente”. Coisas de homens. No decorrer do jogo, num lance mais disputado, sofri uma rasteira e tombei desamparado. Na altura não senti nada de mais, mas depois do jogo, comecei a sentir uma dor intensa, de tipo muscular, no peito. Acabei por ir a uma consulta e diagnosticaram-me uma ruptura num músculo do peito. Uma espécie de traumatismo muscular [como não sou médico, não sei se esta é a expressão mais adequada, mas é a que me vem à cabeça]. Só sei que aquilo dava umas dores do caraças. Doía só por respirar. Ligaram-me o braço junto ao peito, receitaram-me uns comprimidos para as dores e avisaram-me logo, que a dor só ia passar com o tempo e com descanso. Como isso de andar com o braço junto ao peito não é uma coisa muito máscula [e não dá jeito para conduzir], mal saí da clínica, tratei logo de tirar as belas das “ligadurazinhas”.
No dia seguinte, uma sexta à noite, tal como combinado com um grupo de amigos, lá me apresentei na «Comuna», cheio de dores. Como já disse, aquilo era um “dramalhão” e, para meu azar, a sala estava apinhada de gente.
Mais ou menos a meio da peça, quando duas das personagens mantinham uma acesa discussão em palco e a tensão estava no seu auge, eis que um dos actores saca, repentinamente, de uma pistola e dá um tiro que ecoa estrondosamente por toda a sala. Obviamente que o pessoal não estava, minimamente, à espera daquele tiro e mandámos todos, em simultâneo, uns grandes saltos nas nossas cadeiras. Foi um valente susto, colectivo.
Só que como eu estava cheio de dores, com o salto que dei, aleijei-me seriamente. Instintivamente, dobrei-me, agarrei-me ao peito, e gritei [mais ou menos baixinho], “Ai, ai, ai, ai, ai”. No meio daquele silêncio, pós tiro, os meus gemidos propagaram-se por toda a sala.
O actor que disparou o tiro [supostamente de pólvora seca] ficou parado a olhar para a arma e para mim, para mim e para a arma. Eu, com as dores, não consegui deixar de continuar agarrado ao peito e a gemer, “Ai, ai, ai, ai, ai….” Todas as pessoas, sem excepção, que assistiam à peça [e os actores também] viraram-se imediatamente na minha direcção e exibiram, segundo me pareceu na altura, umas expressões bastante assustadiças e estupefactas. Quando constatei o que se estava a passar, e verifiquei que a peça estava interrompida e toda a gente olhava para mim fixamente, crendo que eu tinha sido atingido pelo tal de tiro, desatei-me a rir, compulsivamente. Só que, com as dores fortíssimas que tinha no peito, o meu riso causava-me ainda mais dores, e mais “Ai, ais”. Felizmente [ou talvez não], os meus amigos, que se aperceberam perfeitamente o que se tinha passado, também desataram a rir, desalmadamente. Em parcos segundos, a risota alastrou-se a toda a sala. Infelizmente, foi sol de pouca dura, pois os actores e o público, a dado momento, devem ter pensado que eu era um “engraçadinho” que estava para ali a gozar com o pessoal todo. A peça continuou e eu, como não conseguia parar de rir, de ter dores e de gemer, tive de abandonar a sala antes que alguém me quisesse bater.
Agora já compreendem o meu trauma?
Podem não acreditar, mas desde que me aconteceu uma "cena" esquisita, faz uns anitos, no Teatro «A Comuna», tornei-me uma pessoa bastante traumatizada em tudo o que diz respeito às artes teatrais. Eu explico...
Como sou bastante distraído, já não me lembro do nome da peça. Mas era qualquer coisa e um rouxinol, ou um rouxinol e qualquer coisa. Se não era um rouxinol, era um pintassilgo. Bem… de certeza, de certeza, sei que o título da peça tinha qualquer coisa a ver com um “passarouco”. E não, não era uma representação infantil. Era uma “dramalhão”... à moda antiga,
No dia anterior à peça, tinha agendado um jogo de futebol entre a empresa onde trabalho e outra empresa, “concorrente”. Coisas de homens. No decorrer do jogo, num lance mais disputado, sofri uma rasteira e tombei desamparado. Na altura não senti nada de mais, mas depois do jogo, comecei a sentir uma dor intensa, de tipo muscular, no peito. Acabei por ir a uma consulta e diagnosticaram-me uma ruptura num músculo do peito. Uma espécie de traumatismo muscular [como não sou médico, não sei se esta é a expressão mais adequada, mas é a que me vem à cabeça]. Só sei que aquilo dava umas dores do caraças. Doía só por respirar. Ligaram-me o braço junto ao peito, receitaram-me uns comprimidos para as dores e avisaram-me logo, que a dor só ia passar com o tempo e com descanso. Como isso de andar com o braço junto ao peito não é uma coisa muito máscula [e não dá jeito para conduzir], mal saí da clínica, tratei logo de tirar as belas das “ligadurazinhas”.
No dia seguinte, uma sexta à noite, tal como combinado com um grupo de amigos, lá me apresentei na «Comuna», cheio de dores. Como já disse, aquilo era um “dramalhão” e, para meu azar, a sala estava apinhada de gente.
Mais ou menos a meio da peça, quando duas das personagens mantinham uma acesa discussão em palco e a tensão estava no seu auge, eis que um dos actores saca, repentinamente, de uma pistola e dá um tiro que ecoa estrondosamente por toda a sala. Obviamente que o pessoal não estava, minimamente, à espera daquele tiro e mandámos todos, em simultâneo, uns grandes saltos nas nossas cadeiras. Foi um valente susto, colectivo.
Só que como eu estava cheio de dores, com o salto que dei, aleijei-me seriamente. Instintivamente, dobrei-me, agarrei-me ao peito, e gritei [mais ou menos baixinho], “Ai, ai, ai, ai, ai”. No meio daquele silêncio, pós tiro, os meus gemidos propagaram-se por toda a sala.
O actor que disparou o tiro [supostamente de pólvora seca] ficou parado a olhar para a arma e para mim, para mim e para a arma. Eu, com as dores, não consegui deixar de continuar agarrado ao peito e a gemer, “Ai, ai, ai, ai, ai….” Todas as pessoas, sem excepção, que assistiam à peça [e os actores também] viraram-se imediatamente na minha direcção e exibiram, segundo me pareceu na altura, umas expressões bastante assustadiças e estupefactas. Quando constatei o que se estava a passar, e verifiquei que a peça estava interrompida e toda a gente olhava para mim fixamente, crendo que eu tinha sido atingido pelo tal de tiro, desatei-me a rir, compulsivamente. Só que, com as dores fortíssimas que tinha no peito, o meu riso causava-me ainda mais dores, e mais “Ai, ais”. Felizmente [ou talvez não], os meus amigos, que se aperceberam perfeitamente o que se tinha passado, também desataram a rir, desalmadamente. Em parcos segundos, a risota alastrou-se a toda a sala. Infelizmente, foi sol de pouca dura, pois os actores e o público, a dado momento, devem ter pensado que eu era um “engraçadinho” que estava para ali a gozar com o pessoal todo. A peça continuou e eu, como não conseguia parar de rir, de ter dores e de gemer, tive de abandonar a sala antes que alguém me quisesse bater.
Agora já compreendem o meu trauma?
12 Comments:
Já percebi! ;D
Fartei-me de rir a imaginar a cena. Deve ter sido bem engraçado. :D
Vou-te linkar, tá?
Como não ficar roídinha de inveja depois de ler posts destes?
(Oh meu Deus, porque destes tantos dons a certas pessoas e tão poucos a outras?)
:-)
Absolutamente! Mas, em contrapartida, também deve ser uma noite fixada na memória dos intervenientes, pelo que não foi tão mal sucedida assim. Pelo sim pelo não, numa próxima ida, eu faria um exame completo, para nada correr mal (ou bem, depende da perspectiva).
Ó André, a ti tudo te acontece. Tu, se não existisses, tinhas de ser inventado. ;)
As figuras que tu fazes e as que me fazes fazer!...
Agora o meu filho (3 anos) pensa que a mãe é maluca, por estar a rir à gargalhada em frente de um écran preto com umas coisitas brancas... (Ainda bem que não li isto no escritório... :))
Foi o que aconteceu no hotel altis este fim de semana.
Bem... e o dia que estava a correr tao mal aqui no escritorio...bendito post que me fez rir à gargalhada!!! Já pensou seguir a carreira teatral????
Um abraço!
Confesso que estou a ficar "em cuidados".
É que são quase 4 da tarde (hora de BXL) e ainda não deste sinais de vida.
Pergunto-me o que se terá passado ontem no teatro e temo o pior.
:)
Tudo te acontece (LOL)!
A ver se vou ao teatro um dia destes!
Já pensaste em ir fazer parte do Gato Fedorento?
Olá a todos,
Peço desculpa por só agora vir aqui [a esta caixa de comentários], mas tenho estado completamente assoberbado de trabalho e só tenho passado pelo «GR» para umas breves visitinhas... só para saber se está tudo bem.
Agradeço imenso os vossos simpáticos comentários e até, alguma "preocupação" pela minha ausência. :)
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