Cenários
Eu gosto de noites eleitorais. As noites eleitorais são uma curiosa peça de equívocos entre o que se mostra, o que se quer mostrar e o que se deve mostrar. Depois disto, estaremos anos sem este espectáculo. Por isso, permitam-me romancear em torno de um cenário.
20.30: a vitória de Cavaco Silva à primeira volta confirma-se. Consta que o Alentejo fez a diferença. Sócrates pede a palavra. Curto e grosso:
«Como andam por aí a dizer que isto foi uma grande derrota do governo, e que o governo, aliás, já perdeu legitimidade em virtude de não cumprir promessas eleitorais, apresento a minha demissão. Mas, atenção: eu não sou como o Sr. Durão e o Sr. Guterres. Eu vou outra vez a votos.»
Depois, seria simples.
Se perdesse, o engenheiro passaria à reserva no PS, que teria de encontrar um entertainer de serviço, talvez Soares júnior; o sr. Marques Mendes teria de mostrar as suas ideias para o país (se é que as tem); o PP choramingaria lugares e o psicadélico Ribeiro e Castro abafaria a oposição portista; o Bloco e o PC teriam mais oportunidades para gesticular e berrar na praça pública.
Se ganhasse, o engenheiro teria uma legitimidade como há muito não se vê; os alegristas, provavelmente, desapareceriam da Assembleia da República, e reuniriam uma vez por ano, para destapar a panela do arroz; o sr. Marques Mendes sairia de cena sem que ninguém desse por ele, e o PSD andaria à deriva; o PP colapsaria e precisaria de alguém que o fosse entretendo; o Bloco e o PC continuariam a berrar e a barafustar.
No mundo da ficção tudo é possível. Só no mundo da ficção, claro.
20.30: a vitória de Cavaco Silva à primeira volta confirma-se. Consta que o Alentejo fez a diferença. Sócrates pede a palavra. Curto e grosso:
«Como andam por aí a dizer que isto foi uma grande derrota do governo, e que o governo, aliás, já perdeu legitimidade em virtude de não cumprir promessas eleitorais, apresento a minha demissão. Mas, atenção: eu não sou como o Sr. Durão e o Sr. Guterres. Eu vou outra vez a votos.»
Depois, seria simples.
Se perdesse, o engenheiro passaria à reserva no PS, que teria de encontrar um entertainer de serviço, talvez Soares júnior; o sr. Marques Mendes teria de mostrar as suas ideias para o país (se é que as tem); o PP choramingaria lugares e o psicadélico Ribeiro e Castro abafaria a oposição portista; o Bloco e o PC teriam mais oportunidades para gesticular e berrar na praça pública.
Se ganhasse, o engenheiro teria uma legitimidade como há muito não se vê; os alegristas, provavelmente, desapareceriam da Assembleia da República, e reuniriam uma vez por ano, para destapar a panela do arroz; o sr. Marques Mendes sairia de cena sem que ninguém desse por ele, e o PSD andaria à deriva; o PP colapsaria e precisaria de alguém que o fosse entretendo; o Bloco e o PC continuariam a berrar e a barafustar.
No mundo da ficção tudo é possível. Só no mundo da ficção, claro.
2 Comments:
Isto ainda faz parte do tema do post anterior, não é? Do Surrealismo, quero eu dizer.
Se ganhar o Cavaco à primeira e o Alegre tiver mais votos que Soares, a ficção vai ficar bastante negra lá para o Largo do rato. Tipo filme noir. ;)
Enviar um comentário
Voltar à Página Inicial