De porta fechada
Das memórias dos anos setenta –detesto revivalismos- guardo um livro em particular e não porque me fosse particularmente querido ou agradável, antes porque acinzentou os dias ainda mais complicados da adolescência. Desse mesmo tempo, um pouco antes, guardo também a memória dos primórdios dos desenhos animados japoneses na televisão portuguesa e desse tempo concluo que os meus dias teriam sido mais leves se não tivesse convivido com a Heidi órfã e separada do avozinho -que raio de coisa para se colorir a infância- com o Marco à procura da mãe – o que pode ser mais cruel para uma criança se não o abandono e separação da mãe? – e, para rematar, os Esteiros de Soeiro Pereira Gomes -triste infância aquela. Hoje felizmente posso despachá-los a todos, fechar-lhes a porta e mandá-los carpir mágoas para outro lado. Naquele tempo não consegui.
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