quinta-feira, março 27, 2008

Memórias alinhavadas dos setentas

Algures nos setentas vigorava ainda uma determinada escola, professor o digno representante de uma ideia de educação, traduzida mais ou menos nestes termos: isto é tudo uma cambada de imbecis, lerdos e avessos ao trabalho intelectual, daí que o melhor é mesmo espancá-los até à medula, até à humilhação mais comezinha, pois gente desta deveria mesmo é estar a trabalhar nos campos ou na indústria ou no comércio.
Isto é gente sem eira na beira, nem pensamento.
Pelo menos era esta a pedagogia libertária da professora primária da escola tal, localizada em qwerty2001, uma digna representante do Salazar de que nos fala Jaime Nogueira Pinto, uma visão céptica do homem, do género bem eclesiástico e monárquico, esta gente não se governa, já viram a quantidade de povos que por cá andaram? isto só com repressão e mantendo o respeitinho. De outra maneira não vão lá.
Esta visão caridosa e benemérita divide ainda algum Portugal.
De um lado as famílias que se consideram dignas representantes do poder, daí que muito do seu discurso ande à volta da inveja, do não sabem falar, da ralé, da canalha, dos corruptos, etc, e o Portugal, massificado, alienado, pouco aberto à educação, ao civismo, às regras de vida em sociedade.
A tão apregoada cidadania dos socialistas e sociais democratas.
Ora meus caros, nem as elites, nem o povinho são santinhos de trazer por casa.
Se alguns dos uns se consideram dignos sucessores de determinados lugares, alguns dos outros arrogam-se o beneplácito prazer de sobreviver à custa da manha e da falta de escrúpulos.
Quando alguma elite se preocupa mais com a partilha entre si de regalias várias (o que se passa no actual PSD é disso exemplo), do que com os elementos da sociedade que ajudou a construir, do que é que está à espera? ah, pois, de milagres...
Entretanto alguma digníssima classe média apanha por tabela, tanto com uns como com outros. Alguma classe média, ora do PS, ora do PSD, e cujo grande sonho é ascender à classe média alta.

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