sexta-feira, março 31, 2006

Chinesices...

Pois... isto é muito chato. Agora onde é que eu vou comer "clepes" de consciência tranquila?

Mas, já agora, uma sugestão à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE): Dêem uma vista de olhos às cantinas das nossas escolas secundárias e das nossas universidades - mas vão àquelas onde comem os alunos, não se limitem a visitar as reservadas aos professores!
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Sei lá

"Até há dois dias, o nome de João Pedro George era apenas conhecido num pequeno círculo de happy few, que gostam de livros e se interessam por quem gosta de escrever sobre eles.

Graças a uma providência cautelar e a uma obra que ainda nem sequer foi lançada, João Pedro George transformou-se subitamente em protagonista de telejornais e numa das caras mais feias que já foram primeira página do 24 Horas. Nada disto seria possível sem o patrocínio de Margarida Rebelo Pinto (marca registada).

Margarida Rebelo Pinto (marca registada) é uma escritora medíocre mas uma mulher inteligente. Ela e o seu editor acusam João Pedro George, tristemente um homem sem marca registada, de ser o "caso evidente de uma pessoa que quer usar o nome da Margarida Rebelo Pinto para ganhar dinheiro", ao preparar-se para editar o livro Couves & Alforrecas, os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto, onde desanca no talento literário da romancista light.

Eu não conheço pessoalmente João Pedro George, mas basta ter lido dois ou três textos seus e olhar para a cara que Deus lhe deu para se perceber que não estamos propriamente diante de um capitalista desvairado. Já de Margarida Rebelo Pinto (marca registada) não se pode dizer o mesmo.

Ora, na verdade, ela está com um problema bem maior do que ele: as vendas dos seus romances caíram a pique e da sua pena não saem nem Códigos nem Codexes. Para Abril está previsto o lançamento do seu novo livro, Diário da Tua Ausência, e como acontece com todos os light que começam a escorregar pela ladeira, provavelmente ninguém iria dar por isso.
Margarida Rebelo Pinto (marca registada) arranjou forma de contornar o problema imolando o crítico mais provocador - e um dos mais instruídos - da nossa praça.
Na verdade, não vale a pena chatearmo-nos muito, porque é um confronto onde todos vão ganhar: João Pedro George vai esgotar as Couves e Margarida Rebelo Pinto vai fazer render a sua mais recente alforreca.

Claro que, no campo dos princípios, a acção contra George é uma pouca-vergonha.
Mas as marcas registadas não têm vergonha."
in DN OnLine


Pois é... eu conheço pessoalmente o dito cujo e posso dizer que para além de um excelente e interessantíssimo Sociólogo é um dos professores com quem faço questão de ter aulas, mesmo que as suas cadeiras não me sivam de nada no futuro.
Coincidentemente a cadeira que tenho com ele este semestre é precisamente Sociologia da Literatura!!!
Hahah...
Não há coincidências!
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quinta-feira, março 30, 2006

Diga, trinta e três vírgula três






















Estamos na semana dos três, depois do trezentos e trinta e três, agora é o trinta e três vírgula três.

Ou muito me engano, ou vai começar uma correria, no feminino, às filiações partidárias.
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Directo ao assunto

Ouço na TSF um advogado canadiano dizendo coisas interessantes sobre a peregrinação que o Sr. Freitas do Amaral resolveu empreender:
«O vosso ministro julga que o governo canadiano é estúpido? (...) O vosso país introduziu leis fascistas (sic) sobre a deportação de imigrantes, e agora vem cá dar lições aos canadianos?»
(Mais aqui. Vale a pena ouvir na íntegra, aqui)
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quarta-feira, março 29, 2006

Portanto...

Como dizia um tipo num anúncio publicitário da rádio: «não correu nem bem nem mal, antes pelo contrário, e vice-versa».
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Homo Simplex

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Rescaldo no feminino















Elas vibram! Aqui, aqui, aqui e aqui.
Para a semana há mais...
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Segunda parte, de acordo. Quanto à primeira, muitas dúvidas

"Estabeleceremos a regra de não financiar cursos superiores de licenciatura com menos de 20 alunos em primeira inscrição, nem pólos de ensino superior que não satisfaçam limiares mínimos de desempenho, a fixar por avaliação independente"
(mais aqui)
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Benfica VS Barcelona

Bom jogo.
Má arbitragem.
Uma frase: "Eu vi, tu viste, ELE NÃO VIU"
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terça-feira, março 28, 2006

Protestos alastram-se...























... e alastram-se...
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Diga, trezentos e trinta e três

É claro que já todos sabem das boas-novas. O governo apresentou trezentas e trinta e três medidas para combater a burocracia. Não foram trezentas e trinta e duas, nem sequer trezentas e trinta e quatro. Ainda esperei que fossem trezentas e trinta e duas e meia. Mas não! Foram mesmo, trezentas e trinta e três. Nem sei bem porquê, mas gosto imenso deste número. Trezentos e trinta e três, trezentos e trinta e três. Sei lá... parece-me um número quase, poético. Poético. Mas, por falar em rimas, já estou como José Ribeiro e Castro:
“Parece-me um bocado propagandex,
à Socratex,
mas se for verdadex,
é bonzex.”
Porém, há uma medida Simplex, pela qual nutro uma especial empatia, e que já defendo há muito: o acesso gratuito à edição electrónica do Diário da República. Pode parecer uma medida muito simplex de tomar, mas não é tão simplex quanto possa parecer. Se o Sócrates avançar com ela, como espero, vou ser forçado a dar-lhe os meus parabéns.
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Margarida Rebelo Pinto à beira de um ataque de nervos
















Margarida Rebelo Pinto e a sua editora, a Oficina do Livro, interpuseram uma providência cautelar para tentar impedir a venda do livro, «Couves & Alforrecas: Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto», onde João Pedro Jorge, do blog «Esplanar», analisa com alguma contundência a obra literária da escritora.

Via: Diário Digital
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Passeando pela blogosfera

Barnabé 2? Esperemos que não.
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Maratonas da televisão portuguesa

Casamento de Duarte Pio, funeral da irmã Lúcia, Benfica-Barcelona...
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Sabia que...?

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Real

Antes ...
Depois...
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Cenas da vida real

«Quando falava das futuras propostas da 2: para o late-night (horário depois das 22.30) o subdirector do canal, Bruno Santos, apresentou a série The L World (Mundo Lésbico) como futura aposta do canal. Mas mal pronunciou a palavra "gay", o presidente do Conselho de Administração da RTP, Almerindo Marques, interrompeu dizendo "isso não ponham". Paula Moura Pinheiro tentou amenizar a situação mas o mal-estar foi indisfarçável na sala da administração da televisão pública. A referência "são gays mas são lésbicas" terá aligeirado o clima e Bruno Santos prosseguiu a sua exposição. No entanto, Almerindo Marques acabou por deixar a conferência de imprensa de apresentação da nova grelha da 2: antes do seu final, dizendo que a sua atitude não tinha nada a ver com o episódio»
DN de hoje (indisponível on-line)
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segunda-feira, março 27, 2006

Falar de Blogues 2006

O próximo encontro «Falar de Blogues», organizado por José Carlos Abrantes e a Almedina, é já na próxima 5a feira, dia 30, 19h.

com
Leonor Areal, Doc Log
Pedro Magalhães, Margens de Erro
Vitor Relvas, Educar para os Media

Os blogues temáticos aparecem com uma credibilidade forte. Por vezes são feitos por especialistas que problematizam um tema, em profundidade.

Via: As Imagens e Nós
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Os culpados


Já sabíamos que os americanos são responsáveis pelo aquecimento global, por 99.9% dos conflitos mundiais, por 99.9% das espécies em vias de extinção, pelas chuvas no Senegal, pelo aumento da violência doméstica no Brasil, pelos resultados eleitorais do BE, pela programação da televisão portuguesa e pelo momento actual da carreira de Herman José. Mas ainda viremos a descobrir que também eles são responsáveis pela gripe das aves. Antes que alguém o diga a sério, leia aqui a versão humorística.
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Esclareça-se

Patrick Parisot, embaixador do Canadá em Portugal, «Público» de ontem:
« (...) Os números falam por eles mesmos:
No decorrer do ano fiscal de 2001-2002, de um total de 9.195 imigrantes ilegais de diversos países de origem que tiveram de deixar o Canadá, apenas 95 eram portugueses. No ano seguinte, em 2002-2003, de 8.609 repatriamentos, apenas 92 tiveram como destino Portugal. Em 2003-2004, de um total de 10.980 repatriamentos, 191 pessoas foram expatriadas para Portugal. Em 2004-2005, em 11.845 repatriamentos, 409 foram para Portugal. Em 2005-2006, prevemos que cerca de 11.000 imigrantes ilegais no Canadá serão expatriados para os seus países de origem. Deste número, até à data, apenas 166 são portugueses. Haverá mais, mas guardadas todas as proporções, é bastante claro que de acordo com os números dos anos precedentes estamos muito longe de determinados cenários apocalípticos evocados durante os últimos dias.»
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Só futebol?


Segundo um jornalista catalão entrevistado pela SIC, amanhã mais de metade de Espanha será benfiquista.
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Dia Mundial do Teatro

A vida é um palco, e no palco aprendemos a ser inumeros personagens e a ter mil e uma vidas...
Obrigada!
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E elas?

«Apenas amigos. Duas palavras que um homem jamais quer ouvir».
Anúncio publicitário a um filme no portal Sapo.
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Importa-se de repetir?

«Eles [os emigrantes portugueses] não têm culpa nenhuma, excepto não terem cumprido a lei». Maria Beatriz Rocha-Trindade, convidada do "Opinião Pública" de hoje.
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É só uma pergunta...

O CDS já se pronunciou sobre isto?
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Passeando pelos media

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Se turismo é só praia...

...daqui a mais ou menos 200 anos, quando as calotas polares derreterem totalmente e o Atlântico - o Oceano, não o Pavilhão - entrar por aí dentro, se calhar vamos ter praia de Melgaço a Beja. Já estou a ver um imenso areal a passar por Guimarães, Amarante e Viseu, Gouveia e Oliveira do Hospital, Abrantes - que passará a ser a foz do Tejo - e arredores de Évora. Aí, então, essas localidades vão, finalmente, ver o Governo atribuir-lhes a importância que merecem quando distribuirem verbas para o turismo.

Afinal, o Aquecimento Global até pode trazer vantagens para o - por enquanto - Interior do País!
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domingo, março 26, 2006

Lord of War





























«Há mais de 550 milhões de armas de fogo espalhadas pelo mundo. Isso significa uma arma por cada doze pessoas. A grande questão é... como armamos as outras onze?»
Yuri Orlov (Nicolas Cage) in Lord of War

Inspirado neste preocupante caso que tem vindo a fazer as manchetes nos nossos media, investi umas horas a ver o "Lord of War", do realizador neozelandês Andrew Nichol.

O filme é baseado em factos verídicos, e conta a história de Yuri Orlov, um imigrante do Leste Europeu a viver nos Estados Unidos, que nos anos 80 vê na venda ilegal de armas uma oportunidade única de negócio. Em pouco mais de duas décadas, Yuri transforma-se num dos mais bem-sucedidos yuppies internacionais.

Patricionado pelas Nações Unidas e pela Amnistia Internacional, "Lord of War", tem um estilo narrativo de um documentário, e um cariz claramente didáctico. O tema da guerra e da venda ilegal de armas é o fio condutor, mas o combate de Yuri consigo próprio, e o jogo macabro do presidente da Libéria, o ditador Baptiste, são outras guerras dentro das diversas guerras do filme.

Sobre o "Lord of War" já tinha lido criticas boas e más, mas eu gostei e recomendo.

«Sabem quem herdará a terra? Comerciantes de armas; os demais estarão ocupados a matar-se.»
Yuri Orlov
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Lapsus linguae


Leio no último Jornal de Letras um artigo sobre (mais) uma nova edição da poesia de Cesário Verde, da responsabilidade de Teresa Sobral Cunha. No prefácio da obra, lê-se - negrito meu: «(...) Camilo Castelo Branco que nos comentários ao Cancioneiro Alegre de Poetas Portugueses e Brasileiros, publicado em 1879 e onde Cesário não compareceu (facto também improvável se entretanto tivessem permanecido cordiais as relações entre o jornalista no Porto e o poeta em Lisboa) (...)»
Acontece que não só Camilo Castelo Branco não era jornalista, como era muito mais do que jornalista. Com todo o respeito para com os jornalistas, claro.
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Sejam bem-vindos meus irmãos! (Parte 2)

















Eu estou com Francisco José Viegas, que escreveu no Origem das Espécies: «Não é apenas de choque tecnológico que precisamos; fazem-nos falta mais cor, mais choque cultural, mais contribuição dos outros para podermos melhorar um país que vai ficando muito cinzentinho.»

Eu, limito-me a recordar o que já disse em Outubro do ano passado:

Claro que são bem-vindos! Nem imagino como seria viver nos dias de hoje em Portugal sem a companhia dos nossos irmãos brasileiros.

Os brasileiros têm-se dispersado suavemente, como o samba, por toda a costa centro e sul de Portugal, e com um efeito especialmente "gostoso". Não há café, restaurante ou bar que não tenha caipirinha, kaipiroska, ou morangoska. E até o fino já foi substituído em muitos locais pelo chopinho. A picanha, a maminha e o rodízio já fazem parte integrante da cozinha tradicional portuguesa, assim como o feijão preto. Eu até já prefiro a lima ao limão, e o abacaxi ao ananás.

Agora, "todo" o restaurante, tasca ou similar, tem uma musiquinha, uma luzinha, uma velinha, uma caipirinha… mas o mais "gostoso mesmo", é a simpatia, educação e profissionalismo do povo brasileiro. Os brasileiros têm sido o abono da nossa restauração, hotelaria e turismo.

É que eu já não tinha nenhuma pachorra para o tradicional, sebento, mandrião, mal-encarado e mal-educado empregado de mesa made in beiras. Felizmente, e graças aos brasileiros, o típico empregado de mesa português encontrou a sua verdadeira vocação, e direccionou a sua "carreira" para uma nova área profissional em ampla expansão, cujas características se adequam na perfeição ao seu perfil manhoso: a profissão de segurança.

Sem os brasileiros, como poderíamos sonhar estar confortavelmente deitados na fina areia branca de uma qualquer praia portuguesa, a curtir o sol, e sermos servidos por uns/umas "caras" sempre "legais", sempre "numa boa", sempre de sorriso franco, sempre com o tom de voz adequado e musicado, e sempre com uma bandeja carregada de caipirinhas e snacks. Ai… as saudades que já tenho do Verão…
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sábado, março 25, 2006

Títulos que prometem

39 + 1 (A idade em que uma mulher descobre que o homem da sua vida é ela própria), livro de Silvia Soller, a editar brevemente pela "Quidnovi"
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Pormenores

As ideologias não morreram. Apenas se refugiaram nas estratégias discursivas. Exemplo: todos acham que houve erros no pós-guerra do Iraque, e todos acham que o Irão é uma ameaça. Só que uns dedicam trinta linhas aos erros no Iraque, e uma linha à ameaça iraniana. Outros, dedicam trinta linhas à ameaça iraniana e uma linha aos erros no Iraque.
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Sugestão

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Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Álvaro de Campos
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Não é Maio de 1968, é Março de 2006!

Editorial Courrier Internacional:

Maio outra vez?!

ESTUDANTES em fúria na Sorbonne, barricadas e manifestações sucessivas, batalhas campais com a polícia, sindicatos à boleia e uma torrente de cólera que engrossa à medida que todos os descontentamentos se concentram na rua, impondo a Paris um estado de sítio permanente.
Do outro lado encontram-se um Presidente da República fraco e desgastado, uma maioria governamental fraccionada, um Executivo titubeante e uma oposição em que o principal partido está longe de se afirmar como alternativa credível.
São tão numerosos os pontos comuns que a lembrança de Maio de 68 e a sua comparação com a crise das últimas semanas se tornam irresistíveis. E, no entanto, os últimos 40 anos da história da França estão recheados de falsos «Maios» como este (ver págs 8/9). «Maios» de pequenas causas que não raro correspondem à defesa de direitos sociais hoje inexistentes em qualquer outro país e insustentáveis por força das mudanças operadas com a globalização (vale a pena ver, na página 9, o que diz exactamente o projecto do Governo Villepin que desencadeou a tempestade actual para se perceber como a reacção é desproporcionada).
Quando um Governo se atreve a tomar medidas impopulares, em especial para sectores privilegiados como são, apesar de tudo, os universitários, o poder da rua levanta-se e, em geral, leva a melhor sobre o poder político. Aos olhos do mundo, este mecanismo já parece um modo de vida, um modelo muito francês de viver a vida pública. Mas o decréscimo acentuado do peso relativo da França no conjunto das nações prova que esse modo de vida não tem sido muito saudável.
Apesar da sucessão de «Maios» nos últimos 40 anos, a França pouco mudou porque os «Maios» sucessivos não foram «Maios» de mudança, como pretendeu ser o original, mas de resistência à mudança. E aí está, seguramente, uma das explicações para o prolongado declínio francês. Num país onde 76 por cento dos jovens entre os 15 e os 30 anos ambicionam ser funcionários públicos (dado referido esta semana por Claude Imbert no seu editorial de Le Point), está tudo dito sobre a ambição e o gosto pelo risco que costumam caracterizar a juventude e estão, em geral, associados ao progresso de um país. Quando toda a gente já percebeu que o Estado social está ameaçado de morte e necessita de reforma urgente para poder acudir só aos que mais precisam, os franceses dizem «não» em referendos e partemmontras pelas ruas em defesa da sua preciosa «excepção». Compreendem-se e, naturalmente, lastimam-se as razões das suas queixas. Afinal, toda a gente em todo o mundo gostaria de ter emprego fixo, para a vida e bem remunerado, com 35 horas de trabalho semanal...
Dizem os especialistas que os pequenos sismos regulares e frequentes constituem, nas zonas de risco, a melhor garantia contra a ameaça de um grande terramoto. São uma forma de a terra respirar. As barricadas contra a mudança, nos últimos 40 anos, também parecem uma forma de a França respirar, mas a verdade é que não têm contribuído senão para agravar o seu sufoco.
Tudo indica que, ao contrário do que sucede nas zonas sísmicas, estes pequenos tremores sociais são apenas o prenúncio de um terramoto. E que este será tanto maior quanto mais tarde vier a ocorrer.

Fernando Madrinha

Ainda no Courrier Internacional: Revolta em França
O que eu estranho é que o mesmo Fernando Madrinha, ainda há um mês atrás, escreveu este (outro) editorial no Courrier Internacional.
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Vou indo



Depois de dois meses, porque tem de ser, venho dizer aos leitores do GR que me vou embora. Obrigado, mais uma vez, ao André Carvalho pelo convite e obrigado também a quem, generosamente, foi comentando o que escrevi.
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sexta-feira, março 24, 2006

Verdade ou Consequência...

















Fotografia: Nuno Guimarães

José Sócrates, Fevereiro 16, 2005:
«Os números hoje divulgados sobre desemprego são trágicos e revelam a justiça das nossas posições. Um Governo do PS voltará a colocar a questão do emprego entre as grandes prioridades da sua acção política, ao contrário do que sucedeu nos últimos três anos, com as consequências que aí estão.»

Jornal de Negócios, Março 24, 2006:
«O número de desempregados aproxima-se dos 500 mil, depois de se ter registado um aumento de 1,6% do número de inscritos em Janeiro nos centros de emprego. As maiores subidas em termos de desempregados foram observadas pelas mulheres e indivíduos licenciados.»
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«Donas de casa desesperadas»

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Onde pára a Lara Li. - Resposta ao BrunoFerreira

O Bruno Ferreira deixou a questão num post há uns dias atrás numa rubrica intitulada "Onde pára esta malta? #1". Mas como o dito já se encontra muito longe e o acesso se torna difícil, tomo a liberdade de deixar aqui a resposta na forma de um novo post.

A Lara Li, segundo Tiago Torres Silva - escritor e compositor amigo da cantora - ainda não "arrumou as botas". Continua, para além de participações em bandas sonoras de programas televisivos nacionais, a dar espectáculos pelo país. Sobretudo em casinos e espaços semelhantes. Pelos vistos, aparece muito regularmente a cantar no Casino da Figueira - embora eu já tenha visitado a página do Casino e não tenha encontrado nenhum espectáculo dela agendado para os próximos tempos.

Segundo a mesma fonte, a cantora não prevê, para os tempos mais próximos, gravar novo disco.

Bom... e isto foi o máximo que consegui.
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Então e agora? Não diz nada sr. Amaral?

Então sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros? Tão diligente a defender as crenças dos Muçulmanos "all around the world", e não tem nada a dizer sobre isto?
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quinta-feira, março 23, 2006

Pensamento


A verdadeira divisão da blogosfera é entre blogues que usam sempre gravata, blogues que nunca usam gravata, e blogues que às vezes usam gravata.
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Passeando pelos media


Confirmando a ideia de que, quando não falam de política, os comunistas têm coisas interessantes a dizer, Ruben de Carvalho escreve, no DN de hoje, um interessante artigo sobre os novos meios informáticos e, em particular, sobre o empobrecimento que os downloads de música poderão trazer. Ruben alerta para algo que me parece fundamental: «Nomeadamente no caso do CD (como já sucedera com o LP), a capa e as informações nela contidas têm um evidente papel na fruição musical e, sobretudo, na criação de uma real cultura e gosto de audição».
Parafraseando um texto do século XV: não é só o "sabor", é também o "saber".
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Estilos de vida

Há muito tempo que não se falava disto...

"...(...) "O 'techno' é o parente pobre. As pessoas que frequentam as festas têm um nível cultural mais baixo, poucas são as que têm a escolaridade obrigatória. Muitos são desempregados. Gostam de fazer esta distinção, porque normalmente dedicam-se ao pequeno tráfico", referiu Vítor Silva, adiantando que são festas frequentadas por gente muito jovem, com 16 anos.

Os adeptos da música "trance" são, "talvez, os que melhor planeiam o consumo, porque o entendem como oferendas dos deuses, com objectivos específicos, associados à transcendência e os excessos provocam os castigos". São normalmente da classe média e estudantes universitários ligados às áreas das humanidades, com um nível cultural elevado.

Para Vítor Silva, o "house" foi o estilo mais difícil de definir, "é muito heterogéneo. "Por um lado, temos um grupo de pessoas mais velhas, até aos 40 anos, com poder económico, que consome cocaína. Os mais novos, entre os 16 e os 25 anos, optam pelas pastilhas, provavelmente ecstasy".
(...)
Em qualquer um dos casos, a maior preocupação revelada é o excesso de consumo. "São consumos contextualizados, em ambientes de festa, e normalmente demonstram conhecimentos sobre os efeitos de cada uma das drogas. Por exemplo, que não devem consumir mais do que uma determinada quantidade e o que não devem misturar(...) No entanto, "na prática, fazem o contrário. Há quem fale em consumos de 12 pastilhas por festa, ou mesmo em "minar a bebida"
(...)

Por outro lado, sublinhou, além do consumo exagerado e mal associado, "há ainda a questão de não se saber, por exemplo, de que são feitas as pastilhas. Estão muito adulteradas e representam um risco para a saúde pública mais grave do que o MDMA (que deu origem ao ecstasy)". Verificou que, além do ecstasy, também consomem anfetaminas.
"Era importante apostar nas políticas de proximidade, fazer o que se faz na Holanda onde se facilita os testes às pastilhas. Correm-se menos riscos. Basta ver alguns pela manhã a delirar ou a não conseguir andar". "É importante lembrar que se tratam de consumos exagerados, mas não são toxicodependentes e não se vêem como tal", concluiu.(...)"

In http://murcon.blogspot.com/
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quarta-feira, março 22, 2006

Divórcio unilateral

O BE parece andar um bocado baralhado. Agora defende o divórcio a pedido de um dos cônjuges. Confesso, que à primeira vista, esta "radiosa" ideia não me choca muito, mas se considerarmos que o casamento é uma relação contratual entre duas pessoas livres, talvez já não falte muito para o Bloco começar a defender, com o JCD, a liberdade contratual no mercado de trabalho.

Agora já entendo melhor esta dúvida, e este abandono.

O Gabriel também já goza com esta caricata posição.
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Não havia nechexidade...


Para moderar os entusiasmos amorosos dos alunos da Escola Secundária de Marco de Canaveses, José Maria Azevedo Teixeira, presidente do Conselho Executivo, escreveu uma comunicação interna pouco usual. O professor pediu «a todos Brad Pitts e Angelina Jolies que evitem manifestações de amor demasiado cinematográficas, perante as multidões, comportamentos só aceitáveis, na paz do Senhor».
(mais aqui)
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Vaidades irritadas e irritantes


De vez em quando, o mini-rectângulo faz questão de ser notícia. Tudo normal e compreensível. O que já se compreende menos são as vozes indignadas do rectângulo-mor. Ai eles não querem celebrar o 25 de Abril? E depois? Podiam até querer a independência. Ó pr'á minha cara de preocupado!
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Generation Next

Como dizia o outro, lá do alto dos seus cinquentas e tais sessenta e poucos, com uma expressão meio de aborrecimento, meio de enfadado: “Não gosto nada de falar dessas coisas das gerações. Chateia-me bastante!”. Pois-pois. Está-se mesmo a ver que o chateia. Mas não o incomoda pertencer a uma geração que se autoproclama de revolucionária, vanguardista, pós-moderna, e de mais uns tantos ilusórios epítetos, mas que tem vindo a esgotar todos os recursos em si própria, sem se preocupar com as gerações futuras. Hipotecaram futuro, e agora, vêm com a conversa que já não chega para "todos". Um “todos” que sub-repticiamente os exclui. É como se dissessem, “No que concerne a sacrifícios, finjam que já morremos!”

Como esta geração muito “revolucionária” detém o poder e não está interessada em o largar por nada deste mundo, as soluções para os problemas passam sempre por retirar direitos aos outros, porque os deles… são uns tais de “direitos adquiridos”. Como não poderia deixar de ser, entre esses direitos adquiridos encontram-se as suas garantidas reformas irrealistas face ao que produziram durante a vida e, mais grave ainda, face à realidade em que vivemos.

Sempre que se fala em gerações, eles não gostam. Ficam chateados, incomodados e até, tristes, mas ainda não vi nenhum sequer verter uma lágrima por causa deste assunto. E foi graças à despudorada gestão que efectuaram dos escasos recursos do nosso pais nas últimas décadas, que vamos acabar por ter mesmo de perder direitos sociais e laborais. O que eles continuam a pretender é evitar perder a todo o custo, e com um falso despercebimento, os seus ricos direitos adquiridos. Claro que este falso despercebimento causa todos os dias às outras gerações ainda maiores danos nos seus direitos, mas isso é totalmente irrelevante [para eles].

É por isto que também me aborrece falar destas coisas das gerações. E quando me falam em especialidades feitas à medida como os Contratos Primeiro Emprego (CPE) e derivados, só me dá vontade de dizer: “CPE’s? Olhem… primeiro, comecem por aplicar equitativamente as mesmas regras a todas as gerações, e depois logo falamos de CPE’s. Ok?”
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terça-feira, março 21, 2006

Só uma pergunta...

«A CPE não passa duma fraca tentativa de tratar um cancro com aspirina. A polémica sobre o Contrato do Primeiro Emprego tem passado muito ao lado de uma das questões mais relevantes: a falta de liberdade contratual no mercado de trabalho cujas consequências mais evidentes são salários mais baixos e desemprego. (...) Custa entender porque é que o empregador 'A' não pode contratar um cidadão 'B' livre de imposições externas.»
JCD no Blasfémias

Salários elevados e pleno emprego como no Brasil?
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Curiosidade Social

França - Manifestações Sociais

Novembro de 2005:
Ministro do Interior chama a comunidade magrebina e todos os emigrantes de "escumalha".
A partir daí desencadeia-se um descontrolado rol de manifestações que tomaram proporções significativamente violentas.
Os preconceitos transpiraram automaticamente, o "nós" os bons , que estamos a ser atacados pelos "outros" os maus, veio ao de cima.
Os vandâlos, os mal formados, os excluídos, os marginais, os assassínos...
Destruição de património público e privado, queima de carros, cocktails molotov, violência, violência e mais violência.
Não justificável, punível.
Os recortes sociais favoreceram a alimentação dos estigmas sociais...

Março de 2006:
Centenas de milhar de trabalhadores, aos quais se juntam os jovens estudantes universitários da capital francesa, manifestam-se contra a proposta de lei feita pelo primeiro-ministro, Dominique de Villepin, que visa o despedimento sem justa causa por parte das entidades patronais, no 1º emprego, nos dois primeiros anos, até aos 26 anos...
Proposta de lei...
Os ânimos exaltam-se e as manifestações tomam proporções semelhantes ao Maio de 68 e em pouco diferem das manifestações anti-xenófobas realizadas nos arredores de Paris meses antes.
Destruição de património público e privado, queima de carros, cocktails molotov, violência, violência e mais violência.
Justificável. Coitadinhos, excessos naturais de quem defende a garantia de um futuro digno. Afinal estes são os homens de amanhã.
Como são os detentores dos recursos, das habilitações, são os legítimos protagonistas de uma justificada luta laboral...

Todos estes jovens, os suburbanos, de 3a geração emigrante, cingidos aos guetos sociais que lhes atribuiram, e os urbanos, meninos da mais pura nata francesa, a fina flor das universidades de prestígio, todos eles pertencem a um único grupo social: os jovens.
Mas uns são bons, outros são maus. Os bons são mais jovens dentro dos jovens...

Palavras para quê?
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Das beiras... poesia

Já que hoje é dia dela e é!...


"...Veneno que te brota..."


Em ti não viça a flor da juventude,
raios febris não flanam no teu ser.
Coração devorado, queimas tudo
o que fulge - matriz - da natureza.

Dissonâncias ferozes repercutem-se
no vil tropel de triviais vivezas
e em sarças glaciais de tramas presas
ao restolho do ódio e da ferrugem.

Sibilas pelos dentes o veneno
que te brota da alma suculento
que derramas viscoso à tua volta

Avalanches de tufos de rugidos,
qu'estranha turbação gerou a hora
que aceitou - ancilar - teres nascido?

in Recapitulação, António Salvado
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Em memória de...



O melhor do Mundo faria hoje 46 anos.


Feliz aniversário ainda assim.
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Dia mundial da Poesia (3)

LISBON REVISITED (1923)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) –
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-a!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?

Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
(…)

Álvaro de Campos, Poemas de Álvaro de Campos
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Dia mundial da Poesia (2)

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado nesta história.

Carlos Drummond de Andrade, Alguma Poesia
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Aos Poetas

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
a essa hora dos mágicos cansaços,
quando a noite de manso se avizinha,
e me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra o sabor que tinha
a tua boca... o eco dos teus passos...
o teu riso de fonte... os teus abraços...
os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
traça as linhas dilcíssimas de um beijo
e é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
quando os olhos se me cerram de desejo...
e os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca
"Se tu viesses ver-me" in
Eu não sou de ninguém
Alma Azul
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Dia mundial da Poesia

BEIJOS

Monólogo

«Beijar!», linda palavra!... Um verbo regular
que é muito irregular
nos tempos e nos modos…

conheço tanto beijo e tão diferentes todos!...

um beijo pode ser amor ou amizade
ou mera cortesia,
e muita vez até, dizê-lo é crueldade,
é só hipocrisia.

O doce beijo de mãe
É o mais nobre dos beijos,
Não é beijo de desejos,
Valor maior ele tem:
É o beijo cuja fragrância
Nos faz secar na infância
Muita lágrima… feliz;
Na vida esse beijo puro
É o refúgio seguro
Onde é feliz o infeliz.

Entre as damas o beijo é praxe estabelecida,
Cumprimento banal – ridículos da vida! - :

(Imitando o encontro de duas senhoras na rua)
- Como passou, está bem? (Um beijo.) O seu marido?
(Mais beijos.) – de saúde. E o seu, Dona Mafalda?
- Agora, menos mal. Faz um calor que escalda,
não acha? – Ai, Jesus!, que tempo aborrecido!...

beijos dados assim, já um poeta o disse,
beijos perdidos são.
(Perder beijos!, que tolice!
Porque é que a mim os não dão?)

O osculum pacis dos cardeais
É outro beijo de civilidade;
Beijos paternos ou fraternais
São castos beijos, só amizade.

As flores também se beijam
Em beijos incandescidos,
Muito embora se não vejam
Os ternos beijos das flores.

Há outros beijos perdidos:
Aqui mesmo,
Há aqueles que os actores
Dão a esmo,
Dão a esmo e a granel…
Porque lhes marca o papel.

- Mas o beijo d’amor?
Sossegue o espectador,
Não fica no tinteiro;
Guardei-o para o fim por ser o «verdadeiro».

Com ele agora arremeto
E como é o principal,
Vai apanhar um soneto
Magistral:

Um beijo d’amor é delicioso instante
Que vale muito mais do que um milhão de vidas,
É bálsamo que sara as mais cruéis feridas,
É turbilhão de fogo, é espasmo delirante!

Não é um beijo puro. É beijo estenteante,
Pecado que abre o céu às almas doloridas.
Ah! Como é bom pecar com bocas confundidas
Num desejo brutal de carne palpitante!

Os lábios sensuais de uma mulher amada
Dão vida e dão calor. É vida desgraçada
A do feliz que nunca um beijo neles deu;

É vida venturosa a vida de tortura
Daquele que coa boca unida à boca impura
Da sua amante querida, amou, penou, morreu.

(Pausa – Mudando de tom)

Desejava terminar
A beijar a minha amada
Mas como não tenho amada,

(A uma espectadora)

Vossência é que vai pagar…
Não se zangue a sua face
Consinte que eu vá beijar…
……………(atira-lhe um beijo)
um beijo pede e dá-se,
não vale a pena corar…

Mário de Sá-Carneiro, Obra Poética
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Pelo direito à indignação... com os indignados


Confesso que me fascina a facilidade com que a maioria das pessoas acredita em tudo o que vê, ouve ou lê. Fico impressionado com a ligeireza com que automaticamente se deixam convencer de algo, por mais bizarro que seja ou pareça e por mais suspeita que seja a fonte. Calculo que não o façam sempre. E que o fenómeno só aconteça quando os contornos se enquadram nas ideias pré concebidas que essas mesmas pessoas têm sobre o objecto da notícia – ou pseudo-notícia.

Os casos mais flagrantes são os famosos “Hoaxes”. Embustes através da Internet, que vão desde os mais completos sites às corriqueiras “chain-letters” via e-mail. E já nem me refiro àquele tipo de e-mail que nos convida a reenviar a mensagem a não sei quantas pessoas num curto espaço de tempo sob pena de acontecer algo de ruim à nossa vida no dia seguinte . Nem aos esquemas de enriquecimento em pirâmide. Nem aos que pedem ajuda para lidar com um qualquer infortúnio que a vida reservou a alguém que nunca é muito bem identificado nem explica muito bem onde vive. Refiro-me mesmo às pseudo-causas, às subscrições, aos abaixos-assinados em nome de uma treta qualquer que se destina apenas a apanhar o endereço de e-mail dos mais incautos por forma a vender as listas em leilões de “spamers”.

Vem isto a propósito de um mail, intitulado "Pelo direito à indignação", que tenho recebido nos últimos dias de vários contactos da minha lista de endereços. Muito provavelmente, a maior parte de vocês também o recebeu e, possivelmente, também o enviou. A mensagem, que apela à “indignação contra o povo do Irão", apresenta uma sequência de fotos em que se vê um adulto, supostamente daquele país, a meter o braço de uma criança debaixo do pneu de um automóvel, alegadamente, como castigo por o rapaz ter roubado um pão.

A princípio fiquei chocado. Depois olhei melhor para as fotos e vi que algo não batia certo. Fui ao Google à procura do fotógrafo cujo nome está inscrito nas fotos: Siamak Yari. E que descubro?... Que as fotos são verdadeiras, que foram tiradas no Irão, mas que o seu contexto foi deliberadamente adulterado!

A verdade está aqui, aqui e por aqui. E se alguma das cinquenta e tal pessoas – cujos endereços vêm listados no cadastro da mensagem – que leram e reencaminharam o mail, até este chegar a mim, tivessem a sensatez de questionar o conteúdo e se tivessem dado ao trabalho de o confirmar tinham-me poupado cinco minutos de pesquisa na Internet. Cinco minutos… foi o que demorou para desmontar esta “armadilha” que já deve ter apanhado uns milhares de crentes – para não usar o termo mais apropriado.

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segunda-feira, março 20, 2006

Isto não é uma música...

... é Portishead: Glory Box (Live)



Glory Box Lyrics
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Caricatura Cristã

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Constatação

Afinal socialmente somos analisados e avaliados pelo que parecemos e não pelo que somos de facto...
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domingo, março 19, 2006

Judenrein*




Ao ler isto de forma transversal
Ocorreu-me uma verruma
A trespassar a cabeça universal
Dos homens vergados à própria bruma

Quem sabe as fábricas fumegantes da crise
(As das louças, têxteis e calçados)
Fizessem lucro da reprise
Triturada dos agarrados

E quando lucro existisse
Estaria por perto a bonança
Vinda da ausência de “ranzeirice”
Que a pátria nunca alcança
* limpeza étnica
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Dia do Batman

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UFO's: Are they out there?

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sábado, março 18, 2006

Don't stop!

Que se seguirá? Uma manifestação contra os 50 anos da ocupação chinesa do Tibete?
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Passeando pela blogosfera

Boa pergunta.

(Nota: veja-se o artigo de Bettencourt Resendes no DN de Quinta.)
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Passeando pelos media

Esther Mucznik, Público de hoje:
«Se me perguntarem se eu gostaria de ver mais mulheres na vida política, eu direi, obviamente, que sim. Se a sua presença permite melhorar a qualidade da democracia, como afirmou Maria de Belém Roseira, eu diria que não sei. Porquê? Porque a qualidade da democracia depende, em primeiro lugar, da qualidade humana e pllítica das pessoas, mulheres ou homens, que a exercem. (...) não sou favorável à introdução de cotas obrigatórias de mulheres, nem de jovens ou de imigrantes: é um artifício paternalista que por si só não contribui nem para melhorar a qualidade da democracia, nem para dignificar a condição humana.(...). Em 1968, assisti em Paris ao nascer do MLF (Movimento de Libertação das Mulheres). Uma das coisas que me "vacinou" contra esse tipo de feminismo foi a frase tantas vezes repetida de que "a maternidade impede a realização da mulher". E, apesar de a maioria das pessoas que defendem a emancipação das mulheres afirmarem não se reverem neste tipo de considerações, a verdade é que estas fizeram o seu caminho, e estão presentes no subconsciente social ocidental. Se não, por que razão nunca se valoriza a maternidade enquanto factor de realização da mulher? Por que razão não se valoriza a maternidade como uma indispensável função social? Por que razão a União Europeia, no dia Internacional da Mulher, não celebra a mulher, não só como actor económico ou decisor político, mas também como mãe, factor de sobrevivência de um continente que definha e morre por conta de ideologias tão niilistas como anacrónicas? Será porque valorizar a mulher enquanto mãe será "reaccionário" ? (...)»
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Helena Matos, no Público de hoje:
«Como é possível que se discriminem as pessoas pela sua idade nas ofertas de emprego? Parece-me tão grave não aceitar uma pessoa para um trabalho por ela ter mais de 35 quanto por ela ser negra ou branca».
Helena Matos esquece-se do outro lado. Esquece-se dos anúncios de emprego que exigem candidatos com, no mínimo, 2, 3 ou 5 anos de experiência. Esquece-se da percentagem de jovens desempregados ou explorados, cujos hipotéticos lugares de trabalho estão, muitas vezes, tapados com pessoas sem mérito algum ou com o único "mérito" de serem mais velhos.
No mesmo artigo, Helena Matos diverte-se com a noção de que, apenas por terem o tempo do seu lado, há a ideia de que as reivindicações dos jovens devem ser ouvidas. É óbvio que a juventude, por si só, não dá razão a ninguém. Mas também é óbvio que, por muito que isso custe a Helena Matos ou aos Velhos do Restelo do costume, o Tempo (com maiúscula) está mesmo do lado dos jovens. Como diria o outro: habituem-se.
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Last Night

Se eu acreditasse em tudo o que me dizem, ontem tinha-me casado 3 vezes e simultaneamente me teria sentido a última das mulheres...
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Imaginário infantil: As Aventuras de Tom Sawyer






















Genérico da versão portuguesa da série aqui.
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Com os pés assentes na terra...






















Half the world's rainforest have already died. If the rest go, so will you

Agência: Crush
Cliente: Singapore Environment Council
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sexta-feira, março 17, 2006

Indústrias Culturais (3º aniversário)

O «Indústrias Culturais» do Professor Rogério Santos faz hoje 3 anos de existência. Curiosamente, para além de ser o primeiro blogue que conheci, também foi durante uma aula do Professor Rogério Santos que ouvi pela primeira vez a palavra "blog". Para ser sincero, escrevi nos meus apontamentos a palavra "glob", de "globalização"(pensava eu). Desde dessa dia que acompanho o «Indústrias Culturais» e durante muito tempo foi o único blogue que li com regularidade.

Por estes motivos e por muitos outros que não interessa agora enumerar, é com imenso prazer que felicito o Professor Rogério Santos pelo terceiro aniversário do seu «Indústrias Culturais», inquestionavelmente, uma referência da blogosfera nacional, e um dos meus preferidos. Muitos parabéns!
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Laranja-escuro


Pode ser mais democrático. Pode ser a marcha dos tempos. Pode ser inevitável. Mas, com a provável adopção das directas, o país perde um dos seus espectáculos tradicionalmente mais emociantes: os congressos do PSD. Lembro-me bem deles, em meados dos anos 90, quando comecei a interessar-me por política. Lá estava Marcelo Rebelo de Sousa, exigindo dois terços para não se ir embora e não deixar de humilhar os adversários; lá estava o inenarrável (e anti-sulista, anti-elitista e anti-liberal) Luis Filipe Menezes; lá estava a ex-futura promessa Durão Barroso; lá estava Santana Lopes, cuja função era análoga à função de Manuel Alegre nos congressos do PS: alegrar a malta, fazer barulho, exigir mudanças profundas e ameaçar sair - ninguém os levava a sério, mas eles cumpriam a sua missão escrupulosamente. Os trabalhos entravam pela noite dentro e, de manhã, como o futebol, queríamos saber quem tinha ganho. Paralelamente, havia os comentadores, um show dentro do show. Com as directas, lá se vai a emoção. Aguardam-se cenas dos próximos capítulos.
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A Hora da Literatura. Efeméride


Já houve quem o lembrasse: a 16 de Março de 1825, nascia Camilo Castelo Branco.

«É fado! Um fabricante de folhetins, quando larga os cueiros, para se fazer homem de letras, o que primeiro escreve é uma tirada de sandices, injuriosas à filosofia, à moral, ao público, e à gramática. Criança, que nos quer capacitar do muito que viveu, fala-nos da tristeza da sua alma, cansada de prazeres, e rota, como um cesto, pelas mãos impiedosas da sociedade. Byron, que é o tipo dos homens cansados, tem a desventura póstuma de ser o tipo de todos os tolos. Qualquer amante, infeliz com os sujos amores de uma criada de servir, declara-se Byron. Qualquer filho-família, privado duns cobres, que o pai lhe nega, curva a fronte entristecida, e declara-se Byron também.
E, depois, quem os atura é o público. O fel, que lhes encheu as medidas do sofrimento, vomitam-no no folhetim, em períodos onde o nominativo está em divórcio com o verbo, e onde o leitor é sempre, como parte da oração, o paciente.
Falam-nos de si. Uns estão tristes como o filho do deserto, sentado nas ruínas de Balbek. Outros, anseiam, desesperados como Orestes, e blasfemam contra o eco, como Ajax. A questão é saberem que existiu Balbek, pouco importa saber se nos Estados Unidos, se na Beira Alta. (…)
A mulher, necessariamente a mulher, seja ela quem for, aparece sempre enrodilhada no folhetinista amargurado. Sempre bela como os sonhos da infância, e silfidica como a sombra do nada, o leitor é obrigado a coordenar na imaginação uma colecção de pedras desde a esmeralda até ao rubi. A mulher do folhetinista, afinal, é um mosaico de engonços, que o autor obriga a mover-se soprados pela brisa da tarde, que é uma coisa que não sopra de manhã.»
Camilo Castelo Branco, O Bico de Gás
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J'ai quelque chose àdire mais je ne sais pas quoi

Maio 1968















Março 2006















"Tenho algo a dizer, mas não sei o quê"
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Sous les pavés, la plage

Maio 1968


















Março 2006


















"Sob a calçada, a praia"
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Os blogues verdadeiros e falsos...

Sinceramente, ficamos aliviados por saber que o «Geração Rasca» é um blogue verdadeiro. ;)
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As escolhas de Cavaco (blog-mix)

















«As escolhas de Cavaco», por Paulo Gorjão, «A tutoria», por Eduardo Pitta; «Regresso», por Francisco José Viegas; «Alaridos e silêncio abrupto», por Paulo Pinto Mascarenhas; «O mundo de Cavaco», por João Gonçalves»
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quinta-feira, março 16, 2006

Ce n'est pas une révolution, Sire; c'est une mutation

Maio 1968















Março 2006
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Cassino Royale

O realizador do último filme da saga 007, Martin Campbell, afirmou à imprensa que Daniel Craig é o melhor actor que a série já teve. Os fãs de Sean Connery e Pierse Brosnan não gostaram das declarações de Cambell. A música foi entregue aos U2.

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As escolhas de Cavaco (Adenda Cultural)

Existe! É o Professor Diogo Pires Aurélio. Mais uma excelente escolha.
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Haja quem!

Na Alemanha, onde a prostituição é legal, uma outra campanha está em curso: "Apito Final contra a Prostituição Forçada".
Objectivo: convencer os clientes a alertar a polícia sempre que se apercebam que a prostituta não exerce de livre vontade.
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ONDE PÁRA ESTA MALTA? #1

Sempre tive um fascínio por entender os percursos de gentes que de uma forma ou de outra, contribuiram para o universo do público e do popular. Retalhos de estórias e história que vão compondo uma malha presente de caras e eventos, acontecimentos e boatos. Caras e acções de gente que encheu revistas, ouvidos, conversas de café, admiração ou desdém... e que de um momento para o outro, desaparecem.
Será por falta de interesse das massas e dos meios de veiculação, um prazo de vida para contribuição? O que é feito dessa malta que deixou de estar presente nas bocas e memórias de alguns, e que para os mais jovens, não passam de nomes que nunca ouviram.

ONDE PÁRA ESTA MALTA?

começamos pela Telepatia, que vi grisalha numa portugália faz quase um ano.

LARA LÍ

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Glorioso

Quanto ao jogo de ontem, uma única frase o reflecte por inteiro: Grande noite de Nilson.

O Vitória de Guimarães eliminou-nos na Luz e qualificou-se para as meias-finais da Taça de Portugal.
Parece que a noite de glória europeia em Anfield Road já pertence a um passado distante, pois nestes dois últimos jogos poderá estar o campeonato hipotecado e a ida ao Jamor já lá vai.

As lesões voltaram a atormentar-nos. Nélson e Ricardo Rocha regressaram às laterais, enquanto no ataque Manduca foi titular, dada a inesperada ausência de Simão, lesionado numa coxa.
A vontade de cedo resolver o encontro era evidente e Karagounis esteve perto do golo. Mas Nilson estava em noite inspirada.
Do outro lado estava um Guimarães que apostou num futebol directo, baseado numa defesa alta e à procura que o Benfica cometesse um erro junto à área de Quim. Um livre conquistado devido a essa pressão validou a táctica e uma inexplicável desatenção da defesa encarnada permitiu a Dário resolver o jogo.

A reacção foi positiva, mas Nilson estava lá.

O jogo foi sem brilho, com o apito a soar ao mínimo contacto e com longas perdas de tempo promovidas pelos vimaranenses.
Koeman recorreu a Petit e a... Mantorras.
Contudo, mesmo a jogar contra dez, os nervos não foram de aço e não se conseguiu explorar a vantagem numérica.

Foi um futebol de desespero dos dois lados: nós a precisarmos de marcar a todo o custo, eles a quererem defender e "queimar" tempo.

Venceu o antijogo do Guimarães, mas por mérito de Nilson...
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Liberdade de Expressão é...

RESPEITO...
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Falar de blogues na terceira pessoa – parte única

O título do post era para ser “O dia em que o André levou uma tareia da Rita*, mas como as vozes masculinas na gravação áudio são muito parecidas e eu não tenho certeza se era mesmo o André a levar uma tareia da Rita – apesar de me parecer mesmo o André a levar uma tareia da Rita – fiquei-me por um título mais genérico.

De qualquer modo, e independentemente de quem levou uma tareia da Rita, até porque a Rita bateu numa data de gente – ah mulher!!! –, impõe-se um agradecimento ao André por ter disponibilizado, no terceiro episódio da saga, o ficheiro áudio que me permitiu “assistir” ao encontro em diferido. Portanto… Obrigado.

No que toca ao encontro em si, à medida que ouvi fui cerrando os pulsos de raiva por não ter podido estar presente. Até porque, para além de adorar discussões com pessoas inteligentes, os temas debatidos me interessavam. E para quem não foi nem ouviu o registo fique a saber que aquilo andou um bocado à volta de pipis e pirilaus – e eu, como qualquer homem latino que se preze, gosto muito de pipis e do meu pirilau.

Mas apesar da conversa prazenteira sobre as especificidades com que cada sexo está e se expõe na blogosfera, e das discussões sobre mamas e voyerismo e machismo e feminismo – nas quais eu também sinto prazer em participar mesmo que consciente da impossibilidade de chegar a um consenso – o que o que me levou a escrever este post foi mesmo um assunto lateral e, na minha opinião, bastante mais sério: já perto do final, na fase de debate, alguém se insurgiu contra a alegada censura em alguns blogues invocando até, para o efeito, o 25 de Abril. Que por vezes apagavam os comentários e os posts… e que assim não pode ser… porque o tempo da censura já lá vai… e porque se for num jornal o pessoal – esse, o mesmo que escreve nos blogues – fica todo indignado… e que é uma hipocrisia… e, no fim de contas, uma irresponsabilidade!...

Ora bem… a resposta da Sofia, que alegou o carácter privado dos blogues, à partida, deveria chegar para convencer os mais fundamentalistas da causa. A Rita, num estilo desagradavelmente directo, que muito aprecio, acrescentou que o blogue dela era dela e que fazia o que muito bem entendia com os comentários ordinários que recebe**.

Sem qualquer tipo de complexos, e por muito que defenda a liberdade de expressão – que não pode ser aqui invocada pelos “comentadores”, porque a única expressão abrigada por essa liberdade é a do autor do blogue – faço minhas as palavras delas. É que, já houve blogues muito interessantes que tiveram que “fechar”, não pelo conteúdo colocado pelos autores, mas pela gravidade – não consigo arranjar termo melhor – dos comentários: alguns “posts” provocaram uma resposta insultuosa que teve uma interpretação ainda mais ofensiva e um contra-ataque exponencialmente mais agressivo que gerava novo contra-golpe e… por aí em diante numa espiral de violência verbal que só terminou com o encerramento da tasca.

O melhor mesmo é cortar o mal pela raiz e apagar o primeiro comentário obsceno sem ceder à tentação de responder. Sentem-se indignados os meninos e meninas que gostam de dizer ordinarices sob a cobertura do anonimato? Azar!… Porque não criam o vosso próprio blogue para dar corpo a essa indignação. Escrevem o que vos apetece. Usam os termos e a linguagem que vos aprouver. Desancam em quem acham que merece ser desancado. E ninguém vos pode apagar os textos. Mas atenção… não se esqueçam de abrir a caixa de comentários a toda a gente.


(*) Hehehe! Brincadeira… não estiveste tão mal assim.

(**) Essa ideia de um blogue com o correio de ódio que recebes não é nada mal pensado.

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As escolhas de Cavaco (Adenda)

Caro Paulo Gorjão, face ao que vem afirmando, e tendo por base uma visão geométrica tradicional da política, aparentemente, não teremos nenhuma dificuldade em nos entendermos quanto ao eventual posicionamento das personalidades em causa no espectro político nacional. Contudo, é evidente que divergimos na interpretação dos sinais. Onde o Paulo Gorjão vê risco, falta de sensatez e autismo, eu vejo pragmatismo, coerência e sentido de Estado.
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quarta-feira, março 15, 2006

As escolhas de Cavaco

Eu sei que não interessa falar das falsas promessas de Sócrates, do desemprego galopante, dos jobs for the boys, do fecho de escolas, maternidades, paridades, etc. Mas podem-se sempre entreter com aquelas coisas das "OPAS", ou com o Benfica na Champions League, ou mesmo com o passivo do Sporting. O que não vale a pena é andarem a procurar criar casos onde eles não existem. São vinte membros, e o Presidente pode escolher cinco... não é verdade?

Mas como de pessoas se trata, o que eu gostaria mesmo era que alguém me explicasse o que é que Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite, Manuel Dias Loureiro, Miguel Anacoreta Correia e João Lobo Antunes ficam a dever a Carlos Carvalhas, José Manuel Galvão Teles, Vítor Constâncio, João Cravinho e Maria de Jesus Serra Lopes. Nada meus senhores! N.a.d.a.!
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Sem misturas, please


No século XIX e ainda no início do século XX havia muita gente que dizia que o Eça de Queirós tinha muito talento, mas... mas escrevia um português muito estrangeirado, muito cheio de francesismos. Se o Eça escrevesse o Português puro e límpido, o Português do Manuel Bernardes e do Bernardo de Brito... Diziam.
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Importa-se de repetir?!

«... quando se morre na cadeia trata-se de prisão perpétua»
José Medeiros Ferreira, aqui
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Em teoria...


... boas notícias. Mas neste país não é raro que uma boa medida se transforme numa má prática.
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Descubra o Cavaco que há dentro de si...






















... ou tome Alka-Seltzer que isso passa.
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Retratos do trabalho, ou da falta dele

Por muito que me esforçe (e esforço-me), ainda não consegui perceber muito bem esta espécie de fascinio doentio por imagens de pessoas a trabalharem. "Engenheirices"...
















Brown, Ford Madox
Work 1852-63
Oil on canvas53 15/16 x 77 11/16
in Manchester City Art Galleries
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terça-feira, março 14, 2006

O bigode de Frida Kahlo






















Espantoso... 18.000 pessoas visitaram em 12 dias a exposição de Frida Kahlo no CCB.

Breve "documentário" sobre a vida e obra da Pintora Mexicana.
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Uma questão de testosterona!


Afinal não tem nada a ver com estratégia comercial ou posicionamento perante o mercado europeu e mundial. Trata-se apenas de uma questão hormonal associada a um complexo de inferioridade própria do homem latino. Insegurança?... talvez. Necessidade de afirmação?... provavelmente. Urgência em compensar a falta de algo?... Não quero trazer conversas de pénis e respectivos tamanhos para este espaço. Testosterona?… absolutamente!

E ainda dizem as más línguas que os nossos empresários são uns “coninhas”!

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A arte como bem de consumo ou O capitalismo na arte

"Vivemos numa era especial da arte, não por causa das revoluções estilísticas, ou por causa do novo conceito de verdade artística, nem mesmo por causa do novo conceito da ironia da existência da arte, mas porque estamos na era do entendimento e do domínio capitalista da arte. A prova mais elementar é a arte ter sido transformada num bem de consumo.
Quer isso dizer que a história da arte passou a ser a história dos preços dos leilões de arte, confirmados por compêndios que são catálogos de leilões em tudo excepto no título. Vincent Van Gogh vale actualmente 50 milhões de dólares de história de arte e Jasper Johns vale actualmente 17 milhões de dólares de história de arte. Toda a arte tem um preço histórico. As pessoas investem em história e isso é que é ser cosmopolita hoje em dia. Qualquer forma de arte à qual não tenha sido atribuído um preço histórico é provinciana.
Mas essa circunstância capitalista é mais complexa do que parece. O valor comercial da arte tornou-se, não oficialmente, o seu valor definitivo; a arte adquiriu o glamour do dinheiro. No mercado negro do pensamento, a arte vale apenas o que vale financeiramente. O mercado intelectual livre só existe para justificar esse preço."

Donald Kuspit, "O problema da arte na era do glamour"
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segunda-feira, março 13, 2006

Toda a Verdade


«1. O anúncio da morte de Slobodan Milosevic — o ex-presidente da República da Jugoslávia que resistira às imposições dos Estados Unidos e da NATO — ocorrida nas instalações do «Tribunal de Haia» para onde havia sido ilegalmente conduzido após o bombardeamento e desmembramento da Jugoslávia, não pode deixar de suscitar as mais legítimas interrogações.
2. O desaparecimento de Milosevic, curiosamente uma semana após a notícia do «suicídio», naquele mesmo local, de um outro destacado responsável político de territórios da ex-Jugoslávia, constitui um oportuno acontecimento para todos quantos — a começar pelos Estados Unidos — desejam iludir as graves consequências do seu intervencionismo, ver enterrada a verdade sobre a guerra que ali desencadearam e a nova situação na região dos Balcãs decorrente do processo de desmembramento que ainda hoje prossegue como o revela a tentativa em curso de separação do Kosovo.
3. O falecimento de Milosevic contribuirá para que perdure o conjunto de mentiras e falsificações históricas que deram suporte à ilegítima guerra de agressão, movida pelos Estados Unidos e pela NATO na base dos mais diversos pretextos, ao processo de sequestro e entrega de Milosevic ao «Tribunal de Haia», ao desmembramento violento do Estado Jugoslavo e à criação de uma nova situação geopolítica que visou, no essencial, a criação de um conjunto de novos países e protectorados subordinados à estratégia e objectivos de dominação dos Estados Unidos e dos seus aliados naquela região.»

Comunicado do Partido Comunista Português, aqui
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Falar de Blogues na primeira pessoa -Parte IV

Pela primeira vez poderia por em prática algo que apreendi com muito esforço e dedicação nos meus treinos de Muay Thai. Vieram-me à mente os ensinamentos do meu mestre, e concentrei-me o mais que pude no copo de água, imaginando o percurso que ele teria de fazer até chegar à minha boca. Repeti o movimento, mentalmente, vezes sem conta, até me compenetrar que iria mesmo ser capaz de beber aquela água, sem a entornar. Enchi-me de coragem, respirei fundo, e avancei sem medo. Quando a primeira gota tocou na minha boca, nem queria acreditar, senti-me verdadeiramente orgulhoso da minha pessoa. Se dúvidas houvesse... quando uma criatura quer mesmo muito uma coisa, consegue. A determinação conta, e muito. Dei por bem empregues os cinquenta e tal euros que gasto todos os meses no Muay Thai. O problema é que o meio copinho de água só deu para humidificar ligeiramente os meus lábios e, se queria sair incólume do meio daquele imbróglio em que me tinha metido sem pensar, teria de voltar a repetir toda a operação “copo de água” … desde o início. E tinha de me despachar, pois José Carlos Abrantes podia passar-me a palavra a qualquer momento.

Avancei com o mesmo procedimento para o segundo copinho de água, mas continuei a sentir-me bastante desidratado. Senti a necessidade absoluta de avançar para aquele que seria o terceiro e último copo; a garrafinha não dava para mais. Mas tinha de ser, era o tudo ou nada. Quando finalmente me encontrava com o último copo na boca e me preparava para o absorver sofregamente até à última gota, eis que oiço a Sofia a dizer que “os blogues são uma extensão do pénis”. Sem qualquer tempo de reacção, a água atravessou-se-me na garganta e invadiu todo o meu aparelho respiratório. Tentei debater-me como podia, tentando não desperdiçar nem sequer uma gotinha de tão precioso líquido, que tanto trabalho me tinha dado a reter. Pela boca não me saiu nem uma gota mas, infelizmente, fui incapaz de evitar a perda de algumas dezenas de mililitros pelos olhos e pelos ouvidos.

Quando parecia estar a começar a estabilizar os meus índices de humidade, a Sofia volta a atacar, assumindo-se perante todos como uma machista. Engoli em seco, e passei, de imediato, a cobiçar a garrafinha de água da Rita. Para ajudar à festa, a Sofia não terminou a sua prédica sem fazer uma extensa ode aos baby-blogs. Quando José Carlos Abrantes me passou a palavra já eu estava completamente possuído pelo espírito da Abelha Maia, e só me apetecia voar dali para fora.

[continua...]
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Por falar nisso...


Não haverá ninguém que queira lançar uma OPA a este país?
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Passeando pelos media

«Uma das maiores injustiças políticas da actualidade é a responsabilização do Governo pelo andamento da economia. Quando a conjuntura está má, as democracias costumam, não só exigir curas ao Executivo, mas atacá-lo se a situação se mantém. Embora sem provas, ninguém tem dúvidas de que os ministros são os causadores da estagnação, desemprego e atraso nacional. Isto, além de arbitrário, gera acções perversas que aprofundam a crise.Nunca passaria pela cabeça incriminar políticos pelos eclipses ou pelo clima. Ora a situação do ciclo económico é pouco mais controlável que esses fenómenos naturais. (....) Em boa medida a culpa é deles. Os responsáveis gostam de acreditar na eficácia do seu poder e de usar os louros nas épocas de prosperidade. Raramente têm a humildade de confessar impotência perante o majestoso mecanismo da realidade. Por outro lado, a ideologia dominante, voluntarista e manipuladora, também contribui para esta situação. Assumindo o ser humano na cabine de controlo do seu destino, recusa-se a admitir a fragilidade dos nossos sofisticados instrumentos.»
César das Neves, DN de hoje
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domingo, março 12, 2006

Janela Parlamentar

«Há muito que imaginava utilizar as novas tecnologias para a partir do Parlamento poder partilhar os temas da actualidade com todos os cidadãos. Desejo que a Janela Parlamentar possa dar oportunidade a um novo olhar sobre o Parlamento e ser um novo espaço de exercício da cidadania». Deputada Ana Catarina Mendonça Mendes, Blogue «Janela Parlamentar», quarta-feira, 1 de Fevereiro de 2006 (1º post).

Como até ao dia de hoje a senhora deputada publicou somente três posts, deduzo que estará cheia de trabalho e que terá pouco a partilhar com os cidadãos.

Mas melhor ainda é o blogue do deputado Vitalino Canas, «Cidadanias -As causas do Portugal moderno». Até hoje, não conseguiu encontrar nenhuma causa.

Consultar aqui todo o sistema de blogs da Assembleia da República.
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Lonely















Apesar de o apelo ser para uma Europa tolerante, cada vez mais se repetem os actos de violência impiedosa contra os sem abrigo - ao estilo de Laranja Mecânica - em toda a Europa, o que leva a um cada vez maior sentimento de insegurança entre estes homens e mulheres que vivem à margem das nossas sociedades. Numa Europa que se pretende tendêncialmente igual, 57 milhões de pessoas vivem abaixo do limiar de pobreza e 2,700 mil estão desalojados... Existem cerca de 170 mil sem abrigo em toda a Europa e cerca de metade destes frequentaram o ensino superior e não têm qualquer tipo de problemas com alcool ou drogas.

Torna-se difícil a reintegração social da exclusão e a maioria destes homens e mulheres estão dotados ao abandono social e familiar. A fragilidade, a vulnerabilidade e a solidão são as suas únicas companhias.

Com medidas de integração a longo prazo inexistentes e medidas de prevenção e controlo escassas, resta apostar na criação sucessiva de novos abrigos sociais, para que nestes espaços se estabeleçam as relações sociais e humanas mínimas para a manutenção da dignidade, e no voluntariado, na fusão e cooperação dos serviços públicos e organizações não governamentais...

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