sexta-feira, março 17, 2006

Laranja-escuro


Pode ser mais democrático. Pode ser a marcha dos tempos. Pode ser inevitável. Mas, com a provável adopção das directas, o país perde um dos seus espectáculos tradicionalmente mais emociantes: os congressos do PSD. Lembro-me bem deles, em meados dos anos 90, quando comecei a interessar-me por política. Lá estava Marcelo Rebelo de Sousa, exigindo dois terços para não se ir embora e não deixar de humilhar os adversários; lá estava o inenarrável (e anti-sulista, anti-elitista e anti-liberal) Luis Filipe Menezes; lá estava a ex-futura promessa Durão Barroso; lá estava Santana Lopes, cuja função era análoga à função de Manuel Alegre nos congressos do PS: alegrar a malta, fazer barulho, exigir mudanças profundas e ameaçar sair - ninguém os levava a sério, mas eles cumpriam a sua missão escrupulosamente. Os trabalhos entravam pela noite dentro e, de manhã, como o futebol, queríamos saber quem tinha ganho. Paralelamente, havia os comentadores, um show dentro do show. Com as directas, lá se vai a emoção. Aguardam-se cenas dos próximos capítulos.
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