terça-feira, março 14, 2006

A arte como bem de consumo ou O capitalismo na arte

"Vivemos numa era especial da arte, não por causa das revoluções estilísticas, ou por causa do novo conceito de verdade artística, nem mesmo por causa do novo conceito da ironia da existência da arte, mas porque estamos na era do entendimento e do domínio capitalista da arte. A prova mais elementar é a arte ter sido transformada num bem de consumo.
Quer isso dizer que a história da arte passou a ser a história dos preços dos leilões de arte, confirmados por compêndios que são catálogos de leilões em tudo excepto no título. Vincent Van Gogh vale actualmente 50 milhões de dólares de história de arte e Jasper Johns vale actualmente 17 milhões de dólares de história de arte. Toda a arte tem um preço histórico. As pessoas investem em história e isso é que é ser cosmopolita hoje em dia. Qualquer forma de arte à qual não tenha sido atribuído um preço histórico é provinciana.
Mas essa circunstância capitalista é mais complexa do que parece. O valor comercial da arte tornou-se, não oficialmente, o seu valor definitivo; a arte adquiriu o glamour do dinheiro. No mercado negro do pensamento, a arte vale apenas o que vale financeiramente. O mercado intelectual livre só existe para justificar esse preço."

Donald Kuspit, "O problema da arte na era do glamour"
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