Lapsus linguae
Leio no último Jornal de Letras um artigo sobre (mais) uma nova edição da poesia de Cesário Verde, da responsabilidade de Teresa Sobral Cunha. No prefácio da obra, lê-se - negrito meu: «(...) Camilo Castelo Branco que nos comentários ao Cancioneiro Alegre de Poetas Portugueses e Brasileiros, publicado em 1879 e onde Cesário não compareceu (facto também improvável se entretanto tivessem permanecido cordiais as relações entre o jornalista no Porto e o poeta em Lisboa) (...)»
Acontece que não só Camilo Castelo Branco não era jornalista, como era muito mais do que jornalista. Com todo o respeito para com os jornalistas, claro.
3 Comments:
Acho que, para os critérios da época, Camilo podia muito bem ser considerado jornalista. Embora hoje, todos o sabemos, o seu papel tenha ido muito além disso. No fim de contas, e salvo as devidas distâncias, pois claro, Camilo terá sido tão jornalista no seu tempo, como o são hoje o Miguel Sousa Tavares ou o Francisco José Viegas - só para citar os dois exemplos mais mediáticos. Mais uma vez ressalvo: "...salvo as devidas distâncias".
Em tempos lia o JL. Mas deixei de ler e já não me lembrava pq. Esta semana O JL fazia 25 anos. Comprei, li e deu para perceber porque é que o cheiro a naftalina e a ranço no meio do deserto não deixa ler o JL.
Interessante, logo na 2ª página o anúncio a um Concurso de Lingua Portuguesa subvencionado pelas mais diversas entidades e edilidades, com a final a ser apresentada não sei aonde pela Barbara Guimarães (que alívio). Se a língua portuguesa é tratada assim mais vale um tiro nos cornos.
O “jornalista no Porto” referido no texto era efectivamente Silva Pinto, nascido em Lisboa, mas radicado no Porto, e primeiro editor do poeta de quem em vida se afastou por motivos pessoais que vieram a reflectir-se na selecção e organização da sua obra. Os excertos (neste caso da Introdução da editora em questão) sempre descontextuam o discurso.
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