sexta-feira, março 31, 2006

Sei lá

"Até há dois dias, o nome de João Pedro George era apenas conhecido num pequeno círculo de happy few, que gostam de livros e se interessam por quem gosta de escrever sobre eles.

Graças a uma providência cautelar e a uma obra que ainda nem sequer foi lançada, João Pedro George transformou-se subitamente em protagonista de telejornais e numa das caras mais feias que já foram primeira página do 24 Horas. Nada disto seria possível sem o patrocínio de Margarida Rebelo Pinto (marca registada).

Margarida Rebelo Pinto (marca registada) é uma escritora medíocre mas uma mulher inteligente. Ela e o seu editor acusam João Pedro George, tristemente um homem sem marca registada, de ser o "caso evidente de uma pessoa que quer usar o nome da Margarida Rebelo Pinto para ganhar dinheiro", ao preparar-se para editar o livro Couves & Alforrecas, os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto, onde desanca no talento literário da romancista light.

Eu não conheço pessoalmente João Pedro George, mas basta ter lido dois ou três textos seus e olhar para a cara que Deus lhe deu para se perceber que não estamos propriamente diante de um capitalista desvairado. Já de Margarida Rebelo Pinto (marca registada) não se pode dizer o mesmo.

Ora, na verdade, ela está com um problema bem maior do que ele: as vendas dos seus romances caíram a pique e da sua pena não saem nem Códigos nem Codexes. Para Abril está previsto o lançamento do seu novo livro, Diário da Tua Ausência, e como acontece com todos os light que começam a escorregar pela ladeira, provavelmente ninguém iria dar por isso.
Margarida Rebelo Pinto (marca registada) arranjou forma de contornar o problema imolando o crítico mais provocador - e um dos mais instruídos - da nossa praça.
Na verdade, não vale a pena chatearmo-nos muito, porque é um confronto onde todos vão ganhar: João Pedro George vai esgotar as Couves e Margarida Rebelo Pinto vai fazer render a sua mais recente alforreca.

Claro que, no campo dos princípios, a acção contra George é uma pouca-vergonha.
Mas as marcas registadas não têm vergonha."
in DN OnLine


Pois é... eu conheço pessoalmente o dito cujo e posso dizer que para além de um excelente e interessantíssimo Sociólogo é um dos professores com quem faço questão de ter aulas, mesmo que as suas cadeiras não me sivam de nada no futuro.
Coincidentemente a cadeira que tenho com ele este semestre é precisamente Sociologia da Literatura!!!
Hahah...
Não há coincidências!
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8 Comments:

Blogger Nancy Brown said...

diga-se em abono da verdade que o artigo do DN é fraquito. considerar a rapariga light inteligente por tamanho disparate providencial... tem muito que se lhe diga... mas também não podemos ter só... jornalistas inteligentes.
o joão pedro é arisco, intempestivo, teimoso e sem papas na língua. muitas das coisas que ele diz são verdades, mas qualquer meio ambiente profissional, tem destas coisas, amigos certos em lugares certos, sempre fizeram maravilhas a carreirismos de... muita gente.
é verdade choca-me, muito utopicamente, mais, críticas literárias de ocasião, do que excessivos topos de gama, nos exteriores da riqueza.
na literatura deveria pretender-se... uma certa ética, mas... os editores/escritores/jornalistas, é verdade! também precisam de comer.

sexta-feira, março 31, 2006 3:49:00 da tarde  
Blogger AA said...

Hum... o Esplanar é um blogue de referência há muito tempo... :/

sexta-feira, março 31, 2006 4:19:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bela posta!

sexta-feira, março 31, 2006 10:56:00 da tarde  
Blogger Arrebenta said...

Margarida Rebelo Pinto, uma coisa horrorosa, que já era horrorosa antes do Horror, por antonomásia, se ter instalado em Belém, interpôs uma providência cautelar (!) contra o George, representado no www.esplanar.blogspot.com, um gajo que compilou aquela salganhada que são os "Diários" do Pacheco
(Ó, Pacheco, filho, onde é que estão aquelas passagens do teu "Díário" em que chapavas com as cenas de fressureirice intentadas pela defunta Napeida Currália, contra as gajas que tu cobrias; onde tratavas o Saramago abaixo de... enfim, daquilo que ele realmente é; onde arrastavas o Almada pelas sarjetas, etc.?... Ai, o politicamente correcto, rai's ta partam, meu estupor!...)
dizia
eu
de
que
a Margarida Rebelo Pinto ia ser denunciada, enfim, ia ser publicado o "Código da Margarida Rebelo Pinto", obra de índole hermenêutica, onde, aplicando o mesmo método dos Manuscritos do Mar Morto, do Cicládico I e da Escrita Maia, se ia revelar ao incauto leitor os métodos da filhota, a qual, como toda a gente sabe, apesar de publicar,
não escreve,
coisa só possível na transbordância da sociedade das ascensões da Insignificância em que aceitámos viver.
Eu não li o livro,
aliás,
nem o livro nem a Margarida Rebelo Pinto, e suponho que nem me faz qualquer tipo de falta, mas creio que lá será revelado ao grande público o habilidoso método do "cut/past/banalities", o lugar comum da metafísica das sopeiras, o gracioso sonho das levantadoras de bainhas de Massamá, tudo com um pouco-tudo-nada de Bobone reciclada.
Força, portanto, deste lugar, para o George.
Quando penso em Margarida Rebelo Pinto, faz-me sempre lembrar a anedota do vampiro, que fazia cházinhos terapêuticos com um chávena de água escaldante e um penso higiénico apanhado no caixote de lixo mais próximo.
Possívelmente, estou a ser injusto: de aqui a 100 anos, alguém descobrirá essa espantosa Yourcenar das Terras Lusas, mas apetece-me hoje ser injusto, e tratá-la abaixo de cadela, e dar-lhe as piores medalhas que me passarem pela cabeça, e nem posso pôr agora aqui, porque há certas coisas que não se chamam ao sexo feminino, por uma questão de decência e boa educação.
Só lhe desejo que continue a editar, e um dia, quando já for velhinha, tipo a Rosa Lobato de Faria, olhe para aquela imensa estante que legou aos vindouros, e sinta aquele sinistro amargo de boca de tanta lombada ter produzido, e nem uma página, ali, que valesse um miserávelzito recanto da memória.
Bem haja.
Acautele-se e providencie-se.

sábado, abril 01, 2006 1:49:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu, pecadora, confesso que já li um livro da senhora-da-marca-registada e que, na altura, nem desgostei - levezinho para descansar, porque pensar muito também cansa!

Mas desde a primeira entrevista que vi com a senhora-da-marca-registada que me começou a passar toda e qualquer vontade que pudesse ter restado de seguir a sua obra.

Quanto ao livro lido, agora só me lembro que era amarelo com letras verdes (Não há coincidências, acho eu!), não faço ideia da história...

domingo, abril 02, 2006 10:55:00 da tarde  
Blogger maloud said...

A "senhora" da providência cautelar estava a precisar de publicidade. A última obra-prima foi um fracasso de vendas, não porque os portugueses estejam mais exigentes, não acredito, mas porque o efeito de novidade desapareceu. Se não fosse este episódio caricato estaríamos a falar dela?

domingo, abril 02, 2006 11:08:00 da tarde  
Blogger MissM said...

Eu também já li alguma obra dela. Os dois primeiros a serem editados, o "Não há coincidências" e o "Sei lá", e também gostei muito do primeiro e médio do segundo. O primeiro fui eu que comprei, porque foi na altura um estilo novo, uma literatura descartável (que também existe e deve ser lida, quanto mais não seja para ser objecto de crítica), quanto ao segundo foi-me oferecido, e já não gostei tanto. Vendi-me à Lucía Etxebarría, espanhola e com mais alguma qualidade. Porque a única coisa que faez a MRP ter sucesso foi a ousadia das suas palavras, não o seu contédo ou estilo.

segunda-feira, abril 03, 2006 9:39:00 da manhã  
Blogger MissM said...

Onde se lê contédo deve ler-se CONTEÚDO e faez FEZ...

segunda-feira, abril 03, 2006 9:41:00 da manhã  

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