Este senhor é outro dos tais que devia pagar uma taxa para ter um blogue!
(...)
Muitos anos depois, no Sudão. A história que eu perseguia era uma denúncia feita por várias organizações da extrema-direita católica norte-americana, da existência de mercados de escravos negros em zonas controladas pelas milícias arabizadas, conhecidas por janjaweed (palavra árabe que significa “pistoleiro”, mas que em vários dialectos tribais do sul do Sudão significa “diabo a cavalo”). Tentei começar a reportagem pelo lado das vítimas. Falei com dezenas de pessoas que o SPLA me trazia. Quase todas mulheres, convenientemente. Nunca encontrei ninguém com quem pudesse ter uma conversa a sós, olhos nos olhos. Era sempre através de intérprete. Não consegui nunca ter a certeza de que ele transmitia as perguntas que eu fazia, nem nunca consegui perceber se a tradução das respostas era ou não manipulada. A verdade é que muitas pessoas davam respostas curtas, às vezes monossilábicas, e a tradução era sempre um arrazoado longo sobre violações e torturas. Naquelas condições, não quis continuar a reportagem. Embora seja solidário com a causa dos negros sudaneses.
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