sexta-feira, junho 30, 2006
deus nos acuda!
vem uma pessoa de descanso ao léu e, refluindo, liga o portátil
pasmem ó alminhas, caíram dois ministros?
ainda bem que só areámos durante 7 dias se houveram outros, outros ministros cairiam…
menos a Rodriguinha, a senhora é uma santa e que se conserve de boa saúde!
Gente fina é realmente outra coisa
Ontem não se jogou para o Mundial e o centro nevrálgico desta coluna pôde ser parcialmente desactivado e submetido a operações essenciais de manutenção, como ir à praia, comer cerejas e estar com a família. Infelizmente o mau hábito de ler os jornais ingleses fez com que o Mundial viesse ter comigo. Miguel Esteves Cardoso
Leiam o artigo todo que vale a pena!
O meu fair play
Estereótipos
Vejam lá resolveram embirrar com ela só porque resolveu, logo de manhãzinha, às 9:22, aconselhar o Cristiano Ronaldo a ser menos choramingas (era assim que se dizia no terreiro da minha escola). Sim, sim, logo a seguir àquelas fotografias que ela gosta de postar.
Mas o cúmulo do desplante foi o Augusto M. Seabra que resolveu questionar se a Charlotte é uma bomba ou não. Ó homem não vê as fotografias que ela posta de manhãzinha às 9:22?! Restam-lhe dúvidas? E arma-se este homem em crítico literário. É que até eu que sou um machão latino da pior espécie, daqueles que não se consegue referir a uma mulher com expressões mais dignas do que "vaca", se indigna.
quinta-feira, junho 29, 2006
Des criminação Sexual
Ganda queijeiro
“Não temos medo de ninguém. Se souber um bocadinho da história de Portugal verá que Portugal não tem medo de ninguém”
Dizer isto numa sala cheia de jornalistas ingleses é no mínimo burlesco. Aquele momento de exacerbação nacionalista do nosso Pauleta fez-me corar de vergonha. A minha reacção pode parecer algo estranha, mas é uma coisa que me acontece com frequência quando vejo na televisão alguém a fazer figura de urso.
Se o Pauleta conhecesse “um bocadinho da História de Portugal” talvez tivesse conhecimento do Ultimato britânico de 1890.
cavalheirismo...
homem: Faça o favor...
mulher: Não... pode entrar...
homem: Não... faça o favor...
mulher: ... Obrigada!
Entretanto a porta começa a fechar e quase que não entrava ninguém, nem ela, nem ele e, ainda mais grave, nem eu!
Homens! A porta do metro é capaz de não ser o local ideal para um regresso às boas maneiras, mas já que insistem... Mulheres! Esqueçam essa história da emancipação, da igualdade de direitos e coisas do género e voltem a ser submissas e agradecidas... pelo menos à porta do metro!
quarta-feira, junho 28, 2006
Ventos blogosféricos
Prefiro não linkar posts individuais, limitando-me a advertir para o facto da prosa que ali se lê não ser propriamente politicamente correcta.
1 ano e 1 dia
Obrigado.
diferenças de linguagem e de mentalidade...
DANGER. DO NOT CROSS
PROIBIDO ATRAVESSAR. PERIGO DE MORTE
DESASSOSSEGOS
Bernardo Soares, O Livro do Desassossego
Etiquetas: Desassossegos, Fernando Pessoa
terça-feira, junho 27, 2006
Xadrez blogosférico
Acreditem ou não eu tenho um enorme respeito pela figura do Prof. Pacheco Pereira, mas há coisas que eu continuo a não entender.
A propósito das críticas (exageradas) de que tem sido alvo pela posição que tem tomado relativamente ao mundial de futebol vem agora pedir, e passo a citar, "que lhe vão lá pedir meças num jogo de xadrez", fim de citação.
Eu desde já saúdo o gosto do Prof. Pacheco Pereira pelo Xadrez, só lhe fica bem. Talvez não fosse pura perda de tempo investigar o que é o Espírito Olímpico, o que de resto nem é incompatível com o gosto do Prof. Pacheco Pereira pelo Xadrez. Porque não fazer uma macrocausa para juntar o Xadrez à constelação dos desportos Olímpicos? Eu mal sei jogar Xadrez, mas o Prof. Dr. Pacheco Pereira teria o meu completo apoio em tal causa.
Mas há um pequeno detalhe, é que o desiderato do Xadrez Olímpico implicaria provas de classificação a nível mundial e estou certo que apenas um pequeno número de xadrezistas portugueses conseguiria aceder à honra e ao privilégio de participar nas provas do Xadrez Olímpico. Isto assumindo que aquela velha senhora chamada mão invisível não ia entrar no jogo ...
E claro que até insuspeitos Xadrezistas como Kasparov, de vez enquando, para desenjoarem dos campeonatos ao mais alto nível, gostam de jogar um joguinho de um contra todos. Nada de grave, mas se o Prof. Pacheco Pereira quer ir por aí, podia pelo menos dizer-nos que blogues lê, não acha? Isto, se achar que nós merecemos essa honra! Eu por mim não me importo muito, acho que é uma opção sua, eu nem percebo nada de Xadrez!
Ética
Directo ao assunto
Eduardo Dâmaso, DN de hoje (negrito meu):
notícia do dia*
A Nicotina pode ajudar os doentes de Alzheimer e Parkinson. (JN de hoje)
*Para além, obviamente, do aniversário do GR. Mas sobre isso falarei depois.
a todos os Zés...
Então, dedicado a todos os Zés desta Geração, aqui fica o meu contributo para a festa:
O Zé não sabe onde pôr as mãos
E está farto de as ter no ar
Não teve sorte com os padrinhos
Nem tem jeito para roubar
O Zé podia arranjar emprego
E matar-se a trabalhar
Mas olha em volta e o que vê
Não o pode entusiasmar
[...]
O Zé está vivo e é das tais pessoas
Que sentem prazer em rir
Mas tenho visto ultimamente
Esse gosto diminuir
O Zé experimenta um certo vazio
Comum a uma geração
Que despertou da adolescência
Com "vivas" à revolução
[...]
Jorge Palma, "A Cantiga do Zé" (1984)
segunda-feira, junho 26, 2006
Os cães ladram e a caravana passa
Enquanto o Irão felicitava Portugal pela vitória de ontem, os “nossos irmão angolanos” tiveram de guardar a festa para outras núpcias. É que ao contrário do que os nossos meios de comunicação têm vindo a divulgar – e do que a maioria dos portugueses pensa –, os “nossos irmão angolanos” não nos apoiam, nem nunca nos apoiaram. Bem pelo contrário. Quando perdemos a final do Euro com a Grécia, houve festa rija em Luanda, e na falta de foguetes - e como manda a tradição -, o povo saiu à rua a disparar tiros para o ar. Agora, esperançados, vão guardando as munições para o jogo Portugal – Inglaterra.
Entretanto, nós por cá, no nosso humilde cantinho, de vitória em vitória, vamos fazendo a festa.
sons de S. João
À cabeça e durante toda a noite estão, claramente, os martelinhos - que eu até acho graça - aos quais se juntam os apitos, as buzinas e basicamente qualquer coisa que faça barulho - que já não acho tanta graça... Nos Aliados, um bocado desencontrados da hora (pois eram já onze e meia) cantava-se com o Conjunto António Mafra: Eram pr'aí sete e pico, oito e coisa nove e tal. À meia-noite (mais coisa menos coisa), o ponto alto da grande noite (desta vez, finalmente, com a colaboração das duas margens, ao invés da absurda rivalidade camarária que marcou os últimos anos): o fogo de artifício no rio - que quanto mais barulhento mais aplausos tem do "pobôm". Da Ribeira à Boavista pequenos focos de bailaricos vão animando os foliões.
Chegados à Casa da Música, pouco depois da 1h, já cantava Jorge Palma para uma plateia lotada dentro das recém-estreadas bancadas exteriores da Casa mais uns quantos espalhados do lado de fora acompanhando a projecção. O músico esteve a solo no palco com o seu piano, abrindo algumas excepções para a guitarra acompanhado do filho - prefiro o solo e o piano...
Já perto das 3h, e passados oito anos, voltou-se a ouvir...
Ponto de passagem
Cidade internacional
Os espiões vão de viagem
Joga-se o xadrez mundial
aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente
Desfilar de presidentes
Diplomatas elevados
Todos querem noites quentes
E não ficarem queimados
aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente
Cairo
Distante, Cairo
Excitante, Cairo
Apaixonante
Isto é o Cairo
Distante, Cairo
Excitante, Cairo
Apaixonante
[...]
Taxi, "Cairo" (1982)
O regresso do rock português dos anos 80, surpreendentemente, ou talvez não, acompanhado de forma bem calorosa pelo o público, que logo desde a primeira música cantou bem alto todos os refrões. Resta dizer que os Taxi estarão este ano no Vilar de Mouros.
Eu e o país real
Infelizmente sou bem mais pessimista do que ele, o país de que eu falo é o país que eu tenho na minha cabeça e é uma criação minha. Cabe-vos a vós nas caixas de comentários (ou por outro meio que vos parecer mais apropriado) minimizar a distância entre esse meu país imaginado e o tal país real (seja lá o que isso for).
domingo, junho 25, 2006
A propósito
Entretanto...*
Vale a pena recordar Bento de Jesus Caraça, falecido a 25 de Junho de 1948.
*...e enquanto os holandeses apertam...
sábado, junho 24, 2006
Cenas do trabalho na lusoblogosfera
Os presados leitores do Geração Rasca poderão julgar que se trata de um tigre e dois bloggers, perdão dois gladiadores. Nada mais errado, trata-se de três eus do Luis Oliveira a gladiarem-se mutuamente.
Esperemos que o tigre leve à melhor comendo os dois galhardos gladiadores. Bloggers perdão.
Bom dia!
O Darwinismo sexual e a educação sentimental
Só discute as leis da natureza quem é intelectualmente desinteligente. Facto que é comum e facilmente perdoável.
Se é fácil ou não ser emocionalmente inteligente é outro problema. Mesmo ao nível da sexualidade pura (e dura) é muitas vezes possível optar pelo que é resultado do esforço em detrimento daquilo que a natureza nos deu ou não deu.
Pelos vistos, também aqui o eduquês tem uma palavra a dizer.
Partir o coração
sexta-feira, junho 23, 2006
cheiros de S. João
Sóió piqui tónhu punhu
Qui pá tosóió ió piiú
Tó-sáió támói tóiósóió
Com cóió ió com bubuiú
Do pescoço ao tornozelo
sou de picos e agulhas
quem me passa a mão pelo pêlo
fica mesmo sem querê-lo
com cortes e com borbulhas
Sérgio Godinho / (música: Jorge Constante Pereira), "Pico Pico manjerico", in "Os Amigos do Gaspar" (1988)
[A primeira estrofe é cantada em "manjeriquês", peço desculpa por qualquer erro de linguagem!]
Quem se lembra deste Manjerico?... Nunca percebi bem como é que uma bola cheia de picos se podia chamar Manjerico... É que o manjerico – aquele do vaso e não este espinhoso – é, precisamente, uma coisa para se passar a mão – também ainda estou à espera que alguém me explique porque é que não se deve cheirar a planta directamente...
Mas, adiante! Com mão ou sem mão, com picos ou sem eles, o manjerico é, sem dúvida, um dos cheiros do S. João. Estão nas janelas das casas e nos balcões das lojas, e perfumam as mãos de quem passa. Aproximando-se a hora do jantar, há uma intensificação do português "suave cheiro a sardinhas" e pimentos. Pelas ruas, ao lado dos manjericos, vende-se o alho-porro, que impregna o ar de um cheiro deveras desagradável – digo eu! – e que, na folia da noite, ainda vai fazendo concorrência aos martelinhos – mas estes não cheiram, portanto, não têm aqui lugar. O que me vale é que, de vez em quando, lá aparece uma alma caridosa que nos dá a cheirar um raminho de cidreira para desenjoar de tantos – que mesmo que sejam poucos, já são demais! – alhos que nos espetam pelo nariz...
Desculpem lá, hoje não há caviar para ninguém
A paz, o pão
habitação
saúde, educação."
Sérgio Godinho, Liberdade
A miséria neste país é tanta (apesar de muita gente a não querer ver) que se chega ao ponto dos pais pedirem aos professores para reprovarem os filhos, por não terem meios económicos para fazer face à compra de novos manuais, transportes e alimentação inerentes à passagem de ano e mudança de escola.
Esta é a realidade diária dos professores colocados em escolas cuja população é oriunda dos meios mais pobres. Para além de terem de lidar com crianças psicológica e socialmente complicadas, têm ainda de lutar para que estas se alimentem e prossigam os estudos à semelhança dos demais (mais favorecidos). Susana Pinheiro
Lamento esta inusitada alteração do menu que diariamente aqui vos sirvo.
o outro eu
diz que está na altura de descansar.
não concordo nada com isso!
e logo numa altura destas em que tanto vigor intelectual paira no ar.
tás sempre no contra! - disse-me, levemente, enjoativo.
e eu, o outro, não me sinto com forças para o deixar de vez, criaram-se laços.
ergo a bandeira da paz e aí vou eu, subserviente e humilhado.
um dia destes divorcio-me, detesto corpos autoritários!
conversas intelectuais em qwerty3001
- como está senhor doutor? passou bem dr? o dr pretende um orçamento mais doce? o dr pensa assim? ó dr não está dentro das nossas possibilidade, peço desculpa, dr.
- puta que pariu o miúdo não tem tramengo nenhum!
- ó filha afiambrava-te toda!
- ordinária! és mesmo uma ordinária! atão já falaste c’o médico? tá’qui uma pessoa cheia de calos no cú, fartinha deste hospital, desgraçada! és mesmo uma desgraçada!
- raios partam a minha vida! porque terei nascido?
- é triste ser-se pobre e não se ter onde cair morto!
- até agora só namorei com Brunos, é sina!
- s’eu ilustrasse o que sei hoje não teria fruído nenhum filho, aliás eu nem tencionava ter consequências, a minha Maria é qu’os pretendeu!
quinta-feira, junho 22, 2006
Levar porrada dos dois lados
Emir Kusturica costuma dizer que se apercebeu que Underground é um bom filme por este receber, ao mesmo tempo, críticas duras dos acólitos de Milosevic e dos independentistas. Na imagem parte da Jugoslávia separa-se do resto do país (lá para o fim do filme).
Eu, um dia destes, ainda vou escrever um post sobre este filme com pés e cabeça. Sem falar em cadeiras de rodas a serem atiradas do terceiro andar*.
*a piada da cadeira de rodas é para os meus leitores mais antigos e para quem tiver visto O Pianista. Porque, sim, eu às vezes dou por mim a começar um post sobre um assunto, mas depois, bem vistas as coisas, o assunto é outro completamente diferente. Pudera, nem todos têm coragem para escrever sobre todos os assuntos.
Cenário Portugal-Inglaterra
- O quê?! Sentes-te dividido?
Oh prá minha consciência toda pesarosa ...
Mamã quem é que fez as mulatas? A cegonha?
Uma Brasileira casada, de quem tenho mais saudades, tinha o hábito de trepar as escadas à minha frente abanando a bundjinha e perguntando "Você acha qui a minha dieta istá resultando?". Depois lá percebia que a situação era um bocadinho embaraçosa para mim e dizia "Mais você nota na minha faci, não é não?".
Uma outra, quando eu falava nas históricas relações entre Portugal e os Brasis, geralmente para dizer que os brasileiros deviam ser mais críticos, dizia: "Sabi eu acho qui meu pai é qui tem razão - a única coisa boa qui os Protuguesis deixaram no Brasiu foram as mulatas ...."
Será que o pai desta última vizinha sabe como é que se costumava fazer uma mulata?
(para a I.)
Sobre alguns dos assuntos aqui aflorados mais se dirá quando eu para isso arranjar coragem, por enquanto só direi "qui o boticário tem outras coris, mais essas nois não vamos podê mostrar."
Receita para animar as caixas de comentários
O direito à placa
That is the question
Gente de S. João
Uma chegada e uma partida
Havia gente que gostava das coisas da vida
Havia uma garrafa aberta
E uma igreja recolhida
Vozes penetrando a terra adormecida
Éramos seis e mais a força do coração
Nesse fim de tarde com gente de S. João
Os seis e a celulose, os seis e a poluição
Os seis e o monstro do futuro
Quem é que vai espetar o dedo e tapar o furo?
Seis direcções na mesma estrada
Desgastando o asfalto duro
Onde o chão já foi mais terno e mais seguro
Éramos seis e mais a força do coração
Nesse fim de tarde com gente de S. João
Jorge Palma, "Gente de S. João" (1984)
Volto ao "pão e circo" para dizer que amanhã é noite de S. João! E este senhor vai estar na praça exterior da Casa da Música com início previsto (de acordo com o site) à 1h (da madrugada de 23 para 24, claro está!) - gratuito. Ou seja, depois do foguetório, toca a rumar à Boavista, sim?... Por uma noite - a noite mais longa do Porto - esqueçamos o "monstro do futuro" e as direcções a tomar na estrada e gozemos simplesmente as "coisas da vida".
Resta dizer que depois de Jorge Palma, ressuscitados do mundo dos mortos, regressam aos palcos os Taxi (início previsto às 2h).
e,
e, da da í da da í
e, aflua você
qu’eu sou daqui
cantar me apetece mesmo, dias assim há!
gente acorda e sente que o nosso é todo mundo.
e, abotoando sofregamente,
e, tão resumidamente como quando arribou,
depreendendo.
seguidamente?
trato de colo
cuidando dele, como se fora catraio
e, emancipado e aberto,
e, como um qualquer desarranjo,
acrescentando.
quarta-feira, junho 21, 2006
Loucura futebolística
Surpresa das surpresas eu nem considero que a posição do Pacheco Pereira seja errada, só lhe faltam mesmo as nuances. Mas também quando houverem nuances na blogsofera isto perde a piada toda.
Há, quase me ia esquecendo, relativamente ao João Cesar das Neves já nem digo nada ...
e porque este blog diz SIM, POR FAVOR...
Energia nuclear em Portugal?
[amanhã] 22 de Junho de 2006, às 17h30, no Salão Nobre da Universidade do Porto (Praça Gomes Teixeira [os Leões]), com a presença de Paula Soares (IPATIMUP), Eduardo de Oliveira Fernandes, António Fiúza e João Peças Lopes (FEUP). Na altura será inaugurada uma exposição fotográfica sobre o acidente nuclear de Chernobyl, proposta pela Embaixada da Ucrânia em Portugal.
A Universidade do Porto está ciente de que é da comunidade científica que a população espera informação isenta e fundamentada, mas também sabe que não há unanimidade nas apreciações desta fundamental questão. É esta a razão deste primeiro debate.
[Informação difundida pela Reitoria da Universidade do Porto a toda a comunidade universitária, estando, no entanto, o debate aberto a todos os interessados em participar.]
o eduquês*
em discurso directo, objectivo e claro, Nuno Crato, argumenta sobre o estado do ensino da matemática em portugal.
vocifera contra o faz de conta:
não estamos assim tão mal!
dos sucessivos responsáveis pela educação no nosso país.
há muito que deveríamos ter sido assim tão
murro no estômago
clarificados.
e graças a deus que encontrei alguém que pensa como eu:
é impossível aprender algo, sem alguma carga de sofrimento!
centremo-nos nas conclusões:
"(...) o ensino não precisa de reformulações drásticas nem de reviravoltas pedagógicas revolucionárias.
(...) Ao invés de procurar sempre alternativas milagrosas e soluções radicais, pensamos que é necessário consolidar métodos provados e adoptar mudanças apenas para o que a experiência mostra poder funcionar" p. 115
isto é deixemo-nos de ideais românticos, como por exemplo, o ensino centrado no aluno. o ensino deve ser centrado na consolidação e procura de conhecimentos, o aluno felizmente tem de aprender!
"(...) é preciso centrar forças nos aspectos essenciais do ensino, ou seja, na formação científica de professores, no ensino das matérias básicas, na avaliação constante e na valorização do conhecimento, da disciplina e do esforço.
Em particular, é necessário que os professores, tanto preparados nas Escolas Superiores de Educação como nas Universidades, tenham uma formação básica coerente nas matérias básicas e nas matérias da sua especialidade. É indesculpável que um professor - qualquer professor! - não saiba escrever, cometa erros de ortografia graves, tenha limitações sérias no vocabulário, não faça ideia do que é a queda dos graves, não saiba somar fracções ou confesse "horror à matemática"" p.117
é verdade que um dos principais falhanços no ensino, centra-se, inevitavelmente nesta questão. a formação científica, deficiente, da maior parte dos professores. como se fosse possível, por exemplo, ensinar matemática sem se saber a tabuada. as ideias românticas construtivistas de que é possível desconstruir alguma coisa, sem ter o mínimo conhecimento sólido sobre o assunto.
"É necessário reafirmar que o essencial na formação de professores é o conhecimento da matéria que ensinam.
(...) Infelizmente, muitas escolas superiores seguem o caminho contrário e concentram-se no ensino de teorias e métodos pedagógicos, esquecendo os conteúdos disciplinares. Se é verdade que a formação pedagógica é útil e necessária, também é preciso reconhecer que ela não se pode tornar o aspecto central dos cursos de professores." p. 117-118
infelizmente foi esta (e continua a ser?) a realidade dos últimos anos. a profissionalização dos professores centrou-se mais no aparato dos métodos pedagógicos do que na transmissão científica e aprofundada dos conhecimentos. é incrível o desgaste de tempo com o acessório das didácticas. os orientadores/supervisores/responsáveis das faculdades pelo estágio profissional dos professores, aclamam uma aula-enxurrada-de-berloques-inócuos em detrimento da preparação científica do professor, tendo como objectivo colmatar, durante o estágio, as suas principais dificuldades.
é verdade que o ensino actual terá de jogar com outros apetrechos didácticos, contudo empenharmo-nos na motivação, sem termos o mínimo objectivo científico, é privilegiar o acessório.
terça-feira, junho 20, 2006
Onde quer que esteja
Onde quer que esteja, em qualquer lugar
na Terra, escondo dos outros a certeza de
que n ã o s o u d a q u i.
Como se tivesse sido enviado para absorver
o máximo de cores, sons, cheiros, sabores,
provar de tudo o que é
reservado ao Homem, converter o vivido
num registo mágico e levá-lo para lá, de onde,
parti.
Czeslaw Milosz in «To» (isto), 2000
Irregular mas não ausente
Estou no algarve com 35º, a viver e a trabalhar no Liberto's Bar até ao final de Agosto...
Como devem calcular o tempo para vir até à net escasseia, para além de andar completamente fora do mundo real...!!!
Voltarei com mais calma um dia...
Até lá, bom verão!
os protestos dos professores
A fechar a entrevista...
- Qual a medida que mais lhe custou tomar?
- A requisição de professores para os serviços mínimos durante os exames.
Quando a jornalista fez a pergunta, achei que a Ministra não ia responder, limitando-se a divagar um pouco em torno da questão. Mas não! Parou dois segundos para pensar e respondeu directamente à questão. Uma boa resposta, na minha opinião. Deu a entender que a decisão não foi tomada de ânimo leve, simplesmente para ir contra os professores, não deixando de apontar, mais uma vez, o seu dedo invisível aos professores. Mas aqui a senhora tem razão!...
Façamos um ponto da situação:
- o Ministério tem boas ideias teóricas, mas implementa-as, ou melhor, obriga as escolas a implementá-las, sem olhar às condições práticas de execução dessas ideias;
- a Ministra tem uma presença forte, sabe defender as boas ideias do seu Ministério, mas não prima pela sensibilidade, apresentando o que quer que seja sempre numa posição de ataque (habitualmente aos professores);
- os professores, que são quem sente a falta das condições práticas para execução das ideias do Ministério, sentem-se atacados pela postura da Ministra e protestam...
Eu acho bem que protestem, o que não acho bem é o modo como o fazem e aquilo que reclamam... Há, claramente, muita coisa que vai mal no ensino! A culpa não é só dos professores - como por vezes a Ministra parece querer dizer -, mas também é. Há muitos professores confortavelmente parados no tempo, há muitos professores com falhas científicas graves, há muitos professores que ignoram o que é pedagogia. Há, é claro que há! E está mal! E os professores, como classe, deviam ser os primeiros a querer corrigir esses casos. Sim, porque também há muitos professores esforçados ante as dificuldades das suas turmas, há muitos professores que vão actualizando os seus conhecimentos, há muitos professores que todos os dias inventam do nada novas formas de chegar às suas turmas. E estes muitos são mais que os primeiros - têm de ser! - mas é do que está mal que mais se fala. E aí, em defesa da sua classe, numa luta absurda contra moinhos de vento, a atitude corporativista por parte dos professores dá encobrimento aquilo que está mal. Não pode ser! Nem todos os professores são tão maus como insinua a Ministra, mas também nem todas a medidas do Ministério são tão más como gritam os Sindicatos. Há que sentar esta gente toda à mesa numa looooonga conversa, onde os professores possam apontar as reais falhas das medidas já implementadas e onde o Ministério possa apresentar vantagens e explicar métodos para as novas medidas.
As mais recentes greves dos professores têm contribuido para um maior descrédito da classe docente, quer pelas datas escolhidas quer pelos gritos reivindicativos. Se o que está mal é a implementação, então apontem-se as falhas, reclamem-se condições (se possível com sugestões), não se grite aos quatro ventos que as ideias não fazem qualquer sentido... É que fazendo greves coladas a feriados e fins-de-semana e recusando integralmente toda e qualquer medida do Ministério o professor, ainda que possa ter razão, passa a imagem de não querer trabalhar, de não se preocupar com os alunos. Assim como a Ministra tem de moderar o seu discurso, também os professores têm de repensar o seu protesto...
[fim]
"Para mudar mentalidades"
As palavras dos outros
Modas
Ok, ok, eu sei que é por uma causa, aparentemente, boa. Mas porra, um Presidente da República, por mais imbecil que seja - ou que o pessoal que não votou nele ache que ele é -, é um Presidente da República. Tem que traçar o limite em algum lado.
um herói da classe operária
nunca tive vontade em ser ninguém especial, para mim, as pessoas especiais eram apenas as pessoas comuns, sempre gostei de as observar, mais às suas vidas, infantis, adolescentes, encruadas.
também descobri a sua estranha capacidade de criarem filhos, ainda não tendo crescido o suficiente, curioso viver-se rodeado de crianças adultos e adultos crianças.
adultos crianças dando ordens e refilando com a não compostura dos pais e crianças adultos rebelando-se contra a desordem da realidade.
os adultos crianças querendo ensinar o bebam à vossa saúde e as crianças adultos trabalhando afincadamente por um futuro menos igual.
era uma luta incessante, um incenso de luta.
mas ambos cresciam, desfasados da realidade, e ambos, euforicamente, rumo ao vazio em espiral.
aos dezoito anos, fartos do nada, partiam em busca de toda a liberdade possível, tornada apetecível por meia dúzia de patacas, riam amiudadamente, da parvoeira dos lugares comuns,
afinal trabalho infantil é apenas e só uma regalia dos não indigentes, esses gajos das cidades que não vivem a vida que se percebe. badanas, madames alcoforadas, é só.
o ingresso na vida activa, cheio de veemência e desafogo e um peugeot 106 poupado, apto a viver uma vida nas curvas e contra curvas, das miúdas,
por isso ainda gostaria de andar na escola, era mais fácil, tudo era mais fácil.
um carro e um gajo kitado, as rodas chiando nas curvas e no alcatrão e a miúda de ocasião, guinchando, amedrontada, os dedos, as pernas esguias, as ancas, o conforto dos seus olhos, os seios, por cima da blusa e o seu automóvel, magnífico, kitado.
a miúda desfalecia e ele e as mãos, e as curvas das miúdas.
depois do fim de semana animado, voltava alegre e satisfeito à sua liberdade e partia em busca do seu futuro, herói da classe operária, sem ideologia.
naquele dia contara esmiuçadamente o seu objectivo, 2500 luvas, encaixotara 2500 luvas.
a partir dali, ultrapassara sempre, diariamente, a sua meta e descobrira quão triste seria, trabalhar sem objectivos.
cuidávamos senhora
serem outras as razões
de vosso cognome
pastorando pelos montes
que vossa prosa expansiva
é um sobressaltado lampejo
em desusados horizontes
Ass: aluno autó-didáta, autó-avaliador e conchiente do seu valor!
segunda-feira, junho 19, 2006
Mithra
Na última largada que vi, faz dois anos em Agosto, na Vila da Ericeira, o pobre toiro (e era realmente um toiro) quando se viu no meio da populaça aos berros, fugiu direitinho para o mar. 10 minutos depois, quando a mitra, já com a goela seca, se apercebeu que o bichano nadava em direcção à linha do horizonte e não fazia tenções de voltar, alguém mandou sair um barco de pesca para lhe barrar o caminho e o obrigar a voltar a terra. Cerca de 20 minutos depois, o toiro lá deu a terra, esbaforido. Ao ser confrontado, mais uma vez, com a mitra toda aos berros, virou costados e voltou a dirigir-se para o mar. Os mitras mais convictos, com receio de ficarem sem festarola, agarraram-se como puderam ao rabo e às cordas presas aos cornos do animal. Exausto, o pobre cornípeto, voltado para o mar, ajoelhou-se, como se estivesse a pedir ao seu Deus que o livrasse daquele pesadelo, mas como já não tinha sequer forças para se arrastar novamente para o mar, desistiu, e atirou-se para a areia. Alguns dos mitras começaram-lhe a dar palmadas e alguns pontapés, para ver se ele se levantava, e que acompanhavam religiosamente com os grunhidos da praxe: "eh touro! eh touro!". Mas o bicho não reagia. Felizmente, começaram a fazer-se ouvir alguns assobios e apupos no meio da multidão, que se foram multiplicando, e aos quais me juntei de bom grado – embora, confesso, tenha ficado na dúvida se os apupos eram mesmo dirigidos para o comportamento da mitragem, ou para a "fraca" performance do bichano. Porém, a verdade é que a populaça deixou de chatear o animal e começou a dirigir-se, aos magotes, para as tascas e barracas de farturas mais próximas. 5 minutos depois, já se tinham esquecido do toiro que, entretanto, pelas suas próprias patas, se levantou e saltou para dentro da carripana ranhosa que o tinha transportado até à Praia dos Pescadores.
Naquele dia percebi o porquê da história da tauromaquia estar ligada à adoração do deus Mithra.
Notícias blogosféricas II ou a fuga dos Aspirinas
Agora é a vez de o António Figueira e do Nuno Ramos de Almeida iniciarem um projecto novo em conjunto com o Ivan Nunes e a Joana Amaral Dias.
Dassss e nem um convitesinho para o Rodrigo Moita de Deus!
o super professor...
E a saga continua...
"O que é que estão a fazer trinta professores numa sala de professores? À espera de ser chamados para quê?..."
Vamos por partes! Os professores que estão numa sala de professores à espera de ser chamados para alguma coisa são obra sua, sra. Ministra - com a qual eu até já concordei! Estão à espera de ser chamados para uma eventual aula de substituição. Quanto à insinuação de que eles lá estarão a fazer coisa nenhuma - desculpe lá interpretar assim a sua primeira questão... - tem de ter mais cuidado com o que diz! O (bom!) professor tem aulas para preparar, portanto, se é obrigado a passar mais tempo na escola, tem de ser na escola que faz essa preparação. Ou seja, a resposta linear à sua questão provocadora é: estão a trabalhar!!! Num patamar mais realista, a resposta poderá até ser: estão a ver o tempo passar... Mas, neste caso, impõe-se a questão: porquê?... E, tendo em mente os bons professores - que é isso que se quer, certo?!... -, não será porque não queiram fazer o seu trabalho, mas porque não o podem fazer! A sra. disse muito bem: "trinta professores numa sala de professores". Quer-me explicar como é que trinta professores preparam as suas aulas em quatro mesas e, com sorte, um computador?!!!...
Estas questões da ministra vieram no seguimento dos problemas de indisciplina e de violência na sala de aula. Perante o panorama da falta de acompanhamento psicológico nas escolas, a Ministra diz que os tais "professores desocupados" em vez de estarem a jogar cartas na sala dos professores - exemplo meu! - podem ir ajudar o colega da sala do lado a controlar os seus alunos. Ou seja...
"Se não há um psicólogo, há um outro professor com mais experiência..."
A jornalista ainda alegou que isso não seria competência do professor e que ele não terá tido preparação para tal, ao que a Ministra respondeu:
"O professor tem de saber trabalhar com crianças - todas!"
Posto isto, nem sei para que se contratam auxiliares de educação, funcionários de limpeza, cozinheiros, porteiros, seguranças... Então, o professor tem tanto tempo livre e percebe tanto de crianças que a escola não deveria precisar de mais ninguém! Muito folgada esta classe docente, não?!...
[continua...]
inconfidências de um cachimbo
a imagem cuidada ao longo de todos estes anos,
em vias de se transformar numa miudeza,
pública!
soluçando,
erguendo uma bandeira,
esvoaçando nas quinas,
nas chagas,
em jesus cristo
e na sua
ex-não crença.
o homem que aspirava os sentimentos
tranquilidade na tarde de Outono, uma tranquilidadezinha, comezinha, tardia, Outonal, varrendo do avesso o pó acinzentado da cidade e as conversas miudinhas, das abelhinhas, e os pés inchados do pedinte e do filho e ainda da mulher e do vizinho.
a lagarta inchando de odores, vários, variadíssimos, escorreitos e pacatos.
os homens e as mulheres ocupando o seu lugar, sentadinhos, alinhavados.
ali ao fundo uma preta enorme, acobreando o mestiço e o prejuízo branco
macaca!
irrigava o vulto.
a criança quietinha na quietude do compromisso
já não há educação!
o pica bilhetes
o panfleto panfletário
a rapariga roçando os seios do craque da bola e o seu odor penetrando nos olhos do mendigo
ah, puta de vida!
o preto fura vidas, o preto sem abrigo
a brancura dos pretos nos olhos
os pretos e as ancas gingando.
a avenida acinzentada e leve leve
os pintassilgos e os pardais e as andorinhas
e o quimérico chilrear dos gabirus,
após a evidência de uma tranquilidadezinha, comezinha, tardia e Outonal.
domingo, junho 18, 2006
Contas
Balada das três mulheres do sabonete Araxá
As três mulheres do sabonete Araxá me invocam,
me bouleversam, me hipnotizam.
Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!
Que outros, não eu, a pedra cortem
Para brutais vos adorarem,
Ó brancaranas azedas,
Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata
Ou celestes africanas:
Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete Araxá!
São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do sabonete Araxá?
São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?
São as três Marias?
Meu Deus, serão as três Marias?
A mais nua é doirada borboleta.
Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber
e nunca mais telefonava.
Mas se a terceira morresse... Oh, então, nunca mais a minha
vida outrora teria sido um festim!
Se me perguntassem: Queres ser estrela? queres ser rei?
Queres uma ilha no Pacífico?
um bagalô em Copacabana?
Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero
as três mulheres do sabonete Araxá:
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!
Manuel Bandeira
(Recife, 1886-1968)
é relevante o orçamento, pois, a partir dali, abordei, muito mais facilmente, a conclusão: em bago… não sou satisfatório!
sábado, junho 17, 2006
Coisas que se ouvem com frequência durante um Mundial
Passeando pela blogosfera
Festa
David Mourão-Ferreira (+ 16-06-1996)
CANTIGA
Todo o dia senti, bem funda, em mim,
a tortura do beijo que não demos:
lago sereno, preso num jardim,
saudoso dum nenhum sulcar de remos...
Jornalismo e bloggers
Não se preocupem que a seguir eu já cá venho escrever um post a dizer mal do Expresso.
Mentiras mais ou menos convincentes
Mulheres Correndo na Praia
(A Corrida), 1922
Guache sobre prensado, 34x42,5 cm
Paris, Musée Picasso
Picasso
Early morning blogging
Desculpem-me ter tomado o vosso tempo com tão longas considerações iniciais. O que eu queria mesmo dizer é que nesse dia tinha do meu lado esquerdo um amigo meu e os seus pais. Do meu lado direito estava a respectiva namorada que eu tenho o condão de fazer rir com o meu romantismo de pacotilha. Estava também presente um professor de filosofia que se dedica à filosofia da mente. Depois de uma longa discussão sobre a filosofia da mente romântica quanto baste, o pai do meu amigo decide perguntar porque é que Oxford não consegue atrair académicos tão distintos como as melhores universidades americanas. A resposta foi qualquer coisa como "Ham! Eles agora querem dar mais 10.000 libras por ano aos professores, mas não é isso que vai fazer a diferença. A única forma de modificar o presente estado de coisas é deixar as universidades cobrar propinas no valor que lhes for mais conveniente".
Depois de tão sucinto resumo sobre a realidade da academia inglesa tive a oportunidade de lembrar que "assim que as universidades são livres de estabelecer o valor das propinas surgem problemas". Depois de alguma reflexão posso enunciar o problema de uma forma mais precisa: uma lei que garanta às universidades o poder de estabelecer o valor das suas propinas livremente tem também que estabelecer preto no branco quem toma essa decisão, quando essa decisão é tomada e em que moldes. É bom que nos lembremos que só são cobradas propinas a estudantes sem o grau de Doutor, e que para obter o grau a que se candidatam (seja ele qual for) esses estudantes têm que fazer exames.
Se é por esse caminho que querem ir privatizem as universidades e de caminho flexibilizem os contratos dos professores universitários, é que se queremos ser liberais não percebo porque é que somos liberais numas coisas e conservadores noutras. Mas não se esqueçam que eu sou um gajo um bocado ingénuo. Às vezes.
Bom dia.
pergunta ingénua
o camilo, o romantismo, são geniais, mas... parece-me que a coisa dava mais frutos com o realismo. é claro que não o fantástico, estamos na europa!*
*é sempre bom alguém ter os pés assentes no chão.
uma espécie de coisinha e coima
caracteres literários
acerca dos preliminares sobre literatura, guerras de alecrim e manjerona, não argumento criticamente, para além de não ter pachorra é demasiado, para mim.
e também raros são os críticos literários que consigo mastigar.
umberto eco é o exemplo de um mau crítico literário, o sobre a literatura, é um livro para a fogueira.
a cultura de um escritor não deveria interferir na sua objectividade e inteligência de exposição.
se perante Hamlet há tudo, menos Hamlet, é um caso típico de expectativa gorada.
tenho uma lacuna grave, só me interessam determinados casos literários!
do século XX há meia dúzia e, ainda recentemente, arundhati roy e o deus das pequenas coisas, tratou-se de um caso sério, pois há, por ali, ápices literários agradáveis, e o narrador tem, por vezes, uma notável voz infantil
“Também acreditavam que, se fossem atropelados numa passadeira, o Governo pagaria os seus funerais. Tinham a certeza absoluta de que era para isso que as passadeiras existiam”. p. 12.
“A perda de Sophie Mol passeava mansamente pela Casa de Ayemenem como coisa silenciosa de meias calçadas” p. 24
“Quando foi chamada e interrogada pela Directora sobre o seu comportamento (com recurso a lisonja, cana, jejum), acabou por admitir que fizera aquilo para descobrir se os seios magoavam. Naquela instituição cristã, os seios não eram coisa reconhecida. Supostamente não existiam e, se não existiam, como é que podiam doer?” p. 25
“Levava o coração dorido de Baby Kochamma preso por uma trela, tropeçando atrás de si e cambaleando por entre folhas e seixos. Ferido e quase destroçado” p. 32
mas não constará do cânone literário.
porquê?
os grandes escritores raramente moralizam sobre a sua história, ou as suas personagens, deixam-nas crescer e autonomizam-nas, o livro vive per si.
ao que parece Flaubert compreendeu isso muito bem, pois, segundo a lenda, murmurou no leito de morte: eu a desfalecer e aquela puta viverá para sempre.
arundhati imiscui-se na vida das suas personagens, tornando-as dependentes dos seus juízos morais. baby kochamma, por exemplo, não sobrevive às investidas da escritora e, por aqui e por ali, tem pitadas de personagem canónica
a sua maldade mesquinha, os seus preconceitos de casta e a teia que constrói à volta de velutha.
um grande escritor deveria liberta-se do mal através das suas personagens maléficas e não interferindo antes apelando, sucessivamente, à liberdade da sua obra e à inteligência do leitor.
O desprezo também mata
Casos há em que esta frase se aplica e em que a palavra "matar-se" adquire um caracter bastante literal.
É por isso que o luto de alguém que se suicida e que nos é próximo é algo tão delicado. Quando alguém se suicida, é às vezes tentador dizer que quem falhou foi o suicida, mas geralmente fomos também nós que falhámos, falhámos a alguém que nos é próximo.
Estou certo que por vezes quando alguém se suicida é toda a sociedade que falha.
É bom que nos lembremos disto. Convém enterrar os mortos e tentar fazer-lhes alguma justiça, mas acima de tudo interessa salvar os que ainda estão vivos.
sexta-feira, junho 16, 2006
A idade dos blogues
Isto veio-me à ideia porque o Portugal dos Pequeninos faz hoje 3 anos, e 3 anos medidos em unidades de tempo blogosferianas é, sem qualquer margem para dúvidas, bastante tempo.
Se o tempo na blogosfera contasse como para um gato, os 3 anos equivaleriam a 30 anos humanos; já os 3 anos num cão corresponderiam a 28 anos humanos. Seja lá qual for a paridade… o Portugal dos Pequeninos está de parabéns.
afinal há dinheiro!
Ainda a Ministra no “Diga Lá Excelência”...
“O Ministério da Educação tem um problema de gestão de recursos, não de orçamento!”
Esta foi, para mim, uma grande revelação! Então, se não há problemas de orçamento, porque não se fazem turmas mais pequenas de modo a possibilitar um melhor acompanhamento dos alunos por parte dos professores?!... Eu achava que seria por falta de dinheiro para contratar mais professores e para disponibilizar mais meios e infraestruturas... Mas, pelos vistos, não é!... É mesmo por falta de inteligência... ai desculpem, problemas de gestão de recursos...
[continua...]
quando eu for grande
e médico e articulista
talvez, e também, um famoso gimnosofista
ou, quem sabe, uma pontuação sub-reptícia
o timpanilho
estilhaçando o sino,
delindelão,
delindelão,
e, sem querer,
a meditação
amiudadamente,
o burburinho
do seu pálido
queixume?
quinta-feira, junho 15, 2006
Só para meu amor é sempre Maio
Luis de Camões
Da relatividade das coisas à quadratura do ciclo!!
Enquanto ela falava de como eu estava na mesma, o que era feito de mim, o que eu fazia, se gostava se nao gostava, se sabia de alguns colegas de turma (...) que a escola já nao estava como no "meu tempo" que os alunos nao estudavam nada que são muito mal-educados etc etc etc etc etc etc. Dei comigo a pensar em como quase tudo é relativo. Enquanto estudei com aquela senhora e ela passava o tempo a dizer-me que as minhas botas faziam muito barulho e que isso a irritava, que o capacete era para ficar no chão e não em cima da mesa, que uma resposta de 20 linhas era uma resposta de 20 linhas e não de 2 paginas, que 18 era a nota mais alta que alguém teria mesmo que isso não fosse suficiente para entrar na faculdade, que eu tinha de aprender a falar mais devagar, que a biologia só se sabe decorando, que a minha letra não se conseguia ler, que eu me deixasse de porquês porque era assim que dizia o livro ... e toda a gente sabe que se esta no livro é porque é verdade .
As vezes que eu ficava acordada até tarde deitada na cama na véspera de um ponto de biologia aterrorizada com a Maléfica Z. ... as vezes que a minha mãe foi chamada à escola porque eu "tinha dificuldades com a professora de biologia"!?!
A Maléfica Z. é uma senhora baixinha magrinha com ar de fuinha que tem alguma dificuldade em entender a regulação da transcrição do DNA e que nos 3 anos que foi minha professora sentia por mim um misto de desconforto pela minha vontade de aprender e alguma insegurança pela minha idade. É curioso como cada pessoa disfarça ou resguarda as suas inseguranças. E como o tempo torna tudo isso relativo e uma coisa que antes nos parecia um muro agora nada é!
Resumindo apesar de maléfica ensinou-me umas coisas, não me fez perder o gosto do que é a biologia e até me aguçou o gosto dos porquês.
Foi bom vê-la estes anos todos depois. Acho que fizemos as pazes.
Eu também estava de ténis e ela não gostava nada mesmo era das minhas botas!!
(Texto extraído com ligeiras adaptações do msnspace da Ana Afonso, acesso condicionado)
diálogos construtivistas
- há remédio!
- sem bula?
- ausenta-te das esquisitices! ou és daqueles cujas explanações são ausências num atalho?
- dás-me licença? eu ou não sou d-aqueles ou não sou d-os outros!
os sindicatos
expiram-me sempre um grande apreço
diante uma greve
ante um feriado
depreendo o endo
do obstaculando
na razão!
letargias de um occíduo?
os qwertianos admiram o sentimento de alguns, muitos, ocidentais.
pois se lamentando e pouca envergonhando do séquito e da pátria, mas perseverando num beneplácito egocentrismo, um vira revirando a deploração.
afinal a genialidade ousada, transcorreu outrora.
enfim, doravante e presentemente, evidentes e vulgares.
organismos vivos?
bestas bestiais?
suspirando o entendido e, ao longe, a mediocridade, num sorriso, desdizendo:
ou se ente ou se essa entente.
e o idêntico perdura, didacticamente, anestesiando os encavilhados.
enquanto isso, e orgulhosamente, os alienígenas nos abornalando.
Paga a taxa cumbada II
Dizia ele que só lhe faltava agora que lhe tirassem o ordenado.
quarta-feira, junho 14, 2006
- Depende da forma como os miúdos de portarem durante as refeições.
(Escusam de perguntar quem são os miúdos.)
Tudo esclarecido
"Esta é a ditosa pátria minha amada"
desmotivação dos professores
Ainda sobre o "Diga Lá Excelência", a Ministra disse algo digno de manchete:
"O que a Ministra diz não importa, não deve importar!..."
E agora, se eu quisesse ser mazinha e apoiar cegamente as guerrinhas, não contextualizava esta frase e limitava-me a dizer que afinal ela sabe a asneira que tem feito. Mas como não estou para alimentar discussões absurdas, cá vai o contexto: professores desmotivados. A senhora disse isto no seguimento da tão falada desmotivação dos professores face ao estado actual do sistema educativo. E concluiu dizendo que o que importa são os alunos, o que deve motivar diariamente o professor é a possibilidade de todos os dias contruibuir para a evolução dos seus alunos... Temos de admitir que é bonito!... E que até tem o seu fundo de verdade. Mas a vida de um professor não é só a sala de aula e mesmo que fosse, há condições e condições!... Ó senhora Ministra, também vai dizer que os advogados devem andar felizes e contentes só pelo prazer de defender boas causas, ou que os médicos se devem limitar aos agradecimentos dos doentes curados independentemente das condições de trabalho?!...
Nem todo o professor o é por vocação - seja lá o que isso for... - mas também não tem de ser... Ajuda, mas não tem de ser! Isto desde que não deixe de ter em vista o objectivo da profissão. É claro que é - deve ser! - nos alunos que o professor encontra o motivo do seu trabalho. Um aluno trabalhador e ávido de conhecimento é sempre um conforto. E as pequenas conquistas com aqueles mais desleixados e perturbadores fazem, por vezes, ganhar o dia. Mas, minha senhora, o professor não vive isolado, está integrado num sistema, do qual dependem directamente (umas vezes mais, outras vezes menos) as suas aulas! Daí que seja - que deva ser! - tão importante o que a Ministra diz! E o "como" a Ministra diz - coisa que não é o forte da senhora...
[continua...]
I love you (Me either)*
Ah, os bons tempos!
Nos bons tempos
Sim, a primeira vez
conquistei vez?
do teu aroma
ou um desde anatematizado
e as azedas,
despejando manhãs
la la la la la la la la la la la la
no eternamente, dos teus traços?
humedecendo o corpo
E rasgando
nas pingas de chuva.
mas… rasgando em pedaços
Ouve-me, não tens escolha!
as desordens
Ouve-me!
e as saudades no ódio
Apetece-me pudim de coco!
dos teus passos,
Componentes?
trepando jocosas
Manipulação?
pelas paredes
Conservação?
e não se emendando em ti...
la la la la la la la la la la la la
* Cat Power & Karen Elson em "Monsieur Gainsbourg Revisited"
O engenheiro
É um homem sério ele tem é visão num país de palonços!
Atão se o engenheiro tem uma empresa de consultoria e nã tem fregueses está-se mesmo a ver a indigência de penetração no mundo da lavoura.
Atão se o engenheiro furou o cosmos da lavoura com incentivadas variedades, tem d’alargar os obstáculos aos desentendimentos.
Atão se o engenheiro até pode pinchar os transportes municipais, pois as carripanas precisam de ser consultadas, atão, atão…
E ós despois s’o engenheiro até pode presidir a acic e é apelidado de mestre pelos primus, atão inter pares…
E se as portas da política se abrem e há construtores com previsão, pois é essencial a edificação e o engenheiro até consulta isso.
E qual o problema da mulher do engenheiro até atravessar o ensino do inglês às criancinhas, que também carecem de consultação?
E ós despois s’uma concelhia partidária também precisa de ser consultada, atão, atão?
O engenheiro até é um homem com fantasmagorias o resto são línguas de costureira.
E se o líder do partido anda a aclarar a falange d’homens como o engenheiro, nã perceve nada disto, privou-se do coabitado prático da vida.
Bah…
terça-feira, junho 13, 2006
Lisboa, 13 Junho 1888
João Luiz Roth