sábado, agosto 25, 2007

Agora não, que comi bife ao jantar

Desconhecia até há pouco a existência de veganossexuais, e, por pouco, entenda-se quinta-feira passada, quando me cruzei com o artigo na "Visão" desta semana. A expressão foi cunhada por Annie Potts, investigadora da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, enquanto entrevistava vegetarianos, e define os veganos – como odeio esta expressão em Português – que não têm sexo com carnívoros, baseando-se no consumo de carne como factor de repulsa e de incompatibilidade, não só de princípios éticos inerentes à crueldade e morte dos animais, mas porque, se somos o que comemos, o corpo é feito de cadáveres, logo, visceralmente repugnante e, ao que parece, sexualmente rejeitável.
Partindo do princípio que diferença não deve ser incompatibilidade, apenas diferença, a ideia de recusar a priori alguém com quem não partilho princípios, deixou-me a pensar. Tendo como certo que o convívio e o conhecimento do outro acarretam por si só o magnetismo necessário para que os indivíduos socializem e que o tempo ditará o aumento, diminuição ou extinção desse magnetismo e que o corpo e o que se faz com ele é um direito inalienável e evidente, rejeitar alguém só porque fuma, bebe, é de esquerda, é de direita, tem cabelo liso, encaracolado, é careca, gordo, magro, ou míope, come carne ou é vegetariano pode implicar a guetização de grupos distintos, pouco saudável numa sociedade plural e democrática. Mas isto sou eu a pensar alto num sábado de manhã.
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10 Comments:

Blogger menina-m said...

as couvinhas também morrem quando as cortamos para comer. esse princípio é estúpido. às vezes parece que as pessoas só pensam no politicamente correcto e se esquecem do amor.

sábado, agosto 25, 2007 2:13:00 da tarde  
Blogger nokinha said...

Será que não há coisas mais importantes no mundo para se fazerem estudos?
Brilhante como sempre, Leonor!

sábado, agosto 25, 2007 3:32:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Já não bastavam as dores de cabeça ...

sábado, agosto 25, 2007 4:34:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Também não compreendo este comportamento, mariana

Nokinha, o estudo não era sobre veganossexualidade(?), era sobre vegetarianismo. A expressão surgiu porque, segundo a investigadora, o padrão repetia-se.
Obrigada

Isso para quem tem habitualmente dores de cabeça, Luis.

sábado, agosto 25, 2007 6:40:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

O quê?! Precisas de uma aspirina?!

domingo, agosto 26, 2007 7:48:00 da manhã  
Blogger Pedro Correia said...

E pensas muito bem.

domingo, agosto 26, 2007 1:16:00 da tarde  
Blogger james stuart said...

Nããããn
Nada disso... tudo resto pode ser... mas ser de esquerda (daquela trotskista/leninista) é razão boa e suficiente para incompatibilidade... e por vezes de direita também...

domingo, agosto 26, 2007 8:44:00 da tarde  
Blogger ana v. said...

Agora sou eu que assino por baixo. E espero nunca me cruzar com alguém que me olhe como se estivesse a ver um cemitério!
Até porque essa gente também tem cadáveres na pele, mesmo que não queira - os ácaros. Todos os temos, nada a fazer...

segunda-feira, agosto 27, 2007 12:46:00 da tarde  
Blogger james stuart said...

Um Wenga ou lá como se diz... também não pode comer gelatinas Royal (base de ossos de porco ou tutano parece-me)... grande perda...
Só por isso já não penso no assunto de me juntar à "trupe".

segunda-feira, agosto 27, 2007 2:05:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Wenga?

Ah pois, os veganos não comem nada nem usam nada de origem animal.

Mas isto aqui não é uma trupe anti-veganossexuais, acho eu, é mais uma reflexão colectiva sobre as restrições a que os príncipios nos obrigam ;-)

segunda-feira, agosto 27, 2007 2:24:00 da tarde  

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