Agora não, que comi bife ao jantar
Desconhecia até há pouco a existência de veganossexuais, e, por pouco, entenda-se quinta-feira passada, quando me cruzei com o artigo na "Visão" desta semana. A expressão foi cunhada por Annie Potts, investigadora da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, enquanto entrevistava vegetarianos, e define os veganos – como odeio esta expressão em Português – que não têm sexo com carnívoros, baseando-se no consumo de carne como factor de repulsa e de incompatibilidade, não só de princípios éticos inerentes à crueldade e morte dos animais, mas porque, se somos o que comemos, o corpo é feito de cadáveres, logo, visceralmente repugnante e, ao que parece, sexualmente rejeitável.
Partindo do princípio que diferença não deve ser incompatibilidade, apenas diferença, a ideia de recusar a priori alguém com quem não partilho princípios, deixou-me a pensar. Tendo como certo que o convívio e o conhecimento do outro acarretam por si só o magnetismo necessário para que os indivíduos socializem e que o tempo ditará o aumento, diminuição ou extinção desse magnetismo e que o corpo e o que se faz com ele é um direito inalienável e evidente, rejeitar alguém só porque fuma, bebe, é de esquerda, é de direita, tem cabelo liso, encaracolado, é careca, gordo, magro, ou míope, come carne ou é vegetariano pode implicar a guetização de grupos distintos, pouco saudável numa sociedade plural e democrática. Mas isto sou eu a pensar alto num sábado de manhã.
Partindo do princípio que diferença não deve ser incompatibilidade, apenas diferença, a ideia de recusar a priori alguém com quem não partilho princípios, deixou-me a pensar. Tendo como certo que o convívio e o conhecimento do outro acarretam por si só o magnetismo necessário para que os indivíduos socializem e que o tempo ditará o aumento, diminuição ou extinção desse magnetismo e que o corpo e o que se faz com ele é um direito inalienável e evidente, rejeitar alguém só porque fuma, bebe, é de esquerda, é de direita, tem cabelo liso, encaracolado, é careca, gordo, magro, ou míope, come carne ou é vegetariano pode implicar a guetização de grupos distintos, pouco saudável numa sociedade plural e democrática. Mas isto sou eu a pensar alto num sábado de manhã.
10 Comments:
as couvinhas também morrem quando as cortamos para comer. esse princípio é estúpido. às vezes parece que as pessoas só pensam no politicamente correcto e se esquecem do amor.
Será que não há coisas mais importantes no mundo para se fazerem estudos?
Brilhante como sempre, Leonor!
Já não bastavam as dores de cabeça ...
Também não compreendo este comportamento, mariana
Nokinha, o estudo não era sobre veganossexualidade(?), era sobre vegetarianismo. A expressão surgiu porque, segundo a investigadora, o padrão repetia-se.
Obrigada
Isso para quem tem habitualmente dores de cabeça, Luis.
O quê?! Precisas de uma aspirina?!
E pensas muito bem.
Nããããn
Nada disso... tudo resto pode ser... mas ser de esquerda (daquela trotskista/leninista) é razão boa e suficiente para incompatibilidade... e por vezes de direita também...
Agora sou eu que assino por baixo. E espero nunca me cruzar com alguém que me olhe como se estivesse a ver um cemitério!
Até porque essa gente também tem cadáveres na pele, mesmo que não queira - os ácaros. Todos os temos, nada a fazer...
Um Wenga ou lá como se diz... também não pode comer gelatinas Royal (base de ossos de porco ou tutano parece-me)... grande perda...
Só por isso já não penso no assunto de me juntar à "trupe".
Wenga?
Ah pois, os veganos não comem nada nem usam nada de origem animal.
Mas isto aqui não é uma trupe anti-veganossexuais, acho eu, é mais uma reflexão colectiva sobre as restrições a que os príncipios nos obrigam ;-)
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