A minha casinha
Eu gosto da minha casinha. A minha casinha é amarela com portadas verdes. A minha casinha tem um jardim. Da minha casinha vejo o mar. A minha casinha fica a meio caminho entre o mar e a cidade. E, na minha casinha, posso fazer o que quero. Na minha casinha posso escrever, ler, ouvir música, cozinhar, dormir, descansar, cantar, rir e falar. Na minha casinha as palavras são bem-vindas. Na minha casinha posso ver televisão. Na minha casinha posso ver televisão e adjectivar a contento a entrevista do primeiro-ministro. Na minha casinha posso perorar sobre a entrevista do primeiro-ministro, classificar o desempenho do primeiro-ministro, aplicar uns impropérios libertadores, adjectivar abundantemente o primeiro-ministro, socorrer-me de vocábulos eloquentes e variados, recorrer a estruturas sintácticas e construções semânticas politicamente incorrectas e/ou socialmente reprováveis – só as felinas o poderão avaliar- e dizer exactamente o que quero e o que penso, dentro da minha casinha. A minha casinha é amarela com portadas verdes. A minha casinha tem um jardim. Gosto muito da minha casinha.
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