quarta-feira, agosto 22, 2007

Ostel

E se for um comunista empedernido, um nostálgico das paradas militares no primeiro de Maio soviético, um saudosista dos tempos em que a RDA arrebanhava medalhas ao quilo nos Jogos Olímpicos, um viajante intrépido, um historiador dedicado, apenas um curioso da vida antes de 1989 além do Muro de Berlim ou somente um curioso, existe solução à vista.
Desde Maio deste ano, está aberto ao público o Ostel. Mais uma vez um cruzamento lexical feliz entre Ost e Hotel, tal como em Ostalgie, esse novíssimo sentimento alemão também resultante do casamento de Ost e Nostalgie. E o que faz deste Ostel um hotel diferente de todos os outros é a reconstituição do espaço entre quatro paredes do ambiente característico da RDA. A decoração é fiel, o próprio edifício, um Plattenbau – que me desculpem os puristas da língua mas a traduções fiéis são apenas para os eleitos-, é característico da RDA e, no interior, os quartos, sempre vigiados por Walter Ulbrich ou Erich Honecker, estão fielmente reconstruídos de acordo com os padrões estéticos da RDA e contam com o mobiliário original, o papel de parede, as alcatifas, os candeeiros. Uma verdadeira viagem ao passado. Os preços são confortáveis, os quartos dividem-se de acordo com as características próprias: campo de pioneiros ou casa de férias da RDA, Suite da Stasi, por exemplo. Segundo a crítica, o Ostel tem sido um verdadeiro sucesso e está prevista a abertura de um Ostel também em Leipzig.
Neste sucesso reside uma das grandes ironias da reunificação alemã: que a própria RDA se tenha transformado num objecto de consumo capitalista. A venda dos pedacinhos do muro de Berlim terá sido o primeiro sinal destes ventos de mudança, corroborado pela comercialização exuberante de toda a parafernália da RDA, o café MoccaFix, o Sandmännchen e Ampelmännchen, os sinais dos semáforos transformados em marca registada e vendidos em canecas, t-shirts, tapetes para o rato e postais, ajudados, entretanto, com a força do entretenimento da caixinha mágica através dos DDR-Shows.

Imagem: Ferienwohnung

E isto porque os posts são como as cerejas, um ramo pode trazer vários.
Depois deste, aqui fica mais um.

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6 Comments:

Blogger Unknown said...

Bendita a hora que se lembrou de escrever fosse o que fosse, boa escrita, interesse, oportunidade...

A menina deixa-me maluco

um viajante intrépido a caminho

Beijinhos

quarta-feira, agosto 22, 2007 12:18:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

O menino é que deixa me deixa maluca ao chamar-me de "menina" ;-)
Muito obrigada.

quarta-feira, agosto 22, 2007 4:10:00 da tarde  
Blogger james stuart said...

Então e o Trabi???
Ando um "gajo" como eu a preservar uma unidade dessa maravilha tecnológica germânica de modo a que as geraçoes vindouras o apreciem "ao vivo" e depois não se vê uma, sequer úmínha, referencia num "post" a propósito...!
Nao esqueça o Trabant, Leonor!

quarta-feira, agosto 22, 2007 6:43:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Tem muita razão, James, neste texto o Trabi ficou de fora mas já foi falado noutros posts, nomeadamente a propósito do filme Good bye, Lenin. Vou já resgatar o Trabi!

quarta-feira, agosto 22, 2007 8:03:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Ganda filme.

A família, do filme compra uma Station Wagon, ok James... Combi

Beijos e abraços!

quinta-feira, agosto 23, 2007 10:21:00 da manhã  
Blogger jorge vicente said...

muito interessante.
gostava de dormir lá.

um abraço
jorge vicente

quinta-feira, agosto 23, 2007 10:13:00 da tarde  

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