Cidades que a cidade tem
Cruzo-me com o mais recente trabalho dos Orishas, corro ao encontro de Mi sueño de Ibrahim Ferrer, e acabo por aterrar em O nosso GG em Havana de Pedro Juan Gutiérrez, o livro do escritor que inicia uma nova fase, encerrado que está o ciclo de Centro Habana. E assim é: a Havana dos Orishas não é a de Ibrahim Ferrer, a de Pedro Juan Gutiérrez não é a de Leonardo Padura, a de Zoé Valdés não é a de Ana Menéndez. Cada uma mais áspera do que a outra, mais suave, mais devassa, suja ou nostálgica, mas todas são Havana. Se, para Zoé Valdés, Havana é hoje um museu de vítimas complacentes, de oportunistas; para negociantes e turistas ignorantes*, para Pedro Juan Gutiérrez o melhor do mundo é passear pelo Malécon sem rumo, debaixo de um ciclone furioso** e à magia de Havana não fica indiferente Leonardo Padura porque quem conhecer a cidade tem de admitir que possui uma luz própria, a um tempo densa e leve, e um colorido exultante que a distingue entre milhares de cidades do mundo***.
E, pese embora a idiossincrasia de Havana, assim são todas as cidades: únicas no olhar de quem por lá passa, tantas quantos os turistas, tão diversas como os viajantes, ímpares como os seus habitantes, tanto mais coloridas quanto os seus artistas e escritores. As cidades são apenas o centro do caleidoscópio colorido por sons e letras de quantos a sentem, vivem e visitam e que, a cada visita, deambulação ou périplo, se transformam num mosaico colorido em permanente mutação.
E, pese embora a idiossincrasia de Havana, assim são todas as cidades: únicas no olhar de quem por lá passa, tantas quantos os turistas, tão diversas como os viajantes, ímpares como os seus habitantes, tanto mais coloridas quanto os seus artistas e escritores. As cidades são apenas o centro do caleidoscópio colorido por sons e letras de quantos a sentem, vivem e visitam e que, a cada visita, deambulação ou périplo, se transformam num mosaico colorido em permanente mutação.
*Zoé Valdés, (2002), Os Mistérios de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
** Pedro Juan Gutiérrez, (2000), Trilogia Suja de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
*** Leonardo Padura, (2005), O Romance da minha vida, Lisboa, Dom Quixote.
** Pedro Juan Gutiérrez, (2000), Trilogia Suja de Havana, Lisboa, Dom Quixote.
*** Leonardo Padura, (2005), O Romance da minha vida, Lisboa, Dom Quixote.
foto: prata da casa
Etiquetas: cidades e livros
3 Comments:
Muito a propósito e queira passar a publicidade mas até aqui a sua participação faz falta !
http://absolutamenteninguem.blogspot.com/2007/08/esquerdalhas-e-faschizoides-5.html
Grato
Havana é única. Linda, apesar "algo degradada". Ideologias à parte, Cuba é um mundo singular!
É uma cidade que nos fica na alma.
Zé, já lá fui mas desta vez não comentei. É que ainda quero voltar a Nova Iorque e por este andar não há quem me passe o visto... sim, eu sei, ainda não é necessário ;-)
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