quarta-feira, setembro 30, 2009

O espectro de Hamlet



1 - Reflexão inicial
O espectro de Hamlet continuará a surgir de quando em vez e a tentar explicar-nos o seguinte: a emoção é a alavanca da razão, apela para a criatividade humana através da dúvida e regenera a razão. Sofrer de falta de dúvida é o pior que pode acontecer ao ser humano civilizado (Freire), mas como a emoção é tendencialmente potenciadora de dúvidas torna-se, simultaneamente, a principal inimiga da Razão sempre desejosa de certezas e verdades imutáveis. A razão é o grande legado da modernidade, ao homem civilizado solicita-se a racionalização das suas dúvidas emocionais.
Shakespeare é um grande adepto do argumento: o que faz mover o homem é a emoção e não a razão, algo que todos os pensadores da modernidade tentaram refutar, alguns edificando sistemas criativos, mas que o dramaturgo inglês consideraria um nadinha esotéricos (Descartes, Kant, Hegel, Rousseau, Stuart Mill, Marx).

2 - Os fantasmas de Cavaco
As achas para a fogueira continuam. Ontem o PR deu um exemplo formidável de como uma emoção racionalizada (deslealdade) poderá provocar danos colaterais nas instituições de referência do Estado.
Cavaco nunca perdoará a Sócrates a aprovação do estatuto dos Açores o que para ele é racionalizado como deslealdade institucional.
Cavaco nunca perdoará a Sócrates outras deslealdades institucionais (Antunes, por exemplo, contraditório das suas afirmações).
Cavaco interpreta tais deslealdades como afrontas à sua autoridade, algo de intolerável.

3 - A autoridade da razão e os seus fantasmas
A razão autoritária tende a auto-flagelar-se, pois, por vezes, poderá aprisionar-se em pormenores mesquinhos em demanda da sua razoabilidade lógica, logo da sua autoridade.
Ontem Cavaco Silva tentou aprisionar-nos nos seus pormenores mesquinhos (confrontação da sua autoridade) e contribuiu para um desassossego geral muito particular.
Será que Cavaco Silva não estará devidamente preparado para gerir as conflitualidades e tensões inerentes à democracia?
Será que as suas irascibilidades farão parte de uma estratégia? Que estratégia?
Será que o PR pretende dizer-nos para vigiarmos o governo e as suas alianças futuras?
Ou será que o PR pretendeu tranquilizar-nos dizendo: estejam descansados meus filhos, vocês ainda não estão suficientemente preparados para perceberem o mundo, mas eu estarei cá para vos salvar.

Sinceramente tenho dúvidas (emocionais), mas considero que algures por aqui estarão os motivos (racionalizados) para as próximas lutas intestinas pelo poder. As próximas semanas serão particularmente emocionais, criativas e um nadinha racionais.
Afinal o velho bardo conhecia-nos de trás para a frente, da frente para trás e também para os lados.

Nota: Fiquei com uma certeza um nadinha mesquinha: afinal grande parte das notícias “fabulásticas” dos jornais são factos, mas cuidadosamente construídos.

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terça-feira, setembro 29, 2009

Antes que me esqueça

Parabéns, Mafalda!
É admirável a tua intemporalidade.

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segunda-feira, setembro 28, 2009

Acerca das causas dos incêndios

Sinceramente, concordo com um antigo Professor, um grande Mestre, uma referência para a vida. Há uma frase do Professor que eu nunca esquecerei:

"Há quem olhe para o mundo em geral e só veja harmonia e consenso, eu olho e só vejo incêndio atrás de incêndio."

Há muito tempo que eu concordo com o Professor, mas essa velha metáfora tornou-se particularmente estimulante desde ontem.
O incêndio começou hoje não sei muito bem a que horas, mas o presidente da CIP parece que ficou muito preocupado com o endividamento público, com a internacionalização das empresas, com a fuga dos empresários e com o espectro do velho pai de Hamlet, desculpem, com outro espectro. O presidente da CIP parece que é uma personalidade de referência na economia portuguesa e na competitividade das empresas. O presidente da CIP parece que quando fala está a dizer ao governo o que os patrões pensam. Fiquei afinal bastante descansada, afinal hoje fiquei a saber que a (im)produtividade das empresas nacionais depende única e exclusivamente de um determinado fantasma.

Nota: espanta-me como é que a TSF apresenta esta notícia sem o mínimo de contraditório por parte de outras forças, representando outros interesses. Será que a "velha" liberdade de expressão é só para alguns?

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A união faz a força

A melhoria de 1 décima da votação no PSD face às últimas legislativas deve-se certamente ao facto de Manuela Ferreira Leite, Cavaco Silva e Pacheco Pereira terem votado, desta vez, no PSD.

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domingo, setembro 27, 2009

A arte de engolir sapos

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Canções.Mais.Que.Imperfeitas@30

É uma maçada não podermos falar sobre eleições, logo hoje o dia ideal para tecer longas dissertações acerca do tema. Mas parece que é proibido e convém um cidadão informado obedecer a certas regras.
Não querendo, de todo, influenciar o sentido de voto de qualquer leitor do GR, parece-me que hoje à noite acontecerão algumas negociações, tendo em vista a construção de uma certa ingovernabilidade, prática longamente testada durante todo o século XX e, ao que parece, com a pretensão de se tornar senso comum durante o século XXI.
Daí que imagine uma certa força política a ocupar o lugar de Meryl Streep e outra a ocupar o de Pierce Brosnan (?), tudo isto tendo em conta as particularidades distintas da versão portuguesa de MAMMA MIA. A minha única convicção reside num dado empírico testado pelas contribuições de Streep e Brosnan, sejam quais forem os actores políticos o seu talento vocal será igualmente medíocre.

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sexta-feira, setembro 25, 2009

Quais querem primeiro? As boas ou as más?


As boas notícias são o fim da campanha eleitoral e o anúncio de que os GF continuarão a esmiuçar sufrágios na segunda-feira que vem. As más notícias são esperadas no domingo, lá para o princípio da noite.
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Oui, chéri, c'est vendredi


Starsailor - Tell me it's not over

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Acerca de fenómenos extra-sensoriais


Na agência A

Chefe - Ó Ermingarda atão já enviaste para as redacções o documento X?
Ermingarda com os óculos de sol na cabeça, os graduados nos olhos, um papel confidencial na mão esquerda, um confidencialíssimo na direita, outro super confidencial no pé esquerdo e outro super super confidencial no pé direito, ainda um confidencial-confidencialíssimo-super confidencial-super super confidencial no colo - Ó Paulinho tenha calma, o dia está devidamente programado. Os documentos que aqui vê estão devidamente alinhados. Um serve o cliente A e é contra o PS; outro serve o cliente B e é contra o cliente A e contra o PSD; outro serve o desinteresse do cliente C é contra o BE, PCP e contra os clientes A e B; e olhe assim sucessivamente, isto 'tá tudo devidamente programado no gestor de projectos da Microsoft.
Chefe - Não se esqueça de enviar aquele email super escaldante para o órgão de comunicação X, o cliente H tem interesses no comércio a retalho e portanto, etc e tal.
Ermingarda - claro chefe, fique descansado pois tá tudo "projectado".
Na manhã seguinte não é que a comunicação social deu grande relevância ao estado de saúde do presidente X de um país africano? Dizem as más línguas que há interesses ocultos de outras agências de comunicação globais.

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quinta-feira, setembro 24, 2009

Record dos dois metros: um centésimo de segundo


Estou desesperada por que acabe a campanha eleitoral. Estou farta de fazer sprints em direcção ao telecomando de cada vez que acaba o Gato Fedorento porque não consigo sequer ouvir o estúpido programa da parede.

Fotografia daqui.
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Acerca da incivilidade dos gatos e das gatas

As gatas e os gatos são animais detestáveis, pois fazem questão de ignorar certos pormenores civilizacionais.
As gatas e os gatos possuem uma estreiteza de vistas incompreensível, talvez ignorância, acerca de outras formas de exploração das funcionalidades dos seus órgãos de reprodução, vai daí desatam a procriar sempre que a natureza assim o exige.
Ter de conviver com esta incontinência fisiológica, esta completa ausência de desfaçatez moral é algo de absolutamente insuportável.

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quarta-feira, setembro 23, 2009

Agenda: The Cult [Coliseu Lisboa]



SETLIST:

Nirvana
Big Neon Glitter
Love
Brother Wolf; Sister Moon
Rain
The Phoenix
Hollow Man
Revolution
She Sells Sanctuary
Black Angel
Electric Ocean
Wild Flower
Illuminated
Rise
Dirty Little Rock Star
Fire Woman
Love Removal Machine

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terça-feira, setembro 22, 2009

hoje é dia sem carros...

... alguém ainda se lembra o que isso é?...


Se a bicicleta não estiver à mão, é sempre bom saber que há comboios e metros gratuitos hoje - e vivam as boas iniciativas... ainda que ninguém lhes ligue...


foto: Bruges - muitas bicicletas há na Bélgica e na Holanda!!!

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segunda-feira, setembro 21, 2009

A pior sondagem (desde sempre)

Saiu hoje uma "sondagem", em antecipação à publicação na revista Exame, que conclui, segundo as técnicas sui generis, que Sócrates foi o pior PM desde 1985. Mas o mais interessante é que a sondagem também considera Sócrates como o segundo melhor PM, logo atrás de Cavaco. Como é fácil constatar, não existia mal nenhum nesta conclusão se tivessem existido dois, e apenas dois, PM durante o período - o segundo melhor era o pior. Acontece que existiram cinco.
Este é mais um típico caso de "sondagem" tonta. É tão tonta que pouco faltou a Sócrates para ser considerado o pior e o melhor PM. O problema aqui não reside numa hipotética «esquizofrenia» da amostra ou numa colagem do voto laranja e rosa aos respectivos PM - até porque ambos tinham outras hipóteses em quem votar. O único problema aqui é a péssima formulação e apresentação das alternativas de resposta aos elementos da amostra, em que uma resposta pura e simplesmente anula a outra. Se eu tivesse encomendado uma sondagem e fosse o editor responsável por a publicar a dita, apresentava duas soluções à empresa responsável: ou fazem uma coisa séria, que dê para tirar conclusões, ou então ficam com esta sondagem, fazem o que bem lhes entender, que eu vou à procura de alguém que me faça alguma coisita melhor do que a pior sondagem de sempre.
Nota: a notícia do link nada diz sobre Sócrates ser o segundo melhor PM, porque quem a escreveu achou por bem omitir este facto. Mas quem quiser comprovar isso, pode sempre comprar o próximo número da revista Exame, que está a fazer este favor às direitas, assim como tantos outros órgãos de comunicação têm feito os seus às esquerdas. A próxima vez que escutar um órgão de comunicação social português falar em isenção, desligo o rádio, a TV, ou atiro o jornal para o lixo. Todos eles estão alinhados e muito bem alinhados. Na blogosfera, tirando uma ou outra excepção, idem. Consequências directas de um país em que 50% das pessoas dependem do OE.

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Kids



Filho - Sabes o que uma camisola diz p'rá outra?

Mãe - Este corpo é super desconfortável?

Filho - Nã - abanando a cabeça - toda a gente sabe qu'as camisolas não falam.

Mãe - E pensam?

Filho - Nã - voltando a abanar a cabeça - não tem cérebro.

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Mercado do Bolhão (Porto)



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domingo, setembro 20, 2009

Canções.Mais.Que.Imperfeitas@29

Na ermida de Mont'alto há quem reze pela sua força partidária.
Qual a razão dessa devoção repentina?
O que se promete em troca?
Infelizmente ainda não existem fontes anónimas.

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sábado, setembro 19, 2009

Prémio Susan Boyle













E o prémio Susan Boyle desta semana vai direitinho para… Daniel Oliveira. É um prémio que Daniel Oliveira vem perseguindo há muito tempo, e que hoje lhe atribuo por ter postado a seguinte pérola no “Arrastão”, em reacção à manchete do “Expresso” desta semana:
«A manchete do “Expresso” é das coisas mais absurdas que já vi em primeiras páginas de jornais. Um tema que no máximo mereceria uma breve transforma-se em manchete a uma semana antes das eleições? Está tudo maluco?»
Em abono da verdade caro Daniel, não posso garantir que não esteja tudo maluco, mas que anda por aí muito maluco anda. Aliás, ainda há bem poucos dias ouvíamos Louçã defender que "os PPR não rendem nada, um depósito a prazo rende mais do que um PPR", e que se tratava de um "sistema de risco" porque os bancos recebem o dinheiro dos trabalhadores e aplicam-no na bolsa, "onde se pode ganhar ou perder". Acrescentando, "mesmo se ganharem, os bancos cobram comissões elevadíssimas". Mas esta estória torna-se ainda mais divertida quando ficamos a saber que Joana Amaral Dias e Ana Drago andaram a comprar acções em privatizações.

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sexta-feira, setembro 18, 2009

Novelas Mexicanas à Bloco de Esquerda

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Oui, chéri, c'est vendredi


Empire of the Sun - Walking on a Dream
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A aldeia global, o processo RVCC e qwerty2001

Por detrás desta guerra estarão certamente outras guerrilhas.
A destruição do carácter é, afinal, uma estratégia social de longos séculos.
Um dos motivos que levaram ao afastamento das pessoas dos locais mais pequenos é, também, a asfixia social e privada do indivíduo perante os excessos sociais do colectivo. Sartre concentrou esse mal-estar (e outros) numa frase bastante feliz "O inferno são os outros".
O linguarejar (in)consequente sobre a opção de vida de cada um atinge, nesses locais, proporções surrealistas e bastante esotéricas. Sobreviver ao inferno daria, nalguns casos, histórias de vida propícias a um reconhecimento válido e certificado de competências de sobrevivência, com júri e tudo.
O linguarejar da aldeia global é um tanto ou nada semelhante à aldeia bucólica de Alberto Caeiro, só que em vez do primado do saber de experiências feito e de uma propensa harmonia entre homem e natureza, impera o primado do saber de experiências (re)criadas e uma conivência algo (ir)regular.

Na aldeia global as profissões e empresas reconhecidas, validadas e certificadas são as agências de comunicação, os seus assessores, os seus clientes; os grupos detentores dos órgãos de comunicação social, os seus jornalistas e os seus clientes; o Estado, os políticos e os seus clientes; a Universidade, os académicos e os seus clientes; e tudo o resto, algum desse resto somos nós, o motivo pelo qual se dá tudo isto.
Parece que aquele pessoal anda todo a "fazer a caminha uns aos outros" para terem acesso aos consumidores dos seus produtos, NÓS. Sinceramente acho tudo isto muito pouco proveitoso, deveríamos exigir algo em troca.

Algo do género, sim, senhor, eu compro a sua guerrilha, mas em troca quero que diga aí no seu jornal qu'a Fernanda da Burra anda a "cagar" as ruas de qwerty2001 com bosta de macho.
Na aldeia bucólica toda a gente sabe qu'isto é mentira, a Fernanda da Burra tem um daqueles carros chamados papa reformas e provoca alguns acidentes, mas a primeira história é muito mais campestre.

Numa aldeia global o kit de sobrevivência deverá possuir ferramentas idênticas ao da aldeia de Alberto Caeiro.
As histórias de vida serão mais ou menos recreativas, sociais, políticas e/ou económicas, mas o processo de validação será um tanto ou nada semelhante.

"Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado."

Alberto Caeiro,
Fonte

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Canções.Menos.Que.Perfeitas

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quinta-feira, setembro 17, 2009

Heerenveen 2 - Liedson 3

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serviço público?...

Esta semana na Praça da Alegria, depois de um momento de decoração de material escolar - interessante, um bocado "tia", mas interessante - Jorge Gabriel e Sónia Araújo arrumam-se num cantinho da Praça preparando um momento de entrevista. Como que a servir de introdução perguntam a Roberto Leal (que também por lá andava) se já alguma vez tinha conduzido sem carta. O artista, um pouco embaraçado, tenta explicar a situação pessoal. Enquanto isto, ao seu lado uma senhora acompanha-lhes as palavras pacientemente. Penso eu: a entrevistada deve ser da DGV ou de uma Escola de Condução ou de uma qualquer campanha sobre a sinistralidade nas estradas... Qual não é o meu espanto, quando chega finalmente a apresentação da convidada: a D. não-sei-quê que já foi apanhada 37 vezes a conduzir sem carta! Emburreço... Confirmo o canal televisivo... O Goucha e a amiga estão a brincar às Cleopatras... É, a senhora é mesmo convidada do programa da manhã da RTP1... Lamento não ter tido paciência para manter o aparelho ligado, mas não consigo perceber o que de interessante possa eventualmente ter tido aquela entrevista...

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Finalmente boas notícias para o sector agrícola

Com mais dois árbitros por jogo, Pinto da Costa vai ter de começar a comprar fruta à palete.

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Eleições à parte

O PS de José Sócrates e o BE de Francisco Louçã também se debatem numa outra frente: em causa está o primeiro lugar de uma competição que dá acesso directo à liga dos campeões da política rasteirinha-rasteirinha.

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Salvou-se a PME

A casa ardeu. O cão conseguiu escapar às chamas. A humanidade perdeu para sempre uma deslumbrante obra de Picasso. E a gramática de português, essa, já tinha ficado irremediavelmente inutilizada num incêndio anterior.

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quarta-feira, setembro 16, 2009

A única coisa que me interessa na campanha eleitoral

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A galinha dos ovos de ouro e o sorriso pepsodent

A escola como instituição cresceu juntamente com uma finalidade: propiciar ao ser humano ferramentas que lhe permitissem interpretar o mundo independentemente de crenças míticas, para além de propiciar uma escala de valores comuns. Alguns autores referem uma espécie de contrato estipulado entre os cidadãos e o Estado-Nação, os primeiros cediam a sua identidade local e comunitária e em troca recebiam uma identidade comum (Rousseau, Stoer & Magalhães, Lima, Afonso, Correia, Field, Dale, Antunes, Freire, Santos, Marshall, Melo, Nóvoa, etc.).
Os mandatos iniciais para a educação rapidamente se cruzaram com o sistema económico e para além da construção de uma identidade comum pretendeu-se, simultaneamente, a educação de um trabalhador disciplinado para o mundo do trabalho (Idem).
As finalidades da educação foram um campo profícuo de análise teórica, de discursos políticos e de políticas públicas. Ao longo dos três últimos séculos um universo de autores analisaram/analisam a escola enquanto instituição e as finalidades da educação e discutem as faces positivas e negativas de todo um sistema (Bourdieu, Passeron, Freire, Illich, Lesne, Melo, Lima, Afonso, Stoer & Magalhães, Antunes, Candeias, Santos, Giddens, Nóvoa, Crato, etc.).

Eixos de análise:
- a escola é criticada por não transmitir uma educação mais focada na resolução de problemas concretos;
- a escola é criticada por não ser uma instituição onde se pratica a democracia, antes a meritocracia, logo controlo social;
- a escola é criticada por se ter tornado uma instituição onde impera o facilitismo, sendo a sua clarificação conceptual dúbia, superficial e desadequada.
Para além de outras, obviamente.

António Nóvoa, um dos académicos portugueses que mais escreve sobre a educação, afirmou na Assembleia da República que a escola se vê confrontada com mandatos para os quais não está preparada, e pergunta: e deveria estar?
Os pais, os políticos, os grupos económicos, o Estado e a sociedade em geral esperam que a escola dê aos seus filhos sempre mais do que a escola está preparada para dar, por uma imensidão de razões.

As razões e as críticas apontadas anteriormente não conseguiram, no entanto, transformar uma determinada realidade:
- a preparação incessante de mão-de-obra cujo ideário se afunilou numa espécie de contrato de trabalho, trabalhadores por conta de outrem, e o crescimento de uma disparidade intransponível: a formação dos empresários das pequenas e médias empresas (a maioria do empresariado) e o excedentário da formação superior da mão-de-obra (últimas gerações).

Há dois actores no mercado de trabalho muito especiais e com motivos e razões igualmente especiais. De um lado a mão de obra escolarizada e do outro o empresariado não escolarizado, ambos num diálogo super especial. O recém licenciado, sobrestimando as qualificações, a teoria e as ferramentas superiores da razão e o empresário sobrestimando o saber de experiências feito, a criatividade (desenrascanço para alguns, chico espertismo para outros) despida das ferramentas teóricas e os consequentes equívocos de quem está mergulhado no concreto.

A teoria e a prática tornaram-se, assim, dois campos díspares e profundamente conflituais.
Nos dois campos aparentemente existe um campo de razões (in)compreensíveis.

Há meses fui confrontada com um profissional de educação que afirmava com toda a certeza: alguém que não sabe escrever uma determinada palavra é alguém desaconselhável, pois falta de estudos articula-se, de imediato, com má formação, logo mau carácter (Medina Carreira é profícuo e criativo neste tipo de análise). Do lado de lá da barricada também há afirmações cuja arrogância e prepotência se assemelham, enfim quem não sabe mudar um pneu também será, no mínimo, um desclassificado mental.

A escola dificilmente se alheará das dificuldades sociais, políticas e económicas do país e os seus combates ideológicos. Ao que parece a única altura em que o sistema educativo produziu uma estratégia eficaz foi durante o Estado Novo. O sistema era simples: transmitir valores comuns para toda a população escolar, de uma forma maciça e eficaz. O sistema de valores eram a famosa tríade: Deus, pátria e família. Os pobrezinhos deveriam ser caritativos uns para com os outros e não deveriam invejar os privilegiados, às elites estava guardada a grande fatia do bolo: a ocupação dos lugares chave da economia e da política, estando do lado da igreja e do Estado o controlo da sociedade. Criando-se assim um país onde a desigualdade social cresceu como nenhum outro, a educação era dispensável, pois o povo até gostava de ser ignorante e a economia cresceu a par com as benesses do Estado para alguns.

Este contexto dá-nos "luzes" para percebermos um outro. Em Portugal quando alguns arautos do menos Estado falam, ainda buscam a "utopia" do Estado Novo, quando outros falam buscam a "utopia" do mercado. Estes dois campos tão díspares estão num certo PS, PSD e CDS.

Por muito que os senhores afirmem peremptoriamente: não senhor! o objectivo dos senhores do mercado é conquistar as potencialidades mercantis de todos os domínios da actividade humana, logo a necessidade de conquista dos lugares chave do domínio político e instrumentalizá-lo para os seus fins (mas assim estaremos a criar riqueza, argumentam alguns, estamos a criar riqueza para quem tem aquele tipo de mérito muito especial: contactos de família, partidários, económicos); o mesmo sucedendo ao outro campo com outro tipo de abordagens, mas cujo fim é o mesmo: conquistar os lugares chave do Estado, para um determinado cartão partidário e seus legítimos acólitos.

Em diversos e dignos representantes desses ideários encontramos um determinado nível de abstração concreta e, enfim, tanto de um lado como do outro há o paradigmático sorriso pepsodent.


Nota final: Obviamente que todas as forças partidárias visam conquistar o poder, logo o Estado. As finalidades da conquista do Estado para um certo PS, BE e PC têm aparentemente outras finalidades: a conquista do Estado para o bem-estar colectivo. Há, no entanto, práticas ideológicas que contestam e clarificam o suposto bem-estar colectivo, nomeadamente quando este se reverte numa espécie de controlo asfixiante, aprisionando-se a liberdade individual ao colectivo e, também aqui, as consequentes preversões entre a conquista do Estado e os benefícios dos privilegiados mais iguais ("há porcos mais iguais que outros", Orwell dixit).

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domingo, setembro 13, 2009

Canções.Mais.Que.Imperfeitas@28

Já deram muitas voltas mas esta continua a ser uma das minhas preferidas.

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sexta-feira, setembro 11, 2009

Oui, chéri, c'est vendredi


Muse - Uprising
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quinta-feira, setembro 10, 2009

Os cónegos do mercado e a via láctea

E se de repente um daqueles defensores acérrimos da liberalização dos mercados, flexibilidade e desregulação do mercado de trabalho fosse confrontado com a diminuição do seu ordenado em 20,6%? E se de repente ou aceita ou vai para o "olho da rua"?
Será que o cónego do mercado continuará a dizer que é o mercado em competição saudável, a mão invisível a dar uma ordem natural ao mercado de trabalho?
Será que continuará a dizer que são os trabalhadores que têm de regredir nos seus direitos, pois esta é a ordem natural das coisas, não temos senão que nos adaptar?
Será que quando for amigavelmente "expulso" do mercado de trabalho dirá, como os rapazinhos e rapariguinhas que são impelidos a saber o livro religioso de cor e a morrer pela causa, que terá à sua espera, no céu, uma vida cheia de conforto e não uma mas bastantes mais vidas púdicas?
Um defensor acérrimo do mercado é um fundamentalista como outro qualquer, a causa cega-o, as vítimas são um meio, os fins? Bem, entre a (ir)realidade e a hipoteca.

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quarta-feira, setembro 09, 2009

Morrissey

Em Paredes de Coura (2006)
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terça-feira, setembro 08, 2009

avante - momentos seleccionados...

... numa selecção muito pessoal

Documentário sobre Fernando Lopes-Graça no auditório do Pavilhão Central: muito interessante pela vida e pela obra, pela música, pela importância de uma arte instruída e consciente de si mesma.

O plano tecnológico - esse bicho papão! - no espaço de debate do Pavilhão Central: e porque quem lucra são as empresas e as operadoras, e porque não se potencializaram os recursos já disponíveis, e porque se descurou um plano formação adequado, e porque e porque e porque...

Clã no 25 de Abril: graaaande concerto por uma grande banda! sem desmerecer nenhum dos restantes músicos, a energia e a entrega da Manuela em palco é meio concerto ganho.

A história da gaivota e do gato que a ensinou a voar no Avanteatro: a beleza do teatro de marionetas para uma plateia de crianças e adultos atentos a palavras e movimentações, com momentos divertidos e emotivos, transmitindo sempre uma mensagem da amizade e perseverança.

O Auditório 1º de Maio: um óptimo local para se passar a tarde, num ambiente mais intimista ao som do jazz, do fado, das cantigas, do blues,...

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No esbanjar é que está o ganho

Até há pouco tempo era frequente encontrar os eurodeputados portugueses em classe económica nas viagens entre Portugal e Bruxelas ou Estrasburgo. Seria uma forma de os parlamentares estarem mais próximos do “povo”? Nem por isso. É que mesmo viajando em económica e pagando a tarifa mais baixa, recebiam posteriormente do Parlamento Europeu (PE) um montante correspondente ao bilhete mais caro nessa viagem, podendo meter ao bolso a diferença. O que era uma forma simpática de arredondar o fim do mês.

Mas isso acabou com a entrada em vigor nesta legislatura do novo estatuto dos deputados PE que, além de criar um salário único, procura tornar mais transparente o sistema de reembolso de despesas. Uma das formas encontradas, qual ovo de Colombo, foi passar a pagar aos deputados o montante exacto que gastem nas viagens (parece elementar, mas foram necessários anos e anos para fazer os eleitos europeus aceitar esta alteração).

E agora é ver os eurodeputados portugueses todos a viajar em primeira classe. O Correio Preto confirmou que PS, PSD e PCP já efectuaram o confortável upgrade. Do CDS não há notícias, mas é de esperar que imitem os anteriores. A excepção é o Bloco. Na passada sexta-feira os três eleitos do partido fizeram a viagem entre Bruxelas e Lisboa em classe económica. Falta saber se é por opção ideológica ou se ainda não estão a par das mudanças no sistema de pagamento das viagens.

In Correio Preto, pelo Daniel Rosário
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segunda-feira, setembro 07, 2009

Racionalidade só há uma, mas a irracionalidade pode tomar muitas formas*

Para compreendermos a actual normatividade político-económica-social urge ler a Bíblia e os ensinamentos dos profetas. Está lá tudo. A cegueira que conduz à falsa verdade, a arrogância, autismo e a crença na virtude e autoridade reputada.
Há que desconfiar do cinismo e sarcasmo de determinadas figuras públicas e de como as suas soluções tão honestas, frontais e politicamente incorrectas são oferecidas como oportunidades derradeiras. As suas hipóteses e a sua pretensa neutralidade oferecem-nos todo um programa de pensamento e, em contraposição, um leque de alternativas. A pergunta que me surge amiúde para perceber o alcance da retórica política é a seguinte: esta prosa "bem aviada" beneficia quem? prejudica quem?. Vivemos tempos onde dificilmente descortinamos o sagrado do profano e vice-versa, daí que tenhamos de nos dar ao luxo de pensar.
A mistificação construída pelas ideologias em torno de determinados modelos político-económicos-sociais, não deveria compadecer-se com procissões de fé, com santinhos nos andores e tudo. Pois todos sabemos que tanto o mercado, como o Estado, como a sociedade em geral são compostos por indivíduos e por muito que os crentes defendam a sua como a solução virtuosa, todos sabemos o quanto o ser humano é mais ou menos corruptível para tal basta estar no momento certo na hora certa.
A maior parte dos políticos deram mostras de pouco terem aprendido com a presente crise, já para não falar nas anteriores. Mas entre as diversas (ir)racionalidades do momento e as nossas há, felizmente, outras (ir)racionalidades que se nos oferecem. Para fazer face ao actual contexto editorial da maior parte dos meios de comunicação social deveremos ler a informação de forma cruzada, para que se perceba o que está realmente em causa. Isto se estivermos mais ou menos interessados em perceber o que se passa à nossa volta, caso não estejamos há sempre a usual burocracia e regulamentação mental oferecida, de forma bastante acessível até, pelas ideologias. O objectivo é afinal a desburocratização do pensamento e a busca de soluções alternativas.
O pensamento mais irónico que me ocorre é que no meio de tudo isto tais soluções alternativas serão provavelmente as pretensas verdades inquestionáveis do futuro, o que prova que contrariamente ao que vaticinou Fukyama a história da humanidade não chegou (nem chegará) ao fim.

* - Sérgio Rebelo Expresso, Caderno Economia, p.3, 3.ª coluna, “Como é que a teoria económica vai sobreviver?”. Afirmações como esta são de uma fé incondicional na razão Universal, como única detentora do saber. Ora tal argumento está tão discutido que custa ainda ler estas afirmações na comunicação social. Há só uma racionalidade? Valha-nos Nossa Senhora das Necessidades!

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domingo, setembro 06, 2009

Canções.Mais.Que.Imperfeitas@27

Cá por mim continuo a acreditar que os sonhos, os ideiais e as expectativas de esperança são os faróis da humanidade.

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sexta-feira, setembro 04, 2009

Asfixias Democráticas


Paga o justo pelo pecador?

José Sócrates disse esperar que o PS não venha a ser penalizado eleitoralmente pelo estupidez da administração da TVI ao cancelar o Jornal Nacional apresentado por Manuela Moura Guedes. Pois eu temo que o PS venha mesmo a pagar pelo pecador.


José Medeiros Ferreira, Bicho Carpinteiro

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Desassossegos


Dos sonhadores de ideais – socialistas, altruístas, humanitários de toda a espécie – tenho náusea física, do estômago. São os idealistas sem ideal. São os pensadores sem pensamento. Querem a superfície da vida por uma fatalidade de lixo, que bóia à tona de água e se julga belo, porque as conchas dispersas bóiam à tona de água também.

Bernardo Soares, O Livro do Desassossego

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Madrid



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quinta-feira, setembro 03, 2009

Regresso ao lar

O tema "família" é sumptuosamente propenso à criatividade ideológica.
Se uns o reinventam como o regresso aos velhos valores, cinzentismo, conservadorismo e outras etiquetas de circunstância política, outros contra-atacam reinventando o argumentário da procriação, prolongamento da espécie, partilha de um espaço comum, educação dos mais jovens, contribuição para a reprodução social e rejuvenescimento da população.
No entanto a família permanece como um local de pertença, parentesco, convivência em comum, partilha de um espaço (ou não), com estados civis distintos, com ou sem filhos.
Nas famílias coabitam pessoas, mais ou menos progressistas, conservadoras, entre outras soluções criativas encontradas para se comungarem afinidades, laços e alargarem responsabilidades (ou não).
Há famílias de todas as espécies.
A velha família tradicional, famílias homossexuais, famílias monoparentais, famílias sem e com filhos, entre outras.
Todas as famílias são perfeitas até ao momento em que os seus elementos mais novos começam a construir um espaço próprio, por vezes em absoluto desacordo com os valores ideológicos dos pais, por vezes em profundo acordo, por vezes tentando encontrar um norte na desorientação em que se encontra a família, enfim tantos os casos quantos os contextos.
Nenhuma família é perfeita, uma vez que a imperfeição é amiga de caminhada das cretinices e inventividades.
À partida o único elemento de convergência em todas as famílias é a necessidade de os seus elementos se adaptarem à vivência em comum, logo cedência de espaço, afinidades, ideias, etc.
Há quem gostasse muito de prolongar a espécie mas sem as maçadas de partilhar um espaço, coabitar ideários, indigestões, humores extravagantes, etc., daí que resolva partilhar o espaço com alguém sempre pronto a ouvir e incapaz de discordar: o animal de estimação de circunstância.
Há histórias rocambolescas e dignas de constar em qualquer cardápio interpessoal: do namorado francês que chega a casa e espera que a comida lhe caia no colo, ao namorado belga que não come para não ter que pagar a conta, até ao namorado que convida para jantar e resolve partilhar a conta, isto após dias de férias reconfortantes à custa da(o) tansa(o) do costume.
Enfim, os contextos e as contradições são tão ilimitadas quantas as (in)capacidades do ser humano se transformar num modernaço no verdadeiro sentido da palavra, com coerência e tudo.
Em muitos lares ocidentais, alguns progressistas, bastante progressistas até, continuam a recrear-se velhas formas de vida em comum. Uns consideram que os rapazes não devem partilhar as tarefas caseiras, outros consideram que as raparigas estão cá para serem servidas, uma vez que a escravatura feminina já acabou. O caixilho é o mesmo educam-se pessoas, cuja noção de família é simples e eficaz: meu caro/minha cara, se alguém tem de cuidar da casa, roupa, filhos, pais, sogros, etc. essa pessoa não sou certamente eu.
Nos dias de hoje podemos viver em família, sós, casados, em união de facto, apenas juntos, apenas porque nos apetece ou outras e mais variantes.
Sinceramente, cheguei à brilhante conclusão que a maior parte dos políticos continuam a olhar para a sociedade com lentes desfocadas, daí que seja muito interessante vermos ideologias tão aptas a defenderem a liberdade individual e a decidirem regulamentar que apenas uma família deverá ser igual perante a lei, enquanto outros tentam regulamentar as formas progressistas e modernaças de se ser família.
Parece-me bastante óbvio que um político deverá defender a sua visão de família, educação, saúde, … é importante que o faça pois os eleitores demarcarão assim a sua escolha.
Contudo, é também importante colocarmos uma questão: a família teve ou não necessidade de se adaptar à realidade dos tempos?
A regulamentação de um país deverá adaptar-se (ou não) às formas de família dos seus habitantes?
Esta pergunta tem como pressuposto duas regras civilizacionais: a liberdade de escolha individual, eu enveredo por um determinado tipo de família, e a igualdade perante a lei, isto é a família a, b, c, d, … tem tantos direitos e deveres como os outros tipos de família.
Ou será que a liberdade individual se circunscreve a um determinado ideário ideológico?

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E depois da Tempestade… o Tsunami

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quarta-feira, setembro 02, 2009

I'LL ALWAYS KNOW WHAT YOU DID LAST SUMMER

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terça-feira, setembro 01, 2009

Ao que parece...

As duas crónicas de José António Saraiva n’O Sol de sexta-feira, ao que parece só os grupos económicos ligados a um determinado ideário ideológico têm direito a ser donos da imprensa em Portugal.
A crónica de Boaventura Sousa Santos na Visão da semana passada, ao que parece a esquerda só se pode renovar com o Bloco.
O artigo do caderno principal d’O Expresso de sábado passado sobre o destino do lixo tecnológico dos países ricos, ao que parece chamam ao Ocidente civilização.
As limitações das lentes ideológicas olharem para a realidade, confirmada após leitura intensiva de algumas mensagens inseridas nos blogues Jamais e Simplex, apoiantes e contra-apoiantes com propensão para um certo apoio a outros. Ao que parece é sempre bom mantermos uma certa imparcialidade e distância em relação aos partidos e votarmos tendo a noção que os mesmos albergam nas suas hostes doses necessárias de cretinice humana. Sim, na hora da verdade iremos com uma velha dúvida que poderá transformar-se numa velha certeza: serei o maior “lorpa” de Portugal?

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