domingo, abril 30, 2006
sábado, abril 29, 2006
Choque Ideológico
Dancemos no Mundo
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
[...]
Sérgio Godinho, "Dancemos no Mundo" (2000)
Hoje - 29 de Abril - é Dia Mundial da Dança! Dancemos, então, gozando o reconforto que dão "dois pares de sapatos", a libertação que dá apenas um ou a extravasação que dão uma montanha deles todos juntos!
Algumas questões:
- Porque é que os rapazes "não podem" ir para o ballet?
- O que faz numa discoteca aquele pessoal que se encosta de copo na mão batendo o pé ao som da música, mas muito ao de leve, não vá alguém reparar?
- Porque é que as crianças podem dançar no passeio sendo até divertidas e os crescidos não o podem fazer sem passar por tolinhos?
Portugal: vende-se barato
Refiro-me nomeadamente à questão dos "centros de decisão". Assumindo à partida que o governo não está disposto a vender o controlo das empresas do sector público a empresas estrangeiras, teme-se que as empresas estrangeiras venham a comprar as empresas privatizadas mais tarde quando o Estado já nada pode fazer.
O que fazer?
Muitos têm defendido que a longo prazo o melhor será liberalizar os sectores estratégicos da economia. Para tal o Estado deveria começar por regular pela via legislativa os referidos sectores estratégicos por forma a evitar monopólios e só depois proceder às privatizações.
sexta-feira, abril 28, 2006
Decadência blogosférica ...
Convite: Apoptose Suburbana
O Bruno Ferreira, um dos Bloggers desta casa, é o vocalista desta nova banda.
O evento terá início às 22h e terá continuidade com o som de um DJ convidado.
Entrada : 2 suburbanos (valem 2 cervejas ou 1 bebida branca)
A NÃO PERDER!!
Apesar
Não sei se rir se chorar... a rir
Foi você que pediu... uma Central Nuclear?
Continuo a dizer que a opção pelo Nuclear não pode ser desconsiderada. Mas não consigo evitar pensar que, com mais umas coisitas destas talvez resolvêssemos o problema.
Mamã, eu quero um maninho!
A revista Certa revela, no seu número de 25 de Abril a 7 de Maio, com honras de primeira página que "Aos 48 anos, Sharon Stone, [é] mãe de dois rapazes."
O Efeito Laranja
"O Efeito Laranja" procura abordar o problema da disfunção eréctil de forma divertida. Mas isto de tratar assuntos sérios a brincar é complicado... e eu acho que não resultou muito bem... O tema presta-se à piada fácil (que solta aquelas gargalhadas maliciosas), mas havia que chegar às partes sérias (que faziam cair um silêncio sepulcral sobre a plateia): "há 500 mil portugueses com o mesmo problema", "não falei contigo porque tive medo da tua reacção",... Ora o que aconteceu, foi que estas seriedades e aquelas comicidades não formavam um todo homogéneo. Faltou um pouco mais de subtileza a ligar os dois extremos! Eu não digo que não teve algumas piadas mais subtis e mais ingénuas, mas falhou a dosagem.
Em palco, quatro divisões: o escritório, a sala de casa, o consultório psicológico e o bar. Achei engraçada a ligação entre cenas por meio de uma projecção que mostrava o que se passava fora das quatro divisões em palco. E os actores (apesar de alguns problemas com os microfones) estiveram bem (uns mais do que outros!): Rita Salema, Marcantonio Del Carlo, Patrícia Tavares, Helena Laureano, Carlos Areia e o grande Nicolau Breyner!
Em cena no Rivoli Teatro Municipal (no Porto) até domingo (dia 30 de Abril).
Blog art
Reparo que a blogosfera nacional está mais ilustrada. Reparo e percebo. No início destas minhas andanças, raramente usava imagens. A partir de dada altura, um pouco por sugestão, um pouco por experimentar, um pouco por sei lá o quê, passei a usá-las abundantemente. Em cada "post" a imagem pode explicitar, contradizer, amplificar, clarificar ou obscurecer o texto. Depende do leitor. Aliás, na blogosfera, tudo depende do leitor.
Estou muito preocupado!
Começam a haver sinais que as pessoas já perceberam que eu sempre percebi que não é bem assim. Este pessoal é rápido comó caraças.
Estou muito preocupado!
Agora só falta acabar com a treta das postas à trave. Milagres é o que é ...
quinta-feira, abril 27, 2006
Leitura alternativa
http://www.forum-nacional.net/
Uma sugestão do «The Braganzzzzza Mothers».
Quando a esmola é de mais a santa desconfia
Do outro lado da linha uma recente aquisição na lista de amigos.
O convite é quase intransigente para comparecer na sua casa.
"Agora que somos amigos, vamos beber um café, conversar"
Automaticamente, e como qualquer fêmea bem treinada, fiquei com a pulga atrás da orelha.
A pergunta é só uma... Permanentemente nos queixamos que a vida não nos corre bem, que ninguém nos liga, que somos uns pobres coitados sem sorte no amor e muito menos no jogo... Quando a amizade (ou qualquer coisa mais) se nos estende aos pés, fechamos-nos em copas e desconfiamos das intenções...
Mas dá para perceber???
Lendo jornais / blogues / papéis / caixas de comentários / pichagens (TM)
Nuclear ? É um bicho de 7 (sete) cabeças ... não queiram ....provoca muito efeito de estufa ..liberta muito Co2 na atmosfera .. rebenta com a facilidade de uma bombinha de carnaval.. é péssima para Quioto..Quioto ? Quioto que se foda ...
Bom mesmo são as centrais limpissimas de queima de combustiveis fósseis , que cada vez são mais baratos , não lançam CO2 na atmosfera , e Portugal tem a rodos ...
Afonso Henriques comentador clássico do Blogue de Esquerda II, do tempo em que eu ia abanar o capacete à Electric ballroom em Londres sem sequer saber o que era um blogue.
Digam lá que eu não dava um bom primeiro-ministro, se tivesse mais tento na língua ...
Passe a redundância:
nuclear, essencial
Que não está no programa, é indesmentível, e já não há volta a dar, contudo, posso levantar algumas dúvidas quanto ao facto de não estar na agenda do governo. Em primeiro lugar, e como todos sabem, não seria a primeira vez que José Sócrates mente descaradamente. Já sei! Já sei! Passe nova redundância, já sei que muitos de vós votaram nele, mesmo sabendo que ele estava a mentir. Também, já sei, que há até quem considere isso normal e patriótico. Tudo bem… desde que vi um porco a andar de bicicleta, pouco mais haverá o que me possa surpreender; porém, caso esteja mesmo a falar verdade, resta-me a remota esperança de ainda ver o assunto a ser incluído na dita agenda, num futuro bastante próximo.
O seu à sua dona
"A forma como tu escreves nos blogues tem uma coisa muito interessante: vives dos recortes e dos postais curtos! ;)"
Em boa verdade a alma mater do recorte aqui no GR é a própria Sabine, recortes todos fazemos ou fizemos aqui, mas ela é uma das raríssimas pessoas na blogosfera portuguesa que tem a honestidade intelectual de incluir nos posts que escreve pela própria pena a sua inconfundível bússula.
(re)publish your blog (index only): elas (e eles)
Sacrilégio.
Lendo jornais / blogues / papéis / caixas de comentários / pichagens (TM)
"Está-se a testar a teoria que concebe uma mudança cultural através da mudança de regime político imposto por um poder bélico exógeno. Por várias razões, o Iraque apareceu como o palco ideal para essa experiência." [texto original do Valupi]
Mudança cultural ? Está-se a referir a quê ? Ao massacre de 150.000 iraquianos ? às torturas, violações, e execuções sumárias de dezenas de milhares nos gulagues tipo Abu Ghraib, onde ainda hoje jazem 20.000 patriotas ? Ao dilúvio de fogo e de fósforo branco sobre Fallujah, Al Qaim e Tal Afar ? "Mudança cultural" ? Soa a cínico eufemismo nazi, tal como "a hegemonia benevolente do Império" ou o "excepcionalismo americano"... entre outros slogans neocons e nazi-bushistas [termo jurídico]. Com que intelectualóides ex-esquerdalhos e compulsivamente deslumbrados pelos lunáticos assassinos de turno gostam de sonhar. Uns grandes filhos da puta[tratar-se-á de mais um termo jurídico?], estes "valupis"...
Texto do Euroliberal nesta caixa de comentários do Aspirina B.
Vale a pena lembrar que este senhor ainda que sob a diáfana capa do anonimato admite ser magistrado do Tribunal Penal Iinternacional de Haia.
É preciso topete para dizer algumas das coisas que este Euroliberal diz.
O Primeiro Dia
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebem-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos a memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
[...]
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se come-se se alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
[...]
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
[...]
Sérgio Godinho, "O Primeiro Dia" (1978)
Aqui estou! Depois de, a princípio, espreitar da rua em silêncio e de, então, me sentar à mesa para comer, aceito, enfim, o desafio de também colaborar na confecção da refeição. Não tenho muito jeito para a cozinha, mas espero que vá dando para cobrir a renda da casa. Quanto ao senhor que entrou comigo hoje, aviso já que há-de, certamente, ser meu convidado mais vezes!
quarta-feira, abril 26, 2006
Na vida como na bloga, quem não domina a gripe das aves está quilhado com F maiúsculo.
Questões de género
terça-feira, abril 25, 2006
Filhos da época
e a época é política.
Todos os teus, nossos, vossos
problemas diurnos e nocturnos
são problemas políticos.
Quer queiras quer não,
os teus genes têm passado político,
a pele um tom político,
os olhos um aspecto político.
O que dizes tem ressonância,
o que calas tem expressão,
seja como for, política.
Mesmo passeando pelo campo,
dás passos políticos
em solo político.
Poemas apolíticos são também políticos
e lá em cima brilha a lua,
unidade que deixou de ser lunar.
Ser ou não ser, eis a questão.
Que questão, diz, querido.
A questão política.
Nem é preciso ser humano
para ganhar importância política.
Chega de seres petróleo,
ração composta ou matéria reciclavel.
Ou a mesa de debate,
cuja forma foi discutida meses a fio:
em que mesa se negoceiam a vida e a morte?
Redonda ou quadrada?
Entretanto pereciam os homens,
morriam animais,
ardiam casas,
tornavam-se os campos bravios
como nos tempos antigos
e menos políticos.
Wislawa Szymborska
in «Gente na ponte»
Comunicado: Novo elemento
A Cristina é do Porto, e a sua formação académica é em Matemática (Ramo Educacional). Embora a Cristina conheça bem a Blogosfera, esta irá ser a sua primeira experiência como Blogger.
Com esta contratação o «GR» ganha… mais um toque feminino (a juntar ao de MissM); mais alguma pronúncia do norte (a juntar à do Filipe); e engrossa a fileira das Ciências Exactas (com o Luís). Os nossos leitores habituais podem ganhar em pluralidade de opiniões e pontos de vista. O Raimundo e eu, esperamos ganhar mais matéria-prima para nos inspirarmos. :)
Bem-vinda Cristina.
Em compensação...
Os cravos e o camarão de Moçambique
E nem sequer ser fresco com a patinhas a dar, a dar.
Escutem o que esta senhora tem para vos dizer, ela sabe do que fala, deixou parte do coração em África, e neste post resolve de uma vez só o problema do Desenvolvimento e o da Descolonização.
Agora resolvam vocês o da Democracia.
a política e as revoluções
Diz-nos Karl Popper que o que causa as revoluções não é a busca de qualquer espécie de justiça, mas sim os conflitos de interesses e isto (ainda segundo Karl Popper) é já razão suficiente para as evitar. Essa é também uma boa razão para pensar duas vezes antes de mudar a lei. Antes que me caiam em cima, vale a pena relembrar que a revolução de Abril de 74 surgiu na sequência de um livro escrito pelo General Spínola defendendo o fim da Guerra Colonial: "Portugal e o Futuro".
É isso que é interessante no post do Francisco Bairrão, a defesa do jurista prudente.
Nessa matéria o caso inglês é paradigmático. Eles têm aquilo a que eles chamam uma constituição não escrita, e a sua muito amada magna carta.
É claro que a constituição deles está escrita, o que eles não têm é a nossa dualidade entre a constituição (texto fundamental) e a lei ordinária, com disposições muito específicas para a alteração da primeira. O que eles têm é a amada magna carta deles.
O que eles não contam às criancinhas deles é que a Magna Carta não surgiu à segunda feira de manhã porque o Rei João (esse fraco fã de Ricardo Coração de Leão e do Rei Artur) acordou com vontade de abdicar dos seus poderes (qual cavaleiro de pau), a Magna Carta surgiu porque os fidalgos ingleses (e só os fidalgos) quiseram criar um instrumento legal para mediar conflitos com o rei em sede de tribunal.
(Vale a pena ler o artigo sobre a Magna Carta na wikipedia)
(Eu não sou propriamente um especialista na matéria, se estiver a meter água o Francisco que me corrija)
[Vejam também comentário do Gabriel na sequência do qual este post foi ligeiramente editado]
Mais um post sexista sobre a escrita no feminino
E assim vai portugal
"Não se percebe o interesse do FC Porto em comprar o árbitro frente ao modesto Estrela da Amadora", argumentou o procurador.
Para quem não se recorda, a acusação baseava-se na prestação de serviços de caractér sexual dispensados por parte do FC Porto à equipa de arbitragem de Jacinto Paixão, mas para o procurador, os 150 euros que o serviço de prostitutas terá alegadamente custado, não seria um montante suficiente para ser considerado corrupção.
Palavras para quê??
Nada de novo
segunda-feira, abril 24, 2006
Traz outro amigo também
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
(Dedico este post ao meu amigo M., dedico-o também a seu pai que não conheço pessoalmente mas que segundo sei é uma das parteiras deste Abril que dura há 32 anos.)
Filosofias
O meu 25 de Abril
Não vale a pena insistirem. A luta contra o fascismo diz muito pouco aos nados, e criados, pós revolução de Abril. E, para as novas gerações, tornar-se-á cada vez mais evidente que o 25 de Abril de 74 pouco mais foi que uma operação de substituição dos fascistas no poder, por uma nova espécie de totalitarismo, escuso sob a capa da democracia.
Fantasias de um blogger desocupado a esta hora da manhã
Embora esteja disposto a dar um braço (ou dois) para saber o conteúdo daquela "caixa de correio", acredito piamente que o mais ilustre blogger português tem jogo de cintura para muito mais do que aquele jogo à distância.
[Quanto ao "blogroll" fique o Pacheco Pereira descansado que eu percebo perfeitamente porque é que ele o dispensa. Aliás essa decisão do Pacheco Pereira tem a virtude de provar que a blogosfera por enquanto ainda é um bocadinho mais do que um conjunto de listas de links, o que é excelente.]
Bom dia!
domingo, abril 23, 2006
Pensando
Mais problemas epistemológicos
Consta que nessas noitadas um dos habituais entretens eram as famosas cartadas, quis o destino que um dos habituais jogadores fosse cego de um olho, para além disso esse jogador tinha o estranho hábito de adormecer a meio dos jogos de cartas.
Consta que certa noite o tal jogador, já bem bebido, adormeceu a meio do jogo. Chegada a sua vez um dos convivas por maldade apagou a luz e avisou-o que era a sua vez de jogar. Meio ensonado, no meio da escuridão, abriu os olhos e exclamou:
- Ai, minha santa mãezinha, queres ver que ceguei do outro olho!
Liberalismos: O Pai da Pátria
Lisboa, 27 de Novembro de 1822
Fonte: BN
Feng Shui
No entanto, estou bastante preocupado. Talvez seja melhor arranjar, urgentemente, um link, para preencher o espaço entre os dois. Tenho receio que façam faísca e que nos incendeiem o blogue.
O anonimato: abordagem epistemológica
Queria em primeiro lugar fazer dois esclarecimentos:
1) Sou um defensor assérrimo do uso do anonimato na internet. Que o seu uso levanta problemas todos sabemos, mas na maior parte dos casos esses problemas são facilmente resolúveis para um blogger experiente. [...]
2)Aquilo que eu pretendo aqui discutir não é o uso de "nicks" ou "pseudónimos" [termo mais pomposo] nas caixas de comentários, essa é uma pratica que aqui sempre foi acarinhada (ver ponto 1).
O problema que me preocupa e que se vem agravando aqui [lá] no tasco é o uso de comentários anónimos sem qualquer espécie de "pseudónimo". A coisa é complicada de gerir, porque mesmo com as ajudas do statcounter e a análise do conteúdo e do contexto dos comentários é difícil de identificar quem é quem e de responder adequadamente. Acreditem que mesmo quando os comentadores são identificados por um pseudónimo ou nome já me é difícil responder a alguns comentários, porque este [aquele] é um blog com um público pequeno mas muito diverso e há várias sensibilidades que têm que ser acauteladas.
Dito isto queria terminar com duas notas finais:
1) Julgo que foi Kasparov que se iniciou no mundo do xadrez jogando apenas com peças negras, nesses jogos ele tinha que identificar as peças dos dois jogadores de memória. O exercício epistemológico é interessante sem dúvida.
2) Não tenho a mínima intenção de "proibir" o tipo de comentários que aqui critico, porque eles são dados a pérolas muito especiais, passo a citar a minha favorita bem no fim de um comentário não identificado "não sabes quem sou?!sabes, sabes, sou..........ninguém." [...]
3) [Note added in print] A respeito desta última citação queria sugerir a leitura deste post do Filipe. ;)
Coisas que me irritam solenemente
Is there a manager?!
Banho de água fria (TM): Em boa verdade, e embora esta frase me continua a irritar, admito que há por aí muita loja onde os empregados podiam pôr muito mais esmero na sua tarefa ... Para mais esclarecimentos: daysofangst_at_hotmail_co_uk
sábado, abril 22, 2006
Discursos
O estado de direito democrático não chega
Exijo mais. Exijo que leiam Kafka. E eu li muito pouco.
[Kafka traz-nos o lado mais negro da condição humana. Isso não é necessariamente mau, porque o lado negro da condição humana é inevitável. Importa conhece-lo, e nesse processo Kafka pode ser muito útil.
Com um pouco de sorte (e muito trabalho), esse conhecimento permitir-nos-á não só defender-mo-nos dos outros, como defender os outros do nosso lado mais negro.] Adiante.
Voltando à vaca fria. Kafka remete-nos para aquilo que pode ser feito, usando como objecto o estado de direito democrático, e importa tomar consciência disso. Com um pouco de sorte esse conhecimento permitir-nos-á defender os outros do nosso lado mais negro.
Uma das forças do nosso estado de direito é justamente haver dentro dele quem se ria de Kafka. Ou melhor, quem se ria com Kafka.
Entretanto há boas razões para estar contente: o estado direito democrático em Portugal é forte e está de boa saúde. E já não é pouca coisa.
Neutralidade relativamente aos interesses? Coragem?
Será que que a neutralidade relativamente aos interesses existe verdadeiramente? Penso que não. Qualquer indivíduo tem quase por definição interesses próprios. Nesse contexto, em que medida é que a coragem pode ser considerada por si só uma virtude?
Relacionada com esta questão, surge-me outra mais institucional. A ERC devia ter responsabilidades ao nível do controlo da actividade dos bloggers? Penso que sim.
Aquilo que eu defendo aqui não é a criação de uma espécie de "PIDE" moderna para controlar os blogs políticos. Acho que ao nível da política geral, não há razão para ter grandes receios, não encontro por aí muitos bloggers com intenções "subversivas".
Ao nível dos blogs criados para discutir uma actividade específica a situação parece-me mais complicada. Por um lado acho que deve ser garantido ao cidadão o direito de manifestar os seus interesses - esse é no meu entender um dos vectores essenciais da liberdade de expressão. Por outro lado é preciso garantir que a blogosfera não se transforma num espaço de decisão sobre matérias do interesse público, no meu entender isso seria errado porque o bloging é uma actividade muito pouco regulada e difícil de regular; para verificar que este é um risco real basta verificar a quantidade de microcausas que surgem todos os dias.
Ainda relativamente à questão que levanto no último parágrafo queria ser um pouco mais específico. Para mim é óbvio que no meu ramo de actividade há entidades que procuram observar e comentar o que é feito na blogsofera. Acho isso legítimo e até desejável, o que me parece necessário assegurar é que esse controlo é feito em nome do interesse público - seja lá isso o que for. E no meu entender definir aquilo que é o interesse público na minha área de actividade (a ciência) é das coisas mais difíceis que existe, é uma questão relativamente à qual estou longe de ter ideias fixas. Acho que é uma questão que merecia blog próprio.
Bússola (TM): http://daysofangst.blogspot.com/ (4/9/2006) (Entretanto a minha posição sofreu alguns ajustes, mas o essencial está lá.)
sexta-feira, abril 21, 2006
Al-Quds, as Jeans do muçulmano moderno
Segundo faz constar no seu site, a empresa que comercializa a marca garante que as Jeans têm um corte bastante cómodo, para facilitar a oração. Presumo que as costuras em linha verde (cor sagrada do Islão), e o bordado Al-Quds, em árabe, também sirvam para alguma coisa.
Um bom exemplo para as nossas, quase falidas, empresas têxteis seguirem.
Querem ver?
Míuda, fui agora fumar um cigarro à varanda e está mesmo frescote.
[Ainda estou pasmo com a escolha da expressão "mesmo frescote"]
B.: Este tipo de post deve muito ao Vasco M. Barreto ;)
Adam Smith explica
A estratégia do JPP é bem clara: usar a assimetria de meios para defender uma posição privilegiada. Privilegiada a priori e a posteriori.
De resto nesse contexto o Álvaro-Cunhal-metáfora é a metáfora perfeita. Já o disse nesta caixa de comentários a este post do Bruno S. Martins [felizmente, para a vossa paz de espírito, aqui o haloscan teve a bondade de não me aparar o golpe]. Os Oliveiras-Salazeres-metáforas estão aí, em todos os ramos de actividade. E sim também incluo a academia nisso. E sim, bem sei, que por mais que queira não posso lavar as minhas mãos inteiramente disso - e já sofri muito para ter as mãos tão limpas quanto me é humanamente possível. Lembras-te da minha sequência de posts sobre a insustentável leveza do ser? (Os posts dessa série estão quase todos apagadinhos - lá está, é a gripe das aves). Na altura, já conhecia o Kundera, mas ainda não conhecia o teu blogue, aliás acho que foi a esse propósito que lá fui parar.
No fundo o JPP continua a ser o Marxista que sempre foi, porque nisto dos Marxistas também os há de direita. E nós bem sabemos como (e porquê) o tempo molda as pessoas e as suas ideologias.
Bebam um whisky (ou um Vodka Polaco) por mim que eu bem preciso.
Agenda: Weblogs, o Autor/Editor
Hoje, 21 de Abril, às 18h30, na Biblioteca Municipal Central – Entrada livre
Com a participação de:
- Francisco José Viegas , Origem das Espécies
- Catarina Campos, 100 nada, Sociedade Anónima.
- João Villalobos, Prazeres Minúsculos
- Rui Branco, Adufe
- Ana Cláudia Vicente, Quatro Caminhos
A moderação fica a cargo de Miss Pearls
Temas em discussão:
- A dicotomia autor/editor e a questão da validação dos conteúdos;
- Novos caminhos da informação e de debate;
- O uso integrado das tecnologias ao serviço da criatividade;
- O uso de blogues na educação e no desenvolvimento do gosto pela escrita.
Promete...
quinta-feira, abril 20, 2006
As couves e as alforrecas do JPP
«E não é só na literatura, mas no mundo “cultural” no sentido lato, agora muito colado ao entretenimento, onde também há dadores de emprego, grupos de interesses, jogos de editoras, produtoras, programas de televisão, encomendas e serviços?».
De que é que esta citação é sintomática? De uma deslocação discursiva de todo surpreendente. Porque, se lermos com atenção, Pacheco Pereira está de facto a falar do funcionamento da indústria cultural: entretenimento, emprego, editoras, produtoras, televisão, encomendas e serviços. Mas, curiosamente, esse parece ser o recalcado de um discurso que, prima facie, nos dá um exemplo supostamente esmagador das bondades da hermenêutica da suspeita quando aplicada ao mundo da cultura: «Vejam como por baixo do suposto angelismo da arte está o compadrio!». Ou seja, e seria a nossa vez de esfregar, incrédulos, os olhos, no momento crítico o liberal em Pacheco Pereira acaba por recalcar o mercantil em favor do moral. Porque, com franqueza, nada há aqui que devesse escandalizar um bom liberal, já que tudo está assaz escancarado: «Eis o mercado, na sua verdade e bondade congénitas!», esperaríamos nós que o autor tivesse antes dito, em sonora conclusão. Mas em vez disso, imagine-se!, calha-nos um sermão. Porque Pacheco, que se bate por que o mundo da cultura se reja por esta lógica crua e nua, acaba por nos denunciar… o trabalho de uma mãozinha oculta. Lembram-se dessa senhora? Pois desenganem-se, que não é dessa que ele fala. Essa opera de facto às escâncaras no texto de Pacheco Pereira, mas sem que ele, como é manifesto, a reconheça. A mãozinha oculta que ele nos recorda, de dedo em riste, é antes a dos «meandros» do mundo da cultura… Nós à espera do realismo do mercado, e Pacheco Pereira a atirar-nos com resquícios de moral católica. Ora bolas, Adão Silva!
Se articularmos isto com a última frase de Pacheco Pereira - «Onde é que eu posso ler sobre isso? Em sítio nenhum. Só vejo exercícios de elogios mútuos, protecções de grupo, reputações que se sustentam em amigos e não em livros, trabalho, obra.» -, aonde é que ficamos? A meu ver, no sítio de onde, na lógica do autor, nunca deveríamos ter saído (mas onde ele mesmo, como vimos antes, não se consegue manter sem resvalar para o sermão): no mercado. Porque na verdade o que Pacheco Pereira faz é uma pergunta platónica pura: «Aonde posso eu ler a denúncia de um mundo que é só sombra e ilusão? Um mundo em que a ilusão substitui a verdade do trabalho e da obra? Um mundo, por isso, ontologicamente falso?». Se Pacheco Pereira não pode ler essa denúncia em lugar nenhum, então isso só pode significar (i) que a crítica não existe. Mais importante, porém, é perceber que (ii) justamente porque a crítica não existe – aquilo a que entre nós se chama crítica é, afinal, apenas ilusionismo – o único critério de verdade para trabalhos e obras é, só pode ser, o mercado, essa versão profana da «coisa em si». Percebemos enfim que as perguntas de Pacheco Pereira pela crítica, como a sua indignação ante o compadrio, são apenas e só retórica agonística: a retórica de um liberal que pessoalmente se dá muito bem com o mercado (e que se reinventa mediaticamente todos os dias); mas que estranhamente, como vimos, quando lhe convém atacar o campo da cultura, recalca a mecânica do mercado em benefício de uma moralidade avulsa.
Até porque, se a creolina do mundo da cultura é o mercado, o qual nos reconduziria à verdade desmistificada daquela, então a crítica, enquanto mediação, é de todo dispensável. O mercado, na medida em que é uma redução fenomenológica das brumas da cultura, é uma entidade dotada de suficiente auto-consciência. É um quase-transcendental que «faz encomendas» e assim faz mundo (um mundo, que Pacheco Pereira tende a confundir com o mundo). O nome último e feliz dessa auto-consciência, no momento em que «vem publicamente a si», é marketing. Mas isso, não preciso eu de explicar a Pacheco Pereira.
Para a alma mater da blogosfera feminina portuguesa
Quem diz Margarida Rebelo Pinto diz JPG.
Comigo as couves e as alforrecas têm direito a tratamento igualitário.
Quanto ao JPP lá iremos.
A gripe das aves contra-ataca ...
Se conduzir, não ouça o «Convidado do Clube».
Ontem, também consegui sair do trabalho, mais ou menos, a horas. Mas, quando liguei o auto rádio e constatei que o «Convidado do Clube» era Manuel Monteiro, achei por bem inserir no leitor o primeiro CD que me veio à mão. É que eu sou de Direita, e bastante optimista… mas não gosto de abusar da sorte.
quarta-feira, abril 19, 2006
The Twilight Zone
Preço do barril de petróleo sobe 45% em 2005
Petróleo atinge novo recorde em Londres e Nova Iorque
Teixeira dos Santos pouco preocupado com aumento do petróleo
Cenário negro na economia portuguesa
Ministro desvaloriza relatórios de FMI e Banco de Portugal
Sócrates garante cumprimento de défice nos 4,6% em 2006
Portugal com o défice externo mais elevado do mundo desenvolvido
Portugal ascende ao oitavo lugar no «ranking» da FIFA
AR divulga hoje nome dos 103 deputados faltosos
Sócrates zangado com deputados
Alberto Martins (PS) propõe menos sessões plenárias
AR: rejeitada proposta de Conselho de Ética e de Conduta
Julgamento do processo Entre-os-Rios começa hoje
Entre-os-Rios: Cinco anos depois, o julgamento dos técnicos
Famílias querem políticos como arguidos
Quase metade dos vertebrados em Portugal estão em risco
O luto na infância
Em Novembro, faz dois anos que faleceu um dos meus tios mais queridos .
À data da sua morte, o pequeno Diogo, seu neto, deveria ter cerca de um ano e meio. O certo é que ainda hoje, reconhece o avô em fotografias, surpreendendo-nos a todos. Ao vê-las, pergunta-nos sempre pelo avô, como se este estivesse apenas ausente. A sua noção de tempo difere da nossa por motivos óbvios. Tudo é medido à razão do seu pequeno tamanho.
Na semana passada, apesar da fotografia ser bastante antiga, uma vez mais reconheceu o avô, e uma vez mais perguntou onde estava. Nestas alturas a tendência das pessoas é responder que está no céu. Foi o que fez a bisavó Laura. (...)
Quando os miúdos são de pacato feitio, ficam-se mudos e quedos com semelhante explicação. Mas se forem espevitados (como é o caso), a resposta, que para uns é suficiente, mesmo que não a tenham entendido na totalidade e as dúvidas persistam; torna-se motivo para um longo e não raras vezes, complicado questionário. Não é fácil explicar um conceito que nos é tão doloroso, a uma criança de três/quatro anos.
Passado algum tempo, não satisfeito com a situação, até porque é notório que tem saudades do avô, o Diogo resolveu apresentar à bisavó uma solução para a questão do avô estar "lá em cima" e dele não o poder ver - "Vó Laura, se a gente atirar uma corda, o vô Licas podia descer!"
O ar sério como que foi apresentada a solução, deixou sem palavras quem o rodeava. O que dizer a uma criança numa situação destas, sem ter de lhe apresentar a realidade amarga e dolorosa de se perder quem mais se ama...
A Hora da Literatura. Efeméride
Tot capita tot sententiae
Conquanto o referido comentário proceda de fonte desconhecida, sendo, por esse motivo, imputável a qualquer individuo – inclusive ao meu próprio ser –, a verdade é que como ando parco de inspiração, graças ao dito cujo, já usufruo de qualquer coisita sobre a qual posso dissertar – sem qualquer complexo calórico. É que, até àquele exacto momento – de confrontação com tão surrealista crítica –, só me aprazia garatujar sobre objectos oblongos confeccionados com os mais variadas coberturas de chocolate, por um qualquer experiente mestre pasteleiro.
Se bem que tenha uma especial predilecção por amêndoas cobertas com chocolate belga, na ausência destas, trinco qualquer outro tipo de amêndoa, com, ou sem cobertura – desde que seja comestível. Como, apesar de não apreciar amêndoas cobertas com chocolate branco, nada me mover contra os amantes desta casta, não consigo deixar de estranhar, sempre que alguém fica incomodado com os gostos de outrem.
De volta aos meus pretensos paladares musicais, como não me recordo de ter escrito nada no «GR» sobre o assunto, parece-me ser lícito deduzir, que o tal de anónimo, se estivesse a referir aos diferentes vídeos que insiro, diariamente, no topo direito deste blogue. Como já não é a primeira vez que se trata deste assunto nas caixas de comentários do «GR», aproveito para esclarecer os eventuais interessados, que os vídeos que intercalo diariamente no «GR» – há mais de 6 meses –, só excepcionalmente, reproduzem o meu, inusitado, gosto musical.
terça-feira, abril 18, 2006
Macabro ou educativo?
Translation: Sorry is the herdest word, and it is indeed (for me at least)!
segunda-feira, abril 17, 2006
Tela viva
O terrorista – ele observa
A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
Agora são treze e dezasseis.
Alguns terão ainda tempo para entrar,
outros para sair.
O terrorista atravessa a rua.
A distância salvaguarda-o do perigo
e pode observa tudo como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo – ela entra.
Um homem de óculos escuros – ele sai.
Jovens de jeans – eles conversam.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
O mais baixo – está com sorte, sobe para uma scooter,
mas o mais alto – ele entra.
Treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
Passa uma rapariga com uma fita verde no cabelo.
De repente, fica oculta por um autocarro.
Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Terá sido estúpida a ponto de entrar, ou não?
Logo se vê, quando retirarem os corpos.
Treze e dezanove.
Parece que mais ninguém quer entrar.
Em contrapartida sai um careca obeso.
Remexe os bolsos como se procurasse algo
e quando faltam dez segundos para as treze e vinte -
ele volta a entrar por se ter esquecido de umas reles luvas.
São treze e vinte.
O tempo, como demora a passar.
Está na hora.
Ainda não.
Sim, agora.
A bomba – ela explode.
Wislawa Szymborska
in «Wielka liezba»
Mais um entre tantos outros
É sempre violento quando uma vida é ceifada de forma tão abrupta.
Dá que pensar.
Não no nome e no mediatismo da vítima, mas sim em todos os outros que também morrem todos os dias nas estradas portuguesas.
O luto é diário, mas a inconsciência ultrapassa-o.
Ao cuidado do RIAPA
Tanta coisa para dizer que com o José Mário Silva estamos sempre a aprender.
domingo, abril 16, 2006
Ten*am m*ito cui**do c*m este senh*r
A propósito
Luis Vaz. Obviamente.
Camões ao alto, sobranceiro. Livros e espada em união perfeita. Melancólico, não triste; muito menos desassossegado. A seus pés, o Portugal dos séculos XV e XVI, a única época em que verdadeiramente fomos grandes, personificada nos homens que melhor a retrataram: Fernão Lopes, Zurara, Barros, Castanheda. Mais abaixo, nós.
Pre-Raphaelites II
William Holman Hunt
Shadow of Death
Oil on canvas, 1870-3
92.7 x 73 cm
Collection of Andrew Lloyd-Webber
sábado, abril 15, 2006
Direito à rectificação
Fantasias blogosféricas
sexta-feira, abril 14, 2006
Sena / Sophia
«Recentemente, recebi de Paris uma carta que me pedia manuscritos inéditos para uma exposição em que V., eu e o Cesariny representariam Portugal (creio que à escolha presidiu uma sábia e equitativa representação por sexos)». Adorável Sena.
Balanço comparativo final: das várias correspondências de Sena publicadas, esta é, juntamente com a trocada com Guilherme de Castilho, a menos interessante. Talvez porque Régio, Vergílio Ferreira e Eduardo Lourenço colocaram a fasquia demasiado alta.
Fora do mundo
A Páscoa no Algarve tem este efeito em mim...
Prometo voltar ao meu estado normal em breve...
Pre-Raphaelites
No quadro de Dante Gabriel Rossetti MissM conversa acaloradamente com uma amiga sobre o último jogo do Benfica.