segunda-feira, abril 24, 2006

O meu 25 de Abril






















Este ano, estou-me completamente a marimbar para as comemorações do 25 de Abril. Façam lá o que fizerem, digam lá o que disserem, 32 anos depois, o 25 de Abril não passa de uma mera comemoração geracional. Já nem sequer deve ser um bom dia para as floristas venderem Cravos.

Não vale a pena insistirem. A luta contra o fascismo diz muito pouco aos nados, e criados, pós revolução de Abril. E, para as novas gerações, tornar-se-á cada vez mais evidente que o 25 de Abril de 74 pouco mais foi que uma operação de substituição dos fascistas no poder, por uma nova espécie de totalitarismo, escuso sob a capa da democracia.
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10 Comments:

Blogger Pitucha said...

André
E tu só está aqui a dizer o que está a dizer porque um dia houve um 25 de Abril especial.
Ou estavas a ironizar e eu não percebi?
Beijos

segunda-feira, abril 24, 2006 8:36:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Olá Pitucha,

Realmente, e no meu timbre usual,poderia ser interpretado como ironia, mas, desta vez, não foi esse o meu intuito. O que eu quero dizer é que não contem comigo para *comemorar* o 25 Abril de 74. E, apesar do meu optimismo quase crónico, pelo andar, as gerações mais novas ainda terão menos para comemorar.

Claro... isto é a minha visão da "coisa".

Beijinhos

segunda-feira, abril 24, 2006 8:50:00 da tarde  
Blogger MissM said...

Segundo uma aluna de um qualquer liceu deste nosso Portugal, o 25 de abril foi o que pôs fim à guerra em Portugal e nos deu a paz...

segunda-feira, abril 24, 2006 9:44:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Pois é MissM,

Para outros é... um feriado religioso. :)

Contudo, gostaria de deixar claro, que nada me move contra o 25 de Abril de 74. Só que... o prazo de validade já se foi.

segunda-feira, abril 24, 2006 10:06:00 da tarde  
Blogger Woman Once a Bird said...

Tenho para mim que a memória não tem prazo de validade. A falta de é bem mais perniciosa.

segunda-feira, abril 24, 2006 11:53:00 da tarde  
Blogger Esplendor said...

Plenamente de acordo, com excepção da última frase. Totalitarismo? Só se evocares aqueles alegres tempos pós-1974, as prisões em massa sem culpa formada, os saneamentos vários (Ai, o nobel Saramago e o seu exemplar jornal 'República'!) ou as nacionalizações à força. O que deveríamos realmente feriar e comemorar era o dia em que nos livrámos dessa gentalha. Tal não será, por enquanto, possível porque o processo ainda decorre. E que dizer daquela Constituição claramente doutrinária? Se eu lá tivesse estado, também a não teria votado.

evva

terça-feira, abril 25, 2006 10:39:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Filipe:

Nesse aspecto o caso Inglês é interessante. Agora estou sem tempo, mas era uma coisa interessante sobre a qual poderia tentar escrever qq coisa com pés e cabeça. O "hard core" da constituição deles é a magna carta que é uma coisa muito pequena. De resto a distinção deles entre a constituição e a lei ordinária é muito diluida, e eles chegam a dizer que a constituição deles é uma "unwriten contitution".

Note-se que não estou necessariamente a advogar o modelo Inglês.

Bom feriado a todos

terça-feira, abril 25, 2006 11:32:00 da manhã  
Blogger André Carvalho said...

Cara Woman Once a Bird,

O problema não é falta de memória, no meu caso, é precisamente o oposto. Não tenho qualquer duvida que, passados 32 anos, o 25 de Abril de 74 serviu muito bem – até bem demais – os interesses de alguns. Contudo, para as novas gerações que não sabem – e ainda bem – o que é o fascismo, não pode existir memória de Abril, porque a geração que fez a Revolução, deixou-a apodrecer. O problema é que a geração de Abril parece querer impingir, à força, um peixe podre às novas gerações.

terça-feira, abril 25, 2006 2:47:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Viva Esplendor,

Quando me refiro ao novo totalitarismo, faço-o em sentido “semi” figurado. O poder político e económico dos dias de hoje também é devastador, e a justiça parece aparar todos os seus golpes. Foi efectuado um verdadeiro assalto aos cofres do Estado pela nova classe política, que detém regalias imerecidas, reformas milionárias e que se porta de formas pouco dignas. Basta ver o que se passa no nosso Parlamento e a política de jobs for the boys. Esta democracia protege, por todos os meios, os mais favorecidos e permite abusos inaceitáveis por parte dos detentores do poder político e económico.

terça-feira, abril 25, 2006 2:47:00 da tarde  
Blogger Esplendor said...

Plenamente de acordo, André. Sobretudo se evocarmos as avultadas reformas com que se auto-granjeiam esses brilhantes exemplos da nossa classe política. Em que outro país um director-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros passa à reforma com um montante superior à de um Embaixador? Mas daí até lhe chamarmos totalitarismo...

evva

terça-feira, abril 25, 2006 3:54:00 da tarde  

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