sexta-feira, abril 14, 2006

Sena / Sophia


Ponto prévio negativo: a bonecada, que, para além de infantilizar a obra, suponho contribua para o escandaloso preço de 22 euros. Adiante. Da obra em si, foi o que esperava: interessante, apenas. Confesso que a li mais por Jorge de Sena do que por Sophia, por quem, desculpem, nunca morri de amores. E a leitura confirmou-o. As cartas de Sophia são só bem escritas, e isso é o mínimo que se podia esperar. Apenas o picante das frases censuradas lhes acrescentam interesse. Sena, melhor. No fundo, nada de novo: queixas de que o seu imenso génio é incompreendido, que é vítima de cabalas, que os seus estudos ou a sua edição de Camões (que nunca chegou a aprecer…) vão revolucionar este mundo e o outro, etc. As Senices do costume, com a força que as tornam irresistíveis. Pequeno exemplo da sua malícia:
«Recentemente, recebi de Paris uma carta que me pedia manuscritos inéditos para uma exposição em que V., eu e o Cesariny representariam Portugal (creio que à escolha presidiu uma sábia e equitativa representação por sexos)». Adorável Sena.
Balanço comparativo final: das várias correspondências de Sena publicadas, esta é, juntamente com a trocada com Guilherme de Castilho, a menos interessante. Talvez porque Régio, Vergílio Ferreira e Eduardo Lourenço colocaram a fasquia demasiado alta.
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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

«recebi uma carta que me pedia manuscritos inéditos para uma exposição em que V., eu e o Cesariny representariam Portugal (creio que à escolha presidiu uma sábia e equitativa representação por sexos)»

Resta saber se a escolha era sábia por ser equitativa ou por o incluir a ele.

sábado, abril 15, 2006 5:15:00 da manhã  

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