O total eclipse ou a miscelanização dos valores?
A reflexão de Luís Marques é muito pertinente, Expresso, no sentido em que se inscreve na matriz judaico-cristã e nos seus dois pilares de análise da validade do pensamento/realidade: a verdade e a mentira, o bem e o mal.
Contudo, o pensamento paradoxal da modernidade não é suficiente para compreender o fenómeno do nazismo, por exemplo. Uma vez que parece que tanto o bem como o mal, para não se aniquilarem mutuamente, necessitaram de se revestir de contornos híbridos. Sendo assim, a verdade de uns não era necessariamente verdade, a mentira de outros poderia não ser necessariamente mentira. A propaganda/marketing trouxeram consigo a ressignificação da verdade e da mentira. A partir daqui poderemos inventariar algumas hipóteses, por exemplo:
(a) e se o ponto de ligação entre a verdade e a mentira fosse o interesse individual/colectivo e os seus quadros de referência (ideológicos, religiosos, etc.);
(b) e se a necessidade de governabilidade trouxesse em si a necessidade de consensos e os consensos fossem necessários para atingir o poder
(c) e se nenhum actor social fosse necessariamente aquilo que parece ser, isto é e se nenhum actor social discursasse sobre aquilo que é, mas antes sobre aquilo que tem de ser devido às circunstâncias do momento para atingir os seus objectivos
A reflexão para ser aprofundada deverá ser guiada por uma pergunta-guia, por exemplo:
Se todo o conhecimento é uma forma de interpretação (reflexividade) quem deverá atribuir critérios de verdade/mentira ?
Existirão guardiões legítimos da verdade e da mentira?
Que tipo de lealdades (difusas) guiarão os actores sociais?
O mundo da modernidade tardia (ou pós-modernidade) talvez tenha em Walter Benjamin uma proposta interessante. Leia-se a propósito o artigo de Alexandra Lucas Coelho, Público de hoje, sobre o pensador alemão.
"Mas Benjamin um século antes da Internet, era um espírito em rede, ligando matérias, criando relações, não sendo exactamente filósofo, sociólogo, crítico, jornalista, tradutor, mas colhendo algo de tudo isto", P2, p. 6, 12/03.
Talvez se em vez de considerarmos a mentira do lado dos impuros e a verdade do lado dos fiéis se deva tentar compreender o ponto de vista sobre o qual a mentira é necessariamente mentira, e a verdade é necessariamente verdade. Precisamos, por isso, de analisar o discurso de determinada verdade/mentira e a sua acção.
Poderá a ética (o imperativo categórico de Kant, por exemplo) ser um ponto de partida partilhável por todos?
Na pós-modernidade impera a ideia de miscelanização (misto de coisas diferentes) e é, por isso, uma época muito mais complexa de analisar.
Referências:
Hannah Arendt
Walter Benjamin
Thomas Kuhn
Anthony Giddens
Kant
Shakespeare, Otelo (Iago)
Instalações artísticas
Avatar (o homem que se transfigurou noutro ser para encontrar um novo sentido para a vida)
Contudo, o pensamento paradoxal da modernidade não é suficiente para compreender o fenómeno do nazismo, por exemplo. Uma vez que parece que tanto o bem como o mal, para não se aniquilarem mutuamente, necessitaram de se revestir de contornos híbridos. Sendo assim, a verdade de uns não era necessariamente verdade, a mentira de outros poderia não ser necessariamente mentira. A propaganda/marketing trouxeram consigo a ressignificação da verdade e da mentira. A partir daqui poderemos inventariar algumas hipóteses, por exemplo:
(a) e se o ponto de ligação entre a verdade e a mentira fosse o interesse individual/colectivo e os seus quadros de referência (ideológicos, religiosos, etc.);
(b) e se a necessidade de governabilidade trouxesse em si a necessidade de consensos e os consensos fossem necessários para atingir o poder
(c) e se nenhum actor social fosse necessariamente aquilo que parece ser, isto é e se nenhum actor social discursasse sobre aquilo que é, mas antes sobre aquilo que tem de ser devido às circunstâncias do momento para atingir os seus objectivos
A reflexão para ser aprofundada deverá ser guiada por uma pergunta-guia, por exemplo:
Se todo o conhecimento é uma forma de interpretação (reflexividade) quem deverá atribuir critérios de verdade/mentira ?
Existirão guardiões legítimos da verdade e da mentira?
Que tipo de lealdades (difusas) guiarão os actores sociais?
O mundo da modernidade tardia (ou pós-modernidade) talvez tenha em Walter Benjamin uma proposta interessante. Leia-se a propósito o artigo de Alexandra Lucas Coelho, Público de hoje, sobre o pensador alemão.
"Mas Benjamin um século antes da Internet, era um espírito em rede, ligando matérias, criando relações, não sendo exactamente filósofo, sociólogo, crítico, jornalista, tradutor, mas colhendo algo de tudo isto", P2, p. 6, 12/03.
Talvez se em vez de considerarmos a mentira do lado dos impuros e a verdade do lado dos fiéis se deva tentar compreender o ponto de vista sobre o qual a mentira é necessariamente mentira, e a verdade é necessariamente verdade. Precisamos, por isso, de analisar o discurso de determinada verdade/mentira e a sua acção.
Poderá a ética (o imperativo categórico de Kant, por exemplo) ser um ponto de partida partilhável por todos?
Na pós-modernidade impera a ideia de miscelanização (misto de coisas diferentes) e é, por isso, uma época muito mais complexa de analisar.
Referências:
Hannah Arendt
Walter Benjamin
Thomas Kuhn
Anthony Giddens
Kant
Shakespeare, Otelo (Iago)
Instalações artísticas
Avatar (o homem que se transfigurou noutro ser para encontrar um novo sentido para a vida)
Etiquetas: Ensaio sobre a lucidez; Elisabete no mundo das fadas
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