sexta-feira, abril 30, 2010

Abril é mês de Revoluções

Uma recente discussão levou-me a procurar a definição das palavras feminismo e machismo. Recorrendo ao dicionário que tinha mais à mão, neste caso o Priberam na Internet, vejo o seguinte:

machismo
s. m.
1. Modos ou atitudes de macho.
2. Ideologia segundo a qual o homem domina socialmente a mulher.


feminismo
s. m.
Sistema dos que preconizam a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem.

(os bolds são meus)

E não pude deixar de pensar na incoerência:

Ora se as duas palavras são morfologicamente equivalentes (ambas partem do género (macho ou fêmea) e ambas terminam com o sufixo ismo (que quer dizer qualquer coisa que agora não vem ao caso mas que é aplicado de igual forma nas duas)) elas deveriam ter um alcance semântico também equivalente.

A questão é que enquanto a primeira se afirma como valor absoluto (o homem domina a mulher) a segunda limita-se a propor uma negação da primeira (a igualdade de direitos). Ou seja, o próprio feminismo está inquinado pela velha história da mulher ser concebida em função do homem (ou da sua costela).

Mulheres, não sejam tão parcas a pedir! No mínimo exijam também uma sociedade onde a mulher domina socialmente o homem. Como em qualquer outro tipo de negociação é muito mais provável que, por entre cedências de parte-a-parte, se chegue a um meio-termo consensual onde esteja garantida a almejada igualdade.

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quarta-feira, abril 28, 2010

Os abutres têm fome


Nesta aventura desenfreada e anárquica que se desenrola no Mundo Ocidental nos inícios do século XXI, Clint Eastwood vive a pele de um mercenário de uma agência de rating que defende um ancião à mercê de outros agressores. Mais tarde, descobre que este encontro casual foi um golpe de sorte, já que o velhote sabe muito acerca de outros idosos que ele pretende combater.


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domingo, abril 25, 2010

O pensamento hegemónico explicado a uma jovem

Jovem debruçada sobre o livro de história - Afinal o que é isso do sistema capitalista?
Mãe - Fazes cada pergunta.
Jovem - És contra ou a favor?
Mãe - Contra ou a favor? Mas essas alternativas são muito limitativas. A economia é uma das dimensões da actividade humana, daí que tenha de existir independentemente de sermos contra ou a favor. Outra coisa é perguntares-me se eu concordo com uma visão do mundo marcadamente economicista. Isso não concordo.
Jovem - O pai é a favor do sistema capitalista, tens de me explicar se és contra ou a favor para eu perceber onde queres chegar.
Mãe - Bem, vou dar-te um exemplo. Imagina que eu chegava ao pé de ti e dizia: tens de ir aprender a tocar guitarra, pois o que está a dar é aprender a tocar guitarra, é o melhor para o teu futuro, só assim poderás ser feliz, não há nada melhor que aprender algo que nos seja útil no futuro. E não há alternativa, todas as outras aprendizagens são inúteis e desadequadas ao mercado de trabalho de futuro, daí que para seres feliz tenhas de te acomodar e adaptar a esta visão de mundo.
Jovem - Que horror, isso é horrível. Estarem a impor-nos algo só porque alguém pensa que é o melhor para nós, independentemente de nos ouvirem. Isso é horrível.
Mãe - Os pensamentos hegemónicos são assim, surgem de esferas da sociedade, como a academia, por exemplo, quando conseguem arranjar claques (como as do futebol) que difundam as suas crenças espalham-se e têm a pretensão de nos obrigar a todos a "tocar guitarra". O sistema capitalista é um sistema mundo que através da globalização se tenta impor como a única visão do mundo possível, tal como o sistema comunista. Ambos são hegemónicos e antagónicos pois funcionam da mesma forma: segundo os pressupostos da razão assumem-se como o único tipo de visão do mundo possível.
Jovem - Que horror, logo eu que detesto guitarra!


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quinta-feira, abril 15, 2010

o último... (primeiro) dia...

[...]
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos a memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
[...]
Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
[...]
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

[Sérgio Godinho, "O Primeiro Dia" (1978)]

Foi há quase quatro anos que esta casa, em me vendo a espreitar da rua em silêncio, me acolheu e me deu um lugar à mesa. A partilha foi boa, mas o cansaço é muito e a maré está de feição... E assim me vou, brindando, pois claro, com vinho da casa e trazendo à mesa uma vez mais o convidado que comigo entrou devagarinho naquele primeiro dia...

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Visão - Tenha uma


Devo dizer que, de acordo com a revista Visão que hoje foi para as bancas, acho a Hillary mais feia. O Guterres já não precisa de ajeitar a franja, o Berlusconi recuperou bem depois de levar com a réplica da Catedral de Milão mas passou a usar óculos. Já o Hugo Chávez, cá como lá, a culpa nunca é dele.

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quarta-feira, abril 14, 2010

Sporting Clube Portugal 2009/2010

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Espionagem

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Foi limpinho


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Uma ligeira inclinação no campo

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Porque a memória não paga imposto (ainda)

Faz hoje um ano. José Silos Franco, mestre oleiro, homem do povo, deixou a cultura nacional mais pobre com a sua morte.
Há um ano atrás o Carlos Malmoro lembrava-o neste blogue recordando as suas memórias de infância e a magia de uma visita à Aldeia Típica do Sobreiro.
José Franco dizia muitas vezes que pelo dom e fortuna, que atribuía a Deus, se considerava “o homem mais feliz do Mundo”. Embora pecador e descrente assumido nessas matérias, gosto da memória e das pessoas. Gosto de recordar os encontros com José Franco. Gosto do gosto que ele tinha em conversar com quem o visitava. Gosto de o recordar sentado na sua adega a tocar acordeão depois de um almoço. Gosto de o ver num 10 de Junho, em Viseu, a receber de Jorge Sampaio, presidente da República, mais uma condecoração. Gosto do prazer que ele tinha na sua vida, frenética e criativa até onde conseguiu. José Franco tinha, de facto, um dom, o de sonhar à frente do seu tempo e tornar esses sonhos realidade usando duas ferramentas simples, as suas mãos. Se hoje há um espaço onde a cultura saloia da primeira metade do século XX esteja protegida é na sua casa, na sua obra e na genialidade que transformou um sonho numa montra do que já fomos. A Aldeia Típica do Sobreiro permanece ainda hoje como um livro aberto que cada leitor pode folhear e saborear sem ter de pagar. À imagem do seu criador.

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sexta-feira, abril 09, 2010

A extinção

Há dias li um artigo científico, salvo erro no Público, de uma lucidez chocante. O txt versava sobre a extinção dos dinossauros, exercício do poder e organização social, isto é os dominantes e os dominados. As reflexões conduziam à seguinte problematização: a organização social tende a reproduzir-se de espécie dominante para espécie dominante, e apesar de o exercício de dominação ser exercido fundamentalmente por um ou mais actores, existem espécies dominantes e dominadas. Contudo, a ordem social é ciclicamente substituída, ou seja a espécie animal que domina numa determinada época é substituída por outra, noutra época. A natureza encarrega-se de extinguir a espécie dominadora (e dominados?) e a criar e a alavancar processos que possibilitam o surgimento de outras espécies (dominadoras e dominadas).
Convenhamos que tal visão do mundo é algo determinista e reproduz uma certa hermenêutica do desejo das classes dominantes: se isto sempre foi assim, porque há-de agora ser diferente?, apelando, por isso, a uma atitude conformista (e conveniente) por parte dos dominados.
Contudo, seria interessante analisarmos esta ideia numa outra perspectiva, questionando, por exemplo, a adopção de tal modelo. Se adoptarmos tal modelo ao presente quer isto dizer que o ser humano, como qualquer outro animal, exercita uma dominação circunscrita a uma determinada época histórica. Sendo assim, se a nossa visão de mundo se guiasse por este paradigma a vida seria melhor, pior, mais fácil, mais difícil, nim, …?

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quarta-feira, abril 07, 2010

Pela blogosfera

Já uma vez aqui tinha referido que um dos blogues que acompanho (e que vão sendo cada vez menos!) é o Portugal Contemporâneo.

Não vou voltar a referir as razões porque o faço mas não podia deixar de chamar a atenção para uma excelente série de posts sobre a Revolução Francesa, assinados pelo excelente Rui Albuquerque, e que agora passam a estar reunidos em blogue próprio.

E como dizia o Agostinho Silva, “O que nos interessa sobretudo na História seria dar conteúdo actual, ou melhor, conteúdo eterno ao que acaba por aparecer como um empoeirado, como um arqueológico episódio do passado”
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