2010
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6 - Os portugueses são portugueses. Não são, por exemplo, espanhóis diferentes. O que os portugueses são ou não são é cada vez mais um produto de uma negociação de sentido de âmbito transnacional
7 - Portugal é uma sociedade semiperiférica. Findo o ciclo do império, está a renegociar a sua posição no sistema mundial. Não é possível que num futuro próximo seja promovido ao centro do sistema ou despromovido para a sua periferia. É mais provável que a sua posição intermédia se consolide em novas bases.
8 - Por via do tipo e da historicidade do seu nível de desenvolvimento intermédio, a sociedade portuguesa é muito heterogénea. Caracteriza-se por articulações complexas entre práticas sociais e universos simbólicos discrepantes, que permitem a construção social, tanto de representações do centro, como de representações de periferia.
9 - O Estado tem desempenhado em Portugal um papel privilegiado na regulação social. Um papel desempenhado com muita ineficiência e com muita distância entre representantes e representados. Daí a recorrência de fenómenos de carnavalização da política.
10 - A sociedade civil portuguesa parece fraca porque não se organiza segundo os modelos hegemónicos, os que têm predominado nos países centrais da Europa. Constitui, por exemplo, uma forte sociedade-providência que tem colmatado, pelo menos parcialmente, as deficiências da providência estatal.
11 - Portugal não tem destino. Tem passado, tem presente e tem futuro.
Portugal não pode estar constantemente na posição de ter de prestar contas perante os seus intelectuais, ainda por cima sabendo que nunca as prestará a contento. Os intelectuais, os diferentes grupos de cidadãos e de interesses e as diferentes classes sociais é que têm de se habituar a fazer contas e a não confiar em destinos nacionais ou horóscopos colectivos. Uns e outros são sempre expressão de um défice de presente que projecta num futuro excessivo o excesso de passado. Se algo caracteriza o tempo actual é antes um excesso de presente que tem condições para deixar o passado ser passado e o futuro, futuro.
SANTOS, B.S. (2002). "Onze teses por ocasião de mais uma descoberta de Portugal". In Pela Mão de Alice, pp. 49-67. Porto: Afrontamento.
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