«Ameaças e nebulosas»
É difícil saber se, como afirmou Paulo Rangel, «nunca como hoje se sentiu uma tão grande apetência do poder executivo para conhecer, seduzir e influenciar a agenda mediática», mas não haverá muitas dúvidas de que as tentativas de condicionamento da liberdade de expressão e de informação são uma realidade no nosso país. O facto de um “partido da liberdade” como é o PS, estar na origem de algumas dessas ameaças à liberdade de expressão coloca mesmo a questão: será que o poder, para além de corromper, também provoca amnésias selectivas? [...] Estas inequívocas ameaças e condicionamentos à liberdade de expressão e de informação não são, contudo, uma criação exclusiva do governo e do Partido Socialista; antes contam com uma participação activa e criativa do principal partido da oposição, o que, ainda mais, justifica a preocupação agora manifestada. Tem, assim, toda a razão o deputado Paulo Rangel ao celebrar o 25 de Abril na Assembleia da República, chamando a atenção para as «ameaças e nebulosas» que nos espreitam, tanto ao nível da liberdade de expressão como, eventualmente, quanto à concentração de poderes, mas fica-nos uma enorme dúvida: a quem se dirigia?
Francisco Teixeira da Mota, Ameaças à Liberdade, Público, 26/04/2007; Via: Da Literatura
Francisco Teixeira da Mota, Ameaças à Liberdade, Público, 26/04/2007; Via: Da Literatura
Naturalmente, o discurso de Paulo Rangel foi recebido com “algum” desconforto pelo governo, pela bancada do PS e por todo o aparelho socialista. Também não é de estranhar que face ao avolumar de questões e ao mais que comprometedor silêncio do primeiro-ministro, a amnésia selectiva dê sempre um certo jeito. Porém, pode ser que algumas das enormes dúvidas que ainda acometem determinados espíritos “livres” se dissipem após a leitura deste texto do António Balbino Caldeira.
Etiquetas: 25 de Abril, Blogosfera, Estado da Nação, José Sócrates, Poder Político, Quem se mete com o PS, Socialismos e outros ismos
1 Comments:
Tem piada que ontem comprei o Público e ao ler a nota que aqui transcreves me lembrei de ti.
Eu acho que os jornais têm empolado um pouco o caso Sócrates, mas no esencial deste post tens toda razão.
Os métodos que o governo tem usado para abafar as investigações jornalísticas são muito pouco ortodoxos.
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