quarta-feira, dezembro 31, 2008

eu fui a miranda ver os pauliteiros...

Buonas nuites mos dê dius...

No último fim-de-semana do ano, tivemos direito ao primeiro festival de Inverno em Terras de Miranda: Geada 2008. Dizia assim a organização:
A 1ª edição do GEADA terá como objectivos principais: festejar e divulgar a cultura, a língua e as tradições de Inverno das Terras de Miranda [...] Pretende-se [...] que todos os visitantes e participantes levem algo mais que uma recordação, mas antes uma experiência, que sintam a motivação de fazerem parte integrante de uma cultura tão próxima, mas ao mesmo tempo tão distante, tentando percebê-la por dentro e não só a estudando.
E assim foi!...

Chegada a Miranda com gelo (não derretido!) na estrada - caminho difícil, hora tardia, muito tempo no carro e muita vontade de dançar...

«Estamos todos no Cartolinha, mesmo ao lado da Sé e da fogueira. É só seguir o som das gaitas.»

A porta do bar abre-se a muito custo, tal é a enchente de gente no pequeno espaço. No piso de baixo tocam as gaitas e os bombos. De volta dos músicos, todos cantam, todos aplaudem, todos criam o seu espaço próprio de movimentação. No piso de cima, recebem-se os participantes, conversa-se ao redor dos copos na mesa, salta-se e baila-se o que permite o espaço e o soalho... que ameaça ceder sobre quem baila em baixo. Os músicos vão-se revezando, vão trocando de instrumento e a alegria e a animação duram noite dentro.

A "polémica" matança é motivo de reunião dos participantes - apesar da cidade, das paisagens e do enquadramento histórico - natural serem também aliciantes alternativos. As alheiras e os chouriços abrem as grandes refeições conjuntas que restabelecem energias.
Os workshops de pauliteiros, de gaita e de percussões, aliados à palestra sobre o mirandês completam o leque de tradições mirandesas ao dispor do participante.

Os concertos da noite, em espaço amplo, perdem alguma cumplicidade e espontaneidade da véspera, mas ganham dimensão e possibilidade de resposta mais enérgica do público. O pingacho, a saia da carolina e o passeado [danças tradicionais mirandesas], também munheiras, rumbas e passodoble, a par dos saltos, da agitação e da alegria que simplesmente se solta ao som da música sem dança predefinida.

Uma deslocação às aldeias vizinhas possibilita o enquadramento "natural" de mais algumas tradições. A Velha e o Carocho de Constantim não estavam no programa, mas foram uma alteração de última hora muito bem-vinda.

E a festa termina em beleza, de volta dos enchidos e do caldo quente... derretendo o gelo... sempre com uma gaita a tocar!


... Que dius mos dê buonas nuites!

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