domingo, novembro 18, 2007

O Pecado Mora ao Lado




Prestações da culpa:
- «Escrita em dia» de 14/11/2007, Rita Ferro, Rosado Fernandes (?) e Francisco José Viegas, efabulação acerca do eterno retorno: guerra dos sexos. Curioso o "inofensivo" separador musical: «eu quero você do meu jeito»;
- «Entrevista a Miguel Sousa Tavares», Revista do Expresso, data ?, tema de fundo: novo livro de MST, guerras de alecrim e manjerico: MST versus VPV;
- «Entrevista a Vasco Pulido Valente», Revista do Expresso, data 17/11/2007, tema de fundo: novo livro de VPV, agradecimentos de passagem: o conselho a Cavaco, já que o meu voto também contribuiu para a eleição do actual PR, guerras de alecrim e manjerico: VPV versus MST;
- Segundo o enviado da antena 1 à Ucrânia, as minas ucranianas são as mais perigosas do mundo devido à sua profundidade - chegam a 1 km de profundidade - e à sua desactualização tecnológica - muitas continuam a laborar com métodos arcaicos. Razões invocadas: investimento incompatível com a competitividade das matérias-primas. Enquanto isso a carne para canhão continua a mesma de sempre. É caso para se dizer: "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".

Quotas do pecado:
- «O Sol» está para Sócrates como «O Independente» esteve para Cavaco? Parece que sim, André.
- José Saramago, Oitenta e Cinco Anos, uma obra literária de vulto, universalmente falando, Nobel dixit, e permanecem as controvérsias acerca da obra literária e do autor? Uma obra literária e o "palanfrório" extra-literário de um escritor são contribuições definitivas para a legitimidade de certas posições?
Quanto à questão dos pobres de espírito Leonor, é muito discutível. Considerar as pessoas que votaram contra a atribuição da medalha a Saramago de pobres de espírito entra num terreno conflituoso pouco pedagógico. Se eu os considero "pobres de espírito" legitimo o seu pensamento no mesmo sentido e se somos todos "pobres de espírito", pois temos noções contrárias acerca da vida, quando é que aprendemos que a atribuição de uma medalha é um sinal de tolerância e reconhecimento independentemente da ideologia do "medalhado"? A posição de conflito é, só por isso, discutível e pouco pedagógica.
- MST alcançará que a sua noção de "povo" não se desembrulha da míngua de fé e da escassez de religião? Leia-se crónica de Expresso, 17/11/2007.

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16 Comments:

Blogger Hélder Franco said...

E no seu entender qual seria a atitude mais "pedagógica"?

domingo, novembro 18, 2007 1:27:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Lições de pedagogia? Quando eu te for dar lições de empreendedorismo, o que acontecerá nunca, falaremos deste assunto, da pedagogia, bem-entendido.
É melhor leres com atenção o que escrevi. Não falei em recusar uma medalha de mérito, falei em recusá-la com base naqueles argumentos, provincianos obviamente. Recusar uma medalha de mérito porque o livro arrasta o nome de Mafra pela lama não só é pobreza de espírito como uma cegueira desmedida além de uma total desconhecimento do Memorial do Convento, que presumo tenhas lido para poderes fundamentar esta opinião. O que está em itálico é facilmente comprovável pelas actas das assembleias municipais em que estes assuntos foram tratados.
Tolerância é aceitar que os outros são apenas outros e que "independentemente" do que professam em termos políticos, são válidos e dignos de reconhecimento.

domingo, novembro 18, 2007 1:44:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

E já agora, considerar que a minha atitude é pouco pedagógica porque difere da tua, é concretamente o quê?

domingo, novembro 18, 2007 1:47:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Eu tenho a impressão que quando se dizem certas coisas aqui neste blogue a tendência é para a conversa descambar. Aquilo que é dito é interpretado como sendo um argumento ad hominem.

Realmente é chato! Eu pelo menos já sei (à custa de muita marrada) que, quando se mencionam certos assuntos, entramos em águas delicadas.

Acho que se certas formas de discutir certos assuntos causam incómodo isso deve ser dito. Acho é que não basta dizer "Assim não brinco!" sem fazer sugestões construtivas.

domingo, novembro 18, 2007 2:18:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Este comentário foi removido pelo autor.

domingo, novembro 18, 2007 2:18:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A conclusão básica a que podemos chegar, entre outras, obviamente, é que José Saramago é um "iluminado" e que o resto da plebe não passa de uns "pobres de espírito"!
Para quem pensa que Portugal deveria ser um "quintal " de Espanha...
Esta coisa de pobres de espirito tem muito por onde se lhe pegue...
e a mania das perseguições políticas é uma tema já demasiado gasto.

domingo, novembro 18, 2007 11:14:00 da tarde  
Blogger VeraC said...

Leonor,
Em primeiro lugar a palavra "pedagogicamente" foi muito palerma, tola, e insensata, não tenho absolutamente nenhum problema em assumir isso. É que quando a escrevi não me passou pela cabeça que tu eras professora. Portanto não há qualquer tipo de má fé no argumento.
Em segundo lugar porque tenho bastantes preconceitos, também assumidos, contra expressões de catalogação destes género: "pobres de espírito".
Em terceiro lugar podes discutir empreendedorismo comigo à vontade, tens é de partir do princípio que eu sou altamente ignorante no assunto, e não vejas nestas palavras nada imodestia, p.f.
Em quarto lugar considero a tua atitude pouco "pedagógica" (retira-lhe a carga profissional, p.f.) pq a expressão "pobres de espírito" é extraordinariamente conflituosa.
Em quinto lugar penso q já é altura de todos assumirmos q o Portugal q temos é da responsabilidade de todos nós, portanto "os pobres de espírito", "o país que temos", o "portugal profundo" e outras catalogações do género também nos dizem respeito.
Descaulpa, mas estes temas tocam-me profundamente, e tenho uma opinião profundamente contrária e se quiseres: pouco pedagógica. Mas ainda bem que estamos num país democrático e onde podemos livremente entrar em confrontos ideológicos sem que venha mal nenhum ao mundo.

Quanto aos restantes participantes na discussão peço desculpa por não agradecer individualmente: um bem haja a todos.

terça-feira, novembro 20, 2007 5:55:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Nancy:

Eu mais logo queria acrescentar mais um comentário relacionado com o teu post, mais concretamente para citar o que o VPV diz na entrevista sobre as universidades. Acho que vem a propósito.

terça-feira, novembro 20, 2007 6:09:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Há maneiras e maneiras de discordar, Nancy.
Não deixa de ser curioso fazeres um post em tom paternalista quando me acusas de ter uma atitude conflituosa ao afirmar que os autarcas mafrenses pelos factos citados, apenas esses, e que enfermam duma extrema ignorância da obra saramaguiana e do impacto que a mesma teve sobre Mafra, têm uma atitude pautada pela pobreza de espírito. De facto, não retiro uma única linha ao que disse e repito: é igual que seja Saramago ou qualquer outro autor. Ao contrário do parece transparecer nas tuas palavras não me interessa rigorosamente para este caso se Saramago é de esquerda, direita ou centro. Escreveu uma obra que beneficiou claramente Mafra. Essa é a questão principal.
Quanto ao resto, se esse é um problema teu que não se deva reconhecer as limitações de Portugal, é, exactamente, um problema teu. Não entendo de forma alguma, a incapacidade de articular as partes positivas com as negativas deste país e tu é que achas que reconhecer os defeitos é considerar sempre mau. Nalguns dos meus posts não me identifico com as atitudes que critico, obviamente, mas não acho que este é o país dos outros. É o meu, tenho de viver com ele ou sair, e como todos os outros tem coisas boas e más.
O país que temos continuará bem como outras rubricas, naturalmente.

terça-feira, novembro 20, 2007 6:24:00 da tarde  
Blogger VeraC said...

Leonor,
Apenas tenho uma perspectiva diferente em relação ao bom e ao mau q temos. Tanto um como o outro são da inteira responsabilidade de todos em todas as áreas da sociedade.
De há uns anos para cá, ao contrário do q tu dizes, somos "massacrados" pelo mau q temos.
E não há maneira de sairmos deste pântano "masoquista".
Mas tb penso q os aspectos negativos devem ser falados, discutidos, daí eu ter entrado em diálogo contigo.
Em relação à minha atitude ser "paternalista" não era isso q eu pretendia.
Qdo tenho uma posição diferente dos outros o meu princípio é apenas o de "atacar" o argumento e nada mais.
E obviamente q os meus preconceitos são meus, eu gosto apenas de falar deles abertamente quando estou a discutir algo q os envolvem.
Qdo digo q tenho preconceitos em relação a determinados termos a minha intenção é apenas de discussão e não de imposição, apesar de nem sempre ser feliz a transmiti-lo.
Prezo muito o legado do 25 de Abril e as minhas lutas esquerdistas, da época, tb foi por causa delas q sou o q sou.
As razões de Mafra são puramente ideológicas, de um lado Saramago, conotado ideologicamente com o PCP, do outro Homens/Mulheres(?) conotados com a igreja, catolicismo, religião. O confronto é velho. Mas será sempre intransponível?

quarta-feira, novembro 21, 2007 11:25:00 da manhã  
Blogger LeonorBarros said...

As grandes diferenças, entre outras que não discuto aqui por não considerar a caixa de comentários o sítio apropriado obviamente, é que eu não ataco os argumentos de quem discorda de mim, discuto-os e respeito-os e, se não estiver dentro do assunto, remeto-me à minha ignorância e que, de facto, não vejo masoquismo nenhum. Vejo um país com um longo caminho a percorrer.


A autarquia tem mostrado que é intransponível.

quarta-feira, novembro 21, 2007 1:44:00 da tarde  
Blogger VeraC said...

Leonor,
A cx de comentários é um sítio como outro qq;
O "atacar" está entre "";
Agora quem está a ser paternalista és tu;
Que país Ocidental não tem um longo caminho a percorrer dp da globalização, por exemplo?

quinta-feira, novembro 22, 2007 10:11:00 da manhã  
Blogger ana v. said...

Desculpem a intromissão numa discussão que não me diz respeito, embora as caixas de comentários dos blgues sejam, de certa forma, um forum de discussão pública. É que tenho que dizer isto (que já disse lá atrás, no post da Leonor): o grande problema é, exactamente, a questão da ideologia. Eu, que não gosto nada do Saramago-homem (e não é por ele ser comunista, isso é-me indiferente), admiro e reconheço mérito ao Saramago-escritor. E acho que uma autarquia tem (ainda mais do que eu) a obrigação de saber separar as águas num caso destes, a bem da isenção. Por isso acho que a Leonor tem toda a razão: Mafra beneficiou, e muito, com a existência de um livro chamado "Memorial do Convento", que ainda por cima é uma elegia ao povo da região, além de extremamente poético. Só isto, ideologias e egos à parte.

quinta-feira, novembro 22, 2007 12:25:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

É aquilo a que se chama saber separar a vida da obra. Fácil de dizer, mas nem sempre fácil de conseguir.

quinta-feira, novembro 22, 2007 1:21:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

A questão central é precisamente separar a obra do homem. Se reparasse no homem, acho que não leria Lobo Antunes, Miguel Sousa Tavares e Saramago, claro. A obra e o valor literário, que lamento, Saramago terá com ou sem Nobel, são diferentes da imagem pública do escritor, tudo muito bem explicado no pacto autobiográfico de Lejeune.

Obrigada pelos comentários aos dois

quinta-feira, novembro 22, 2007 1:33:00 da tarde  
Blogger VeraC said...

Av,luís e Leonor,
Separar a ideologia/homem estou de acordo.

sexta-feira, novembro 23, 2007 12:25:00 da tarde  

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