a democracia...
[Adaptado de memória (de forma muito livre) do episódio desta semana de ER...]
Luka: Tu és daqueles que ainda acredita que, se o mundo aderisse todo à democracia, seria um mundo melhor...
eu: ??? Mas... mas... eu também... então não era suposto???!!!...
Carter: ... E qual é a alternativa?! ditaduras militares?!
eu: Pois, isso! Qual é a alternativa?...
Luka: Quem cá está é que sente. Quem cá está é que sofre. Quem cá está é que morre. Quem cá está é que vê morrer... Os soldados americanos voltam nos seus aviões, para as suas casas, para as suas esposas, para os seu filhos, os seus sofás e as suas televisões...
eu: Mas isso não é "culpa" da democracia...
Carter: Mas também morreram americanos no Iraque!...
eu: Ó lindo, agora estás a ser mais ingénuo que eu... A questão aqui não é tanto sobre os soldados que morrem... É sobre os que não morrem, sobre o que fica para eles viverem...
Luka: Mas não são as mulheres americanas que são violadas, não são as crianças americanas que são mutiladas... Ainda que por cá os movam inicialmente orgulhos nacionalistas e sentimentos patrióticos, mais cedo ou mais tarde, as coisas deixam de fazer sentido... Quando se começa a perder a família e as raízes deixa-se de saber porque é que se há-de continuar a viver a guerra... Aí começa a sobrevivência... Os rostos audazes de outrora são agora estes rostos assustados e temerosos...
Carter e eu: ...
... ... ...
eu: Espera lá... mas isso não é "culpa" da democracia, pois não?...
... ... ...
eu: Não é, pois não?...
Luka: Tu és daqueles que ainda acredita que, se o mundo aderisse todo à democracia, seria um mundo melhor...
eu: ??? Mas... mas... eu também... então não era suposto???!!!...
Carter: ... E qual é a alternativa?! ditaduras militares?!
eu: Pois, isso! Qual é a alternativa?...
Luka: Quem cá está é que sente. Quem cá está é que sofre. Quem cá está é que morre. Quem cá está é que vê morrer... Os soldados americanos voltam nos seus aviões, para as suas casas, para as suas esposas, para os seu filhos, os seus sofás e as suas televisões...
eu: Mas isso não é "culpa" da democracia...
Carter: Mas também morreram americanos no Iraque!...
eu: Ó lindo, agora estás a ser mais ingénuo que eu... A questão aqui não é tanto sobre os soldados que morrem... É sobre os que não morrem, sobre o que fica para eles viverem...
Luka: Mas não são as mulheres americanas que são violadas, não são as crianças americanas que são mutiladas... Ainda que por cá os movam inicialmente orgulhos nacionalistas e sentimentos patrióticos, mais cedo ou mais tarde, as coisas deixam de fazer sentido... Quando se começa a perder a família e as raízes deixa-se de saber porque é que se há-de continuar a viver a guerra... Aí começa a sobrevivência... Os rostos audazes de outrora são agora estes rostos assustados e temerosos...
Carter e eu: ...
... ... ...
eu: Espera lá... mas isso não é "culpa" da democracia, pois não?...
... ... ...
eu: Não é, pois não?...
A democracia é o pior
de todos os sistemas
com excepção de todos os outros
[...]
Há muitos países que julgam
que têm democracia
inclusive às vezes o nosso
mas encha-se de justiça o fosso
e erga-se a liberdade ao meio
que só de intenções está o inferno cheio
Não há justiça sem liberdade
e o vice-versa é também verdade
essa é a luta, no fundo
p’los direitos humanos no mundo
Sérgio Godinho, "A Democracia (aforismos)" (1989)
de todos os sistemas
com excepção de todos os outros
[...]
Há muitos países que julgam
que têm democracia
inclusive às vezes o nosso
mas encha-se de justiça o fosso
e erga-se a liberdade ao meio
que só de intenções está o inferno cheio
Não há justiça sem liberdade
e o vice-versa é também verdade
essa é a luta, no fundo
p’los direitos humanos no mundo
Sérgio Godinho, "A Democracia (aforismos)" (1989)
Etiquetas: Desassossegos, Desigualdades, País real, Televisão, Uma História de Violência
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