segunda-feira, maio 21, 2007

Alice

Vi Alice no cinema. Filme português entre os finalistas em Cannes. Foi muito falado na altura. Ouvi a crítica – que, apesar de nem sempre ser uma boa referência, desta vez acertou! –, vi imagens e reportagens... "Apesar" de português, parecia um filme diferente... E é! O público foi correspondendo e eu também, sendo um dos poucos filmes portugueses que vi no cinema.

A história passa-se em Lisboa, numa grande cidade de multidões incógnitas, numa cidade de rotinas diárias de pessoas que se cruzam indiferentes. E é nesta cidade que um pai busca incessantemente pistas sobre a sua filha desaparecida – qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência! Alice, a criança, está, então, desaparecida e o filme retrata a aflição dos pais, referindo o desespero da mãe e acompanhando de perto a angústia combativa e obsessiva do pai. A figura central é o pai, que, com o passar do tempo, não se liberta das rotinas, que continua a procurar, muito depois de todos acharem (de forma mais ou menos evidente) que é um caso perdido... As pessoas que passam, tantas e tão sós, são a imagem constante do filme... que vive delas mais do que do enredo...

«"Alice" é sobretudo um filme sobre a ausência. Uma história de amor de um pai por uma filha»



«Nunca Lisboa foi vista de forma tão fria como no filme "Alice" de Marco Martins; a cidade branca, como sempre a conhecemos, assim como a imensidão dos seus habitantes, ganham aqui uma nova dimensão, trágica e sombria – figuras humanas caminham, obstinadas, em aparentes gestos de rotina, indiferentes a tudo o que os rodeia. Assim é Lisboa neste filme, cenário por onde Mário se movimenta à procura de Alice, a sua filha misteriosamente desaparecida. Ninguém acredita que é possível mas ele não desiste. Também a solidão é assim retratada: numa grande cidade, aqueles que nos estão mais próximos são, por vezes os últimos a acreditar.»
[Bernardo Sassetti, no CD da banda sonora]

E Bernardo Sassetti é o compositor da banda sonora – que mora na minha estante ao lado de Amélie. Piano, clarinete e contrabaixo em temas «minimalistas e obsessivos». A «representação do vazio e da angústia máxima» tendo sempre como elo de ligação «o sentimento de esperança, essencial para a compreensão da rotina que acompanha os passos, quase em suspenso de Mário pela cidade». Um reflexo perfeito do filme.

Alice é um filme de observações, de imagens, de ruídos e sons... mais do que um filme de histórias, é um filme de sensações e sentimentos.
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5 Comments:

Blogger LeonorBarros said...

Não vi ainda, estou à espera da disposição certa. Bjs

terça-feira, maio 22, 2007 12:19:00 da manhã  
Blogger menina-m said...

adorei, contra a opinião dos meus companheiros de cinema de então...mas vale a pena sim. não sei é se o pequeno écran se presta à concentração e ao peso que o filme exige...

terça-feira, maio 22, 2007 1:49:00 da manhã  
Blogger cristina said...

leonor:
A «disposição certa»... pode ser! :)

mariana:
Sim, é dos filmes que ganham com o grande ecran.

terça-feira, maio 22, 2007 7:09:00 da tarde  
Blogger NancyB said...

Este é um tipo de filme q eu não tenho coragem para ver.

terça-feira, maio 22, 2007 8:59:00 da tarde  
Blogger cristina said...

nancy:
Nem com a «disposição certa» ali da Leonor?...

quinta-feira, maio 24, 2007 8:35:00 da manhã  

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