terça-feira, fevereiro 03, 2009

É uma sorte para quem está no poder que as pessoas não pensem*

Há vários factores explicativos da permanente desconfiança com que analiso os media de um forma geral. Entre a informação/desinformação/propaganda a linha é verdadeiramente ténue. O que não me impede de perceber que há jornalistas cuja postura ética é irrepreensível, desde que a doutrina ideológica não lhes "empalhe" o espírito, infelizmente ao longo de vários casos manufacturados ou não há sempre quem confunda compromisso ideológico com parcialidade noticiosa. Esse é um dos grandes males do jornalismo contemporâneo, para além de outros.
Há certos exemplos noticiosos: - caso da pedofilia, - caso licenciatura Sócrates; - caso BPN; - caso BPP; - caso Operação Furacão; - caso Noite Branca; - caso Freeport; cujo modelo de comportamento foi o seguinte:

- injecção maciça de informação e desinformação, intervenção dos tribunais; desadequação entre a criação monstruosa de desinformação e informação e sentença dos tribunais (devido à irrealidade do tribunal manufacturado pela comunicação social?). Entre a criação/manufactura de notícias, a realidade das intrigas/corrupção no seio do poder, o desejo de poder das oposições, a ?ineficácia? de estruturas de apoio ao poder (juízes, polícia judiciária, escritórios de advogados, entre outros) amplamente coniventes com determinada estratificação social e ?ineficiente? contra as novas realidades da criminalidade e os múltiplos interesses envolvidos, nomeadamente de propaganda e contra propaganda, é muito difícil pensar de forma crítica e substancial, tal como é muito difícil percebermos se a apologia da ineficácia é apenas uma forma eficaz de traduzir uma estrutura eficientemente manufacturada.
Daí que nos tempos que correm quem lê jornais tem alguma dificuldade em interpretar correctamente a informação. Essa dificuldade advém-lhe da certeza de que algures por ali há uma fonte anónima interessada em fabricar/propangadear uma certa realidade.
Contudo, é real o seguinte contexto: ao mesmo tempo que jornalistas com alguma postura ética tentam lutar contra a maré, outros jornalistas tentam garantir a sua sobrevivência económica (os contratos a prazo são lixados p’rá ética, pá). Entre uns e outros existem actores interessados na situação caótica em que vivemos e que se transformam em vítimas reais e fictícias e manipulam e propagandeiam a sua mentira.
Em relação ao caso Freeport o povo português só pretende que José Sócrates lhe explique o seguinte:
- a razão do seu ministério ter transformado (em dias) uma área protegida numa área altamente especulativa.
Quanto à conversa sobre o tio, primo, mãe, poderes ocultos, entre outro ruído de fundo? Santa paciência!

*Adolf Hitler

Livro de cabeceira:
CHOMSKY, Noam (2008). Cartas de Lexington: Reflexões sobre propaganda. Mangualde: edições pedagogo.
(Visão crítica do papel dos media na sociedade actual e a sua indústria de 'manufactura do consentimento', imprescindível!)

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