quarta-feira, novembro 26, 2008

Estado providência versus Estado mínimo

As diversas políticas públicas apelam à eficácia, flexibilidade, mobilidade, competência e produtividade dos trabalhadores da função pública*.
A mensagem subliminar é altruísta: as bases terão de ser eficazes e responsabilizadas pela boa gestão do dinheiro público.
A crise é profunda, os dinheiros públicos deverão ser geridos de uma forma saudável e acima de toda a suspeita.
O panorama no topo é algo angustiante**, um exemplo:
- Dias Loureiro é conselheiro de Estado, foi governante e pertenceu a um banco privado recentemente nacionalizado e cujas práticas de gestão parecem altamente discutíveis. Dias Loureiro não quer ser o bode expiatório de uma presidência cuja gestão foi eficaz, eficiente, flexível e altamente produtiva a lesar o Estado e os seus contribuintes (BPN). Dias Loureiro poderá ter razão e ser vítima de sabe-se lá o quê. Não me parece possível ignorar-se o seguinte: para que serão os políticos nomeados para cargos que não exercem, pelo menos com competência? serão os políticos nomeados para esses cargos como forma de compensação do trabalho anteriormente realizado?
A estratégia de gestão do Estado mínimo é cada vez mais evidente:
- Estado mínimo para a maioria, mas quanto à minoria*** mais do mesmo.




* - A avaliação do desempenho é uma das suas fórmulas mágicas. Uma espécie de fórmula científica para legitimar despedimentos.
** - Ciclicamente e mudando a cor da camisola do protagonista.
*** - Políticos e as suas redes de contactos nas diversas áreas da actividade económica.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A estratégia do estado mínimo está a acabar. Neste momento, está a afinar-se a estratégia para um estado maior (não máximo. Máximo seria a nacionalização de todos os meios produtivos).
Esta comutação entre estado mínimo e estado mais interventivo é ditada pelas circunstâncias económicas.
A actual situação de estado mínimo, a terminar, parece, foi promovida principalmente por Ronald Reagan nos EUA e Margareth Tachter no Reino Unido nos 1980, inspirados em teorias económicas promovidas pela chamada escola de Chicago onde pontificaram Friedman e Hayek.

Até então vigorava o estado interventivo, na sequência da crise de 1929 e da Grande Guerra, de que foi expoente máximo Franklin Roosevelt, eleito presidente dos EUA em 1932, e que promoveu o New Deal("Novo Contrato"), que, entre outras obras, promoveu a electrificação do meio rural dos Estados Unidos(em Portugal a electrificação do meio rural só foi feita depois de 25 de Abril de 1974).
Assim, em virtude da actual crise financeira e económica, vamos, provavelmente, entrar em nova fase de estado interventivo.
Daqui a não sei quanto tempo aparecerão, provavelmente, novos gurus e novos actores políticos a promover novo estado mínimo. Se é assim ou não é veremos, se cá estivermos.
Os historiadores costumam chamar a estas crises seculares crises estruturais, enquanto as que ocorrem de dez em dez anos são chamadas cíclicas ou de conjuntura. Menos intensas, é claro.

quarta-feira, novembro 26, 2008 5:35:00 da tarde  

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