Marketing
Foi nos anos oitenta, como por aqui já se disse, que a música, e podemos mesmo dizer a arte em geral, começou a viver muito da imagem. Mas não foi só o meio artístico que começou a olhar para a imagem como uma necessidade. Se é certo que os videoclips eram obrigatórios, as capas dos livros e dos discos eram cada vez mais pensadas para serem apresentadas como obras de arte, também os políticos perceberam que para além da ideologia fazia falta uma imagem e um conceito que passasse bem nos media (a eleição de um actor de Hollywood para presidente dos EUA é um bom exemplo). Ou seja, o marketing entrou nas mais diversas áreas da vida pública.
Não se pense, porém, que associar marketing a livros, discos, candidaturas ou eventos desportivos é um mal em si mesmo. Para os puristas que vêem no marketing uma deturpação da verdade que eles e só eles conhecem talvez seja. Mas é bom não esquecer que até os críticos da economia de mercado rendem-se a ele - um conceito do marketing puro e duro (a diferenciação do produto) está presente em todas as obras saramaguianas: a capa é sempre amarela e o título vai buscar a inspiração aos diversos tipos de documentos escritos (manual, ensaio, memorial, história, etc). Na política, penso que Portugal teria perdido um bom primeiro-ministro como Cavaco, se este não tivesse uma boa máquina de marketing por trás. Digo isto porque considero que enquanto pessoa, Cavaco Silva é reservado demais para o tipo de político que os cidadãos da altura exigiam. E, em meu entender, isso ter-lhe-ia sido fatal.
Em suma, a utilização do marketing para melhorar e apresentar como mais apelativa uma ideia ou produto é sempre vantajosa para estes. O que realmente é preocupante é quando o marketing tenta obviar a má qualidade do produto ou ocultar a inexistência da ideia. Mas isso nem o melhor marketing do mundo o consegue.
Etiquetas: Especial eleições PSD, Marketing, os anos oitenta
2 Comments:
Gostei de ler, Carlos. Mas quanto à frase final, não tenho a certeza absoluta. Há sempre uns quantos que são papados. :)
Thanks.
Em relação à frase final, a verdade acaba por vir sempre ao de cima.
Esperemos..;)
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