Abstenção
Mais um recorde batido na abstenção. Os analistas afirmam que tal é resultado da [baixa] qualidade dos políticos, dos [fracos] hábitos de democracia dos portugueses, do enorme desfasamento que há entre a quantidade de queixas que os cidadãos fazem e a sua participação efectiva em escrutínios que validem tais reclamações. Embora subscrevendo em parte, tenho para mim que tanta abstenção resulta mais de um sistema que prende o cidadão à sua freguesia se quiser votar. Democracia deve ter como sinónimo liberdade, mas no dia de eleições, o dia maior das democracias, um cidadão tem de ficar «preso» durante dez minutos na sua freguesia. É impensável que em pleno século XXI eu não possa exercer o meu direito de voto no Algarve, em Vila Real ou no estrangeiro.
Um paralelismo interessante de estabelecer é com o meio financeiro: eu posso transferir todo o meu dinheiro, aqui e agora, para quem me aprouver. Mas se fosse dia de eleições e estivesse fora da minha freguesia, seria mais um a engrossar os números da abstenção. Actualmente, há meios electrónicos e informáticos seguríssimos, capazes de asseverar que a máxima «um Homem um voto» é respeitada e até melhor preparados para a detecção de fraudes eleitorais do que pelo tradicional caderninho. Como este é um Governo tão embeiçado pelas novas tecnologias, acho que o que de mais importante poderia fazer pela democracia era dotá-la de uma logística que garantisse que todos os cidadãos que quisessem votar o fariam. Porque uma democracia que exista para servir os cidadãos será sempre mais participada e mais legítima do que uma que se serve deles.
Ou será que não querem uma democracia forte?...
Etiquetas: Abstenção, Eleições, Poder Político, voto electrónico
4 Comments:
Carlos:
Este teu texto, esta tua indignação fez-me lembrar um texto já de há uns anos no Blog do Pedro Côrte-Real. Apresenta alguns aspectos facilmente esquecidos nisto do voto electrónico, questionando as suas vantagens em face da sua fiabilidade...
Ora espreita e depois diz qualquer coisa: voto electrónico
Cristina,
já li. Aquilo que tenho a dizer é que num país que conseguiu colocar de pé a Via Verde, o sistema de pagamentos mais avançado do mundo e onde vêm peritos estrangeiros para ver como a segurança das nossas páginas de banca da net é feita (por ser tão avançada), num país destes, sei que facilmente se encontrariam empresas que fariam um sistema de votação electrónica seguro e eficiente. Mas num país destes nunca haverá voto electrónico por pessoas como o Pedro Côrte Real pensarem que as empresas existem para, desculpa o termo, aldrabar os resultados de uma votação e não para criarem um melhor produto do que o da concorrência ;)
Beijocas
Não acho que a "culpa" seja de pessoas como o Pedro, até porque não é uma questão de as empreas "existirem para" aldrabar os resultados, é uma questão de o "poderem" fazer...
No entanto, gostei dos teus exemplos e da exaltação de uma capacidade nacional muitas vezes esquecida. Eu também gosto de acreditar nisso... :)
Pergunta 1 e 2 (em princípio não podes responder): Será que o Pedro nunca fez um pagamento por MB ou não tem netbanco em casa?
Pergunta 3 (podes responder): E o banco onde o Pedro tem o dinheirinho não lhe podia meter a conta a zero ou até endividá-lo nuns milhares? Poder até podia, mas, provavelmente como a todos nós, não o faz. ;)
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