sexta-feira, junho 15, 2007

O Primeiro Mandamento

Foto: Mike Skelton

Por mera precaução, todos os dias, antes de sair para o trabalho, lá me sento em frente ao PC para ver como encerraram os mercados asiáticos – os norte-americanos, costumo-os ver na noite anterior. Aproveito também para ler as primeiras notícias on-line dos mercados financeiros no Jornal de Negócios e no Diário Económico. Este foi um hábito que ganhei de forma a tentar passar a parte da manhã sem grandes sobressaltos, pelo menos, até à hora da almoço: depois da reabertura dos mercados norte-americanos. Depois, durante o dia, lá vou dando uma espreitadela nas cotações das empresas que procuro escolher cuidadosamente para investir, e que vou vendendo ou comprando sempre que julgo estar perante uma oportunidade de facturar alguma coisa. Porém, hoje, lá para o meio da manhã, estava um bocado distraído [com o trabalho] quando ouvi na Antena1 a notícia sobre a OPA lançada pelo inenarrável Joe Berardo. Como estava distraído, e como não estou habituado a ver investidores com uma vontade louca de perder dinheiro, confundi “OPA” com “OTA”, e pensei que a notícia tinha a ver com o financiamento do Joe Berardo ao estudo do aeroporto em Alcochete. Não percebi muito bem o que é que o Ésse Éle Bê tinha a ver com o assunto, mas como o Luís Filipe Vieira gosta de se meter em tudo o que é confusões… não estranhei muito.

Poucos minutos depois um colega que partilha comigo o interesse por esta coisa das acções enviou-me um e-mail com um link para a notícia do Jornal de Negócios que se referia à tal OPA do Joe Berardo. Fui de imediato ver a cotação das acções do Ésse Éle Bê e constatei que a forte especulação as estava a fazer subir vertiginosamente – vi logo ali uma oportunidade única de ganhar facilmente uns valentes cobres em poucas horas.

Fiquei bastante stressado e tive de fazer de imediato um intervalo para beber um cafezinho, esfumaçar um cigarro, e ir meditar melhor sobre o assunto. É que a minha religião não me permite comprar acções do Ésse Éle Bê – nem nada que se pareça. Para entenderem melhor o que eu quero dizer posso confessar que só por terem patrocinado o Ésse Éle Bê num passado remoto, ainda hoje sou incapaz de comprar ou consumir qualquer artigo da Parmalat, pôr combustível numa bomba da Shell, ou comprar qualquer artigo no MediaMarket. E só continuo a beber Coca-Cola porque [para além de ser viciado] a marca também patrocina o Sporting.

Estive prestes a cometer uma loucura mas a verdade é que segui à risca o primeiro mandamento da minha religião: «não ajudarás de nenhuma forma o Ésse Éle Bê». Posso até ter terminado o dia com menos uns valentes cobres na carteira, mas não estou nada arrependido. Pelo menos posso continuar a viver em paz com a minha consciência.

PS. Quem comprou acções do Ésse Éle Bê e não aproveitou para as vender hoje, se tem amor ao dinheirinho, é bom que se desfaça delas na segunda-feira, e bem cedinho.

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4 Comments:

Blogger LeonorBarros said...

Ai que mau! ;-)
E a Philips também marca non grata?

sexta-feira, junho 15, 2007 10:03:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

também é ;-)

sexta-feira, junho 15, 2007 10:04:00 da tarde  
Blogger NancyB said...

André este post é bestial, ri-me à brava.

sábado, junho 16, 2007 8:33:00 da manhã  
Blogger Carlota said...

LOL, LOL, que me fartei de rir!...

E à FNAC, vais?... É que me lembro de uma antiga marca de aparelhos de ar condicionado com esse nome que (há anos, bem sei) patrocinava o Glorioso... :D

sábado, junho 16, 2007 8:51:00 da manhã  

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