terça-feira, maio 19, 2009

Os federalistas e os outros

Os federalistas estão em todos os campos ideológicos. Uns consideram que a igualdade, dignidade e fraternidade poderá assim ser algo de real, tanto no campo social, como no político, como no económico, para tal basta assumirem os comandos da UE. A agenda escondida é a regulação totalizante e imposição supranacional de ideais incompatíveis com determinadas formas de pensar locais que não se revêem em ideais de cidadão fraterno, solidário e igual e práticas verticais de imposição de normas e regras não discutidas pela maiorias, mas sim pelos partidos representados nas esferas do poder. Esta forma de cidadania é assim aquela que eu idealizo no abstracto e violo autoritariamente no concreto. Tudo em plena paz consciente de um ser racional, que também ele se idealiza, também ele se objectiva.
Outros consideram que as liberdades políticas e civis ficarão assim mais garantidas, o direito de eleger os seus representantes, o direito a uma boa administração. Regalias novamente abstractas e que pouco dizem sobre sociedade como um todo e a multiplicidade de factores que nos rodeiam. Para os representantes desta facção a sociedade reduz-se à política e a meia dúzia de funcionalidades burocráticas, tudo o resto fica na esfera da liberdade individual ideologicamente pura, utopicamente ideal, pois se de um lado esta liberdade individual é incompatível com noções autoritárias de Estado, por outro convive bem com outros autoritarismos. O que tais representantes pretendem camuflar é que a sua liberdade individual é antes igualdade de oportunidades (sejam elas quais forem), sabendo à partida, e muito cinicamente, que a igualdade de oportunidades é uma falácia razoavelmente argumentada e que mais não seja é uma determinada oportunidade para certos actores bem instalados junto à esfera do poder. Obviamente que o menos Estado para a grande maioria é, para estes representantes, sinónimo de espírito de iniciativa e capacidade de competição, enfim capacidade de o país competir no mercado global.
Contrariamente ao que possa parecer defendo que as regras e as normas sociais são necessárias. Um criminoso tanto é criminoso por ser rico, como por ser pobre, a condição de criminoso equivale a determinado tipo de comportamento punível por lei. A aparente ingenuidade da esquerda perante o criminoso é algo que me provoca perturbação, tal como a aparente redução do controlo social à punição e aplicação da justiça sem as devidas contextualizações. Entre um campo e outro movem-se ideologias, técnicos, juristas, fazedores de leis cuja leitura da sociedade é enviesada pelo seu afunilamento abstracto do concreto fechado a uma leitura crítica das diversas configurações do real e sua interpretação e contorno pela multiplicidade de actores envolvidos e seus interesses e necessidades.
Quanto ao federalismo?
Irei com gosto ao seu enterro!

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6 Comments:

Blogger António Luís said...

Seremos dois!
A Europa é uma abstracção fascinante!...
Excelente texto!

Bjs.
AL

terça-feira, maio 19, 2009 1:37:00 da tarde  
Anonymous commonsense said...

Concordo com muito do que escreveu, mas não deixo de ser federalista. É a derradeira esperança perante o apodrecimento político cá da terra.
Acho que uma Europa unida, federada e soberana, um país Europa, garantirá a nossa liberdade, a nossa democracia, e nos livrará de nos tornarnos uma Calábria do Atlântico.
Sem acrimónia.
Sou um europeu que nasceu aqui.

terça-feira, maio 19, 2009 10:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Faz sentido também este artigo: http://www.russiatoday.com/Politics/2009-04-20/Crisis_as_a_way_to_build_a_global_totalitarian_state.
html

terça-feira, maio 19, 2009 11:53:00 da tarde  
Blogger VeraC said...

Agradeço a todos os comentários

quarta-feira, maio 20, 2009 10:06:00 da manhã  
Blogger Freire de Andrade said...

Absolutamente de acordo. Não acredito que uma Europa unida, federada e soberana, um país Europa, como diz Commonsense, garanta qualquer liberdade e democracia. De qualquer modo Portugal ficaria nesse país Europa como a Sicília está agora na Itália, uma região atrasada, ou mesmo uma Calábria do Atlântico.

quarta-feira, maio 20, 2009 11:51:00 da tarde  
Anonymous anderson said...

interessante

quinta-feira, maio 21, 2009 12:59:00 da manhã  

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