segunda-feira, maio 04, 2009

A criação de fa(c)tos e a velha nova roupagem dos imperiosos desígnios nacionais

A ideia de um bloco central é tentadora para enfrentar uma certa (ir)realidade nacional e europeia.

Um dos lados da moeda:
- aliança de dois partidos (PS e PSD) em relação às políticas nacionais estruturantes;
- inventariação de estratégias prioritárias, tendo em vista ultrapassar as dificuldades sentidas em diversos domínios (sociais, económicos, cívicos, culturais, políticos);
- implementação de políticas (diversas) com vista a transformar Portugal num país com uma política clara de desenvolvimento (social, económico, cívico, cultural e político).

Outro dos lados da moeda:
- visões contraditórias sobre o papel do Estado (cada vez menos, mas pronto), incentivos à economia e intervenções prioritárias ou não (pressão dos lobbys sobre os partidos, população passiva e conformada face aos problemas diversos do sistema democrático);
- desinteresse político (âmbito nacional) pelo Portugal profundo (veja-se a imensa produção académica e intelectual), pelas verdadeiras necessidades das populações (desarticulação entre políticas e desertificação do interior) e das suas sensibilidades (desarticulação entre representantes autárquicos, necessidades locais e "modas" económicas, políticas e sociais, interesses nacionais e supranacionais);
- a construção a ritmo de máquina fotocopiadora de normas, relatórios, boas práticas que assolam todas as organizações nacionais (e supranacionais?) de informação superficial, desconectada da realidade nacional e local, vastas vezes sem as devidas contextualizações, interpretações ou referências a finalidades concretas.

Outras moedas e outros lados:
- o sistema democrático, os diversos interesses instalados a jusante e a montante dos partidos políticos;
- as necessidades das populações, emprego e políticas públicas de remédio sazonal;
- o desenvolvimento produtivista global e a sua ineficácia actual face aos problemas de emprego nacionais e locais;
- os governantes modelo, a ética democrática e a cultura e tradições nacionais;
- um espectro chamado Salazar, um modelo perturbador de seriedade, autoridade, o culto e o apelo serôdio ao isolamento e ao discurso dos "pobres mas contentes".

Tratar vagas, crises, problemas de fundo de forma remendada, preconceituosa, recreando determinados modelos de autoritarismo, poderão ser drásticos para a democracia.

O Bloco Central é uma ideia que alguém pretende tornar eficaz, mas que esbarra com obsctáculos e normas inventadas pelos seus melhores representantes políticos (PS e PSD).
Ironias do destino...

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1 Comments:

Anonymous André Carvalho said...

Deus nos livre de 1 bloco central. E ainda menos se o mesmo for liderado pelo grande líder José Sócrates.

terça-feira, maio 05, 2009 7:04:00 da tarde  

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