domingo, novembro 02, 2008

Reflexões avulsas acerca do Ranking das escolas

1 - Vital Moreira e Helena Matos escrevem sobre o ranking das escolas. Tanto um como o outro defendem um determinado modelo de escola. Daí que os seus argumentos sejam incompatíveis. Parece-me óbvio o seguinte: quando se fala sobre um determinado modelo de escola fala-se, obviamente, sobre um determinado modelo de sociedade, quando falamos sobre um determinado modelo de sociedade falamos sobre ideologias. A educação é, assim, palco para um confronto ideológico. O que é que a escola poderá ganhar com isso?

2 - As classes médias/altas não são exclusivamente de direita ou exclusivamente de esquerda. As classes médias/altas perceberam que a criação de uma determinada elite depende única e exclusivamente da transmissão/perpetuação de um determinado tipo de conhecimento. As classes médias-altas tanto pertencem à elite tradicional como à elite em constituição. As elites, sejam elas de esquerda ou de direita, sabem o óbvio: um determinado tipo de conhecimento (logo preparação) permite (também mas não só) o acesso ao poder.

3 - Helena Matos tem argumentos convincentes (as famílias são igualmente disfuncionais, a diferença está na valorização ou não do conhecimento. As famílias que valorizam o conhecimento escolhem escolas bem organizadas), bem como Vital Moreira (os alunos fazem, obviamente, a diferença). Se calhar era importante realizamos um estudo (era só mais um) a respeito do assunto. O que leva uma família/aluno a valorizar um determinado tipo de conhecimento? Talvez as conclusões fossem demasiado perturbadoras para as ideologias que protagonizaram o poder nas últimas décadas, talvez fosse mais um estudo pago pelo erário público remetido para a sua verdadeira significância.

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