quarta-feira, julho 23, 2008

uma casa portuguesa: Danças Ocultas no FMM

dancasocultas_250Em palco, quatro cadeiras, ladeadas por quatro (na verdade, cinco!) concertinas aguardam a entrada de quatro músicos... Eu aguardo também expectante. Conheci o projecto por acaso, gosto da sonoridade, conheço algumas músicas... nunca os vi ao vivo. Entram silenciosos, contrastando com os aplausos do público... Um breve momento para sentar e abraçar a concertina, troca de olhares e soam as primeiras notas. Nada mais se ouviu do palco para além do som das concertinas, mas viu-se e sentiu-se muito mais do que isso...

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Atrás dos músicos uma tela branca vai ganhando formas e imagens. A tela una divide-se e também a imagem acompanha a melodia, o contributo e a interpretação de cada uma das concertinas: os silêncios, os fortes e os fracos alimentam imagens rurais e movimentações cosmopolitas que se quedam, aceleram e abrandam.

Voltando às quatro cadeiras, nelas estão agora sentados quatro músicos que dão vida às concertinas inicialmente inertes. As notas e ritmos diferenciados formam um conjunto harmonioso. Mas este todo unificado tem ainda personalidade própria pois atrás de cada concertina continua a estar um músico. E é delicioso observar a entrega de cada um, a expressividade e a concentração, a energia e a contenção, a emotividade pessoal partilhada numa cumplicidade de olhares e sorrisos.

dancasocultas3_250Artur Fernandes mais contido, Filipe Ricardo mais expressivo (com a sua concertina-baixo "gigante"), Filipe Cal mais enérgico e Francisco Miguel mais concentrado fazem soar as notas e os foles das suas concertinas em viagens e paisagens sonoras diversas, musicando silêncios e movimentações ainda por descobrir... - Danças Ocultas!

E, no domingo, em Porto Covo, vi-me no meio de um público que soube acolher e aplaudir, acompanhando os momentos mais enérgicos e respeitando os momentos mais introspectivos.


fotos: Carlos Santos

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