quinta-feira, maio 22, 2008

I Love Energia Nuclear (Reloaded)

Os tempos são outros, as circunstâncias alteraram-se, e as nossas opiniões, crenças, e convicções pessoais, podem ser reformuladas face às novas experiências e conhecimentos entretanto adquiridos. Nos últimos tempos, até fervorosos ambientalistas como Patrick Moore, um dos fundadores da Greenpeace, passaram a defender a energia nuclear como única solução para evitar uma "catastrófica mudança climática" decorrente das emissões de CO2. Inclusivamente, um dos maiores Gurus dos activistas ambientais, o biólogo britânico James Lovelock, também já se deixou seduzir pelos “encantos” desta má-afamada energia. E, ao contrário do que os ambientalistas procuram fazer crer, o nuclear não está a morrer – bem pelo contrário. Há realmente centrais que estão a ser encerradas, mas, somente, porque a sua vida útil expirou. Em 2006 existiam 443 reactores nucleares em pleno funcionamento, 27 novas centrais em construção, e 139 em fase de projecto. Mesmo em países como a Suécia, que em 1980 optou em referendo pela não construção de novos reactores e pelo encerramento dos existentes até 2010, passados 28 anos, continua a manter activas a maioria das suas centrais, e viram-se forçados a aumentar a produção nos reactores activos para poderem continuar a fornecer 45 a 50% da electricidade consumida a nível interno. A sua vizinha, a Finlândia, construiu a sua 5ª central. Na Europa Central e Oriental, as velhinhas centrais estão a ser renovadas, 4 novas centrais estão a ser construídas de raiz, e em fase de projecto existem mais 48. Na Ásia para além dos actuais 106 reactores em pleno funcionamento, e 17 em construção, está prevista a construção de 66 novos reactores nucleares.
O Japão, a única nação do mundo que sentiu na pele os efeitos devastadores das bombas atómicas, constrói centrais nucleares desde 1957. Actualmente, mantém em actividade 52 reactores, e inaugurou em 2006, de forma experimental, a primeira fábrica de tratamento de resíduos nucleares.
Os EUA, recordistas mundiais de centrais nucleares (122), têm previsto o arranque da construção de 19 novos reactores até 2010.
Nós por cá, com a nossa já famosa esperteza saloia, vamos continuar a pensar infinitamente no assunto. É que nós, como bem sabemos, somos muito mais espertos que todos os outros povos, e é por isso que somos uma das nações mais desenvolvidas e ricas do Planeta Terra [e arredores]. Como é notório, nós por cá, temos muito mais sol, muito mais vento, e muito mais mar, que todos os outros países que continuam a construir centrais nucleares. Aliás, segundo consta por aí, Deus, quando criou a terra, colocou o sol precisamente sobre o nosso sacrossanto país, já com o intuito de abençoar os portugueses com a construção de uma mega central solar em Serpa.
Apesar do tema “Nuclear” já ter sido abordado diversas vezes aqui no GR, face às evidentes dificuldades energéticas planetárias, convém relembrar a tese de Patrick Moore, que defende o nuclear como a única energia financeiramente eficiente e que pode acompanhar a crescente procura de energia no mercado mundial.

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2 Comments:

Blogger Freire de Andrade said...

Fui um dos muitos que abominaram a energia nuclear e consideraram a sua proliferação um perigo para a Humanidade (depois de, ainda muito novo, ter vibrado com a exposição “Átomos para a Paz” e ter trabalhado na Junta de Energia Nuclear). Mas passados mais de 40 anos sobre ter distribuído pelos meus filhos uns engraçados autocolantes que diziam em diversas línguas “Energia Nuclear, Não, obrigado!” sob um sol risonho, tenho de repensar tudo outra vez e estou cada vez mais inclinado a reconhecer que a curto prazo as energias renováveis não são capazes de assegurar o abastecimento energético necessário para manter o mundo minimamente a funcionar e que só a energia nuclear poderá fornecer os meios de evitar uma enorme penúria de energia, com todas as suas consequências, ou uma catástrofe ambiental, ou ambas as coisas. Hoje já não distribuiria autocolantes semelhantes pelos meus netos.

sábado, maio 24, 2008 11:13:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Caro Freire de Andrade,

Os pins a dizer «Nuclear Não Obrigado!» fizeram sucesso nos anos 80, e eu também os usei. Parece-me natural a desconfiança em relação ao Nuclear, mas nos dias que correm...

Abraço

domingo, maio 25, 2008 12:00:00 da tarde  

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